A primeira edição presencial do salão in-cosmetics desde o início da pandemia foi realizada em Paris, tendo como pano de fundo duas vertentes da recuperação do setor de cosméticos: a proteção do meio ambiente e as atuais dificuldades de abastecimento em matérias-primas. Ainda que, como seria de se esperar, a ênfase tenha sido a origem natural e vegetal dos princípios ativos e dos ingredientes funcionais apresentados, as tendências associadas à beleza holística e à preservação do meio ambiente completaram o cenário de inovação que caracterizou o evento. Veja, a seguir, uma pequena seleção de novidades, entre as muitas que se destacaram no salão.
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Determinados a atender às exigências de rastreamento – hoje um elemento fundamental da comunicação das marcas -, os fornecedores continuam dando prioridade à pesquisa no campo de ingredientes naturais.
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A partir de um fruto cultivado e colhido à mão na Ilha da Reunião, e com base no princípio de resíduo zero, a Gattefossé desenvolveu um novo ativo denominado Solastemis, cujas moléculas são extraídas do chuchu, também conhecido como caiota. O Solastemis reforça a proteção contra o fotoenvelhecimento, preservando o DNA dos queratinócitos contra os danos provocados pelos raios UVA.
A Greentech, por sua vez, usou raízes de genciana-amarela colhidas à mão por métodos sustentáveis nos campos franceses, a fim de desenvolver o princípio ativo Myralis, que tem ação específica em problemas da área do contorno dos olhos, incluindo pálpebras superiores, sulco naso-jugal, olheiras e bolsas aquosas sob os olhos.
Já a Robertet apresentou uma linha de ativos naturais destinados a fórmulas de nutricosméticos e cosméticos, em que os ingredientes mais importantes são o Lipowheat, fonte de fitoceramidas, e o Keranat, um ativo obtido a partir de grãos de milheto que previne a queda de cabelos. O salão foi também uma ocasião para que a empresa, sediada na cidade francesa de Grasse, divulgasse sua linha ActiScent, apostando na dualidade das propriedades – olfativas e fisiológicas – das matérias-primas naturais presentes na paleta do perfumista. Esses perfumes ativos podem contribuir para dar mais firmeza à pele, como é o caso do ActiScent Aqua Criste, ou fortalecê-la, caso do Actisent Lovely Flower.
Upcycling, revalorizar para dar sentido
Além do uso de ingredientes naturais, o upcycling (ou reaproveitamento), que busca evitar o desperdício de recursos e economizar energia, vem conquistando cada vez mais espaço na indústria de cosméticos.
Foi a partir do cálice seco da fisális, fruto cultivado em uma fazenda sustentável na Colômbia, que a Cosmo Fragrance desenvolveu seu ingrediente natural Golden Berry. “Embora seja uma fruta muito comum e amplamente consumida na América do Sul, a casca não é aproveitada. O que os consumidores querem é que as marcas assumam compromissos autênticos. Atualmente, os clientes estão em busca de produtos naturais, mas desejam também que as cadeias de produção possam ser rastreadas, e que os produtores sejam identificados com precisão”, explica Alexandrine Demachy, diretora-geral da empresa na França. Extraído por meio de CO2 supercrítico, o ingrediente confere ação anti-idade a produtos cosméticos, assim como notas florais e frutadas à composição de fragrâncias.
Quanto à Eurofragance , a madeira atuou como fonte de inspiração para que a empresa desenvolvesse seu primeiro ingrediente cativo. O fabricante de composições odoríferas, que opera em Barcelona, apresentou L’Âme du Bois, ingrediente obtido a partir de lascas de uma madeira especial. L’Âme du Bois foi especificamente desenvolvido para a criação de fragrâncias de alta qualidade destinadas a todas as categorias de produtos, desde perfumes finos até produtos de limpeza e de higiene pessoal. “Trata-se de um ingrediente inovador que apresenta muitas facetas, como um traço de união entre todas as madeiras”, garante Angéline Leporini-Poubeau, perfumista sênior.
