Aos 101 anos de idade e mais 196 dias, a farmacêutica mais velha do mundo não tem intenção de diminuir a carga de trabalho. A japonesa Kesa Hatamoto administra há 70 anos sua própria farmácia, em Tóquio. Em abril, o Guinness Book concedeu a ela o título de mais longeva do setor.
E não se engane quem pensa que ela desempenha uma função puramente gerencial. Ela faz grande parte do trabalho sozinha, o que inclui estocagem dos produtos, pedidos e expedição. O ingresso na área ocorreu por incentivo do pai, pois sua ambição de infância era se tornar professora do ensino fundamental.
“Certa vez ele comentou que ter uma licença de farmacêutico era a garantia de trabalho vitalício. Eu o respeitava muito e sabia que estava certo”, relembra. Depois de se formar, Kesa acabou trabalhando em um laboratório em vez de rumar para o varejo farmacêutico. Mas perto dos 25 anos de idade, ela se casou e interrompeu temporariamente sua carreira.
Farmacêutica mais velha do mundo abriu uma loja por necessidade
A oportunidade de abrir sua própria farmácia surgiu no início dos anos 1950, quando a família passou por dificuldades financeiras. O marido tornou-se fiador de um empréstimo concedido a um amigo, o que se transformou em fonte de prejuízo. “Ele teve que que arcar com boa parte do pagamento. Até que outro amigo lembrou que eu tinha licença para trabalhar como farmacêutica e sugeriu que abrisse uma loja”, relembra.
A farmácia não vendia apenas medicamentos, mas também produtos em geral. E como não havia muitas lojas por perto, o empreendimento de Kesa não teve dificuldade em encontrar clientes. Posteriormente, a partir da década de 1970, ela também passou a estudar medicina chinesa.
Kesa acredita que sua personalidade representou um fator determinante para manter a loja em funcionamento por mais de 70 anos. “Acho que tenho um pouco de coragem. Embora tenha ficado preocupada quando meu marido ficou preso a uma situação financeiramente problemática, nunca o acusei. Foi a atitude mais sábia que adotei em toda a minha vida”, enfatiza.
Como detentora do título do Livro dos Recordes, Kesa reforça que não poderia ter chegado sozinha a esse patamar. “Sinto-me um pouco sobrecarregada por ter um título tão grandioso. Tanto os clientes como a comunidade farmacêutica me ajudaram nessa jornada. Sinto que recebi dos céus o dever de trabalhar tanto quanto possível”, finaliza.