De entregadora a gestora de farmácia

GESTORA DE FARMÁCIAUltra Popular, Farmarcas, varejo farmacêutico
Luciana ao lado do esposo Waltenir Junio: apoio familiar fortaleceu empresária, que hoje detém mais de 30% do mercado local | Foto: Divulgação

Ser gestora de farmácia demanda coragem, seja para empreender, concorrer ou para escolher o momento certo de expandir operações. E para uma mulher como Luciana Soares, que iniciou sua trajetória profissional como entregadora, essa qualidade se revelou ainda mais.

O 26º episódio da seção Minha História dedica-se a contar a história da empresária de Rubiataba, cidade situada no norte goiano. Acolhida pelo varejo farmacêutico, ela assumiu o próprio negócio e, com apoio do associativismo, já detém 30% de market share em sua região de atuação.

Gestora de farmácia começou pedalando por pequena cidade 

Filha de um frentista e de uma dona de casa, Luciana teve uma infância humilde e, ainda com 14 anos, começou a trabalhar como faz-tudo em uma escolinha de futebol no município de quase 20 mil habitantes. Em 2005, o varejo farmacêutico entrou na sua vida.

“Nessa época, comecei a fazer entregas para uma farmácia local. Foram três anos andando de bicicleta pela região”, relembra. Apesar de já sonhar em cursar uma faculdade, os planos da então entregadora ainda se concentravam em outra função da área da saúde. “Sonhava ser enfermeira. Decidi, então, me transferir para a capital Goiânia”, conta.

Goiânia frustrou, o varejo farmacêutico não 

Uma vez em Goiânia, Luciana passou a viver com uma amiga e novamente o setor a recebeu de portas abertas. Dessa vez, como atendente no call center de uma farmácia. A realidade longe da família, porém, provou-se mais difícil que o esperado. “Sozinha na cidade grande, entendi que não conseguiria entrar na faculdade. Resolvi retornar a Rubiataba em 2009”, destaca.

O regresso à cidade natal veio acompanhado de duas certezas. A capital já não faria parte de seus planos e ela desejava se tornar farmacêutica. A formação em farmácia foi possível por meio de uma bolsa de estudos e também de programas de fomento governamental. “Voltei a trabalhar na escolinha. Em paralelo, participava de um programa na rádio local aos fins de semana e cantava em casamentos para complementar minha renda”, relembra.

Quatro anos depois, ela conheceu seu futuro marido, Waltenir Junio, na época estagiário em direito. Em 2014 ele foi efetivado, mas com a missão de se mudar para Padre Bernardo (GO), município com quase 35 mil habitantes e a pouco mais de 230 quilômetros de distância.

Luciana o acompanhou, pensando em conquistar colocação em alguma farmácia da cidade. E conseguiu. “Fazia de tudo, de compras à administração. Isso despertou em mim o desejo de ter o estabelecimento próprio”, revela. A estada durou apenas dois anos, mas serviu para mostrar ao casal a necessidade de fincar raízes. A opção mais segura era voltar para Rubiataba.

Primeira loja com a ajuda da família, mas não sem desafios

Em 2016, com apoio do marido, do pai Júlio Soares e do irmão Juliano, a farmacêutica abriu sua primeira loja – a Drogaria Santa Luzia. “A inauguração ocorreu no dia 23 de dezembro, um presente de Natal adiantado”, brinca. Como já acumulava experiência no setor, a gestora foi bem agressiva e assumiu a missão de mudar o varejo farmacêutico local.

“Resolvi operar com horário ampliado, além de apostar em um mix maior do que a média”, afirma. A concorrência não gostou da ousadia e chegou a interpelar a prefeitura para vetar essa decisão e padronizar o funcionamento das farmácias. “Promovi um escarcéu. Fui à rádio e encabecei um abaixo-assinado, mas em 2018 conseguiram alterar nosso horário”, lamenta. O impacto para as finanças foi negativo, até Luciana ter o primeiro contato com a Farmarcas.

