Sintomas como enjoos, vômitos, sensibilidade à luz e a alguns cheiros, visão embaçada, dificuldades para falar e muita dor de cabeça não parecem nada agradáveis, certo? Agora imagine ter uma crise com várias dessas manifestações durante 4 a 72 horas ininterruptas. Pois é isso que sente uma pessoa que tem enxaqueca.
Se você sofre com esse problema, nós temos uma boa notícia: uma nova injeção bastante eficiente contra essa condição deve estar disponível no Brasil até o fim do ano, estima o neurologista e professor Mário Peres, do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.
Esse medicamento está passando pelos últimos testes nos Estados Unidos e, segundo o Dr. Peres, ele deve ser aprovado pela FDA (o órgão que controla medicamentos e alimentos nos EUA) no primeiro semestre de 2018 e pela Anvisa no segundo semestre, sendo então disponibilizado por aqui.
Esta é a primeira vez em 20 anos de pesquisa que um medicamento mostra resultados tão eficientes contra a enxaqueca: durante os testes, os pacientes que receberam uma dose 140 mg do medicamento relataram 50% menos crises por mês, enquanto aqueles que receberam metade da dose tiveram uma redução de 43,3%.
Como funciona a injeção contra a enxaqueca
A nova injeção está sendo produzida à base de um medicamento chamado erenumabe, que previne a instalação de uma crise por meio da ação dos chamados anticorpos monoclonais – a mesma técnica utilizada em alguns tratamentos contra o câncer, que foi reconhecida com o prêmio Nobel em 1984.
O nome dessa técnica pode ser estranho, mas o funcionamento dela é bem interessante: para produzir o erenumabe, os cientistas “clonam” um anticorpo humano e, depois, ensinam o anticorpo clonado a reconhecer uma molécula específica, a qual dispara o mecanismo da enxaqueca.
Dessa forma, os “clones” são capazes de perseguir e destruir essas moléculas (assim como os nossos anticorpos fazem quando encontram um vírus ou uma bactéria circulando pelo organismo). Com isso, ocorre um bloqueio da cadeia de reações que levaria a uma crise.
Além da redução no número desses eventos desagradáveis, os pacientes que testaram a injeção de erenumabe também relataram uma diminuição na duração e na intensidade dos sintomas, uma menor necessidade do uso de medicamentos para aliviar a dor e uma melhora na capacidade de realizar as tarefas do dia a dia.
Outra boa notícia: apesar de alguns pacientes relatarem que o local de aplicação da injeção ficou um pouco dolorido, o erenumabe em si foi bem tolerado, não apresentando efeitos colaterais significativos.
A importância do desenvolvimento dessa injeção
Até agora, o tratamento para a enxaqueca era feito com a administração de medicamentos que, na verdade, foram desenvolvidos para outros problemas de saúde, como alguns anticonvulsivantes (topiramato e divalproato), antidepressivos (amitriptilina) e anti-hipertensivos (propranolol).
Essas substâncias até podem apresentar algum benefício para as pessoas que sofrem com essa condição de forma crônica, porém, infelizmente, elas causam efeitos colaterais desagradáveis, como o ganho de peso involuntário (amitriptilina) e problemas de memória (topiramato).
Existe uma classe de medicamentos própria para o combate da enxaqueca, que inclui os triptanos; contudo, essas substâncias são utilizadas apenas quando a crise já está acontecendo, não sendo capazes de preveni-la.
Como as pesquisas foram feitas com injeções mensais durante seis meses, os cientistas afirmam que ainda são necessários mais testes para determinar a segurança e a durabilidade do efeito do erenumabe em longo prazo. De qualquer forma, os especialistas na área estão bastante animados com a novidade – e os pacientes que sofrem de enxaqueca certamente estão na torcida para que ela esteja disponível no Brasil o mais rápido possível.
As informações contidas nesta página têm caráter meramente informativo. Elas não substituem o aconselhamento e acompanhamentos de médicos, nutricionistas, psicólogos, profissionais de educação física e outros especialistas.
Fonte: Dicas de Mulher
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