A empresa Lucas Meyer IFF apostou na valorização de subprodutos do setor de perfumes, lançando a coleção Wastar, resultado de coprodutos residuais da extração de compostos olfativos naturais da linha LMR Naturals by IFF. O primeiro exemplo são as bagas rosa presentes no Wastar Pink Berry, que alivia a irritação do couro cabeludo, contribui para reduzir a vermelhidão e acalma o prurido. Em seguida, temos a lavanda usada no Wastar Lavender, que protege a pele contra a poluição interna, reforçando a função de barreira cutânea, diminuindo a inflamação e melhorando a luminosidade da pele, que ganha um aspecto radiante e sadio.
Outra empresa que também decidiu adotar o upcycling foi a Mibelle, que apresentou um novo ativo: SLVR’Coffee, extrato de películas prateadas de café. Esse coproduto, resultante da torrefação dos grãos, hidrata e proporciona conforto à pele.
Devolver à pele sua beleza natural
Inspirando-se diretamente na tendência de valorização da beleza holística, um dos temas recorrentes no campo da pesquisa sobre ingredientes cosméticos é a luminosidade da pele e sua capacidade de refletir saúde e alegria de viver.
Essa foi justamente a direção escolhida pela Solabia, que apresentou dois novos princípios ativos naturais. O Sealight realça a luminosidade do rosto, agindo no contorno dos olhos e diminuindo olheiras, bolsas, rugas e pés de galinha. O novo ingrediente, que recebeu a certificação de produto orgânico, é rico em arabinogalactanas sulfatadas presentes unicamente na alga Codium fragile, colhida no litoral de Portugal segundo métodos sustentáveis. Além de reativar a microcirculação, otimizando a nutrição das células, o ativo confere mais elasticidade à pele, iluminando o olhar e proporcionando uma ação anti-idade global.
Obtido a partir da couve kale, superalimento detox cultivado por uma cooperativa orgânica da região da Bretanha, na França, o ativo vegetal Neoglow proporciona uma esfoliação suave, que respeita a pele seca e sensível. O efeito esfoliante, associado ao alto teor de isotiocianatos, estimula o metabolismo celular necessário à desintoxicação da pele e à renovação da epiderme. O Neoglow tem ação regeneradora de alcance global.
A Silab, convencida da capacidade dos organismos vivos de se regenerar, lançou o Regenixir, ativo natural anti-idade de origem biotecnológica. Proporcionando ação global, o ingrediente favorece a regeneração da pele madura.
Sem água, sem álcool
Os cosméticos sólidos, os produtos em pó ou sem enxágue e a substituição por águas florais são algumas das soluções que correspondem às atuais exigências em matéria de preservação da água. A Solabia ilustrou muito bem essa tendência com sua box Waterless, que reúne diversas soluções de cosméticos, oferecendo produtos de cuidados para o rosto, o corpo e os cabelos, formulados com base no princípio de economia hídrica: apenas duas colherinhas de água são usadas na fabricação dos oito produtos que formam a box.
Reconhecida especialista do setor de perfumes naturais, a Expressions Parfumées apresentou sua linha de fragrâncias NatCo, voltada para o mercado de produtos orgânicos. Com sua inovação tecnológica Touch NatCo, a marca hoje oferece seus perfumes naturais também no formato sólido.
Para completar, a tecnologia AquaBoost NatCo, desenvolvida há três anos com o objetivo de usar água, em vez de álcool, na fabricação de perfumes, já está disponível para fragrâncias naturais, geralmente mais difíceis de solubilizar. A técnica, patenteada pela empresa, consiste em diluir em água um perfume natural com concentração de 30%, a fim de obter uma dosagem final de 10% do perfume. Com certificação Cosmos, essa base aquosa apresenta intensidade olfativa avaliada em 93% ao final de 4 horas, e de 85% após 24 horas.
Fonte: Brazil Beautynews
