Alta de preços pressiona os custos das concessionárias

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As concessões públicas de serviços de transporte, como de rodovias e de ferrovias, podem passar por uma onda de pedidos de reformulação de contratos que, na prática, pode levar a reajustes das tarifas de pedágios, adiamento de investimentos ou prorrogação dos acordos. O que ameaça esses negócios, de acordo com as empresas, é o patamar alto e persistente dos preços dos insumos, como asfalto e cimento, utilizados nos projetos, que estão elevados desde 2021 e não dão sinais de trégua neste ano. As concessionárias ainda estudam detalhadamente os impactos para recorrerem às agências reguladoras.

O óleo diesel acumula alta de 46,47% em 12 meses e o preço do asfalto subiu 68,33% de outubro de 2020 a dezembro do ano passado, o que tem efeito direto na cadeia de suprimentos das concessionárias de rodovias, diante da obrigação de investimentos em obras. Para o setor de ferrovias, o cimento e o aço igualmente entram na conta.

Segundo Marco Aurélio de Barcelos, presidente da ABCR, associação que representa as empresas do ramo, o aumento dos insumos está comprometendo a execução dos contratos, e começa a colocar a sustentabilidade financeira dos projetos em xeque. Isso porque há um descolamento do preço desses insumos e o IPCA, o índice oficial de inflação do País, que é usado para reajustar os valores das concessões em andamento.

Procurada, a ANTT disse que acompanha a questão e que ‘vem dialogando com as concessionárias e entidades ligadas às rodovias concedidas’. ‘Mas ainda não houve pedido formal de análise de reequilíbrio’, afirmou.

Impactos serão avaliados

O governo federal trata o impacto dos insumos nas concessões com cautela. A avaliação é de que há diferença entre o patamar alto das matérias-primas e a queda da demanda durante a pandemia. O governo reconheceu a situação como extraordinária, facilitando pedidos de recomposição dos contratos.

‘Em termos de política pública, se vemos a necessidade de uma manifestação como tivemos na época da covid (parecer reconhecendo evento extraordinário)? Não, não vejo’, diz a secretária de Planejamento, Desenvolvimento e Parcerias do Ministério da Infraestrutura, Natália Marcassa.

Ela reconhece o descolamento da inflação dos insumos para o setor e a inflação do consumidor. Mas avalia que o efeito não deve ser tratado horizontalmente em todos os contratos. Por exemplo, se a concessão já passou da fase de obras de pavimentação, o preço do asfalto não faz mais diferença a empresa que administra a rodovia. Para ela o contexto atual pode apenas gerar uma avaliação caso a caso.

‘Temos impacto real, e na maioria dos contextos essa paridade vai ocorrer ao longo dos próximos anos. Isso sempre acontece, para cima e para baixo. Acho que é um risco que o poder privado tem condições de alocar. Pode ser que em algum momento do fluxo de caixa esse tipo de situação impacte muito, e aí sim tenha de ser recomposto o equilíbrio, mas acho que é uma questão caso a caso e de momento do contrato de concessão’, disse ela.

Diretor executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Fernando Paes defende que a crise na cadeia de suprimentos decorrente da pandemia, responsável pela inflação alta das matérias-primas, é um fator que as concessionárias não teriam como prever. No segmento de ferrovias, além da repercussão direta do diesel na operação, Paes destacou 0 impacto dos insumos nas obras do setor, que vive nova fase com leilões recentes – como da Ferrovia Norte-Sul e Fiol – e renovações contratuais. ‘O aumento dos insumos impacta na veia o valor das obras. E agora esse descolamento saiu de qualquer previsão’, disse.

Segundo as concessionárias, dados do fim de 2021 mostram que, para o material rodante ocorreram reajustes de 10% para componentes de sinalização, de 35% a 40% para rodas de vagões e de 70% a 80% para rodas de locomotivas. Os eixos estão quase 50% mais caros.

Fonte: Isto é Dinheiro Online

Ministério da Saúde anuncia o fim da emergência sanitária no Brasil por causa da Covid

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Na noite deste domingo (17), o governo federal anunciou que vai revogar a portaria que declarou emergência de saúde pública de importância nacional por causa da Covid.

