Professor da UFJF esclarece dúvidas sobre a vacina Oxford/AstraZeneca

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Nas última semanas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a comunidade científica vieram a público reforçar a segurança da vacina Oxford/AstraZeneca, após relatos indicarem uma possível relação entre o imunizante e a ocorrência de coágulos sanguíneos. As informações levantaram questionamentos e resistência por parte da população, que, em alguns casos, estaria se negando a receber o imunizante, inclusive em Juiz de Fora e região. Entretanto, especialistas e entidades científicas são categóricos em afirmar que a ocorrência deste tipo de efeito colateral é raríssima, e que a vacina contra a Covid-19 é segura e tem cerca de 82% de eficácia comprovada.

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Para esclarecer algumas dúvidas, a Tribuna conversou com o professor e pesquisador do setor de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Aripuanã Watanabe, que reiterou que a associação entre a vacina Oxford/AstraZeneca e a formação de coágulos – e, consequentemente o risco de trombose – ainda é somente uma possibilidade. ‘Ela é provável, mas não está provada. É importante, mesmo assim, continuar se vacinando. O benefício da vacina é muito superior ao risco de ter problemas coagulatórios.’

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O professor reforça que o mais importante é não deixar de tomar a vacina por conta dessa possibilidade. ‘As recomendações no exterior, tanto nos Estados Unidos como na Europa, são pela continuidade da vacinação, principalmente em idosos, que são as pessoas que parecem estar mais relutantes para tomar a vacina. Esse é o grupo em que foram vistos menos problemas. A recomendação é continuar tomando a vacina normalmente’, destaca.

Aripuanã também respondeu as dúvidas mais comuns sobre o imunizante, que, no Brasil, é produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Confira abaixo:

Tribuna – Países europeus chegaram a suspender a aplicação da vacina por conta de possíveis efeitos colaterais. Há, de fato, motivos para que a população se preocupe?

Aripuanã Watanabe – Por enquanto não. Alguns dados parecem apontar uma associação entre a formação de coágulos, mais especificamente na região do cérebro e do abdômen, com a vacina, mas essa associação ainda não está confirmada. Mesmo que se confirme, seria considerado um efeito adverso raríssimo. Para se ter ideia, o risco da formação de um coágulo ou uma eventual trombose causada pela Covid-19 é dez vezes maior em comparação com o risco da vacina, se ele for comprovado. Tudo indica que o benefício de se vacinar é muito maior. Nada, por enquanto, mostrou que essa formação é tão perigosa que não valha a pena tomar a vacina. Todos os órgãos de saúde e as publicações científicas ainda recomendam continuar com a vacinação. Alguns países suspenderam para tentar entender este quadro, mas não foi por medo do coágulo, e sim para investigar e entender o porquê da formação deles.

Aplicação de imunizante foi restringida em alguns países europeus após suspeitas de causar coágulos sanguíneos. Entretanto associação não foi comprovada (Foto: Fernando Priamo)

– Existe algum fator ou condição que pode aumentar o risco do efeito colateral?

– Ainda não está confirmado, mas parece que pessoas com baixa contagem de plaquetas têm uma chance maior de ter esse evento adverso. Lembrando que ainda não está confirmada essa informação. Como é algo muito recente, ainda não se sabe. Se confirmada essa associação da vacina com a formação de coágulos, ainda pode haver outros fatores envolvidos, e não só a contagem de plaquetas.

– Quais são as principais diferenças entre as vacinas Covonavac e Oxford/AstraZeneca, que estão sendo disponibilizadas na região?

– São plataformas de produção de vacinas diferentes. A Coronavac é feita com o vírus inativado: ele é multiplicado em laboratório e inativado, ou seja, os cientistas ‘matam’ o vírus e inoculam esse vírus morto no nosso organismo por meio da vacina. Já a AstraZeneca tem uma tecnologia chamada de vetor viral não replicante: os fabricantes pegam um adenovírus, que é um vírus que não infecta o ser humano, fazem uma engenharia genética, inserem um gene da proteína spike no genoma desse vírus e inoculam o vírus no organismo por meio da vacina. A partir daí, células específicas do sistema imune fagocitam ou ‘comem’ esses vírus e fazem um processamento das proteínas, apresentando-as ao sistema imune. Essa metodologia já é usada pela Universidade de Oxford há cerca de dez anos, e os pesquisadores têm um know-how muito grande sobre ela.

– A campanha de vacinação deve continuar da mesma forma?

– É extremamente importante que ela não só continue, mas que também aumente. É preciso que ela chegue ao máximo possível de pessoas, no menor tempo possível. Essa questão de ficar vacinando a conta-gotas é muito favorável para o vírus, inclusive para o surgimento de variantes. Quanto mais devagar a gente combater o vírus, mais chance ele tem de escapar. Temos altíssimas taxas de transmissão, e com a lentidão da vacinação, podem surgir novas variantes. É importantíssimo que a gente continue a campanha e a intensifique para que se vacine o maior número de pessoas contra o novo coronavírus.

– Qual é a medida ou ponto que deve ser atingido para que a população seja considerada protegida contra o vírus?

– Falou-se muito na questão da imunidade de rebanho. Temos alguns valores para outras doenças, mas ainda não conhecemos esse valor com certeza para a Covid-19. Tentamos calcular esse número, mas ainda não há um valor concreto. Fato é que ter 95% da população vacinada é bem desejável. Muitos países estão almejando vacinar quase 100% da população. Mas quanto mais perto disso chegarmos, ou quanto mais alta a cobertura vacinal for, melhor.

O que diz a Anvisa

A ocorrência de coágulos em indivíduos que receberam o imunizante levou, ao menos, 11 países da União Europeia a restringirem a aplicação das doses desde março, mesmo após a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) declarar que os benefícios do imunizante superam os riscos de coágulos sanguíneos no início deste mês. Na avaliação da agência, não há motivos para deixar de usar a vacina em qualquer faixa etária, pois não foram encontradas evidências de que idade, sexo ou condições clínicas sejam fatores de risco específicos para os acidentes vasculares graves, enquanto que o coronavírus tem apresentado altas taxas de mortalidade.

No Brasil, em 7 de abril, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) solicitou a inclusão de possíveis ocorrências tromboembólicas dentro do item ‘Advertência e Precauções’ da bula da vacina Oxford/Astrazeneca. Entretanto, no comunicado publicado, a Anvisa reforça que os casos são raros e que há a recomendação da continuidade da vacinação, já que não é possível estabelecer uma relação direta e de causalidade entre a vacina e os casos suspeitos de eventos tromboembólicos.

