As 29 grandes redes de farmácias associadas à Abrafarma, que respondem por quase metade do faturamento do setor, deram mais uma demonstração de vigor nesta terça-feira, dia 13. Durante a abertura da 11ª edição do Abrafarma Future Trends, que acontecerá até esta quarta-feira (14 de agosto) no Distrito Anhembi (São Paulo-SP), a entidade revelou a projeção de receita superior a R$ 100 bilhões em 2024.
Esse anúncio, porém, não foi o único capaz de atestar as fortalezas do grande varejo farmacêutico nacional. O evento atraiu mais de 90 indústrias expositoras e 6 mil executivos, que dividiram espaço com cerca de 80 palestrantes – entre eles, um dos líderes da maior rede de farmácias do mundo. Vice-presidente de desenvolvimento corporativo e M&A da CVS Health, Guilherme Serrano partilhou com o público a reinvenção da companhia ao sair do patamar de varejista para se firmar como um ecossistema de saúde.
“Guardadas as proporções de cada mercado e considerando restrições regulatórias que inexistem nos Estados Unidos, é possível traçar um paralelo entre a transformação da CVS e o caminho que o Brasil está trilhando, capitaneado pelas grandes redes”, avalia.
O consultor e fundador da Varese Retail, Alberto Serrentino, referenda essa constatação ao cravar as farmácias como donas da melhor performance e senso de inovação entre todos os segmentos do varejo. “Ao mesmo tempo em que apresenta vigor na expansão da base de lojas, o setor vem colocando em prática uma agenda amadurecida e escalável, que inclui hubs de saúde, serviços e estratégias de retail media”, opina.
Grandes redes de farmácias quase dobram de tamanho em 5 anos
As grandes redes de farmácias preveem chegar à marca de R$ 100 bilhões ancoradas pela performance do primeiro semestre, quando movimentaram R$ 49,63 bi. Os dados, auditados pela FIA-USP, indicam um avanço de 14,2% sobre o mesmo intervalo do ano passado. Na comparação de janeiro a junho de 2023 com igual período em 2022, a evolução foi de 12,7%.
Se persistir a alta de 14% até o fim do ano, o ganho real com desconto da inflação seria o maior desde 2019, de acordo com cálculos do Valor Econômico. “Em três anos podemos representar mais de 50% do faturamento total do país”, aponta Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma. O market share das grandes redes, que foi de 45% no ano passado, aumentou para 46,5% no último semestre.
Crescimento homogêneo em todas as categorias
O volume de negócios aumentou dois dígitos em todas as categorias de produtos. Os medicamentos isentos de prescrição (MIPs), cuja alta não passou de 6% em 2023, tiveram incremento de 12,8% e somaram R$ 9,37 bilhões. Os medicamentos em geral totalizaram R$ 33,53 bi de faturamento e também apresentaram 12,8% de evolução. Já a classe de genéricos segue em ascensão mais consistente, com elevação de 14%.
“A julgar pelo fato de que o contingente de clientes atendidos cresceu quase 10% no semestre e por fatores como a queda da inflação, os indicadores reforçam que o brasileiro incorporou as farmácias à sua cesta de compras e vem assimilando o posicionamento das lojas como centros de saúde”, analisa
Muito além de medicamentos, o consumidor vem enxergando o varejo farmacêutico como canal cativo para a venda de artigos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. Os chamados não medicamentos geraram R$ 16,10 bilhões de receita para as grandes redes e lideraram o crescimento do setor, com 17% de alta.