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Estudo do HB aponta novo jeito de tratar doença cardíaca

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Nos últimos cinco anos, pelo menos 1.236 moradores da região de Rio Preto morreram com insuficiência cardíaca, conforme dados do Departamento de Informática do SUS (Datasus). De acordo com Lilia Nigro Maia, diretora do Centro Integrado de Pesquisa (CIP) do Hospital de Base de Rio Preto, há dez anos não havia a descoberta de um novo medicamento que ajudasse os pacientes que têm a doença, que incapacita e rouba a capacidade de realizar atividades diárias – como a fala, inclusive – pouco a pouco. O CIP integrou uma pesquisa internacional, coordenando 21 centros brasileiros, e identificou que a dapagliflozina ajuda a conter a insuficiência cardíaca.

O estudo envolveu 4.744 pacientes no mundo todo, dez deles do HB, que foram acompanhados por um ano e meio. Depois desse tempo, constatou-se a redução em 26% de morte cardiovascular, hospitalização ou necessidade de consulta de urgência de insuficiência cardíaca. No Brasil, 520 pacientes participaram do estudo, mais de 10% do total no mundo.

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Os pesquisadores chegaram à dapagliflozina depois de verificarem que outro medicamento similar para combater o diabetes, a empagliflozina, mostrou reduzir também o risco de o diabético desenvolver insuficiência cardíaca.

O grupo ao qual pertencem essas substâncias é conhecido como “inibidores do SGLT2”, que atuam bloqueando o aproveitamento da glicose no rim e, com isso, ajudam a controlar os níveis de glicemia, sendo importantes no tratamento do diabetes.

De acordo com a cardiologista Lilia, ainda não se sabe exatamente como a dapagliflozina atua no controle da insuficiência cardíaca – este é um tópico para outros estudos. Para que a substância seja comercializada para tratar a doença do coração, é preciso que o laboratório que já fabrica medicamentos com os inibidores do SGLT2 para tratamento do diabetes entrem com uma requisição com essa finalidade junto às agências regulatórias – no Brasil, quem tem o poder de dar essa licença é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas os fabricantes costumam aguardar a liberação das agências americana e europeia primeiro, pois assim a tendência de a resposta brasileira ser positiva é maior.

Os pacientes de Rio Preto que participaram do estudo já tiveram o fornecimento do medicamento interrompido. O CIP fez o pedido para que eles continuem recebendo, porém isso depende da liberação de agências regulatórias e não há prazo para acontecer.

Ozélio Alves Pereira, aposentado de 62 anos, teve a insuficiência cardíaca diagnosticada em 2013. “Quando dá crises dá falta de ar, dá cansaço, dói o peito”, conta. Ele já participou de quatro estudos de medicamentos e sentiu-se melhor com a dapagliflozina. “Eu faço caminhada e dá falta de ar, com o remédio nunca senti”. Enquanto a substância não é liberada, ele continua o tratamento com os remédios tradicionais.

De acordo com Lilia, o resultado do estudo, chamado de DAPA-H, foi muito comemorado no mundo científico. “Foi aplaudido de pé durante o Congresso Europeu de Cardiologia. Já fazia mais de dez anos que a gente não tinha nenhum estudo que beneficiava os pacientes com insuficiência cardíaca. Vários remédios tinham sido testados, nenhum deles tinha benefício”, relata.

A cardiologista explica que a insuficiência cardíaca é uma doença que impede o coração de exercer a função de bombear o sangue. Os tratamentos são todos para frear o avanço da doença incurável e controlar seus sintomas – não existe nada que faça o órgão voltar ao normal. “O coração aumenta de tamanho para compensar a fraqueza e com isso a circulação não acontece de forma correta, fica faltando sangue oxigenado. A pessoa tem falta de ar, começa a inchar as pernas”, descreve a médica.

No início, o impacto na vida do paciente não é grande. Com o passar do tempo, a doença evolui e caminhar e andar tornam-se coisas difíceis. No estágio final, a pessoa fica cansada mesmo em repouso. “Essa é a última etapa, em geral 50% morrem em um ano”, diz Lilia. Em alguns casos, o transplante é indicado, mas nem sempre é realizado a tempo.

Fonte: Diário da Região

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