Loja na cidade vizinha serviu de exemplo

Foi nesse momento de dificuldade que um amigo do casal visitou a cidade de Jaraguá e conheceu a Ultra Popular. Na volta, contou aos colegas que uma pequena loja do município mantinha uma performance excelente. “Íamos para um show na região e decidimos visitar essa loja, quando ficamos impressionados com o controle da precificação”, relata.

Por meio de um representante comercial, o casal teve acesso ao gestor da unidade, que detalhou o modelo de negócios da Farmarcas. Luciana demonstrou interesse, mas, na primeira tentativa de entrada, o resultado não foi o almejado.

Segundo a gestora, faltou capital para garantir sucesso na conversão de bandeira, além de Rubiataba ser uma cidade muito pequena na época. “Mas não desistimos. Em 2019, encontramos um ponto em Uruaçu (GO) e conseguimos abrir nossa segunda farmácia”, celebra.

WhatsApp Image 2025 04 07 at 09.08.36
Gestora almeja o maior faturamento do norte goiano | Foto: Divulgação

Primeiros meses foram de dificuldade e distância

“Já estávamos nos recuperando daquele baque, mas, depois de entrar na Farmarcas, o salto foi considerável”, declara Luciana. Só que nem tudo eram flores nesse período de transição. Por quatro meses, Junio morou na farmácia em Uruaçu. Em paralelo, a empreendedora administrava a unidade de Rubiataba, a 116 quilômetros de distância. O sacrifício era por um bem maior. Afinal, a unidade também se tornou Ultra Popular já no fim de 2020.

Passados seis anos, Luciana detém um market share superior a 30% em ambas as cidades onde atua. Hoje, já planeja a terceira unidade, que ainda está em fase de desenvolvimento, mas garante que será inaugurada até o fim do ano.

Para os próximos cinco anos, a gestora tem uma meta arrojada. “Não quero alarmar a concorrência novamente, mas nossa meta é ser o maior faturamento do norte goiano. Com apoio de especialistas como Edison Tamascia, Jhonatan Teixeira, Ângelo Vieira e Fábio Chacon, sei que podemos chegar lá”, aponta.

Promoção na Biolab

0
Biolab, Guilherme Oliveiro
Foto: Acervo pessoal

A farmacêutica brasileira Biolab promoveu Guilherme Oliveira ao cargo de gerente regional para o Centro-Oeste, Norte e Nordeste. O executivo está na empresa desde 2023 e já era responsável pela gerência das demandas de Goiás e do Mato Grosso do Sul.

Bacharel em administração, cursou MBAs em gestão de negócios e de saúde. Com nove anos de experiência no canal farma, já atuou como propagandista, gerente distrital e regional na EMS.

Contato: gsilverio@biolabfarmaceutica.com.br

Cimed mira tendência global para impulsionar vendas da Lavitan

vendas de Lavitan
Meta é elevar faturamento da marca em R$ 300 milhões no próximo ano – Foto: Divulgação

Uma das principais metas de curto prazo da Cimed, companhia conhecida por seu portfólio de vitaminas, é a de alavancar o número de vendas da Lavitan. Na visão de João Adibe, a resposta para esse desafio pode ser encontrada nos mercados internacionais. As informações são da Bloomberg Línea.

Buscando alcançar a marca de R$ 1 bilhão em vendas nos primeiros três meses de 2026, a farmacêutica vai apostar na entrada no mercado de nutrição esportiva, com produtos que devem rivalizar com marcas consagradas como Gatorade, Powerade e YoPro. Em 2024 a companhia movimentou R$ 720 milhões, registrando um sell-in de aproximadamente R$ 500 milhões.

Vendas da Lavitan: Cimed aposta em celebridades e tecnologias

Para entrar nesse mercado com destaque e tentar se estabelecer o mais rápido possível, a marca vai se ancorar em vantagens competitivas proporcionadas pela Cimed.

Usufruindo da proximidade com o varejo farmacêutico, a companhia da família Adibe vai distribuir 10 mil geladeiras para farmácias, como forma de acelerar o crescimento da Lavitan.