Segundo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a decisão foi tomada por causa da melhora da situação epidemiológica, do aumento da cobertura vacinal e da capacidade de atendimento do SUS. Queiroga afirmou ainda que um ato normativo vai ser publicado nos próximos dias disciplinando essa decisão.

A portaria do governo foi publicada em fevereiro de 2020, poucos dias depois da Organização Mundial da Saúde declarar emergência internacional de saúde pública. A norma permitiu que o governo federal e os governos estaduais e municipais tomassem uma série de medidas, como o uso obrigatório de máscaras e a autorização emergencial para vacinas.

A OMS ainda não reavaliou a situação de emergência internacional. E não há um prazo para isso. Mas cada país pode decidir sobre a sua situação com base na situação epidemiológica de seu território.

Com o fim da emergência em saúde pública, o Ministério da Saúde estima que mais de 2 mil normas caiam em todo o país, como a possibilidade de comprar medicamentos e insumos médicos sem licitação, liberação para testes de Covid em laboratórios de defesa agropecuária e facilidade para testes em farmácias. Mas com uma nova portaria o governo pode estabelecer prazos, de 30 a 90 dias, para que os órgãos públicos se adaptem. Ou seja, as normas em vigor atualmente não perderão a validade de imediato. E algumas podem ser prorrogadas. O Ministério da Saúde já pediu à Anvisa, por exemplo, que autorize a manutenção – por até um ano – do uso emergencial de alguns produtos para combater a Covid, como a vacina Coronavac.

Em 2020, um dia após o governo declarar emergência de saúde pública, o Congresso aprovou uma lei que definiu a quarentena, isolamento, a obrigatoriedade de testes para Covid e autorizou a possibilidade de restrição temporária de entrada e saída do país.

No final daquele mês, o Ministério da Saúde confirmou o primeiro caso da doença. Em menos de quatro meses, enquanto o presidente Jair Bolsonaro criticava medidas de combate ao coronavírus, o país superava 1 milhão de casos confirmados da doença e mais de 50 mil mortes.

Dois anos depois, o Brasil registrou mais de 30 milhões casos e mais de 660 mil mortes por Covid.

Especialistas avaliam que apesar da redução recente das infecções, esse ainda não é o melhor momento para revogar a portaria de emergência da saúde pública no Brasil.

‘Ela não é ainda adequada no Brasil. Tendo em vista que nós precisamos apesar de já termos alcançado uma boa taxa de vacinação, termos diminuído o número de casos, o número de hospitalizações, diminuído o número de mortes, não creio que as benesses ou as vantagens que uma emergência sanitária possam permitir sejam vantajosas de serem extintas nesse momento’, destaca Margareth Dalcolmo, pneumologista e pesquisadora da Fiocruz.

‘Ela não é ainda adequada no Brasil. Tendo em vista que nós precisamos apesar de já termos alcançado uma boa taxa de vacinação, termos diminuído o número de casos, o número de hospitalizações, diminuído o número de mortes, não creio que as benesses ou as vantagens que uma emergência sanitária possam permitir sejam vantajosas de serem extintas nesse momento’, destaca Margareth Dalcolmo, pneumologista e pesquisadora da Fiocruz.

Uma das preocupações dos especialistas é que o fim da emergência acabe com a exigência do passaporte vacinal para entrar em certos lugares.

Gonzalo Vecina aconselha os brasileiros a manterem as medidas de cuidado e prevenção, como lavar as mãos e usar máscaras em lugares com aglomeração: ‘As medidas de higiene são fundamentais. Lavar a mão, passar álcool gel na mão, por que as partículas virais ou bacterianas dessas doenças respiratórias ficam nas nossas mãos quando nós tossimos, quando nós espirramos. Então é fundamental que as medidas higiênicas continuem valendo para nós individualmente, é uma medida civilizatória que cada um de nós tem que tomar’.

