Escassez de anticoagulante compromete saúde de gestantes na pandemia

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A falta do anticoagulante Enoxaparina nas farmácias têm preocupado as gestantes que necessitam do remédio.

De acordo com o Conselho Regional de Farmácia de Mato Grosso do Sul (CRF/MS), desde maio de 2020, o medicamento já estava apresentando sinais de desabastecimento.

“Medicamentos como a Enoxaparina oscilam no mercado e apresentam indicação de desabastecimento desde meados de maio e junho de 2020. Temos no Brasil cerca de três fabricantes de heparina e cerca de cinco fabricantes de Enoxaparina. São medicamentos que já haviam apresentando série de indicativos de escassez e desabastecimento no mercado brasileiro”, explica o farmacêutico e doutor Adam Macedo Adami, que também e assessor técnico do CRF/MS.

Ainda conforme o profissional, a situação se tornou ainda mais preocupante durante a pandemia.

Últimas notícias

“A situação se tornou mais preocupante nesse ano de 2021 com o agravamento da pandemia a respeito dos autos custos dos laboratórios nacionais para importar a Enoxaparina. Realmente vivemos um preocupante quadro de falta e desabastecimento desse remédio”, acrescenta.

Nas redes sociais, a ginecologista e obstetra Maria Auxiliadora Budib faz um apelo pedindo para doarem o remédio para quem precisa. “Se você tem Enoxaparina (Clexane/Versa) e pode fazer doação, entre em contato conosco. Muitas gestantes de alto risco estão precisando e não há nas farmácias”, ressalta.

Uma leitora, que preferiu não se identificar, disse que está há dias procurando pelo medicamento e não encontra.

“Estou temendo a vida. Eu necessito desse remédio e não estou achando”, relata.

Remédio

A Enoxaparina é um medicamento de uso injetável por via intravenosa. É utilizado para tratamento de trombose venosa profunda (formação ou presença de um coágulo sanguíneo dentro de um vaso) com ou sem embolia pulmonar.

Também é usado para prevenção da formação de trombo na circulação extracorpórea durante a hemodiálise (método artificial para filtrar o sangue).

Além disso, conforme informado pela Anvisa, trata da angina instável (dor no peito) e infarto do miocárdio.

Age na prevenção da obstrução de um vaso sanguíneo por um coágulo de sangue na corrente sanguínea), em particular aqueles associados à cirurgia ortopédica ou à cirurgia geral, entre outras funções.

Fonte: Correio do Estado

Leflunomida na farmácia de alto custo será fornecido apenas para 15 dias

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O Ministério da Saúde enviou para as Secretarias Estaduais de Saúde, apenas 55% da quantidade necessária de leflunomida para abastecer as farmácias de alto custo durante 3 meses. O medicamento está em falta nas farmácias de alto custo de todo o Brasil. As informações são do Blog AR, que aborda temas relacionados à artrite reumatoide.

Segundo a reportagem, no mês de junho os pacientes receberão o medicamento para 15 dias de tratamento. Já a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, em resposta a questionamentos do Movimento Medicamento no Tempo Certo, informou no dia 2 de junho de 2021 que “o desabastecimento de leflunomida se deve ao atraso na entrega pelo Ministério da Saúde. O fornecedor do MS não tem cumprido os prazos contratuais, o que tem impactado nas entregas nos Estados”,.

O abastecimento somente será regularizado quando o Ministério da Saúde realizar uma nova remessa de medicamentos.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico


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Presidente da União Química participa de Fórum Econômico na Rússia

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Fernando Castro Marques, presidente da farmacêutica União Química, foi o único empresário brasileiro convidado a palestrar no SPIEF- St Petesburgo Internacional Economic, fórum realizado nesta quinta-feira (3). Nesta sexta, o executivo assina acordos comerciais e de cooperação tecnológica com o setor privado Russo.

A União Química tem acordo assinado com o Instituto Gamaleya Russo para transferência tecnológica do imunizante Sputnik V no Brasil. ” Graças à parceria com o Governo Russo, a União Química foi a primeira Empresa da América Latina a produzir o IFA de uma vacina contra a COVID-19, a Sputnik V. Estamos fazendo investimentos para colocar nossa empresa e o Brasil no rol dos maiores produtores de vacinas no Mundo”, ressalta Marques.

Ele destacou a importância do BRIC’s (Bloco econômico Brasil/Rússia/Índia/China/África do Sul), com a presença dos maiores fabricantes de insumos e vacinas contra a Covid-19 no mundo e que esse fato é uma grande oportunidade para criar sinergias e respostas rápidas contra a pandemia, principalmente na produção de medicamentos e vacinas.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico


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Casos de dengue este ano já são recorde em mais de uma década

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O ano de 2021 é de recorde de casos de dengue no Rio Grande do Sul. Em série histórica que leva em consideração o acompanhamento desde 2010, a avaliação que vai até a semana epidemiológica 20, ou seja, até o dia 22 de maio, é o período com índices mais expressivos.

No último informe divulgado, já são 9,9 mil casos notificados da doença, dos quais 6,4 mil foram confirmados. Os números representam praticamente o dobro do que o registrado no mesmo intervalo de 2020. Outro indicador que chama a atenção é o total de casos autóctones, ou seja, que foram contraídos dentro do Estado. São 6.216, comparando com 3.326 do ano anterior.