Neymar Jr. ainda será o garoto propaganda da linha de isotônicos, que chegará aos PDVs com cinco sabores, em uma parceria inspirada nas realizadas por marcas internacionais como Más+ e Prime, que contam com Lionel Messi e Logan Paul, respectivamente.

“Eles conquistaram mercado nos Estados Unidos e, em cima disso, nós vamos tentar entrar aqui no Brasil. Por isso, optamos pelo Neymar, até porque ele é ídolo dessa molecada quando ele fala de futebol e vamos usá-lo muito fora e dentro de campo, principalmente no lifestyle”, explica Adibe.

Governo anuncia nova Frente Parlamentar Farmacêutica

Frente Parlamentar Farmacêutica
Iniciativa já está em vigor e marca o início dos trabalhos da nova frente legislativa – Foto: Reprodução – Andressa Anholete/Agência Senado

A edição dessa terça-feira (8) do Diário Oficial da União oficializou a criação de uma nova Frente Parlamentar Farmacêutica, como proposto pelo senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP). O projeto foi posteriormente aprovado pelo Senado com a relatoria de Izalci Lucas (PSDB-DF).

A Frente Parlamentar pelo Desenvolvimento da Indústria Farmacêutica e da Produção de Insumos Farmacêuticos Ativos no Brasil será formada por parlamentares que assinarem a ata de instalação e poderá reunir-se em Brasília ou em qualquer outra unidade da Federação.

Seu principal objetivo é ampliar a capacidade nacional de produção de medicamentos e reduzir a dependência de insumos importados, que atualmente equivalem a quase 90% da demanda brasileira.

Senador justifica criação da Frente Parlamentar Farmacêutica

Em sua proposta, Marcos Pontes destacou que estimular a produção local pode garantir o abastecimento de remédios em situações emergenciais, contribuir para a geração de empregos e a redução de custos na fabricação e fomentar políticas públicas para inovação, investimento e competitividade da indústria nacional, além de ressaltar que o espaço servirá como meio permanente de articulação entre o Senado, o setor produtivo, a academia e o Poder Executivo.

Dahuer apresenta Anasol Clinicals Vit C FPS 50

0
Dahuer, Anasol Clinicals
Foto: Divulgação

O Anasol Clinicals Vit C FPS 50, da Dahuer ,vai muito além de um simples protetor solar. Sua fórmula combina filtros de última geração com o exclusivo nanovetor de vitamina C — uma tecnologia que protege contra os raios UVB, UVA e até contra a luz visível. Ainda ajuda a minimizar os danos causados pelos raios infravermelhos, graças à sua potente ação antioxidante.

Na prática, isso significa uma pele mais protegida, saudável, com um toque seco e efeito matte. O Anasol Clinicals Vit C FPS 50 também previne o fotoenvelhecimento, hidratando profundamente e combatendo os sinais de envelhecimento precoce. Estimula a produção de colágeno e promove mais firmeza, luminosidade e uniformidade para a pele.

Por se tratar de um microencapsulado, o ativo penetra melhor e age com mais precisão. O produto é dermatologicamente testado, hipoalergênico e não obstrui os poros.

Sistema de distribuição: sistema próprio
Gerente nacional de vendas: Eduardo Oliveira – 99338-5290

NIS chega à 5ª edição com recorde de expositores

NIS
Encontro une feira e congresso em dois dias de encontro / Foto: Reprodução – NIS Summit

Chegando à sua quinta edição, o Nutri Ingredients Summit (NIS) contará com a presença de 110 expositores do mercado de ingredientes para alimentos funcionais. O total representa um avanço de 50% em comparação com 2024.

O evento, focado em saudabilidade, conecta fornecedores de ingredientes funcionais às indústrias de alimentos, bebidas, suplementos alimentares e farmacêuticas, interessadas em soluções inovadoras para diferenciar e tornar seus produtos mais saudáveis e indulgentes para o consumidor.

