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Há risco de contágio urbano da febre amarela? Entenda

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Em um comunicado divulgado nesta terça-feira 16, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou todo o estado de São Paulo como área de risco para a febre amarela. Segundo a entidade, a decisão foi tomada a partir do crescimento do nível de atividade do vírus da doença no território paulista desde o fim de 2017.

O Brasil registrou no ano passado 777 casos de febre amarela, com 261 mortes. A região mais afetada é a Sudeste, com 764 casos, seguida por Norte, com 10 casos, e Centro-Oeste, três. Somente no Estado de São Paulo foram 40 novos casos de febre amarela silvestre e 21 pessoas morreram vítimas da doença.

Como resposta, a vacinação contra a doença foi ampliada, especialmente em áreas florestais, no interior e no litoral, e a população corre para postos de saúde e clínicas particulares de imunização para se proteger da doença. A campanha de vacinação, com a dose fracionada, inicialmente marcada para o dia 3 de fevereiro foi antecipada para o próximo dia 29.

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Especialistas concordam que a doença não chegou aos centros urbanos e que o alerta se restringe às áreas rurais e florestais. Mesmo assim, é importante atenção aos sintomas, especialmente para quem vive em áreas próximas de florestas ou esteve em áreas onde há a recomendação para a vacinação. Entenda quais os riscos de contágio, os sintomas da doença e quem deve se vacinar.

Há risco de contágio para as populações urbanas?

Os centros urbanos estão atualmente livres do vírus, segundo afirmação de Marcos Boulos, responsável pela Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria do Estado de São Paulo. Em entrevista à Rádio USP, na segunda-feira 15, Boulos, que é professor do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP, as pessoas em situação de risco são principalmente moradores de áreas florestais e viajantes, constituindo o grupo prioritário de vacinação.

O diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), Mauricio Zuma, concorda. Para ele, não estamos no ciclo urbano da doença, que é quando ela é transmitida pela picada de mosquitosAedes aegypti.

Essa fase está erradicada desde 1942. Todos oscasos registrados desde o ano passadosão de origem silvestre, ou seja, ocasionados por pessoas que estiveram em áreas endêmicas e foram picadas por mosquitos contaminados, principalmente dos gênerosHaemagogus e Sabethes,que também contaminam os macacos.A doença não é transmitida de pessoa para pessoa nem de macacos para humanos.

Qual é a diferença entre a febre amarela silvestre e urbana?

A doença é a mesma. O que muda é o mosquito transmissor, que também é o reservatório do vírus. A febre amarela apresenta dois ciclos de transmissão distintos: a febre amarela silvestre (FAS), que ocorre em primatas não humanos (macacos) e os principais vetores transmissores são mosquitos silvestres (dos gênerosHaemagogus e Sabethes).

O ser humano é contaminado acidentalmente, quando vai, não vacinado, para áreas rurais ou silvestres que têm a circulação da febre amarela. O ciclo da Febre Amarela Urbana (FAU) envolve o ser humano e é transmitido principalmente peloAedes aegypti.

As pessoas em situação de risco são, portanto, principalmente moradores de áreas florestais e viajantes.

Quem deve se vacinar?

No Brasil, 19 Estados (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Maranhão, Piauí, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) possuem recomendação de vacinação.

Nos estados de Bahia, Piauí, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina a advertência não vale para todas as cidades. Então caso você tenha uma viagem planejada para algum destes destinos, a orientação é de que você se vacine 10 dias antes, o tempo necessário para desenvolver os anticorpos.

Para a cidade de São Paulo a recomendação é de que os moradores dos distritos de Anhanguera, Brasilândia, Cachoeirinha, Jaraguá, Mandaqui, Parelheiros e Tremembé se vacinem. Para o interior do estado, há recomendação para a maioria das cidades. Confira aqui a lista completa.

No estado de São Paulo, segundo Marcos Boulos, passada a primeira etapa de imunização das regiões mais suscetíveis – prevista para terminar entre o fim de março e o começo de abril – a vacinação será ampliada para toda a população. Segundo o especialista, cerca de 50% da população do estado já está imunizada.

Há contraindicação para a vacina?

A vacina é contraindicada para crianças com menos de nove meses; para pacientes com câncer, portadores do HIV ou pacientes com imunodepressão de qualquer natureza. Não devem também tomar a vacina pacientes em tratamento com drogas imunossupressoras – como corticosteroides, quimioterapia, radioterapia e imunomoduladores – pacientes que passaram por transplante órgãos e alérgicos a ovos.

Atenção especial para gestantes e idosos. Mulheres grávidas não devem tomar a vacina e, em situação de emergência epidemiológica ou viagem para área de risco, o médico deverá avaliar o benefício/risco da vacinação. Pessoas com mais de 60 anos devem passar por uma avaliação no posto de saúde antes de tomar a vacina.

Para as pessoas que não podem tomar a vacina e estiverem em áreas silvestres a recomendação é o uso de repelentes.

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Por que o governo está oferecendo uma dose menor da vacina? 

A dose fracionada difere da padrão apenas no quesito volume e tempo de proteção. A dose padrão é de 0,5ml, enquanto a dose fracionada é de 0,1ml e protege por oito anos, segundo os últimos estudos realizados pelo Biomanguinhos/Fiocruz.

Os estudos indicam que a resposta imunológica das pessoas vacinadas com a dose fracionada é equivalente à das pessoas que tomam a dose plena. Como esses estudos foram feitos por oito anos, há segurança na imunização para esse período. Já na dose padrão, há uma recomendação da Organização Mundial da Saúde, seguida pelo Ministério da Saúde, de que uma dose é válida para a vida inteira. Quem já tomou a vacina está, portanto, imunizado e não precisa tomar novamente.

A vacina causa efeitos colaterais?

A vacina é feita com um vírus atenuado e existe desde 1937. Algumas pessoas podem apresentar reações brandas, como febre. E, em casos raros, pode ocorrer uma doença semelhante à própria febre amarela. Pode haver também dor e sensibilidade no local da injeção. Reações adversas mais graves são raras.

Quais são os sintomas iniciais da febre amarela?
Os sintomas iniciais costumam aparecer entre três e cinco dias após a infecção: febre, calafrios, dores nas costas e corpo, náuseas, vômitos e fraqueza. Cerca de 20% das pessoas contaminadas desenvolvem a forma grave da doença.

Nestes casos, existe uma melhora do quadro inicial, e depois uma piora, acompanhada de icterícia (coloração amarelada da pele e do branco do olho), insuficiência renal e hepática e hemorragias. Este quadro grave pode levar à morte, e não tem tratamento.

Há tratamento para a febre amarela?

Não existem medicamentos específicos. Apenas os sintomas são tratados e o paciente melhora em função da resposta de seu próprio sistema imunológico. Analgésicos e antitérmicos podem ser usados para aliviar a dor e a febre. O Ministério da Saúde, no entanto, recomenda evitar aspirina e derivados, já que podem favorecer reações hemorrágicas.

A taxa de letalidade da febre amarela no Brasil é considerada muito elevada e chega a 50% dos casos, com base nos surtos registrados a partir de 1980. Há, porém, variação de um surto para outro de 23% a 100%.

Fonte: Carta Capital

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