Na ocasião, de acordo com a Anvisa, com mais de quatro milhões de doses administradas dessa vacina, foram registrados um total de 47 casos suspeitos de eventos adversos tromboembólicos, sendo que apenas um foi associado à trombocitopenia – doença caracterizada por baixas contagens de plaquetas. Segundo a Anvisa, a alteração na bula foi feita como um resultado do monitoramento contínuo dos produtos.

Embora ressalte que o risco da ocorrência dos coágulos sanguíneos é baixíssimo, a agência orienta que as pessoas devem estar atentas a possíveis sintomas e que procurem atendimento médico imediato, caso eles surjam. Sinais de alerta que devem ser observados são: falta de ar, dor no peito, inchaço na perna, dor abdominal persistente e sintomas neurológicos, como dores fortes e persistentes de cabeça ou visão turva. A Anvisa reforça ainda que a maioria dos efeitos colaterais são leves, transitórios e permanecem por poucos dias.

Fonte: Tribuna de Minas

Município reforça impossibilidade de adquirir colírios em falta na Farmácia Especializada

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Os medicamentos Timolol e Dorzolamida seguem em falta na Farmácia Especializada de Caxias do Sul. Ambos são colírios e compõem grupo de itens cuja responsabilidade de aquisição e distribuição seria do Estado e do Governo Federal.

Veja também: Ministério da Saúde divulga calendário com 22% menos doses de vacina para o semestre

Pedidos para a reposição destes e de outros artigos já foram feitos nesta semana pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Ainda não há retorno sobre o último requerimento. Também falta a informação do que motivou a falta das substâncias, bem como a previsão de quando deve ocorrer o encaminhamento de novos frascos.

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O Município poderia qualificar o Timolol para a compra por conta própria. Entretanto, já existe orçamento definido para a aquisição de medicamentos pela Prefeitura. O Poder Público caxiense tem obrigação de adquirir itens do Componente Básico, sendo que a totalidade do recurso empenhado para o fim teria plano fixado para uso.

Assim, as verbas são repartidas no abastecimento de cada uma das drogas do grupo básico. Conforme a Secretaria da Saúde de Caxias, não há reserva de fundos que permita o investimento no colírio em falta, mesmo que o padrão do mesmo fosse alterado.

A diretora técnica da Assistência Farmacêutica do Município, Mônica Menegat, sugere uma alternativa. Ela comenta que o Timolol pode ser adquirido com desconto nas drogarias vinculadas ao programa ‘Farmácia Popular’. A servidora explica que subsídio governamental permite que a substância seja adquirida por preço mais baixo.

Para adquirir o Timolol com preço subsidiado, o paciente deve apresentar o RG e o CPF, em documento oficial com foto, assim como a receita médica.

O timolol e a dorzolamida são soluções oftálmicas, indicadas para reduzir a pressão intraocular e tratar quadros de glaucoma. A pressão elevada pode comprometer o nervo óptico, deteriorando a visão. Até mesmo a cegueira pode ser causada por hipertensão ocular.

Fonte: Rádio Caxias

Pesquisa do Procon aponta variação de até 431% nos preços de medicamentos

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Em recente pesquisa realizada em 12 drogarias de Goiânia, o Procon-Goiás constatou grandes variações nos preços em 65 itens pesquisados, inclusive valores diferentes para o mesmo produto em lojas da mesma rede. O tema foi abordado pelo gerente de Pesquisa e Cálculo do Procon-Goiás, Gleidson Tomaz, em entrevista ao programa O Mundo em Sua Casa das rádios Brasil Central AM e RBC FM.

Conforme disse, no último reajuste de preços, o Governo Federal autorizou aumentos que variaram de 6,79% a 10,08%, mas quando os consumidores vão adquirir os produtos, têm a sensação de que estão pagando muito mais. Gleidson Tomaz explicou que a maior parte dos medicamentos tem preço controlado e fixado pelo sistema de Preço Máximo ao Consumidor (PMC) e, na pesquisa realizada em Goiânia, nenhum produto foi encontrado com valor acima do PMC. Contudo, se uma pessoa adquiria determinado produto por R$ 5,00 e agora pagou R$ 7,50, a variação foi de 50%. Mas isso não significa que o valor está acima do tabelado no PMC.

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Pesquisar sempre

O gerente do Procon enfatizou que os consumidores devem ficar atentos e fazer pesquisas sempre. O mesmo produto pode ter preço diferenciado nas diferentes redes. ‘No caso dos genéricos, há grande disponibilidade de marcas e os valores podem variar muito. Bom exemplo é a Nimesulida, que foi encontrada por R$, 6,25. Já na mesma drogaria, esse mesmo produto de referência tinha preço de R$ 39,38. Ou seja, ao optar pelo genérico, o consumidor teria uma economia de 91,1%’, ressaltou ele, acrescentando que a escolha é do consumidor, com base na orientação do médico.

Ainda em relação a pesquisas, Gleidson Tomaz reforçou que, ao chegar às farmácias, os consumidores chequem o PMC dos produtos. Essa informação é um direito do cidadão. Além disso, é importante verificar se o medicamento tem desconto de laboratório após cadastro, se a drogaria aplica algum desconto por conta de planos de saúde e ainda se oferece vantagens pela fidelização. Essas são alternativas que ajudam o consumidor a pagar menos pelos produtos. Conforme o gerente do Procon, qualquer preço abusivo deve ser denunciado ao órgão.

Fonte: Portal Nosso Goiás

Ministério da Saúde divulga calendário com 22% menos doses de vacina para o semestre

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Após um mês, o Ministério da Saúde atualizou o cronograma de previsão de entrega de vacinas para o Brasil, com 22,55% menos doses a serem recebidas neste 1º semestre do que estimado anteriormente pela gestão Eduardo Pazuello. A divulgação do novo calendário foi feita em coletiva para jornalistas neste sábado (24), após o ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), dar cinco dias para o governo atualizar periodicamente as informações sobre o tema.