Com o crescimento na demanda de empresas querendo participar do encontro, a organização estima também que o número de visitantes cresça na mesma proporção. São esperados cerca de 6,5 mil profissionais.

“O número de pré-cadastros já é o dobro do realizado na última edição”, comemora o cofundador, Cassiano Facchinetti. E o aumento na procura fez, inclusive, que o planejamento da edição de 2026 começasse mais cedo.

NIS 2026 contará com área maior 

Segundo Facchinetti, apesar de a próxima edição estar agendada para os dias 15 e 16 de abril, a organização já trabalha de olho em 2026. Segundo ele, a alta demanda de expositores fez com que a feira garantisse um espaço maior para a edição do ano que vem.

“Vamos contar com uma nova área no Transamérica Expo, o que nos possibilitará 8 mil metros quadrados, dois a mais do que a capacidade atual”, comemora.

Encontro oferece mais de 14 horas de conteúdo 

Além da feira, o NIS Conference oferece 14 horas de conteúdo divididos em quatro módulos – nutrição física, nutrição mental, produtos e regulatório. O principal destaque da programação será a palestra ministrada pela medalhista olímpica Rebeca Andrade.

Para participar das palestras é necessário a compra dos ingressos, com preços que vão de R$ 1.089 a R$ 2.310. “Realizamos também palestras gratuitas, as NIS Aplication Trends, onde os expositores fazem apresentações rápidas, de 20 a 30 minutos, sobre as soluções levadas para a feira”, explica o cofundador.

Indústria farmacêutica ganha destaque em premiação 

Outra programação paralela é o Prêmio NIS Açaí de Ouro, que chega à sua terceira edição em 2025. A premiação tem como propósito reconhecer as empresas e profissionais que inovam no desenvolvimento de novos ingredientes, processos e embalagens para o mercado de alimentos, bebidas e suplementos.

Neste ano, Facchinetti destaca o ganho de relevância da indústria farmacêutica na honraria. “Ao todo, recebemos mais de 150 inscrições nesta edição, sendo que muitos desses produtos estão ligados ao canal farma”, revela. “A indústria farmacêutica é uma das principais protagonistas nesse mercado”, completa.

Nutri Ingredients Summit (NIS)
Data: 15 e 16 de abril
Horário feira: 10h às 19h
Horário conferência: 10h às 17h
Local: Transamerica Expo Center – Hall B | São Paulo | Brasil
Inscrições: Aqui

Os desafios da reforma tributária para as farmácias

REFORMA TRIBUTÁRIAProcfit, orientação empresarial, IMendes
Foto: Freepik

A reforma tributária, que foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último mês de janeiro, estabelece um novo modelo de tributação sobre o consumo. Mas como isso afeta o varejo farmacêutico?

A Lei Complementar Nº 214/25 institui a criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto Seletivo (IS), que recairá sobre produtos prejudiciais à saúde e/ou ao meio ambiente.

Para o canal farma, os medicamentos terão menos impostos, mas a distribuição e a indústria perderão benefícios fiscais, custo que tende a ser repassado para o varejo.

Reforma tributária: farmácias têm menos flexibilidade

Para o fundador e CEO da IMendes, Izac Mendes, um dos principais desafios da reforma tributária para o varejo farmacêutico será a ausência de flexibilidade para lidar com eventuais majorações. “Os gestores trabalham com um teto e não podem aumentar o preço do medicamento para absorver esse custo extra. Em paralelo, com a alta competitividade do mercado, é necessário precificar com ainda mais cautela”, alerta.

Outro ponto diz respeito às substituições tributárias. “Em torno de 70% dos produtos presentes no mix de uma farmácia, sobre os quais incidiam os pagamentos de PIS/Cofins ou ICMS, passarão a conviver com a nova CBS”, destaca.

Para o especialista, o caminho para lidar com essa nova realidade passa pela digitalização de processos. “Se fala muito sobre a digitalização da operação da farmácia. Esse conceito deve ser ampliado também para o tributário”, afirma.