“Provavelmente, o que ocorreu é que a gente vem enfrentando períodos difíceis, em que a população é orientada a Comparativo histórico da dengue no Estado Leia também permanecer nas residências.

Com isso, acabaram esquecendo um pouco de medidas básicas, como a limpeza de pátios e terreno baldios”, descreve a coordenadora do programa de arboviroses do Estado, Cátia Favreto, explicando que a situação ocasiona mais focos do mosquito Aedes aegypti.

Sobre a mudança de perfil, de quase não ter mais casos importados, Cátia destaca o crescimento de municípios considerados infestados pelo Aedes. O aumento é de mais de 80% a partir do ano 2000. “A maioria dos municípios gaúchos já está classificada como infestada. São 414 dos 497. E a partir da infestação, a probabilidade de casos humanos é grande. Por isso que a autoctonia chama tanto a atenção”, ressalta.

Situação na região

Na região da 1ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), formada pela maioria das cidades dos Vales do Sinos, Paranhana, encosta da Serra e região metropolitana, já são 46 dos 66 municípios infestados pelo mosquito.

Na 5ª CRS, englobada por áreas do Vale do Caí e Serra gaúcha, 30 das 49 cidades estão na mesma condição. Já no Litoral Norte, referente à 18ª CRS, são 13 infestados em um total de 23 municípios compreendidos. Entre os locais com casos autóctones, na região constam Harmonia, Montenegro, Rolante, São José do Hortêncio, São Leopoldo e São Sebastião do Caí.

“Houve aumento no número de municípios que infestaram e de casos autóctones”, confirmar, em nota, a 1ª CRS. Nas outras coordenadorias, a situação é um pouco diferente. “Temos 11 casos de dengue não autóctones, nenhum de zika e um de chikungunya, este autóctone”, arma a coordenadora da 5ª CRS, Claudia Daniel. No Litoral Norte, a maioria dos casos já foi descartada.

“A notificação nos casos de dengue, chikungunya e zika nos sistemas de informação se baseia em casos suspeitos. No âmbito da 18ª CRS, temos oito casos de dengue notificados, seis descartados e dois confirmados não autóctones, além de um caso de chikungunya notificado, porém descartado, e um caso de zika em investigação”, detalha a responsável pela coordenadoria, Janete Ferri Teixeira. Cidades em alerta Montenegro e Nova Petrópolis são duas das cidades da região com confirmação de casos relacionados ao Aedes aegypti.

A 1ª CRS informa que há um paciente infectado de forma autóctone no município do Vale do Caí, dado confirmado pela prefeitura. Casos de dengue voltam a aumentar Nova Petrópolis tem aumento de 100% em focos de Aedes aegypti Prefeitura de São Leopoldo confirma primeiro caso de dengue na cidade em 2021 São Leopoldo confirma primeiro caso de dengue contraído na cidade em 2021 Sete casos de dengue em São Sebastião do Caí São Sebastião do Caí confirma sete casos de dengue e tem outros dez suspeitos Casos confirmados de dengue reforçam atenção com o Aedes aegypti na região Montenegro confirma caso de dengue contraído dentro da cidade “Um morador do bairro Germano Henke contraiu a doença dentro da cidade.

O setor responsável pela Vigilância Epidemiológica está preparando a aplicação de inseticida e promoverá vistorias nas residências no entorno para eliminação de focos do mosquito transmissor e orientação aos moradores”, comunica nota oficial. O município ainda possui mais um caso importado e outros dois em investigação. Além do trabalho da prefeitura, há o apelo para que a comunidade também faça a sua parte.

“A população deve ser uma aliada do poder público na eliminação de recipientes que acumulam umidade, principalmente os pequenos depósitos, como potes, latas, pneus, plásticos, entre outros”, aponta. Em Nova Petrópolis, são sete agentes de campo, que inspecionam mais de seis mil imóveis em área urbana a cada dois meses.

“A eliminação de criadouros ainda é a melhor forma de combater o Aedes aegypti. Por ser um mosquito doméstico, a participação da população no seu controle é fundamental”, orienta o coordenador da Vigilância Sanitária e Ambiental em Saúde de Nova Petrópolis, Rafael Aguiar Altreiter.

Outra preocupação é com uma possível reurbanização da febre amarela, erradicada desde 1942, tendo em vista a circulação do mosquito, que é o mesmo que carrega as demais infecções.

“Uma vez por semana inspecione seu pátio e elimine qualquer recipiente capaz de acumular água. Não dê chance ao mosquito e vacine-se contra a febre amarela”, conclui. Chikungunya cresceu mais de 400% no RS E além da dengue, também chikungunya e zika vírus apresentam números importantes no Estado, que merecem atenção. Em 2020, até a semana epidemiológica 20, eram 95 casos notificados de chikungunya. Neste ano, no mesmo período, são 487, ou seja, um aumento de mais de 400%. De zika eram 75 notificação no último ano, comparando com as 133 de 2021.

“Nossa preocupação é geral, independentemente da doença. O que chama a atenção é que a chikungunya pode crônica com o passar dos meses e a população infectada acabar precisando de atenção na rede de saúde por muito mais tempo”, adverte Cátia Favreto. Estudo para entender o mosquito Tradicionalmente, o Aedes aparece mais entre os meses de novembro e maio.