Gonzalo Vecina aconselha os brasileiros a manterem as medidas de cuidado e prevenção, como lavar as mãos e usar máscaras em lugares com aglomeração: ‘As medidas de higiene são fundamentais. Lavar a mão, passar álcool gel na mão, por que as partículas virais ou bacterianas dessas doenças respiratórias ficam nas nossas mãos quando nós tossimos, quando nós espirramos. Então é fundamental que as medidas higiênicas continuem valendo para nós individualmente, é uma medida civilizatória que cada um de nós tem que tomar’.

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Fonte: G1.Glob

Medicamentos jogados fora de forma irregular trazem risco à saúde e ao ambiente; veja como descartar corretamente

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Você sabia que o descarte irregular de medicamentos pode trazer riscos para a saúde e para o meio ambiente? Na manhã desta Sexta-feira da Paixão (15) o g1 flagrou várias cartelas de medicamentos vencidos para controlar diabetes descartados no meio da rua, no bairro do Farol, em Maceió.

As cartelas são do remédio Cloridrato de Metformina e venceram no mês de agosto de 2021. Elas estavam jogadas na porta de uma clínica de olhos da região. O local estava fechado e não há informações sobre quem deixou os medicamentos espalhados.

A Superintendência Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Sudes) diz que os medicamentos são classificados como resíduos especiais, que trazem em sua composição substâncias que causam risco ao homem e ao meio ambiente. O material não deve ser descartado junto aos resíduos comuns produzidos em domicílio.

Como descartar medicamentos vencidos

O usuário deve se dirigir a farmácias e drogarias ou a Unidades de Saúde para descartar os medicamentos domiciliares, de uso humano (vencidos e/ou em desuso), e suas respectivas embalagens.

As farmácias registram os dados dos medicamentos coletados no Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos. Depois, os remédios serão encaminhados para as empresas de distribuição.

As distribuidoras fazem o transporte do material recolhido até a destinação final ambientalmente adequada em empreendimentos licenciados pelos órgãos ambientais, na seguinte ordem de prioridade: incineradores, coprocessadores e aterros especiais.

‘Essas sobras de medicamentos contaminam o solo e a água, e podem provocar graves doenças. Além disso, ainda podem contaminar os responsáveis pela coleta. As farmácias e drogarias devem, por lei, receber esses materiais. E o cidadão também pode procurar a Unidade de Saúde mais próxima para realizar o descarte correto’, diz o superintendente da Sudes Ronaldo Farias.

VÍDEO: Saiba como fazer o descarte correto de medicamentos vencidos

Fonte: G1.Globo

FDA aprova dispositivo similar a bafômetro para teste de Covid

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A FDA (Food and Drug Administration) emitiu ontem uma autorização de uso de emergência na quinta-feira para o ‘Bafômetro da Covid-19’ da InspectIR Systems, o primeiro dispositivo aprovado pelo governo capaz de detectar infecções por coronavírus pela respiração dos pacientes.

Principais fatos

O bafômetro identificou amostras positivas corretamente em 91,2% das vezes em um estudo com 2.409 pessoas. Também teve um bom desempenho em um estudo posterior que avaliou sua eficácia na identificação da variante ômicron do vírus. De acordo com um comunicado da FDA, o teste respiratório fornece resultados em menos de três minutos e pode ser administrado em qualquer unidade de saúde em testes móveis. O instrumento tem aproximadamente o tamanho de uma bagagem de mão.

A InspectIR prevê que poderá produzir cerca de 100 bafômetros Covid-19 por semana. Cada um deles pode fazer cerca de 160 testes por dia. Nos níveis atuais de produção da InspectIR, o bafômetro de Covid-19 deve impulsionar a capacidade de teste dos EUA em cerca de 64 mil amostras por mês.

O bafômetro da InspectIR detecta compostos associados à infecção por Covid-19 usando o método de cromatografia-espectrometria de massa, uma técnica para analisar produtos químicos que é usada em diversos setores científicos, desde o monitoramento de contaminação de alimentos até a medição da atmosfera de Vênus. A tecnologia de teste de bafômetro da empresa também pode ser usada para detectar componentes químicos que indicam infecção por Influenza, de acordo com o CEO da empresa, Tim C. Wing, em um comunicado à imprensa de 2020. A precisão tem sido um obstáculo para os desenvolvedores de novos testes Covid-19, mas a InspectIR acredita que sua tecnologia contorna esse problema, já que testa na faixa de concentrações mais altas, segundo o COO da empresa, John Redmond. Os resultados dos estudos publicados pela FDA parecem confirmar essa eficácia. Os testes relataram 99,6% de precisão na identificação de amostras.