O diretor de Business Process Outsorcing (BPO) da Procfit, Paulo Machado, também reforça a visão. “Existem produtos que podem gerar créditos tributários, controle que se torna muito mais prático com uso intensivo da tecnologia”, acredita.

Tecnologia passa por atualizações constantes

Machado também destaca que, apesar das mudanças no horizonte, um bom sistema de gestão tributária se manterá atualizado. Afinal, são necessárias mudanças até mesmo semanais para acompanhar as constantes modificações.

“Temos um comitê que se reúne semanalmente para discutir as mudanças da semana anterior. Além disso, empregamos uma inteligência artificial no acompanhamento de alterações nas esferas municipal, estadual e federal”, explica.

Segundo o executivo, o módulo tributário da Procfit já está atualizado para lidar com a reforma. “Os empresários precisam ter um sistema extremamente confiável, que dê as respostas que ele precisa”, afirma.

Preparação depende do hoje

Apesar de reforçar o protagonismo da tecnologia, Machado alerta que o primeiro passo é ajeitar a casa. Ele aconselha as seguintes medidas:

  • Manter um cadastro assertivo do seu mix
  • Utilizar um sistema confiável para garantir o pagamento correto dos impostos
  • Se ater às particularidades do varejo farmacêutico
  • Manter o controle sobre possíveis impostos a receber

Ashland investe quase R$ 60 milhões em expansão no Brasil

Ashland
Unidade é responsável pelos sistemas de revestimento farmacêutico e antimicrobianos / Foto: Divulgação

A Ashland celebrou a inauguração da sua planta em Cabreúva (SP) nesta sexta-feira, dia 4. A unidade acabou de passar por um processo de expansão, resultado de um investimento na casa dos US$ 10 milhões (cerca de R$ 59,3 milhões).

O aporte teve como objetivo acompanhar o crescimento da demanda por comprimidos revestidos. Segundo dados da companhia, entre 2019 e 2023, o consumo desses produtos na América latina cresceu uma média de 4,3% ao ano, sendo que o avanço no Brasil é ainda maior, 5,7% a.a.

Os fundos também foram utilizados para modernizar os equipamentos empregados na linha de antimicrobianos em aplicações de cuidados pessoais, em São Paulo (SP). “Os investimentos que fizemos em Cabreúva e São Paulo estão apoiando a globalização de nossa expertise no segmento, comemora o presidente e CEO, Guillermo Novo.

Expansão da Ashland começou ainda em 2023 

Além da expansão física, celebrada no começo deste mês de abril, a Ashland já havia iniciado esse movimento em 2023, quando introduziu sete novas tecnologias de plataformas. “Essas soluções trouxeram inovações sustentáveis ‘novas para o mundo’, oferecendo opções para clientes e consumidores”, afirma.

“A Ashland introduziu várias inovações patenteadas derivadas das plataformas de óleos vegetais transformados e super umectantes, com tecnologias de plataforma adicionais ainda neste ano”, completa o executivo.

Como farmácias independentes podem resgatar sua essência?

FARMÁCIAS INDEPENDENTESFarmácias, orientação empresarial, recuperação judicial, fechamento de farmácias
Fechamento de lojas em ritmo acelerado expõe equívocos no modelo de negócios | Foto: Freepik

O ritmo acelerado de fechamentos de farmácias independentes e o recorde de pedidos de recuperação judicial expõem os gargalos do pequeno e médio varejo. E para o especialista em educação corporativa Gilson Coelho, um dos fatores que empurram esse segmento para o abismo pode estar relacionado à decisão equivocada de replicar estratégias das grandes redes.

O consultor estima que mais de 50 mil farmácias independentes estejam em reais dificuldades financeiras. “Esse movimento cria um círculo vicioso que só agrava os resultados financeiros, por meio de decisões como a concessão de descontos cada vez mais agressivos e a manutenção de um mix amplo com produtos que claramente apresentam margens baixas. Como consequência, a expectativa de receita não se concretiza e o Custo da Mercadoria Vendida (CMV) segue viés de alta, o ponto de equilíbrio aumenta e fica cada vez mais difícil alcançar resultado positivo”, adverte.