Mas a especialista Cátia Favreto afirma que isso não é motivo para relaxar:

“O mosquito vem se adaptando ao clima e não podemos mais pensar em meses definidos.” Pela mudança de comportamento do mosquito, a Universidade Feevale atuará em parceria com o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) no sequenciamento genômico de algumas amostras.

“Esse mapeamento da parte da sequência do vírus é fundamental para entender as rotas pelas quais ele chega ao Estado. Também aferir se pode ou não se tratar de um agente com mutações novas e entender, junto com dados da ecologia do mosquito, por que a situação vem se agravando”, arma o virologista e professor Fernando Spilki. Casos de dengue no RS* *Dados relativos até a 20ª semana epidemiológica de cada ano.

1a CRS afirma que momento é de agir em conjunto De acordo com a 1ª CRS, este é o momento de união das cidades, já que o mosquito não reconhece barreiras geográficas.

“Os municípios precisam alinhar as ações junto às quatro vigilâncias e trabalhar em conjunto. A rede precisa estar sensibilizada e informada e as ações de campo devem ocorrer sempre pelos agentes de combate às endemias (ACE) e agentes comunitários de saúde (ACS) eliminando os depósitos, realizando educação ambiental junto aos moradores, sabendo o Índice de Infestação nos bairros, executando mutirões de limpeza, entre outros.

Dessa forma estaremos praticando a prevenção e cuidando da população”, menciona nota. Cuidados básicos como não deixar água parada e acabar com focos do mosquito devem ser mantidos.

Fonte: Jornal Diário de Canoas – RS

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Brasil precisa investir US$ 1 bilhão para reduzir dependência em insumos farmacêuticos

O Brasil precisará investir entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão para reduzir, em parte, sua dependência de insumos farmacêuticos ativos (IFAs), calcula Norberto Prestes, Presidente Executivo da ABIQUIFI (Associação Brasileira das Indústrias de Insumos Farmacêuticos). Hoje, o país produz apenas 5% dos insumos necessários para a fabricação de medicamentos e vacinas.

“Com dez anos de muito trabalho, fazendo grandes investimentos, podemos chegar a 20% de produção de IFAs no Brasil. Em 2019, importamos US$ 2 bilhões em insumos. E podemos produzir pelo menos US$ 500 milhões disso no país e com alto valor agregado”, explica Prestes, que abordará, entre outros temas, essa questão no VI Summit Brasil – evento on-line que será realizado no dia 8 de junho e que antecede a participação brasileira na BIO Digital 2021, maior evento de biotecnologia do mundo, a ser realizado nos dias 10-11 e 14 a 18 de junho.

O VI Summit Brasil também apresentará as inovações de seis startups brasileiras, escolhidas em mapeamento realizado pela Biominas em parceria com o BH&P (Brazilian Pharma & Health): Cellures, epHealth, InsilicAll, NAIAD, Nanoceuticals e Robô Lara. BP&H é um projeto da ABIQUIFI, em parceria com a Apex-Brasil, direcionado às empresas farmoquímicas, farmacêuticas e biotecnológicas brasileiras, com a finalidade de capacitá-las para internacionalização e aumento das exportações, bem como para atrair investimentos externos.

Para participar do VI Summit Brasil, basta se inscrever no site, onde é possível também ver toda a programação do evento: eventosdigitais.live/evento/visummitbrasil/.

Fonte: Portal Medicina S/A

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Farmácias portuguesas já realizaram perto de 70 mil testes gratuitos

Cerca de 180 farmácias já realizaram 69.536 testes rápidos de antigénio gratuitos, ao longo de dois meses, fruto de protocolos assinados com as autarquias de Lisboa, Odivelas, Oeiras e também com a Região Autónoma da Madeira.

Neste balanço da Associação Nacional de Farmácia são contados os testes realizados desde o dia 31 de Março, data em que avançou este programa de testagem em Lisboa. “As farmácias demonstraram, desde o início da pandemia, disponibilidade para terem um papel activo e central na estratégia de combate à pandemia.

A proximidade aos cidadãos e a relação de confiança que têm com a população que servem, aliadas ao saber técnico e científico, colocam-nas numa posição privilegiada enquanto agentes de saúde pública”, explicou Duarte Santos, da direcção da Associação Nacional das Farmácias, em nota enviada à comunicação social.

“Ao permitirem que os cidadãos façam dois testes por mês sem quaisquer custos, estes protocolos servem para democratizar o acesso aos testes rápidos de antigénio e, dessa forma, permitir um retrato mais alargado da situação epidemiológica daquelas regiões e um processo de desconfinamento mais seguro para todos”, esclareceu Duarte Santos.

Fonte: Portal DN NOTÍCIAS – Portugal

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Covid-19: Brasil e outros 51 países encomendaram vacinas antes da aprovação de ‘Anvisas’

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As tratativas para garantir as vacinas contra a covid-19 começaram muito antes do que se imagina: no dia 1° de maio de 2020, o Reino Unido anunciou que havia garantido 90 milhões de doses do imunizante AZD1222, que naquele momento estava sendo desenvolvido e estudado por AstraZeneca e Universidade de Oxford.

Começava ali uma verdadeira corrida mundial para a compra dos primeiros lotes dos produtos que protegem contra o coronavírus: ao longo dos meses seguintes, outros 51 países abriram negociações com 16 laboratórios farmacêuticos e institutos de pesquisa diferentes.

