Farmacêutica atrasou remédio contra HIV

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remédio contra HIV
Divulgação: Canva

Um remédio contra HIV teve seu lançamento atrasado por uma indústria farmacêutica para maximizar os lucros. É o que aponta o New York Times após ter acesso a documentos internos da companhia. As informações foram reproduzidas pelo jornal O Globo.

Um grupo de pacientes, inclusive, está processando a Gilead Sciences por ter escondido a versão de um medicamento potencial para o tratamento da doença, por ser menos lesivo ao funcionamento dos ossos e rins.

O laboratório com sede na Califórnia (EUA) suspendeu o desenvolvimento do remédio em 2004, sob a alegação de que o tratamento não era suficientemente diferente da terapia já existente. Mas nos bastidores, essa decisão teria sido parte de uma estratégia para ampliar o retorno aos investidores, mesmo com os documentos internos atestando a confiabilidade dos executivos em relação à eficácia do novo medicamento.

Remédio contra HIV: proteção de patentes teria estimulado atraso

Mas o que explica o atraso do remédio contra HIV? Na época, a Gilead Sciences já comercializava duas versões do tenofovir para o combate ao HIV. Uma delas perderia a patente em 2017. A extensão dessa proteção, porém, permitiria a manutenção dos preços altos desses medicamentos.

Mesmo com os benefícios comprovados do remédio que estava em desenvolvimento, os executivos concluíram que a nova versão poderia criar uma concorrência com os produtos do seu próprio portfólio. Mas o atraso no lançamento até as vésperas do vencimento das patentes ajudaria a farmacêutica a assegurar a lucratividade por um período mais prolongado.

Apenas em 2015 a farmacêutica lançou o novo tratamento e suas patentes estão garantidas até 2031.

Remédio contra HIV levou a ação judicial de 26 mil pacientes

 O remédio contra HIV da Gilead Sciences é o objetos de ações judiciais em diferentes estados norte-americanos e também na esfera federal. Cerca de 26 mil pacientes argumentam que a farmacêutica os expôs a problemas renais e ósseos enquanto teria, deliberadamente, atrasado o lançamento da nova terapia.

A defesa do laboratório informou nos processos que as acusações não tinha mérito. Os representantes jurídicos da farmacêutica usaram como base um memorando interno de 2004, estimando que a companhia poderia ampliar sua receita em US$ 1 bilhão em seis anos se lançassem a nova versão em 2008.

“Se a Gilead tivesse sido motivada apenas pelo lucro, como afirmam os queixosos, a decisão lógica teria sido acelerar”, afirmaram. A principal advogada da Gilead, Deborah Telman, ressaltou em comunicado que “as decisões de pesquisa e desenvolvimento da empresa sempre foram e continuam sendo guiadas por nosso foco em fornecer medicamentos seguros e eficazes para as pessoas que os prescrevem e usam”.

A redação do Panorama Farmacêutico também acionou a farmacêutica por meio de sua assessoria de comunicação no Brasil, mas não obteve retorno até o fechamento dessa reportagem.

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