Fonte: Forbes Brasil Online

Covid-19: Anvisa pede mais dados para vacina em crianças de 3 a 5 anos

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou, na noite de ontem (15), que pediu ao Instituto Butantan mais dados para saber se a liberação da vacina CoronaVac é segura para ser indicada a crianças de 3 a 5 anos. A agência disse que os estudos enviados pelo instituto são insuficientes para recomendar a liberação do imunizante contra a covid-19 para a faixa etária.

A liberação da vacina foi pedida pelo Butatan à Anvisa no dia 11 de março. O instituto solicitou uma alteração na bula da CoronaVac, para que ela também fosse recomendada para crianças de 3 a 5 anos. Atualmente, além da população adulta, o imunizante já está liberado para crianças e adolescentes na faixa etária de 6 a 17 anos.

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‘Após avaliação das considerações das sociedades médicas e dos estudos enviados pelo Instituto Butantan, os especialistas da Anvisa concluíram que os dados apresentados são insuficientes para a conclusão sobre o uso da vacina Coronavac para crianças de 3 a 5 anos’, disse a Anvisa.

A agência reguladora afirmou que considera essencial a submissão de dados complementares sobre estudos em andamento para caracterizar o benefício da vacina e solicitou ao Butantan um ofício detalhando todos os dados necessários para o cumprimento dos requisitos para a autorização do uso do imunizante na faixa etária solicitada.

Entre outros dados, a Anvisa pediu mais informações detalhando qual é a proteção conferida pela vacina Coronavac nessa população após o intervalo de dois a três meses e, também, após a vacinação completa com o esquema de 2 doses, ‘em cenário de predominância da variante Ômicron’.

A agência também quer o tempo de proteção contra o vírus apontado nos estudos e dados sobre o protocolo de estudo clínico para avaliação de ‘imunogenicidade e segurança da terceira dose ou dose de reforço da vacina Coronavac em população pediátrica (todas as faixas etárias’.

Além disso, também foram solicitados ao Butatan dados do relatório clínico de fase 3 de estudos da vacina realizados na China para avaliação comparativa de imunogenicidade em crianças e adultos; e de estudos da mesma fase conduzidos na África do Sul, Chile, Malásia e Filipinas, para avaliar a imunogenicidade, segurança e eficácia da vacina em crianças e adolescentes de 6 meses a 17 anos.

A agência disse que o prazo para a avaliação do uso emergencial da CoronaVac na população de 3 a 5 anos será de até 30 dias após o envio dos dados complementares enviados pelo Butantan.

Fonte: Época Negócios

Eficácia de exercícios para ‘treinar o cérebro’ divide opiniões de cientistas

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Um debate está se formando sobre se exercícios para ‘treinar o cérebro’ realmente funcionam, deixando as pessoas confusas, coçando a cabeça.

Muitos especialistas acreditam que os programas de treinamento cerebral são um desperdício de dinheiro. Eles reviram os olhos com a ideia de que o uso desses programas ou até mesmo jogos computadorizados podem melhorar a atenção, a memória ou a inteligência geral.

Já outros estudiosos afirmam que o treinamento cerebral é útil e pode melhorar a cognição, aproveitando o poder da plasticidade cerebral, a ideia de que nossos cérebros podem aprender novas habilidades e se adaptar ainda mais tarde na vida. Eles argumentam que há uma diferença entre ‘jogos cerebrais’ e ‘treinamento cerebral’.

Ainda outros especialistas dizem que a indústria de treinamento cerebral é nova, está evoluindo e que pode ser cedo demais para descartar ou defender o campo.