Até janeiro de 2021, esse grupo de nações já havia firmado acordos que certificaram a possível entrega de mais de 5,4 bilhões de doses das vacinas em estudo.

Esses dados fazem parte de um levantamento feito pela reportagem da BBC News Brasil, que compilou e organizou as informações disponibilizadas no site do Centro de Inovação em Saúde Global da Universidade Duke, nos Estados Unidos.

Detalhe importante: muitas dessas encomendas de vacinas foram realizadas antes mesmo da aprovação para uso pelas agências regulatórias de cada local — no Brasil, o órgão responsável por fazer essa liberação é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa.

Vale destacar que nenhum país aplicou esses produtos antes da liberação por essas entidades de saúde pública: a negociação antecipada serviu apenas para garantir os primeiros lotes fabricados.

Assim, quando os resultados de eficácia e segurança dos estudos clínicos foram publicados, muitas dessas nações puderam sair na frente e iniciaram as campanhas de imunização antes do resto do mundo.

Esses achados contradizem o discurso de alguns senadores durante a CPI da Pandemia: ao longo das sessões, parlamentares argumentaram que o Brasil não poderia ter feito acordo com a Pfizer ou outras farmacêuticas no segundo semestre de 2020, antes que a Anvisa desse sinal verde às vacinas.

Porém, como mostram os registros, o Brasil também faz parte desse grupo de 52 países que se antecipou e encomendou milhões de doses dos imunizantes antes de qualquer aval de sua agência regulatória.

Como o levantamento foi feito?

Como citado anteriormente, o Centro de Inovação em Saúde Global da Universidade Duke possui um site dedicado a registrar a compra de vacinas contra a covid-19 e a distribuição das doses pelo mundo.

De acordo com os registros, os primeiros acordos começaram a ser divulgados em maio de 2020, momento em que Reino Unido e Estados Unidos adquiriram 90 milhões e 300 milhões de doses da AZD1222, respectivamente.

Naquele estágio, esse imunizante ainda estava nas fases iniciais de pesquisa: o estudo clínico de fase 3, o último antes da aprovação pelas agências regulatórias, iria começar no dia 28 de agosto de 2020 e seus resultados preliminares só seriam divulgados cerca de três meses depois.

Ou seja: diante da crise de saúde pública, os países precisaram negociar antecipadamente, mesmo sem ter certeza absoluta se aquele produto realmente funcionaria na prevenção da covid-19.

Sabe-se que os contratos com os laboratórios produtores traziam cláusulas que vinculavam o pagamento e a entrega à comprovação de segurança e eficácia e à liberação das agências regulatórias.

Em outras palavras, os governos locais só efetivariam a compra após a aprovação das vacinas pelas agências reguladoras, mesmo se os imunizantes se mostrassem capazes de barrar a infecção pelo coronavírus ou as suas formas mais graves.

Durante o levantamento, a BBC News Brasil considerou o período entre maio de 2020 e janeiro de 2021, quando nosso país teve as suas duas primeiras vacinas aprovadas pela Anvisa: a AZD1222 (Oxford/AstraZeneca) e a CoronaVac (Sinovac/Instituto Butantan).

Confira a seguir a lista completa dos locais que encomendaram doses durante os meses que antecederam a liberação das agências regulatórias.

A ordem está de acordo com o anúncio dos acordos de compra:

Américas: Estados Unidos, Canadá, Brasil, México, Equador, República Dominicana, El Salvador, Costa Rica, Panamá, Venezuela, Chile, Argentina, Colômbia, Bolívia, Peru e Uruguai.

Europa: Reino Unido, União Europeia*, Turquia, Ucrânia, Belarus, Sérvia, Macedônia e Albânia.

África: União Africana*.

Ásia: Israel, Japão, Vietnã, Cazaquistão, Índia, Nepal, Arábia Saudita, Taiwan, Catar, Indonésia, Filipinas, Malásia, Coreia do Sul, Tailândia, Bangladesh, Kuwait, China, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Líbano, Mianmar, Paquistão, Azerbaijão, Omã e Jordânia.

Oceania: Austrália e Nova Zelândia

*União Europeia e União Africana negociaram a compra de vacinas em bloco, para depois fazerem a distribuição para os países que compõem os grupos.

Quem foi pra frente

Além da participação dos 52 países, há outros detalhes que chamam a atenção no levantamento: é curioso notar, por exemplo, que os acordos foram feitos com 16 farmacêuticas e institutos de pesquisas diferentes.

Alguns desses fabricantes conseguiram evoluir bem nesses últimos meses e já estão com o seu produto aprovado e usado em vários locais.

É o caso, por exemplo, das vacinas AZD1222 e Cominarty (Pfizer/BioNTech) que, até janeiro de 2021, aparecem em mais de 37 encomendas cada.

Campeão de negociação com cerca de 930 milhões de doses reservadas até o início do ano, o imunizante de Pfizer e BioNTech foi garantido com antecedência por 35 países.

Já 1,4 bilhão de doses do produto de AstraZeneca e Universidade de Oxford estão contempladas em contratos assinados por 31 nações diferentes.

Na contramão, outros candidatos promissores seguem nas fases de estudo clínico até hoje: é o caso dos testes que são conduzidos pelos laboratórios CureVac, GSK/Sanofi e Medicago.