O pedido de esclarecimentos de Lewandowski foi feito em ação movida pela Rede Sustentabilidade, que pede ao tribunal que obrigue o governo a atualizar o calendário de entregas dos imunizantes comprados, disponibilizado no site do Ministério da Saúde, pelo menos a cada 15 dias. O partido argumenta que os números defasados comprometem a programação de governadores e prefeitos. A última atualização havia sido feita em 19 de março.

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‘Havia doses previstas no calendário inicial, nem sempre o que é tratado é entregue. Fizemos atualização do calendário. Vamos atualizar periodicamente esse calendário para que se compreenda como se dá esse processo de aquisição e entrega de doses à sociedade brasileira’, disse o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. No total, o calendário divulgado em março previa 205,897 milhões de doses entregues no Brasil no 1º semestre. O atual apresenta redução de 22,55% desse número, para 159,448 milhões.

Dados da russa Sputnik V e da indiana Covaxin, imunizantes ainda sem aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), ficaram de fora dessa nova versão, por não terem a autorização de uso no País. Anteriormente, o governo previa 10 milhões de doses do imunizante russo e 20 milhões do indiano, com lotes chegando ao Brasil a partir de março até junho.

Além disso, a entrega de 8 milhões de doses da Aztrazeneca pela Índia foi postergada para o terceiro trimestre deste ano, ao invés de quatro recebimentos entre abril e julho. O País asiático sofre com nova explosão de casos e óbitos, o que tem elevado a pressão para acelerar a aplicação local de doses.

O secretário executivo do ministério, Rodrigo da Cruz, disse que as datas no calendário são estimativas das entregas. ‘Cada contrato tem peculiaridade. Tem reuniões semanais. A ideia é atualizar o calendário sempre às terças-feiras no fim do dia e ter dados atualizados na quarta pela manhã’, disse. Ele listou eventos que podem atrasar o cronograma, como a possibilidade de atraso na entrega de insumos (IFA) para produção das vacinas e questões logísticas.

Os primeiros cronogramas de entrega de vacinas foram divulgados em fevereiro, quando o ex-ministro Pazuello tentava esfriar críticas sobre a demora do governo federal em apresentar projeções. As versões iniciais desse documento já se mostravam inviáveis. Ao prever o número de doses fornecidas mês a mês a Estados e municípios, a Saúde ignorava atrasos na entrega de IFA para a produção de vacinas na (Fiocruz e no Instituto Butantan. Também somava dados da Sputnik V e Covaxin, Anvisa.

O governo está sob pressão para ampliar o ritmo de vacinação. Por falta de doses, algumas cidades interromperam a campanha de imunização. No começo de abril, a prefeitura de Belo Horizonte informou que aguarda novos lotes para voltar a aplicar vacinas na capital mineira. O governo do Distrito Federal fez o mesmo.

Ministro fala em queda de casos

Queiroga afirmou ainda que a população precisa seguir usando máscaras, evitando aglomerações e adotando outras medidas sanitárias para manter a tendência de redução do número de casos de Covid-19 registrado nos últimos dias. ‘Temos assistido nos últimos dias tendência de redução de diagnósticos de pacientes com Covid-19, como consequência, a diminuição na pressão do sistema de saúde, o que consequentemente nos dá diminuição de pressão de insumos, como kit intubação e oxigênio’, disse. ‘O uso de máscara, evitar aglomerações é fundamental para que esse cenário se sustente no longo prazo, enquanto nossa campanha de vacinação vai sendo ampliada.’

O crescimento recorde da pandemia de Covid-19 no País tem dado os primeiros sinais de desaceleração. Registros divulgados pelo consórcio de veículos de imprensa nesta sexta-feira, 23, mostram que a média diária de mortes pela doença chegou ao sexto dia seguido de queda. A gravidade da situação, no entanto, se mantém, uma vez que a média segue em um patamar elevado, com 2,5 mil vítimas a cada 24 horas.

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2021/04/26/fast-track-da-anvisa-acelera-registro-de-medicamentos-de-especialidades/

O ministro afirmou ainda que em sete dias foi ultrapassada a meta de vacinar mais de 1 milhão de brasileiros por dia. Segundo ele, a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias) do SUS (Sistema Único de Saúde) vai avaliar também um protocolo de tratamento da Covid-19, mas não que é pelo uso de fármaco ‘A’ o ‘B’.

Fonte:  

Governo federal diz que capitais terão prioridade para receber vacina da Pfizer

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O Secretário Executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Otavio da Cruz, afirmou em conversa com jornalistas que o primeiro lote das vacinas contra a Covid-19 da Pfizer/Biontech começam a ser distribuídas exclusivamente às capitais brasileiras.

O carregamento de 1 milhão de doses deve chegar no dia 29 de abril no aeroporto de Viracopos, em São Paulo, e já no dia 30 passam a ser distribuídas somente para as capitais dos estados.

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De acordo com o secretário, ainda estão sendo estudadas as questões logísticas de transporte do imunizante da Pfizer para municípios menores.

Nesta semana, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) atualizou as temperaturas de armazenamento da vacina da Pfizer, que podem ser guardadas em recipientes de -25º C a -15º C, mas somente por até duas semanas. As câmaras de armazenamento dos imunizantes em postos de saúde não comportam temperaturas inferiores a essas.

A previsão para o mês de maio é que a Pfizer entregue em média 650 mil doses por semana, totalizando 2,5 milhões de doses no mês inteiro.

Fonte: O Sul

Soro contra Covid-19 recapitula mais de cem anos de excelência do Instituto Butantan

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Instituto Butantan – Em 1895, o médico francês Albert Calmette estudava a recém-criada área da toxicologia no Instituto Pasteur da atual cidade de Ho Chi Minh – na época, Saigon, parte da Indochina Francesa. Lá, Calmette estudou os venenos de plantas e animais alóctones aos europeus, incluindo a peçonha da Naja tripudians, que o médico levou de volta à França. Em 1896, no Instituto Pasteur de Lille, Calmette revolucionou a medicina criando o primeiro soro antiofídico do mundo, e o mesmo princípio pode ajudar a humanidade uma segunda vez, na batalha contra a Covid-19.

Calmette conhecia os trabalhos dos franceses Césaire Philalix e Gabriel Bertrand feitos em 1894, que indicavam ser possível neutralizar toxinas utilizando antitoxinas extraídas do sangue de animais imunizados contra o veneno de Vipera aspis. Unindo esse conhecimento à descoberta da antitoxina diftérica por Emil von Behring (que ganharia o Prêmio Nobel de Medicina em 1901), Albert Calmette criou sua técnica para estimular em cavalos a produção de anticorpos contra as toxinas do veneno da naja, e então extrair o plasma sanguíneo dos animais, concentrá-lo e purificá-lo no ‘soro de Calmette’.