As pesquisas envolvendo o tema levaram a um ‘ponto de partida’ onde os cientistas podem aproveitar todas as lições aprendidas na indústria, disse o Dr. Adam Gazzaley, professor da Universidade da Califórnia e diretor fundador do Neuroscience Imaging Center.

‘Uma grande limitação do que vimos até agora é que, para mudar o cérebro de maneira significativa e sustentável, apesar de ser plástico, você realmente precisa engajá-lo de uma maneira muito profunda como videogames terapêuticos mais imersivos, além de fazer melhores estudos’, disse ele.

O último ataque nesta batalha de cientistas do cérebro vem de sete pesquisadores que publicaram um artigo de revisão na revista Psychological Science in the Public Interest (Ciência Psicológica no Interesse Público, em tradução livre).

O artigo afirma que não parece haver evidências suficientes para apoiar a capacidade do treinamento cerebral de aumentar a cognição – e que muitos estudos que treinam o cérebro posterior têm algumas deficiências.

‘Nossa análise sugere que há poucas evidências convincentes de benefícios reais dos produtos de treinamento cerebral existentes’, disse Daniel Simons, professor de psicologia da Universidade de Illinois e principal autor do artigo.

Os pesquisadores analisaram mais de 132 artigos publicados e revisados ??por pares frequentemente citados por empresas de treinamento cerebral e proponentes como evidência de que a prática é eficaz. Eles descobriram que todos os estudos publicados ficaram aquém das melhores práticas quando se trata de conduzir pesquisas científicas, disse Simons.

‘Muitos estudos sugerem benefícios’, escreveram os pesquisadores. ‘Ainda assim, a maioria dos estudos carece de controles adequados para os efeitos do placebo, testou amostras muito pequenas e não relatou e analisou totalmente todas as medidas de resultados’, concluíram.

Polêmica em torno do efeito placebo

Um estudo separado, publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, apontou os efeitos do placebo como razão para alguns dos resultados positivos associados ao treinamento cerebral.

Para o pequeno estudo, pesquisadores da Universidade George Mason criaram dois folhetos separados convidando os alunos a participar de sua pesquisa.

Um folheto tinha linguagem não sugestiva, anunciando o estudo como uma oportunidade para os alunos ganharem créditos. O outro anunciou o estudo como uma oportunidade de ‘treinamento cerebral e aprimoramento cognitivo’ e mencionou que ‘vários estudos mostraram que o treinamento da memória de trabalho pode aumentar a inteligência fluida’.

Em seguida, os pesquisadores pediram a 25 alunos que responderam ao panfleto não sugestivo e 25 que responderam ao panfleto de treinamento cerebral para participar da mesma sessão de uma hora de treinamento cognitivo. Todos os participantes completaram um teste de inteligência fluida antes e depois do treinamento.

Os pesquisadores descobriram que os alunos que responderam ao panfleto não sugestivo não tiveram melhora em suas pontuações nos testes. No entanto, os alunos que responderam ao panfleto de treinamento cerebral sugestivo experimentaram um aumento de cinco a dez pontos em média em suas pontuações nos testes.

‘Não fiquei muito surpreso. Depois de conversar com outras pessoas no campo, ficou claro que falhas metodológicas podem estar levando a alguns dos resultados positivos em trabalhos publicados’ que apoiam o treinamento do cérebro, disse Cyrus Foroughi, cientista cognitivo do Laboratório de Pesquisa Naval dos Estados Unidos. Ele liderou o estudo como estudante de pós-graduação na Universidade George Mason.

No entanto, o neurocientista Henry Mahncke, CEO da Posit Science, uma empresa de software e serviços de treinamento cerebral, disse que o pequeno estudo sobre os efeitos do placebo foi projetado para produzir um resultado tendencioso – e que existem vários ensaios controlados de treinamento cerebral que mostram um resultado diferente.

‘Há estudo após estudo que são ensaios randomizados controlados por placebo de treinamento cerebral, e nesses estudos, ambos os grupos de pessoas têm expectativas equivalentes de que vão se beneficiar’, explicou Mahncke, acrescentando que ele acha que o novo artigo de revisão condenando a pesquisa e os programas de treinamento cerebral é ‘bobo’.