Geopolítica e voracidade pela vacinas

Um terceiro aspecto interessante é o padrão de distribuição das vacinas de acordo com a influência de alguns países ou das próprias empresas.

Os imunizantes de Pfizer/BioNTech e Moderna, por exemplo, foram proporcionalmente mais utilizados nos países ricos, como Estados Unidos, Canadá, os integrantes da União Europeia e Israel.

Já os produtos criados na China, como a CoronaVac (Sinovac), e na Rússia, caso da Sputnik V (Instituto Gamaleya), acabaram endereçados com mais frequência para América Latina, Ásia e Leste Europeu.

A “voracidade” dos países mais ricos também é evidente na análise: das 5,4 bilhões de doses negociadas até janeiro de 2021, 3,4 bilhões foram reservadas por Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido, Canadá, Japão e Austrália.

Esse grupo também se destaca por outro aspecto: a variedade nas apostas.

O Reino Unido, por exemplo, fez dez encomendas com sete farmacêuticas diferentes (AstraZeneca/Oxford, Janssen, Moderna, Novavax, Pfizer, Sanofi/GSK e Valneva).

Já os Estados Unidos fecharam nove contratos, com seis laboratórios (AstraZeneca/Oxford, Janssen, Moderna, Novavax, Pfizer e Sanofi/GSK).

A estratégia foi clara: num período em que ainda não se sabia qual vacina daria certo e se mostraria eficaz, as nações mais ricas diversificaram suas aquisições.

Assim, caso uma candidata não fosse bem nos estudos clínicos, existiam outras opções para garantir o início da campanha o mais rapidamente possível.

 E o Brasil no meio de tudo isso?

A primeira encomenda de vacinas feita pelo nosso país foi fechada em 6 de agosto de 2020: nesse dia, o Ministério da Saúde anunciou a encomenda de 90 milhões de doses da AZD1222.

O acordo também já previa a futura transferência de tecnologia, para que o produto fosse 100% fabricado no Brasil, sem depender do envio de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) — esse contrato, inclusive, foi ratificado nesta quarta-feira (01/06), o que garantirá mais autonomia ao país.

A segunda encomenda foi selada no dia 30 de dezembro de 2020, quando o Governo Federal fechou a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, que é finalizada e distribuída pelo Instituto Butantan a partir do IFA importado da China.

A Anvisa só daria aprovação emergencial para a CoronaVac e a AZD1222 no dia 17 de janeiro de 2021.

A exemplo de outros países, o Brasil se movimentou e garantiu sim alguns lotes no segundo semestre de 2020, quando a eficácia e a segurança das vacinas ainda eram um mistério.

Ao contrário de outras nações, porém, o quantitativo de doses encomendadas não era o suficiente para cobrir toda a nossa população — e corremos o risco de estreitar nossas chances ao “apostar” em apenas dois produtores (se um deles não se saísse bem nos testes clínicos, estaríamos sem alternativas imediatas).

Seguindo essa linha de raciocínio, portanto, o argumento de que o Ministério da Saúde não poderia ter negociado com a Pfizer de forma antecipada (antes da aprovação da Anvisa) não se sustenta.

Numa reportagem publicada na BBC News Brasil em 14 de maio, o médico e advogado sanitarista Daniel Dourado, do Centro de Pesquisa em Direito Sanitário da Universidade de São Paulo, explicou que esse argumento “é totalmente furado”.

“A aprovação da Anvisa não tem nada a ver com as questões contratuais e comerciais”, pontuou.

“Os contratos sempre vinculavam a entrega das doses à aprovação pelas autoridades sanitárias”, reforçou Dourado, que também integra o Institut Droit et Santé da Universidade de Paris, na França.

“Me parece que o governo não queria comprar vacinas porque achava que não iria precisar. Eles acreditaram naquela conversa de imunidade coletiva por contágio e agora estão usando essas justificativas”, completou o especialista.

A epidemiologista Carla Domingues, que foi coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde entre 2011 e 2019, criticou a falta de critérios claros nas negociações.

“O governo assinou o acordo com a AstraZeneca ainda no segundo semestre de 2020 e ia fechar o contrato com o Instituto Butantan para a compra da Coronavac em outubro, se o presidente [Jair Bolsonaro] não tivesse intervindo e desautorizado o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Por que só com a Pfizer teria que aguardar?”, perguntou.

 Falas da CPI

Num depoimento realizado no dia 13 de maio, o gerente-geral da farmacêutica na América Latina, Carlos Murillo, confirmou que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) rejeitou três ofertas de 70 milhões de doses, realizadas pelo laboratório em agosto de 2020.

De acordo com o representante da empresa, as primeiras remessas da Cominarty poderiam ter sido entregues ao país ainda em dezembro do ano passado, o que permitiria iniciar a campanha de vacinação com cerca de um mês de antecedência (considerando que o pedido de aprovação do imunizante e a resposta da Anvisa também seriam antecipados).

Na sessão do dia 27 de maio, foi a vez do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmar que o Brasil poderia ter se tornado o primeiro país do mundo a começar a vacinação contra a covid-19. Segundo o médico, o Butantan realizou na metade de 2020 três ofertas para aquisição da CoronaVac, mas o Governo Federal não respondeu aos contatos.