A ciência brasileira desempenhou um papel fundamental no aperfeiçoamento do soro antiofídico. O trabalho de Calmette foi continuado pelo médico brasileiro Vital Brazil Mineiro da Campanha, o primeiro diretor do Instituto Butantan (na época, Instituto Serumtherápico). Vital Brazil demonstrou em 1989 que a ação dos soros antiofídicos é específica, ou seja, cada soro imuniza apenas contra o veneno de um gênero de cobra. O antissoro contra o veneno da cascavel (gênero Crotalus), por exemplo, não serve para quem for picado pela jararaca (gênero Bothrops) e vice-versa.

Em 1901, Vital Brazil, como diretor do recém-fundado Instituto Butantan em São Paulo, desenvolveu os primeiros antivenenos monovalentes e polivalentes para os gêneros Crotalus e Bothrops, iniciando a produção e ampla distribuição de soros antiofídicos no Brasil. Outros soros foram produzidos pelo instituto, como aqueles contra as picadas de aranhas venenosas, escorpiões e lacraias. Também foram estudadas e produzidas vacinas contra tifo, varíola, tétano, psitacose, disenteria bacilar e BCG.

Para que se tenha noção do pioneirismo brasileiro, os soros antiofídicos foram produzidos nos Estados Unidos apenas a partir de 1927, pela iniciativa de dois cientistas: o médico brasileiro Afranio do Amaral (que viria a suceder Vital Brazil na direção do Instituto Butantan em 1921) e o próprio Albert Calmette. Os dois médicos trabalharam em parceria no Antivenin Institute of America. Segundo o Museu Nacional de História Americana, Smithsonian, o Dr. Afranio Amaral supervisionou a coleta e purificação do veneno das cobras do Instituto. O veneno foi então enviado para os Laboratórios Mulford, onde foi injetado nos cavalos da empresa para produzir o antiveneno.

Contra a pandemia

O princípio de inocular o animal doador com doses não letais de patógenos a fim de se produzir uma resposta de anticorpos neutralizantes não funciona apenas contra as peçonhas. A ideia de coletar o plasma (componente do sangue que, entre outros, carrega anticorpos) de animais, purificá-los para a obtenção de um soro tem se mostrado eficiente também no combate de vírus.

Atualmente, o Instituto Butantan está desenvolvendo um soro hiperimune para tratar pacientes com Covid-19. Os pesquisadores do instituto relataram que, após 70 dias, o plasma de cavalos inoculados com o novo coronavírus (Sars-CoV-2) exibe anticorpos neutralizantes 20 a 100 vezes mais abundantes contra o novo coronavírus do que o plasma de pacientes humanos convalescentes com Covid-19.

O tratamento com soro em ratos infectados pelo SARS-CoV-2 mostra que há a diminuição da carga viral, apresentando melhora na estrutura pulmonar dos animais em estudo. De acordo com reportagem da CNN Brasil, aproximadamente 3 mil frascos estão serão utilizados nessa fase do estudo. A princípio, o soro será aplicado em um número restrito de pacientes para analisar o tipo de resposta, após alguns dias.

Atualmente o Instituto Vital Brazil está testando um soro hiperimune contra a proteína S e espera iniciar em breve os ensaios clínicos, enquanto os testes do Butantan utilizam o vírus inteiro inativado. Composto de anticorpos que reconhecem diferentes partes das proteínas virais, o soro foi desenvolvido em cinco meses e já foram produzidas 3 mil unidades para os testes com pacientes e outras 3 mil estão prontas para serem envasadas.

O pedido de autorização à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi submetido pelo Instituto Butantan para dar início aos testes clínicos com o soro anti-SARS-CoV-2 desenvolvido pela instituição. A informação foi divulgada em coletiva de imprensa pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB) e pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, em 5 de março no Palácio dos Bandeirantes. Espera-se que a autorização para o início dos testes seja dada nos próximos dias.

‘O soro tem potencial para evitar o agravamento dos sintomas e curar os contaminados pela Covid’, afirmou João Doria. O soro foi interinamente desenvolvido pelo Butantan e atuará no tratamento da doença, ao contrário da vacina que busca prevenir a infecção.

‘O soro já demonstrou em testes pré-clínicos que é seguro e efetivo em dois tipos de estudos animais. Isso se complementa à expertise do Butantan na produção de outros soros. O Butantan, nesse momento, é responsável pelo fornecimento de 100% dos soros do Brasil’, explicou Dimas.

Para obter o soro, o novo coronavírus foi isolado de um paciente brasileiro e em seguida cultivado, inativado, submetido a vários testes em camundongos e, por último, aplicado em cavalos. Os animais, após receberem o vírus inativado, produziram anticorpos. O plasma resultante foi coletado e processado nas instalações do Butantan, dando origem ao produto.

A princípio a pesquisa será realizada com pacientes transplantados do Hospital do Rim, pelo médico nefrologista José Medina, e com pacientes com comorbidades no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, com o médico infectologista Esper Kallas. ‘Os estudos animais feitos com o que a gente chama de ‘teste de desafio’ mostraram que esse soro é extremamente efetivo’, disse Dimas. ‘Esperamos que a mesma efetividade seja demonstrada agora nesses estudos clínicos que poderão ser autorizados para ter início na próxima semana’, completou.

De acordo com André Julião, da Agência Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o soro é obtido a partir da inoculação, em cavalos, do vírus inteiro, inativado por radiação graças a uma parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). Ao receber o vírus, os animais produzem anticorpos para combatê-lo. O plasma sanguíneo, repleto dessas proteínas, é então extraído, processado, purificado e passa por um controle de qualidade. Apenas os anticorpos estão presentes nas ampolas, e estes reconhecem proteínas presentes no vírus e, assim, podem impedir que ele se replique no organismo.