Muitos dos estudos científicos sobre treinamento cerebral que Mahncke chamou de alta qualidade – incluindo a maior intervenção de treinamento cognitivo já realizada, chamada ACTIVE, que envolve 2.832 participantes – são os mesmos selecionados no novo artigo de revisão.

‘Este é apenas um bando de psicólogos da velha escola, e o que eles fizeram é que eles têm teorias de mais de cem anos atrás que explicam por que o treinamento cerebral não pode funcionar’, disse ele sobre o novo artigo. ‘Eu nunca vi uma revisão menos imparcial.’

Simons disse que ele e seus colegas decidiram não responder publicamente aos comentários de Mahncke.

‘Houve uma revolução absoluta’

Uma coisa com a qual Mahncke concorda na nova revisão: repetir uma tarefa mental específica, como memorizar uma lista, não resulta em melhorias generalizadas na cognição.

Como disse Simons, principal autor do novo artigo de revisão, ‘diferentes empresas de treinamento cerebral propõem mecanismos diferentes’.

‘A maioria confia na ideia de que treinar um mecanismo cognitivo básico usando uma tarefa levará não apenas a um melhor desempenho nessa tarefa, mas em todas as outras tarefas que dependem do mesmo mecanismo básico’, disse ele. ‘Não encontramos evidências convincentes de que o treinamento em uma tarefa em um contexto se generalize para outras tarefas em outros contextos’.

E isso foi mostrado repetidamente em pesquisas, disse Mahncke.

‘Então, o que eu aprendi sobre isso como cientista? Bem, você provavelmente não deveria construir programas de treinamento focados na prática da memória. Vamos fazer algo mais inteligente do que isso, e fizemos algo mais inteligente do que isso’, afirmou ele.

‘Houve uma revolução absoluta, não na psicologia, mas na neurociência, nos últimos 30 anos. O que aprendemos com essa revolução na neurociência é que o cérebro é o que chamamos de plástico. É capaz de mudar a si mesmo, dependendo do que você faça com isso’, explicou, ‘e podemos construir sobre essa ideia de plasticidade cerebral para construir um novo tipo de programa de treinamento cerebral’.

Um programa de treinamento cerebral da Posit Science chamado DriveSharp foi clinicamente comprovado para ajudar os sistemas visuais de motoristas mais velhos a responder mais rapidamente a perigos em sua visão periférica, disse Mahncke.

No programa, os usuários completam testes de atenção visual e várias tarefas de rastreamento de objetos. O risco de um acidente com falha pode diminuir em 48%, disse Mahncke, citando um número que foi mencionado e questionado no novo artigo de revisão.

No artigo, os pesquisadores escreveram que ‘para o indivíduo típico, o benefício resulta em aproximadamente um acidente a menos a cada 62,5 anos. A diferença entre acidentes com e sem culpa é provavelmente apenas ruído devido ao pequeno número de acidentes nesta amostra, não é particularmente informativo. Do ponto de vista do consumidor, a estatística mais relevante é a probabilidade de evitar todos os acidentes, e isso não varia significativamente para um indivíduo típico em função do treinamento’.

No entanto, esses programas de treinamento cerebral testados são a diferença entre jogos cerebrais e treinamento cerebral, de acordo com Mahncke.

Jogos cerebrais e treinamento cerebral

‘Há uma grande linha que eu traçaria, e essa linha seria entre os jogos cerebrais e o treinamento cerebral. Então, quando olhamos para o mundo, há muitos jogos cerebrais por aí’, disse Mahncke. ‘Mas o treinamento cerebral é uma compreensão sistemática real de como o cérebro humano funciona e como é capaz de mudar, e constrói exercícios que visam literalmente a maneira como o cérebro processa informações’.

Ele acrescentou que a Comissão Federal de Comércio dos EUA reprimiu as empresas de jogos cerebrais por fazer alegações falsas sobre a ciência que apoia seus programas.