A primeira sinalização positiva ocorreu em outubro de 2020. “Tudo estava indo muito bem. Tanto que, em 20 de outubro, fui convidado pelo ministro [Eduardo] Pazuello para uma cerimônia na qual a vacina seria anunciada”, relatou Covas.

“A partir deste ponto, é notório que houve uma inflexão. No outro dia de manhã, quando ainda haveria conversas adicionais, isso não aconteceu porque o presidente [Jair Bolsonaro] disse que não haveria continuação nesse processo”, completou o diretor do Butantan.

Entre tantas promessas, debates, projeções, encomendas e compras, o fato é que a campanha de vacinação contra a covid-19 no Brasil está prestes a completar cinco meses. Até agora, 22,6 milhões de pessoas foram completamente imunizadas, com as duas doses preconizadas. Isso representa pouco mais de 10% da população.

Fonte: Portal BBC Brasil

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Pirataria na saúde afeta máscaras, remédios, vacina e coloca população em risco

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A pandeia de Covid-19 abriu mais um nicho do mercado para criminosos. Com a disparada da procura por itens de proteção como máscaras, luvas e álcool em gel, não demorou para que os falsificadores chegassem a esse setor.

“O primeiro movimento que nós enfrentamos em 2020 foi exatamente de combate à falsificação à venda de produtos que são utilizados na pandemia”, diz Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade.

Uma das maiores fábricas de máscaras de alta proteção de São Paulo, a Venkuri viu sua produção crescer é cinco vezes em relação ao período pré-pandemia, mas o dono acredita que poderia ter avançado ainda mais, se não tivesse que concorrer com os produtos piratas. Para comprovar as falsificações, ele enviou várias máscaras presentes no mercado para um laboratório que testa a eficácia.

O resultado?

“[Os itens analisados] ficaram totalmente aquém do que deveria ser nos quesitos restauração, respirabilidade e barreira bacteriana. As máscaras falsificadas não seguiam a norma quanto à forma do elástico e da filtragem, que é o mais importante”, disse André Aiach, dono da Venkuri.

Yuri Gricheno, empresário, sócio-fundador da Insider, fábrica que produz máscaras antivirais, também e obrigado a disputar o mercado com a pirataria. O produto feito nessa empresa promete 99,9% de proteção contra o vírus da Covid-19. Para ter essa certificação, porém, precisou passar por várias etapas de testes. Bem diferente do produto falsificado.

“As máscaras piratas podem até oferecer uma comprovação falsa de que são eficazes contra vírus e bactérias sendo que às vezes são meras máscaras de pano”, diz Gricheno.

“A minha dica é procurar empresas que estão estabelecidas no mercado há muito tempo, empresas que têm história, empresas que são sérias. Isso não é difícil hoje em dia de se descobrir. Grandes redes de farmácia vendem bons produtos”, diz Aiach, da Venkuri.

Risco para a saúde

Para a saúde, o prejuízo com a falsificação é muito mais alto. “Existe obviamente o prejuízo econômico, mas acho que o prejuízo maior é para o usuário, que acha que está protegido, mas não está”, diz Aiach.

O problema vai muito além das máscaras. Segundo a Receita Federal, entre os meses de janeiro a abril deste ano foram apreendidas 1.119 caixas de luvas cirúrgicas falsificadas. Em 2020, no mesmo período, foram apenas oito. Ou seja, um aumento de mais de 1.300%. O órgão também apreendeu mais de uma tonelada (1,3 tonelada) de medicamentos ilegais, contrabandeados e falsificados. Isso apenas nos quatro primeiros meses deste ano.

“Se o preço está muito baixo, desconfie, alguma coisa está errada, porque a margem para essas empresas farmacêuticas junto às drogarias não é enorme. Se algo custa R$ 100 e eu vou te vender por R$ 25, não é possível”, diz José Marcelo Natividade, endocrinologista.

Foi justamente o preço mais baixo que fez um homem com quem a reportagem conversou, e que pediu para não ser identificado, comprar pela internet um remédio para emagrecimento falsificado sem saber que estava sendo enganado.

“Uma pessoa me indicou, falou que era bom. O produto era 60% mais barato, aí você já arregala o olho. E eu comecei a tomar o remédio”, conta.

Bastaram algumas doses para ele perceber que alto estava errado. “Sentia as pernas fracas e não conseguia andar, tinha que me apoiar na parede. Era muito mais barato, achei que ia me dar bem, mas isso quase custou minha vida”, diz.

Itens mais caros são alvo

Em São Paulo, a Receita Federal registrou no ano passado um aumento de 147,65% nas apreensões de medicamentos piratas e contrabandeados, quando comparado com 2019.

De acordo com a Anvisa, os medicamentos mais pirateados no Brasil costumam ser os de alto custo. Para diabetes, hepatite, câncer e hormônios para crescimento. Mas, na lista, também entram os remédios para emagrecimento e disfunção erétil.

Sem mandar para a análise, não dá para saber o que realmente contém em um medicamento falsificado. Dependendo da substância, pode haver vários efeitos colaterais.

“Pode elevar a pressão arterial durante o sono e você sofrer um AVC, por exemplo”, alerta o endocrinologista José Marcelo Natividade.

