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Falta de debates sobre risco da pílula anticoncepcional ameaça mulheres

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É cada vez mais comum encontrar mulheres jovens que deixaram a pílula anticoncepcional para trás. Criada em 1960, ela representou uma revolução na vida dessa parcela da população, mas hoje é vista com cautela. O principal medo é a trombose, a formação de um trombo no interior de um vaso sanguíneo ou do coração.

Em alguns casos, o quadro pode evoluir para sua complicação mais grave, a embolia. Esse efeito colateral da pílula, já bem documentado na literatura médica, é muito raro — mas, quando acontece, pode ser letal.

O risco de uma mulher que não toma pílula desenvolver trombose é de 4 em cada 10 mil, ao longo de um ano. Se ela toma, esse risco passa a ser de 10 em cada 10 mil em um ano, explica a ginecologista Ilza Maria Urbano Monteiro, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

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Essa taxa de risco já diminuiu muito ao longo das últimas décadas. As primeiras pílulas tinham uma dosagem de hormônios até 90% mais alta do que as atuais, o que gerava mais efeitos colaterais graves. Então de onde veio a onda de abandono da pílula?

— Hoje, é possível optar. Quando a pílula foi criada, não havia outras opções, como o DIU ou o diafragma —responde Ilza Monteiro, vice-presidente da Comissão Nacional de Anticoncepção da Febrasgo. —Com o crescente empoderamento feminino, as mulheres passaram ase preocupar mais em escolher como cuidar do próprio corpo, em saber como ele funciona, qual é o leque de opções que têm.

Para amineira Carolina Jardim, jornalista de 33 anos que teve embolia pulmonar após trombose há menos de um mês — e não tinha nenhum outro fator de risco além da pílula anticoncepcional —, o alerta vermelho se acendeu. Ela reclama da falta de orientação médica.

— Como sempre fui saudável, não imaginava que isso poderia acontecer comigo — diz ela. — Durante toda a minha vida, nenhuma ginecologista me informou ou advertiu sobre os riscos.

Caso parecido aconteceu com Ana Carolina Asch, designer de 34 anos que teve trombose em 2015 e hoje tem como sequela o espessamento de uma veia na perna.

— Eu poderia ter morrido. Fiquei com a sensação de que a pílula é uma roleta-russa: está tudo bem… até que não está —afirma ela. —Quando eu comecei a reclamar da trombose, o médico disse que eu era “uma menininha muito impressionável”.

‘Não pode demonizar’

A ginecologista Ilza Monteiro destaca que, para orientar melhor os próprios médicos e a população de modo geral, a Febrasgo lançou a campanha #VamosDecidirJuntos, com uma página on-line que reúne informações sobre todos os métodos contraceptivos existentes.

—O que a gente não pode é demonizar a pílula, porque, para o conjunto de pessoas que a toma, o risco é bem pequeno. Durante a gravidez, por exemplo, o risco de trombose é três vezes maior do que durante o uso da pílula. Fundamental é a mulher estar bem informada para escolher.

No caso da pílula, ela é contraindicada para fumantes com 35 anos ou mais, obesas, hipertensas e para as que já tiveram trombose ou que têm histórico de trombose ou de doenças cardiovasculares na família (entre parentes de primeiro grau).

O risco de trombose está associado ao estrogênio, principal responsável pelo aumento dos fatores de coagulação. Portanto, quanto maior a dose desse hormônio na pílula, maior é o risco.

Fonte: O Globo

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