‘Antes de injetar o vírus em animais, nós constatamos que, mesmo inativado, a sua composição proteica estava mantida, ou seja, todas as proteínas conhecidas como importantes para gerar resposta imune estavam preservadas. Assim, obteve-se um produto policlonal, em que há uma gama de anticorpos contra diferentes epítopos das proteínas virais. Espera-se que essa estratégia seja eficiente em reconhecer o vírus de forma mais abrangente do que, por exemplo, anticorpos dirigidos para apenas uma porção restrita de uma proteína. Isso pode ser uma vantagem no combate às novas variantes do vírus’, explica Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, diretora de inovação do Instituto Butantan e responsável pelo desenvolvimento do soro.

A geração e a inativação dos isolados virais ocorreram no âmbito do projeto ‘Infecção por Coronavírus (SARS-Cov2) em modelos celulares humanos: busca por estratégias terapêuticas’, financiado pela Fapesp. A cientista coordena o Centro de Excelência para Descoberta de Alvos Moleculares (CENTD), um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) constituído pela Fapesp e pela farmacêutica GlaxoSmithKline no Instituto Butantan.

Outros soros desenvolvidos contra o novo coronavírus utilizam como antígeno apenas a proteína S (spike), da espícula do vírus. Um desses produtos foi aprovado para uso em pacientes na Argentina em janeiro. Nos testes clínicos, este soro teria reduzido a mortalidade, o número de dias em cuidados intensivos e a necessidade de respiradores pelos pacientes.

A grande vantagem no uso do vírus inteiro é a possibilidade de os anticorpos serem eficazes também em novas variantes do SARS-CoV-2. Atualmente os pesquisadores realizam testes para avaliar a capacidade do soro de neutralizar as cepas mutadas em circulação, entre elas a P.1.que é considerada mais transmissível que as anteriores.

Foram realizados no Instituto Butantan e no Laboratório NB3+ do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) os últimos testes exigidos pela Anvisa, em colaboração com Ana Marcia de Sá Guimarães e Edison Luiz Durigon, professores do ICB-USP. Nos experimentos, hamsters foram infectados com o vírus e tratados com apenas uma dose do soro dois dias depois, quando já apresentavam sintomas da doença. Os resultados apontam a diminuição da carga viral nos pulmões, modulação da resposta inflamatória e preservação das estruturas pulmonares nos animais tratados, quando comparados aos que não receberam o tratamento. A melhora foi estatisticamente significativa no grupo que recebeu o soro.

‘O soro anti-SARS-CoV-2 é uma estratégia diferente, por exemplo, do plasma de pacientes convalescentes, que depende da disponibilidade de pessoas que se recuperaram da COVID-19 para doarem o plasma. Além da oferta incerta desse recurso, no plasma de pacientes não se controla a quantidade de anticorpos presentes. No soro, podemos garantir uma proporção de proteína neutralizante em função de uma quantidade de vírus’, diz Chudzinski-Tavassi.

Entretanto, a eficácia do uso de plasma de pacientes tem sido questionada. Um ensaio clínico com objetivo de avaliar a segurança e a eficácia desse tratamento em infectados com sintomas leves a moderados de COVID-19 foi suspenso nos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos. Um conselho independente questionou os benefícios do uso do soro nesse grupo de pacientes, embora a intervenção com plasma convalescente não causasse danos.

As pesquisas do Butantan com o soro tiveram como base os resultados de experimentos in vitro (em células em cultura) e in vivo (em animais), assim os pesquisadores podem sugerir o uso da soroterapia para pacientes infectados em diferentes graus de intensidade da doença e a maior efetividade possivelmente ocorrerá enquanto o vírus estiver presente no organismo e o soro pode ser importante especialmente para pacientes que estão com o sistema imune suprimido. Nesses casos, o efeito do soro (chamado de imunidade passiva) pode ser a única solução.

‘Uma das perguntas que fazem é: se estamos vacinando a população, para que desenvolver um soro? Da mesma forma que vacinamos contra difteria e tétano, por exemplo, nós temos os soros para essas doenças. Sempre haverá alguém que, por alguma razão, não tem anticorpos contra o vírus: aquelas que não se vacinaram ou que realizam tratamentos que suprimem a capacidade do sistema imune de produzir anticorpos são alguns exemplos. Essas pessoas são as que mais se beneficiam do soro’, conta Ricardo Palacios, diretor médico de pesquisa clínica do Instituto Butantan.

Palacios explica que o soro pode ser usado como forma de prevenção em pessoas expostas ao vírus que possuem comorbidades e podem desenvolver um quadro grave. ‘Um idoso que vive numa casa em que os outros moradores estão com a doença, por exemplo. Ao tomar o soro, quando o vírus infectá-lo, ele terá anticorpos que podem neutralizá-lo’, diz. O pesquisador afirma, porém, que estes tipos de soros só devem ser administrados em ambiente hospitalar.

‘Anticorpos monoclonais são bastante específicos para uma parte do antígeno contra a qual foram desenvolvidos. Em uma situação de pandemia, uma desvantagem é que têm um tempo de desenvolvimento maior e um custo muito mais elevado do que anticorpos policlonais, como os presentes no soro’, diz Chudzinski-Tavassi. A especificidade pode se tornar uma desvantagem em um cenário em que surgem mutações do SARS-CoV-2. O novo soro do Butantan, por sua vez, age sobre diferentes proteínas e por isso tem potencial para reconhecer mesmo as novas variantes do vírus.

O soro de anticorpos policlonais pode ter vantagens em relação a outra terapia baseada no mesmo princípio, a de anticorpos monoclonais. Seu uso ficou conhecido por ter sido administrado em 2020, no então presidente dos Estados Unidos Donald Trump. O medicamento foi aprovado para uso emergencial pela Food and Drug Administration (FDA, a agência norte-americana correspondente à Anvisa) e é composto de cópias sintéticas de anticorpos encontrados no sangue de pessoas que se recuperaram da COVID-19, capazes de neutralizar a proteína do vírus. Outro grupo do Butantan trabalha no desenvolvimento de uma terapia baseada nesse tipo de anticorpo.

De acordo com Chudzinski-Tavassi, o novo soro trouxe uma série de aprendizados, mesmo com a tradição do instituto na produção de soros e em toda sua infraestrutura. Além da patente do antígeno de vírus inativado por radiação e seus usos, foram estabelecidas novas metodologias. A experiência mostrou ainda que é possível desenvolver na instituição um produto do começo ao fim em tempo recorde, contando com uma equipe de mais de 70 pessoas.

‘Fica claro que, quando há uma infraestrutura pronta, investimento contínuo e uma equipe especializada, é possível dar uma resposta rápida, mesmo numa emergência como essa pandemia’, conclui.