“Esse é um caso que, inclusive, acaba sendo um crime contra a saúde pública. É muito mais grave do que uma simples pirataria ou do que um crime contra a propriedade industrial”, diz Wagner Carrasco, delegado da 1ª Delegacia de Polícia de Investigações de Propriedade Imaterial, do Deic.

O início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil também acendeu um alerta nas autoridades. O Conselho Nacional de Combate à Pirataria passou a monitorar mais de 2 mil sites com possíveis ofertas de imunizantes. Em Minas Gerais, uma falsa enfermeira e o filho chegaram a ser presos depois de aplicar vacinas em empresários.

A suposta vacina contra a Covid-19 teria sido aplicada em mais de 50 pessoas. Com a investigação, a polícia descobriu que o imunizante era falso.

“Essa é uma preocupação muito grande, porque, na ânsia de querer se imunizar logo, o consumidor pode ser enganado. Todo mundo fica muito inseguro. É importante deixar bem claro que alguns tipos de produtos pode gerar muito mais mal do que bem”, diz Juliana Domingues, presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria.

Seja na saúde, no digital ou no comércio físico, quando o assunto é pirataria, a matemática só pode ter um resultado: o negativo para consumidores e para o desenvolvimento do país.

Fonte: Portal CNN Brasil

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Não gostar de brócolis pode indicar maior resistência à covid-19?

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A ideia parece um pouco difícil de engolir, mas novo estudo sugere que a maneira como as pessoas reagem aos sabores amargos se correlaciona com a gravidade que podem apresentar caso contraiam o novo coronavírus.

É uma descoberta empolgante porque, durante os últimos 16 meses, ficou evidente que as pessoas não respondem ao Sars-CoV-2 de maneira previsível. É impossível determinar se alguém apresentará sintomas leves ou desenvolverá uma doença respiratória com risco à vida. Imagine se um simples teste de paladar pudesse indicar o risco de uma pessoa desenvolver a forma grave da covid-19.

Henry Barham, rinologista do Centro Médico Geral Baton Rouge, no estado de Louisiana, publicou um estudo na revista médica JAMA Network Open em 25 de maio que analisou cerca de dois mil pacientes e descobriu que “superdegustadores” — indivíduos que são excessivamente sensíveis a certos compostos amargos — tinham menor probabilidade de contrair o novo coronavírus. Se essa associação for verdadeira, isso implica, por exemplo, que as pessoas que não consideram o sabor do brócolis muito amargo estão em um grupo de alto risco de desenvolver o estado grave da covid-19.

“Este é um estudo muito interessante porque sugere que os receptores em nossa língua que nos permitem sentir sabores amargos também estão relacionados à nossa vulnerabilidade a infecções respiratórias como a covid-19”, relata David Aronoff, diretor da divisão de doenças infecciosas do Centro Médico da Universidade Vanderbilt, em Nashville, estado do Tennessee, que não participou da pesquisa. É surpreendente que os receptores de sabor também possam ter relação com a imunidade, declara ele.

Os “superdegustadores” têm superpoderes?

Na Universidade de Yale, na década de 1990, a psicóloga Linda Bartoshuk foi pioneira no estudo das variações genéticas na percepção do paladar. Ela cunhou o termo “superdegustador” para descrever os 25% das pessoas que são extremamente sensíveis aos sabores amargos. Outros 25% das pessoas são “não degustadores” que quase não detectam sabores amargos, e os 50% restantes são apenas “degustadores” — aqueles que percebem o amargor, mas não em um grau desagradável.

Os superdegustadores são mais sensíveis aos sabores amargos porque têm até quatro vezes mais papilas gustativas na língua. Compostos amargos em certos alimentos e bebidas são reconhecidos pelos receptores de sabor do tipo 2, que são produzidos por um grupo de genes denominado T2R. O gene T2R38 está entre os mais estudados deles. Variações na estrutura da proteína T2R38 que o gene codifica se correlacionam com a tolerância de uma pessoa a compostos amargos — como feniltiocarbamida e propiltiouracila — que são abundantes em muitos vegetais, incluindo brócolis, repolho e couve-de-bruxelas.

Essa não é a primeira vez que se associa o fato de ser um superdegustador a uma condição médica. Os superdegustadores têm maior probabilidade de ter pólipos no cólon, um fator de risco para câncer associado à menor ingestão de vegetais amargos.

Mas os superdegustadores também podem apresentar vantagens fisiológicas. As proteínas T2R38 também são encontradas em outras partes do corpo além da língua. Essas áreas “extraorais” incluem as células epiteliais que revestem o nariz e o trato respiratório superior, onde respondem aos patógenos invasores.

Um estudo de 2012 liderado por Noam Cohen, rinologista da Universidade da Pensilvânia, no estado da Filadélfia, descobriu que as bactérias responsáveis pelas infecções dos seios nasais, ou sinusites, ativam os receptores da proteína T2R38 nas células que revestem o trato respiratório, fazendo com que produzam óxido nítrico. O óxido nítrico é um componente fundamental da nossa resposta imunológica, a primeira linha de defesa contra patógenos invasores. Ele estimula estruturas semelhantes a fios de cabelo, denominadas cílios, nas passagens respiratórias que removem partículas estranhas e patógenos do organismo. Desta forma, os superdegustadores apresentam menos sinusites bacterianas.

