A farmacêutica brasileira Libbs celebra a aprovação de um financiamento do BNDES, cujo valor chega a R$ 200 milhões. O anúncio oficial ocorreu durante a abertura de dois complexos da companhia em Embu das Artes, na Região Metropolitana de São Paulo. Na manhã da última quarta-feira, dia 12, o Panorama Farmacêutico acompanhou a solenidade de inauguração.
Intitulado Planta Piloto Biotec, o novo centro de inovação do laboratório recebeu investimentos iniciais de R$ 26,7 milhões e será destinado à produção de medicamentos biológicos como anticorpos monoclonais inovadores, proteínas recombinantes terapêuticas, vacinas de RNA mensageiro e biossimilares. A equipe será composta por cientistas, mestres e doutores de áreas como biotecnologia, engenharia de bioprocessos e farmácia. Um dos objetivos é fomentar parcerias com universidades, startups e institutos de pesquisa.
“Além de rodar projetos da Libbs, essa planta também poderá ser terceirizada para parceiros. Vamos proporcionar inovação e ainda fortalecer o mercado farmacêutico brasileiro como um todo”, afirma o diretor de operações, Cássio Yamakawa.
Outro diferencial da unidade diz respeito ao uso de equipamentos single use. Descartáveis, esses itens reduzem o consumo de água, uma vez que não precisam ser desinfetados após a produção de um determinado medicamento. Originalmente, a planta destinada a medicamentos biológicos foi inaugurada em 2016. Foi nela que a farmacêutica desenvolveu o primeiro anticorpo monoclonal para o tratamento do câncer no Brasil – o rituximabe.
Libbs ampliará portfólio de oncologia com fábrica
Já a primeira fábrica de medicamentos de alta potência da Libbs teve aporte de R$ 83,1 milhões, com foco na produção de quimioterápicos orais em pequenas escalas – alternativa terapêutica que permite maior conforto e conveniência para pacientes com câncer, com a possibilidade de administrar os medicamentos em casa.
Esse polo fabril tem capacidade para produzir entre 500 gramas e 12 quilos por lote, abrangendo desde testes e registros junto à Anvisa até a produção comercial em menor escala. Além disso, possibilitará o desenvolvimento de moléculas inovadoras, fortalecendo o portfólio oncológico da Libbs e reduzindo a dependência de medicamentos importados. “Trabalhar com uma escala menor também possibilita que estudos mais caros se tornem acessíveis e saiam do papel”, explica Yamakawa.
O aporte adicional do banco será alocado para a aquisição de máquinas, equipamentos e bens industrializados nacionais. Com o financiamento, viabilizado por meio da linha BNDES Máquinas e Equipamentos, a companhia espera triplicar sua receita bruta até 2032.
“Queremos consolidar nossa posição como desenvolvedores de medicamentos biológicos inovadores, além de fortalecer a ciência no país por meio de parcerias e desenvolvimento conjunto de produtos”, comenta Alcebíades Athayde Junior, presidente da Libbs. Desde 2013, a empresa já investiu R$ 628,24 milhões em biotecnologia no Brasil, contemplando infraestrutura, equipamentos e o desenvolvimento de bioprocessos de alta complexidade.
Novas plantas apoiarão projeto de fomento a startups
Por meio de seu programa de aceleração de startups, o Linea, a Libbs trabalhou com 24 companhias inovadoras, entre empresas de inovação aberta e healthtechs de hard science, que são aquelas que atuam no desenvolvimento de moléculas.
“Das 11 healthtechs com as quais trabalhamos, apenas uma é brasileira. Sentimos que faltam espaços para que essas empresas possam realizar seus estudos clínicos. Agora, com nossa planta piloto e de alta potência, surgimos como uma opção”, declara a diretora de desenvolvimento de negócios e inovação, Anna Guembes.
BNDES já liberou R$ 5,7 bi para o setor em dois anos
De acordo com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, as aprovações de crédito para complexos industriais da saúde somaram R$ 5,7 bilhões entre janeiro de 2023 e novembro de 2024, um recorde histórico desde o início da série de registros, em 1995. Na indústria farmacêutica, o total aprovado até novembro de 2024 chegou a R$ 3,7 bilhões, um aumento de 152% em relação ao ano de 2023, quando o valor registrado foi de R$ 1,5 bilhão.