Desde 2015, 132 jundiaienses fizeram pedido para realizar cirurgia bariátrica por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O número foi revelado pela Prefeitura de Jundiaí após pedido do JJ Regional. O Hospital das Clínicas da Unicamp, que realiza os procedimentos, não informou quantos desses casos já foram finalizados até o fechamento desta edição, mas revelou que existem 2 mil pessoas na fila da cirurgia pelo SUS.
Em 2016, foram realizados 1.753 procedimentos cirúrgicos em todo o Estado de São Paulo de acordo com a Secretaria de Saúde. Via convênio particular, Eliana Marques passou pela cirurgia bariátrica em novembro do ano passado e voltou ao trabalho 15 dias depois. Durante dois anos a comerciante se preparou para o procedimento, com acompanhamento médico, e diz não ter do que reclamar.
“É mais uma questão de se adequar aos novos hábitos. Preciso comer de três em três horas, por exemplo.” Aos 63 anos, a jundiaiense revela que perdeu 10 quilos antes e mais 22 quilos após o procedimento cirúrgico. “É uma mudança de rotina. Você tem que comer muito devagar. Primeiro como a carne, depois o arroz e o feijão, depois o legume, depois a salada”, contou.
Por outro lado, Paula Folgosi sofre as consequências da cirurgia realizada há 15 anos, também via convênio particular. A bancária, que teve complicações e precisou retirar o balão gástrico, revelou que seu organismo não absorve as vitaminas dos alimentos, por isso precisa complementar a dieta com comprimidos. Ao todo, toma 15 cápsulas diariamente e mesmo assim está com anemia.
Paula, que agora precisa tomar os medicamentos intravenoso, disse que se fosse hoje não faria a cirurgia bariátrica, pois as perdas foram maiores que os ganhos, apesar de ter emagrecido 60 quilos, dos quais recuperou 20. O cirurgião gástrico Arthur Avelino de Oliveira afirma que essa consequência não é incomum.
“Você restringe a câmara gástrica do paciente na cirurgia, reduz o tamanho do intestino delgado. A área de absorção de nutrientes fica menor e pode ocorrer a deficiência proteica” (dificuldade de absorção de proteínas). A cirurgia bariátrica é indicada para pessoas que começam a ter consequências físicas e metabólicas por conta do peso, e não apenas por conta do lado estético.
“O paciente começa a ficar prejudicado pelo sistema locomotor, não consegue fazer exercícios e pode desenvolver doenças plurimetabólicas, como a diabetes tipo 2”, revela Arthur Avelino. O médico conta que o processo antes da realização da cirurgia não é tão simples.
“Existe um acompanhamento longo com diversos profissionais de saúde, e só depois desse tempo é que a decisão pela cirurgia é tomada”. Segundo o cirurgião, a parte mais difícil do processo é a reeducação alimentar que o paciente precisa fazer antes e depois do procedimento.
“A pessoa precisa entender o seu comportamento. Não é só fazer a cirurgia, perder peso e pronto.”
Fonte: JJ