Fonte:

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2021/03/16/farmacias-sao-joao-alcancam-a-marca-de-800-lojas/

O desmonte da ciência e da tecnologia. Orçamento desaba 61,5% desde 2016

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Orçamento – Uma das vítimas preferenciais dos achaques quase diários disparados pelo érebos que ocupa o poder, o setor de ciência e tecnologia no governo federal tem sido submetido a verdadeiro desmonte num período mais recente, o que evidentemente não tem contribuído para amenizar o atraso tecnológico do País em relação ao resto do mundo. Mas vem desestimulando a pesquisa científica e tecnológica e afugentando cientistas e pesquisadores dedicados à produção de soluções inovadoras em áreas diversas, numa verdadeira ‘fuga de cérebros’ que terá consequências inclusive na formação de futuros cientistas aqui dentro.

Na soma de todas as ações desenvolvidas pelos diversos setores do governo federal na área de ciência, tecnologia e inovação, o volume de recursos colocado à disposição do setor encolheu drasticamente entre 2016 e este ano, em valores atualizados com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O desmantelamento está expresso nos dados da plataforma Siga Brasil, ferramenta desenvolvida pelo Senado para acompanhamento da execução orçamentária (ou, em bom e velho português, para que cada cidadão possa acompanhar como o dinheiro dos impostos está sendo gasto).

Em 2016, em grandes números, o orçamento geral aprovado para as ações naquela área somavam R$ 9,6 bilhões, mas o governo federal como um todo gastou R$ 10,3 bilhões, dos quais R$ 1,9 bilhão foram pagos entre janeiro e março daquele ano. Os valores consideram despesas de fato pagas mais restos a pagar também pagos, etapa que registra o desembolso efetivo dos recursos pelo Tesouro ou pela unidade gestora. Em 2021, os recursos autorizados para o desempenho das atividades na área de ciência e tecnologia desabaram para apenas R$ 3,7 bilhões, num tombo de 61,5% em relação a 2016. Comparado a 2020, quando haviam sido orçados recursos de R$ 7,9 bilhões, o orçamento murchou 53,2%.

Tombo ainda maior

Considerando apenas o orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), os valores autorizados encolheram ainda mais sob a gestão do astronauta, saindo de R$ 19,5 bilhões em 2017 para R$ 15,4 bilhões em 2020 (primeiro orçamento totalmente definido pela atual equipe econômica), num recuo de 21,0% em termos reais (descontada a inflação). Para este ano, inicialmente, a programação contempla apenas R$ 2,8 bilhões, em queda de 81,8% frente ao ano passado e de 85,6% em relação a 2017. As despesas pagas no primeiro trimestre deste ano, somando R$ 1,3 bilhão, baixaram 13,3% na comparação com os três meses iniciais do ano passado (R$ 1,5 bilhão) e despencaram 40,9% sobre igual trimestre de 2017, quando haviam sido desembolsados R$ 2,2 bilhões.

Os investimentos autorizados no setor, novamente incluindo todas as áreas do governo que desempenham funções relacionadas à ciência e à tecnologia, sofreram corte ainda mais dramático, desabando de R$ 1,0 bilhão em 2016 para somente R$ 101,8 milhões neste ano. Salvo acréscimos e a abertura de créditos adicionais no orçamento geral, o setor receberá recursos que responderão por praticamente um décimo do que foi investido em 2016. Naquele ano, o investimento pago chegou a R$ 914,3 milhões, evidenciando uma execução de quase 91,4% dos recursos previstos.

Balanço

· No ano passado, o investimento de fato realizado já havia caído 49,8% em relação a 2016, limitando-se a R$ 458,6 milhões. O desembolso até superou em 17,1% o valor previsto (R$ 391,5 milhões), o que não foi exatamente uma vantagem, já que o orçamento de investimento fixado para 2020 já embutia um corte de praticamente 60,9% frente a 2016 e de 26,0% em relação a 2019. Além disso, se comparado ao ano imediatamente anterior, o investimento pago foi 18,5% mais baixo.

· As ações de desenvolvimento científico, que envolvem a formação e a capacitação de pessoal para ciência, tecnologia e inovação, portanto estratégicas para as pretensões de um país que tenha ambição de se tornar moderno, tiveram o orçamento virtualmente zerado. Ou quase isso. Em 2016, os recursos autorizados para este setor específico somaram R$ 2,9 bilhões e já haviam sido reduzidos em 37,9% no ano passado, baixando para R$ 1,8 bilhão.

· Não satisfeita com o desmonte perpetrado, a equipe econômica impôs um corte adicional de 90,1%. Assim, a área de desenvolvimento científico estaria autorizada a gastar neste ano meros R$ 178,7 milhões. Esse volume não deverá prevalecer, já que as despesas e restos a pagar já pagos no primeiro trimestre deste ano atingiram R$ 466,8 milhões, numa retração de 50,6% em relação ao mesmo período de 2016 (R$ 944,8 milhões).

· As ações de desenvolvimento tecnológico e engenharia, que inclui parte dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), gerido pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o projeto de desenvolvimento de tecnologia nuclear da Marinha, entre outros, tiveram o orçamento reduzido em 27,9% de 2020 para 2021. Os recursos planejados baixaram de R$ 4,3 bilhões para R$ 3,1 bilhões. Os gastos no primeiro trimestre sofreram redução de 9,1% em relação ao mesmo intervalo de 2020 e retrocederam 56,1% diante de 2016 (sempre na comparação trimestral).

· Responsável pela expansão e consolidação da pós-graduação em todo o País, com a distribuição de bolsas a pesquisadores e cientistas, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) teve seus gastos reduzidos em 15,4% entre o primeiro trimestre de 2020 e o mesmo período deste ano (de R$ 653,2 milhões para R$ 552,8 milhões). Desde de 2016, quando haviam sido desembolsados R$ 1,6 bilhão, o tombo foi de 65,5%.

· No caso do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que atua no incentivo à pesquisa, o recuo ficou limitado a 5,0% em relação a 2020, com gastos de R$ 238,9 milhões – 49,1% abaixo do valor registrado em 2016 (R$ 469,1 milhões).