Contas a pagar nas alturas forçam a farmácia a recorrer a empréstimos bancários ou ao uso do capital pessoal do dono. “É a fórmula da tragédia”, acrescenta. Coelho também adverte para um fenômeno surgido na pandemia. “Passamos a conviver com uma série de “soluções mágicas” que prometem faturamento instantâneo sem levar em conta os fundamentos do negócio”, ressalta.

Copiar a tática das grandes redes, na sua visão, alimenta uma corrida maluca que vai muito além do nível exagerado dos descontos. “O anseio de garantir sobrevida aos negócios leva as pequenas e médias empresas do setor a apostar em ferramentas desconhecidas que geram mais despesas e dor de cabeça”, acredita.

O que acontecerá com as farmácias independentes se nada mudar

Se nada for feito, a tendência nas farmácias independentes é clara. A situação vai se agravar ainda mais. “O mercado farmacêutico está crescendo menos. As taxas de juros continuam altas, o crédito está mais difícil, e a inflação pressiona as famílias e os negócios. O tempo está passando e, com ele, a saúde emocional do proprietário, o ânimo da equipe e a estabilidade da empresa”, avalia.

Ele alerta que quanto mais tempo se insiste na fórmula que não funciona, mais distante fica a possibilidade de recuperação. Para solucionar essa questão, o segredo é reconhecer e fortalecer os seus pontos fortes, que os grandes não têm, tais como:

  • Mais agilidade na forma de aprender e alcançar resultado
  • Mais respeito, proximidade e interação com os clientes
  • Uma estrutura funcional mais enxuta
  • Adoção de um protagonismo consciente, realçando o papel da farmácia como agente comunitário da saúde
  • Um atendimento diferenciado, humanizado, que respeita o cliente, suas necessidades e o seu poder aquisitivo

Coelho adverte e usa como inspiração o fato de que Davi não enfrentou Golias com as mesmas armas. Ele não tinha e mesma experiencia, reputação, muito menos estrutura física correspondente.

“Quando o dono é despertado e assume o protagonismo, ele se conecta com os métodos consagrados e rituais de produtividade adequados ao seu negócio. Tudo começa a mudar rapidamente, tendo faturamento e rentabilidade como pontos de partida, mas de uma maneira segura e sem riscos”, afirma Coelho.

Isso significa reorganizar processos, revisar categorias, alterar o perfil das compras, o que gera margens reais. “O mais importante é adotar essas práticas respeitando a realidade da farmácia, sem fórmulas mágicas nem improvisos”, finaliza.

Venda de suplementos nas farmácias quadruplica

SUPLEMENTOS NAS FARMÁCIASSuplementos, farmácias, varejo farmacêutico
Foto: Canva

A venda de suplementos nas farmácias avança de forma consistente, praticamente quadruplicando de tamanho em quatro anos. Os dados da Close-Up International apontam um faturamento de R$ 723 milhões em vendas ao consumidor nos últimos 12 meses até janeiro de 2025. Os demais indicadores presentes no estudo sinalizam uma expansão ainda mais vigorosa nos próximos anos, com potencial para incrementar substancialmente o tíquete médio e a fidelização.

Considerando o mesmo período até janeiro de 2021, esse mercado somava R$ 187 milhões. O montante foi 3,8 vezes inferior ao atual, mas já sinalizava os impactos da Covid-19 para o desenvolvimento da categoria. A pandemia fez saltar a demanda por itens para imunidade e bem-estar no varejo farmacêutico. O que parecia ser um boom, porém, se mostrou uma evolução ainda mais sólida nos anos seguintes.

A receita cresceu 49,4% de 2023 a 2024 e 66,6% no intervalo seguinte. “Creatina, barrinhas e proteínas vêm puxando esse mercado, representando 93% das vendas nos últimos 12 meses até janeiro, contra 84% quatro anos atrás”, observa Filipe Campos, head de Market Insights & CHC da consultoria.

