Álcool em gel – A população está apostando alto para se ver livre do novo coronavírus. E, com a falta do álcool em gel e máscaras nos supermercados e farmácias, começaram a surgir receitas caseiras – e perigosos. Ontem, a atriz Maitê Proença postou em seu Instagram um vídeo em que ensina a fazer um suposto um álcool em gel caseiro. O Estado de Minas ouviu dois especialistas para tirar dúvidas sobre o tema. E eles são enfáticos: receita caseira para reproduzir álcool em gel não funciona e ainda pode ser perigosa. O vírus é desconhecido e o uso inadequado do álcool pode deixar de ser uma arma de proteção contra ele e causar efeito contrário, como a potencialização infecções, alergias e erupções cutâneas.
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“Esse não é o da rua, do camelô, que não se sabe como foi feito. Esse será feito por você, usado vasilhas limpas e os melhores ingredientes que você tiver à mão. E, por favor, leia bem as observações que seguem a receita.”, escreveu Maitê. Os ingredientes usados são: uma porção gel transparente de cabelo e quatro a seis porções de álcool. Em apenas duas horas, o vídeo tinha 25,1 mil visualizações. E aí? Dá certo?
O professor titular da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Gerson Pianetti, é enfático na resposta: não funciona e não é recomendado repetir a fórmula indicada pela atriz. “O álcool em gel se tornou a estrela da temporada, mas acontece o seguinte: o vírus tem uma capa de gordura. E, para matá-lo, é necessário ‘furar’ essa capa de gordura. Quando você lava as mãos com o sabonete líquido, com o sabonete embarra e até com shampoo, o vírus é eliminado. O mesmo funciona com o álcool em gel”, disse o professor. O especialista explica que o álcool em gel é manipulado em um espaço isento da contaminação de qualquer micro-organismo e que nenhuma receita caseira deve ser reproduzida. “É completamente irresponsável publicar esse tipo de vídeo. Imagine o quanto esse material de cozinha dela pode estar contaminado”, disse.
Já o médico dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia Lucas Miranda afirma que o grande problema na manufatura caseira desses produtos se apoia em duas questões: “Primeiro, pode causar algum dano à pele, como dermatites irritativas. E, segundo, pode não propiciar defesa adequada aos microrganismos. A concentração de álcool, a estabilidade química, o tempo de evaporação do ativo são variáveis que impactam diretamente na eficácia do produto. Estamos em uma época crítica e seria arriscado demais usar substâncias não comprovadas para evitar propagação da epidemia”, disse. Ainda de acordo com ele, a mistura apresentada pela atriz além de ser potencialmente ineficaz, pode causar incidentes como irritação da pele e mucosas e queimaduras de diversos graus.
Dicas
Muito ainda se perguntam sobre o uso do álcool líquido. Segundo o dermatologista, ele não deve ser aplicado nas mãos, mas usados na higienização dos ambientes, como também a água sanitária, desinfetantes em geral, limpadores multiuso com cloro, detergente e sabão. “O álcool em gel reduz o número de micro-organismos em nossas mãos. Contudo, a água e o sabão, além de atuarem nesse processo, são essenciais para retirar a sujeira visível. A recomendação é a seguinte: há sujeira visível nas mãos? A conduta é sempre lavar com água e sabão. Não há sujeira visível nas mãos? A melhor opção é água e sabão. Caso não esteja disponível, use álcool em gel”, afirma o dermatologista Lucas.
Mas, e se não tiver álcool para desinfetar um corrimão, por exemplo? Água sanitária, desinfetantes em geral, limpadores multiuso com cloro, detergente e sabão são ótimas pedidas para a realização da limpeza de ambientes. “O Ministério da Saúde recomenda, no caso da água sanitária, a solução de uma parte de água sanitária para 9 partes de água) para desinfetar superfícies”, acrescentou o dermatologista.
Confira o rótulo
Fonte: Estado de Minas
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