· Os gastos bancados diretamente pelo FNDCT chegaram a avançar 13,9% no primeiro trimestre deste ano, saindo de R$ 107,5 milhões em 2020 para R$ 122,40 milhões. Como a despesa havia desabado 76,1% no ano passado, as perdas não foram recompostas, permanecendo uma retração de 72,8% em relação ao mesmo intervalo de 2016 (R$ 450,7 milhões).

Fonte: Jornal O Hoje

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Hypera Pharma: lucro líquido foi de R$ 305,1 milhões no trimestre, alta de 28,1%

HyperaHypera Pharma

A Hypera Pharma (SA:HYPE3) registrou lucro líquido de R$ 305,1 milhões no primeiro trimestre deste ano, alta de 28,1% ante o mesmo período do ano passado. A companhia somou Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) das operações continuadas de R$ 362 milhões, aumento de 45,6% na comparação anual.

A farmacêutica também reportou crescimento de 43,7% na receita líquida do período em relação aos primeiros três meses de 2020, atingindo R$ 1,17 bilhão. O sell-out (venda diretas ao consumidor) avançou 11,5%, ou 2 pontos porcentuais acima do crescimento do mercado, segundo o IQVIA, que realiza levantamentos relacionados à área de saúde.

Segundo a empresa, a alta na receita foi impulsionada principalmente pelo portfólio de medicamentos adquirido da Takeda e da família Buscopan e pelo crescimento orgânico de 11,5% do sell-out, que continuou sendo favorecido pela melhora gradual da demanda no varejo farmacêutico brasileiro observada desde o segundo semestre de 2020 e pelas iniciativas da companhia. Quando excluída a contribuição para a receita líquida do portfólio da Takeda e do Buscopan, o crescimento foi de 16,3%.

A companhia manteve a Margem Ebitda das Operações Continuadas, com expansão de 0,4 ponto porcentual, para 30,9% no primeiro trimestre. A empresa registrou fluxo operacional de caixa de R$ 151 milhões (redução de 11,5% ante o mesmo período de 2020), com geração livre de caixa negativa em R$ 3,399 bilhões, principalmente pelo pagamento da aquisição do portfólio de medicamentos da Takeda, líquido da venda do portfólio ex-Brasil e da marca Xantinon, no valor de R$3,3 bilhões.

De acordo com a Hypera, as despesas de Marketing tiveram crescimento de 17,6% ante o primeiro trimestre de 2020, somando R$ 214,7 milhões. Por outro lado, as despesas gerais e administrativas apresentaram aumento de 12,1%, atingindo R$ 55,9 milhões.

Fonte: Investing.com

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‘Bolsonaro não é negacionista. Está usando uma teoria nazista’, diz senador

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Bolsonaro – A CPI da Covid deve ser instalada na próxima terça-feira (27). Com 11 membros titulares, tem sete parlamentares independentes ou de oposição ao governo de Jair Bolsonaro. A comissão está sendo encarada pelo Planalto com extrema preocupação. Se o acordo entre lideranças partidárias for mantido, a comissão será presidida pelo senador Omar Aziz (PSD-AM) e terá como relator Renan Calheiros (MDB-AL). Os movimentos dos bolsonaristas durante a semana mostram que eles sentiram o golpe com a criação da comissão. A deputada Carla Zambelli (PSL-SP), por exemplo, foi à Justiça para tentar barrar Renan na relatoria.

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A parlamentar ainda não teve resposta. Quem conseguiu uma vitória jurídica foi Renan. Assim como decidiu em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta (23) o acesso a diálogos da operação Lava Jato à defesa do senador. As mensagens vazadas foram apreendidas na Operação Spoofing.

O temor bolsonarista em relação à CPI se justifica. Além de contar com minoria e ter de engolir o experiente Renan, a comissão vai mexer em diversos temas que podem revelar concretamente a contribuição do presidente à disseminação da pandemia, que já matou quase 390 mil pessoas no país . O senador Rogério Carvalho (PT-SE), suplente do colegiado, pondera que a CPI ‘não é para perseguir ninguém, mas que coloque foco naquilo que gerou essas centenas de milhares de mortes’.

Obviamente, o comportamento de Bolsonaro será o principal foco. Ele tentou, na prática, vetar o uso de máscaras em locais públicos por meio de decreto (derrubado pelo Congresso e pelo STF), participou de aglomerações, fez propaganda da cloroquina, combateu governadores e suas iniciativas contra a pandemia, culpando-os por aquilo que ele próprio provocou.

‘Na verdade, Bolsonaro não é um negacionista, como as pessoas estão falando. Ele está usando uma teoria. Uma teoria nazista, neste caso. Expor todo mundo ao vírus, para que a população adquira imunidade naturalmente. Ele trabalhou nessa perspectiva e colocou os recursos do governo nessa direção’, diz Carvalho, em entrevista à RBA. ‘Criou-se uma câmara de vírus no Brasil estimulada pelo próprio presidente.’

No Twitter, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AC), autor do pedido de criação da CPI e provável vice-presidente, dá algumas indicações de temas a ser investigados. Por exemplo, o boicote de Bolsonaro à vacina Sputnik V , da Rússia. ‘Temos condições de iniciar os trabalhos da CPI da Pandemia no Congresso convocando, inclusive, o Sr. Antônio Barra Torres, presidente da Anvisa, p/ prestar esclarecimentos sobre essa demora (em liberar a vacina), que já se assemelha à demora de aquisição da Pfizer, que custou milhares de vidas!’, escreveu. Randolfe observa que a vacina está registrada em 60 países, com uma população total de 3 bilhões de pessoas.

Carvalho chama a atenção para entrevista concedida pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, nesta sexta-feira (23), ao jornal O Globo, na qual admitiu que a pasta deve lançar protocolo para o uso de medicamentos contra covid-19 que inclui cloroquina. Leia a entrevista de Rogério Carvalho.

Quais suas expectativas em relação à CPI?

Se tiver por parte dos senadores o mínimo compromisso com o povo brasileiro, vamos apontar vários crimes de responsabilidade, principalmente do presidente da República. Essa é a primeira questão. O ministro Queiroga vai fazer um protocolo no qual inclui a cloroquina.

Não é um absurdo?

Mas é porque, na verdade, ele (Bolsonaro) defende a imunidade de rebanho. Quer dar a bolsa do paraquedas sem o paraquedas pras pessoas, e jogar de cima do avião. Passa a sensação que está tudo bem, as pessoas se contaminam, contraem a doença e morrem, ou se imunizam naturalmente. É nisso que acredita.