Venda de suplementos nas farmácias
(em milhões de R$ nos últimos 12 meses até janeiro do respectivo ano)

graficos panorama farmaceutico
Fonte: Close-Up International

Suplementos nas farmácias têm volume e mix como motores

Até o momento, o perfil do mercado de suplementos nas farmácias contraria por completo a lógica que se impõe na venda de medicamentos e artigos de HPC, fundamentalmente sustentada pelo preço. “Do crescimento geral da categoria, 86% tem como motores o volume e o mix. No canal farma como um todo, esse percentual é de 46%”, reforça Campos.

“É um segmento que evoluiu em quatro anos o que se esperava inicialmente para uma década”, conta Alexandre Cunha, fundador da AMC Distribuição e Logística, que também promove serviços de representação e consultoria para conectar a indústria de saudabilidade à farmácia.

Para o empresário, que atende marcas como Apis Flora, Atlhetica Nutrition e Chá Leão, a pandemia foi o gatilho para os fabricantes acelerarem seus passos rumo ao varejo farmacêutico – com foco na formação de um mix de saudabilidade mais robusto. “Ter produtos e volume era fundamental. Agora, para que realmente o ciclo de crescimento prossiga, o setor precisa pensar em estratégias para aprimorar o planograma e a exposição no PDV”, avalia.

Grandes redes dominam, mas associativismo é rota para expansão

Outro indicativo do potencial da categoria revela-se na receita por nicho de farmácia. As grandes redes detêm 58% das vendas, mas a maior aposta atual dos especialistas está no associativismo. “Estudos de mercado que encomendamos indicam que esse nicho de farmácias tem potencial para elevar em mais de 20% o faturamento com a aposta em produtos saudáveis”, destaca Cunha.

123442152347675653fffsfd45564563456
Fonte: Close-Up International

Não à toa, as farmácias associativistas ganharam evidência na agenda do 3º Fórum de Suplementos no Canal Farma, que integrou a programação da Arnold Sports Festival no último fim de semana e teve o Panorama Farmacêutico como mídia oficial, com seu editor-chefe Leandro Luize na mediação do painel com os convidados. Curadora do evento, Leka Vital reuniu casos de sucesso do Grupo Total e da Ultra Popular.

Com 676 lojas em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, o Grupo Total testemunhou uma alta de 145% nas vendas de suplementação nos últimos cinco anos. O tíquete médio geral pulou de R$ 36 para R$ 55, enquanto o número de itens adquiridos por cupom de compra subiu de 1,20 para 1,41.

“É um crescimento sustentável baseado na valorização do portfólio e na conquista da confiança do cliente, por meio de iniciativas como a concepção de espaços dedicados ao segmento nas farmácias e a ativação da Segunda da Suplementação”, valoriza o conselheiro deliberativo e head de expansão Jair Beloube.

Isabela Bettoni, gerente de vendas e marketing das unidades da Ultra Popular no Mato Grosso, destaca que a categoria ascendeu na rede a partir de um bem-sucedido trabalho de cross selling. “Criamos um programa de fidelidade próprio para fortalecer as marcas de suplementos, que possibilita inclusive a entrega dos produtos na residência ou local de interesse do consumidor”, detalha.

Desafios para manutenção do crescimento

A demanda motivou Ricardo Coutinho a estruturar uma divisão de negócios específica para a venda de suplementos na Visão Grupo, companhia da qual é CEO e que agrega o marketplace Tudo Farma. “O mix deu o tom à evolução nas farmácias. O próximo passo envolve o aumento da positivação e uma maior conscientização das equipes de atendimento no varejo, movimento que necessariamente a indústria deve encabeçar”, opina.

A sócia-diretora do Grupo Supley, Mariana Morelli, foi a voz da indústria no fórum e trouxe dados que atestam como a capilaridade das farmácias pode ser ainda mais bem trabalhada. “A indústria de suplementos no Brasil movimentou R$ 7,5 bilhões em 2024 e projeta chegar a R$ 9 bi este ano, mas apenas 8% da fatia desse bolo está no varejo farmacêutico”, adverte.