Barham, que estuda T2Rs relacionados à imunidade inata no trato respiratório, também estava ciente de que o óxido nítrico poderia combater o Sars-CoV, um coronavírus (relacionado ao Sars-CoV-2 que causa a covid-19) relatado pela primeira vez na Ásia em 2003 e que causou uma doença respiratória que se disseminou por 22 países antes de ser contida. Tal fato o levou a investigar se existe uma relação entre a covid-19 e os superdegustadores.

Estudo com um gosto amargo para não degustadores

A equipe de Barham estudou mais de 1,9 mil adultos, dos quais 266 testaram positivo para o Sars-CoV-2. Os não degustadores foram significativamente mais propensos do que os degustadores e superdegustadores a apresentar resultados positivos para o Sars-CoV-2, necessitar de internação após serem infectados e sofrer os sintomas por mais tempo. Entre as pessoas com covid-19 grave que necessitaram de internação, 86% eram não degustadoras. Menos de 6% dos superdegustadores testaram positivo para o Sars-CoV-2.

Barham também especula que a possível conexão entre T2Rs e a covid-19 pode estar relacionada ao motivo pelo qual as crianças geralmente são menos suscetíveis ao vírus. O número de “receptores de sabor diminui com a idade, o que possivelmente explica por que a população idosa parece apresentar um quadro pior do que os mais jovens”, explica Barham. Por outro lado, a maioria das crianças, que têm mais T2Rs, apresentam sintomas ou estados menos graves da doença quando infectadas pelo Sars-CoV-2. “Os 25% das crianças que são não degustadoras apresentam poucos ou nenhum desses receptores T2Rs, resultando em sintomas potencialmente mais graves”, conta ele.

Segundo Aronoff, o estudo tem limitações. O número relativamente baixo de adultos examinados estava em uma faixa etária bastante estreita, portanto, não se sabe se a correlação entre as preferências de sabor e a gravidade da covid-19 existe em crianças ou idosos. Além disso, ele afirma que a população estudada pode diferir de maneiras desconhecidas que influenciaram os resultados.

Haverá testes de paladar relacionados à covid-19?

Ser capaz de determinar rapidamente quem apresenta maior risco de contrair o Sars-CoV-2 seria uma ferramenta valiosa quando a sociedade não estiver mais em quarentena. As descobertas de Barham sugerem que o teste de paladar pode fornecer uma maneira segura, rápida e barata de categorizar as pessoas em grupos de risco para contrair o novo coronavírus e outras infecções.

“Neste ponto, os resultados deste trabalho são prematuros para nos ajudar a gerenciar a covid-19 clinicamente”, adverte Aronoff. “Mas os resultados podem impactar nossa compreensão do que torna as pessoas mais ou menos vulneráveis a infecções como a covid-19.” Aronoff enfatiza que superdegustadores não devem interpretar de forma exagerada essas conclusões: “pessoas que odeiam brócolis não devem evitar a vacinação”, alerta ele.

Danielle Reed, diretora associada do Monell Chemical Senses Center, na Filadélfia, também adverte contra a interpretação exagerada dessa descoberta. Reed, que estuda diferenças genéticas no paladar e no olfato, realizou o teste genético no estudo de Barham, mas se recusou a ser incluída como autora porque interpretou os resultados de maneira diferente.

Reed aponta que a análise de Barham não levou em consideração a “perda geral do paladar, que é uma característica inicial e característica da covid-19”. Como resultado, ela acredita que alguns pacientes “foram categorizados incorretamente como não degustadores”. Além disso, os genes T2R não foram identificados como correlacionados com a gravidade da covid-19 em uma análise genômica independente.

Reed salienta que os testes de paladar para ajudar a orientar o tratamento médico são “um objetivo pelo qual podemos trabalhar. Mas o primeiro passo é fazer com que o exame de paladar e olfato seja algo habitual nos cuidados de saúde, como fazemos com a visão e a audição. À medida que acrescentamos exames de paladar e olfato aos cuidados de saúde de rotina, o modo como esses sentidos predizem a saúde e o surgimento de doenças pode ser uma ferramenta útil.”

Barham concorda que mais pesquisas são necessárias e relata que sua equipe continuou coletando dados para “investigar a relação” entre os receptores de sabor e a covid-19. Ele expressa otimismo em estender o trabalho a outras doenças infecciosas. “Também estamos estudando essa família de receptores, pois eles influenciam a imunidade inata à influenza, junto com outras infecções do trato respiratório superior.”

Fonte: National Geographic

XP recomenda compra da Hypera com perspectiva de crescimento

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A XP apresentou perspectiva de crescimento da Hypera, com recomendação de compra e preço-alvo de R$48 por ação, considerando 32% de potencial de valorização das ações da farmacêutica, uma taxa de crescimento anual para o lucro de 14% até 2023, ou 20% excluindo o impacto positivo de R$ 200 milhões de uma indenização de acionistas em 2020. As informações são do Monitor do Mercado.

Segundo a reportagem, os analistas avaliam em relatório que embora tenha apresentado desempenho recente abaixo da média, agora ela poderá crescer mais com o aumento da capacidade em sua planta de genéricos, o lançamentos de produtos mais consistente e com a dinâmica positiva do mercado.

Os analistas reiteram que a empresa possui um portfólio de marcas muito forte em medicamentos que podem ser vendidos com ou sem receita e genéricos, o que é fundamental para o segmento de varejo.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico


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