Ou então as pessoas ficam com as sequelas.

Sequelas do medicamento e da doença. Na verdade, Bolsonaro não é um negacionista, como as pessoas estão falando. Ele está usando uma teoria. Uma teoria nazista, neste caso. Expor todo mundo ao vírus, para que a população adquira imunidade naturalmente. Ele trabalhou nessa perspectiva e colocou os recursos do governo nessa direção. Criou-se uma câmara de vírus no Brasil estimulada pelo próprio presidente. O resto é consequência. Combateu uso de máscaras, a autonomia de prefeitos e governadores de determinarem medidas para o enfrentamento ao coronavírus (o que o STF derrubou), o isolamento social. Não queria auxílio emergencial nenhum, e foi o Congresso que bancou. Ele foi contra tudo, porque queria que a população se expusesse. Falou na imprensa que 70% da população ia ter a doença, tinha que deixar pegar mesmo. Foi ele quem falou.

O que a população, que se pergunta até aonde vai tudo isso, pode esperar da CPI?

A CPI tem que apontar crimes de responsabilidade e reforçar os vários pedidos de impeachment que estão na gaveta do presidente da Câmara. Se a CPI mobilizar a opinião pública, não ficar em jogos de vaidades dos parlamentares, e apresentar de fato quem contribuiu para a pandemia se alastrar no país, pode mobilizar a sociedade contra ele. Aí não tem quem segure, nem o próprio presidente da Câmara.

Como avalia a participação do senador Renan Calheiros como relator. Parece que o governo está meio assombrado com ele?

É um politico experiente, sabe como funciona a Casa. Espero que possa atender as expectativas de quem o indicou, um grupo de senadores que, dos 11, é a maioria dos que representam os partidos. A expectativa é essa. Acho que ele vai fazer uma investigação que vai fundo. É isso que espero dele.

As análises são de que, entre os titulares, há quatro senadores oposicionistas na CPI, três independentes e outros quatro governistas. Esse balanço é correto?

Acho que esse balanço é correto. Eu diria que daria pelo menos 6 a 5 nas votações, na pior das hipóteses. Vamos ter uma frequência de 7 a 4? 6 a 5, em quase todas as votações.

Como vê o papel de Omar Aziz, que deve ser o presidente, e tem posições algo ambíguas, mas, sendo do Amazonas, que colapsou em janeiro, vai ter que dar uma satisfação à base dele?

Gosto muito do Omar Aziz, é meu amigo, tenho uma relação excelente com ele. Espero que bote a CPI para andar. É a nossa expectativa. Não é para perseguir ninguém, mas colocar foco naquilo que gerou as 386 mil mortes. Eu lhe pergunto: foram dez respiradores a menos ou a mais aqui ou acolá? Não foi. Foi uma atitude de leniência com a pandemia, de promoção da própria pandemia. Isso precisa ser investigado. É o mais importante, o ponto central. Se ficar pegando pontinhos para cada um destilar sua vaidade, não vamos chegar a lugar nenhum.

Fonte: Expresso 222

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Labovet busca libertação para produzir vacinas contra coronavírus em humanos

Labovet – Em entrevista ao De Olho na Cidade, o diretor da Labovet, Fernando Falcão Junior, falou sobre a capacidade da empresa produzir vacinas contra a covid-19 para humanos. O nosso portal antecipou a informação durante entrevista com o prefeito Colbert Martins.

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‘O prefeito gostou do que viu, e percebeu que Feira de Santana tem coisas boas. São conversas preliminares, ele é médico, entende muito, procurou saber muita coisa. Qualquer empresa que produz produtos veterinários tem a tutela do Ministério da Agricultura e Pesquisa Agropecuária. Qualquer laboratório produtor de vacina ou medicamentos humanos estão sobre a tutela da Anvisa, totalmente segregado uma da outra, entretanto são processos produtivos muito parecidos’, explica.

‘Exige uma alta qualidade de instalação, fiscalização dos órgãos para que a gente possa sempre manter o padrão de acordo com o que eles queiram. Para que isso aconteça a Anvisa teria que autorizar as empresas que são produtoras de produtos biológicos ou vacinas veterinárias a produzirem vacinas para covid, a fim de ajudar o Brasil a aumentar sua capacidade produtiva’, complementa.

No momento o Brasil enfrenta dificuldades em produzir vacinas e conseguir insumos. De acordo com Fernando, as conversas com a Anvisa já estão em andamento. ‘Penso eu que não vai ser só uma vacina que vai barrar a pandemia, então a vacinação vai acontecer durante um tempo. Para isso a gente precisa ter uma aproximação com esse órgão, e é uma coisa que está sendo conversada’, diz.

Conversas com o Ministério da Tecnologia

‘Na semana passada recebemos um email do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal, na pessoa do doutor Emílio Salani, que foi sensível a essa questão e também está em conversa com o pessoal do Ministério da Tecnologia’. Segundo Fernando foi pedido informações importantes das empresas do segmento no Brasil para levar ao conhecimento da pasta que o país tem plantas capazes de produzir a linha vacinal contra a doença.

Ainda segundo ele, a empresa já trabalha com a planta da coronavírus canina, que começou em 1997, dimensionada para capacidade de população referente ao gênero animal. ‘A tecnologia é a mesma, o que vai mudar é que invés de ser inoculado na vacina a cepa para canino, vai ser inoculado a cepa para humano’, revela.

‘O processo produtivo é o mesmo, haja vista precisamos dar um upgrade no tamanho. Hoje a gente fabrica para animais cerca de 2 milhões de dose/ano. Se não fizesse nenhuma adequação na planta, seria essa adequação, mas feito alguma modificação, claro que a capacidade aumentaria’, diz.

Labovet atinge todo o território nacional

A empresa tem 30 anos no mercado, está instalada no Centro Industrial do Subaé, em Feira de Santana, e produz vacinas para animais. ‘Nossa planta fabril é aqui e ainda temos um centro de distribuição que atende todo o Nordeste, temos outro em Goiânia para atender todo o Centro-Oeste e Norte. Em Valinhos, São Paulo, que atende todo o Sudeste e em Porto Alegre, atendendo o Sul do país’, detalha. A América Latina e África também vendem produtos provenientes da companhia. Ao todo são mais de 400 colaboradores diretos e indiretos.

Fonte: De Olho na Cidade

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