‘Eles foram até aqueles que não tinham ciência nem dados clínicos e disseram: ‘Ei, você não pode fazer afirmações sobre melhorar a função cerebral se não tiver os dados para respaldar’. E foi isso que eles fizeram, e você sabe, isso é uma coisa boa para o campo’, pontuou ele.

Em janeiro, o criador da empresa de jogos cerebrais Lumosity concordou em pagar US$ 2 milhões para liquidar as acusações da Comissão. As acusações alegavam que a Lumosity enganou os consumidores com alegações infundadas de que seus jogos poderiam aguçar o pensamento na vida cotidiana e proteger contra o declínio cognitivo.

Os desenvolvedores e profissionais de marketing por trás dos programas de jogos cerebrais LearningRx pagaram taxas semelhantes em maio, chegando a US$ 200 mil.

Tanto o Lumosity quanto o LearningRx ainda estão em atividade. Em seu site, a Lumosity descreve seus jogos na web e para dispositivos móveis como ‘projetados por cientistas para desafiar as principais habilidades cognitivas’. A empresa lançou uma iniciativa de pesquisa colaborativa chamada Human Cognition Project, que envolve mais de 40 universidades.

Enquanto isso, o site da LearningRx observa: ‘Oferecemos uma variedade de programas que visam fraquezas cognitivas específicas’. A empresa inclui um conselho consultivo científico de cinco membros e apresenta mais de uma dúzia de estudos sobre seus programas em seu site.

Mas a controvérsia em torno do treinamento cerebral parece ter esquentado antes que as duas empresas enfrentassem suas acusações, cerca de dois anos atrás, quando os críticos o chamaram de ‘pseudociência’.

O vai-e-vem na ciência do cérebro

Um grupo de 75 cientistas e especialistas de instituições e universidades de todo o mundo divulgou um comunicado em 2014 declarando que as evidências científicas não apoiam as alegações de que ‘jogos cerebrais’ ajudam os idosos a aumentar suas capacidades mentais.

‘Acreditamos que muitas das alegações feitas pela indústria de treinamento cerebral eram enganosas e, em muitos casos, patentemente falsas’, disse Laura Carstensen, diretora fundadora do Stanford Center on Longevity e professora de psicologia da Universidade de Stanford, uma das cientistas que assinou a declaração de 2014.

‘Pouco depois de emitirmos a declaração, a indústria organizou outra declaração e reuniu assinaturas de outras pessoas que disseram que havia boas evidências. A declaração deles recebeu pouca atenção da comunidade científica, mas deixou o público, mais uma vez, confuso, ‘ ela disse.

De fato, vários meses após a publicação da primeira declaração, um grupo internacional de cerca de 133 cientistas e profissionais respondeu que a pesquisa existente apoia os benefícios do treinamento cerebral.

Agora, disse Mahncke, ‘o recente artigo de revisão é apenas mais um exemplo de pessoas que estão no meio de uma mudança de paradigma e não percebem isso’.

No entanto, Adam Gazzaley, neurocientista da Universidade da California, disse que vê o artigo como um chamado à ação.

‘Quando leio uma resenha como essa, vejo como um chamado às armas. Aqui estão os desafios metodológicos que enfrentamos como campo e, agora, a tarefa diante de nós é fazer isso melhor, tanto no lado do desenvolvimento de tecnologia quanto o lado da validação científica. Continuo cautelosamente otimista sobre o futuro deste campo’, considerou.

Ele disse que, no futuro, poderia haver videogames terapêuticos aprovados pela Food and Drug Administration (FDA) – equivalente à Anvisa dos EUA – para pacientes e programas de treinamento cerebral na forma de realidade virtual, realidade aumentada e acessórios.

‘Mas serão necessárias muitas evidências de alto nível para conseguir isso. É por isso que o artigo, para mim, é um desafio para fazer melhor, e acho que isso é justo’, afirmou.

Como aumentar a inteligência

Os defensores do treinamento cerebral acreditam que certos softwares e programas de treinamento podem melhorar a cognição, mas como os especialistas que questionam o treinamento cerebral recomendam manter um cérebro saudável?

‘Mantenha-se física e mentalmente ativo fazendo as atividades que você gosta. Por exemplo, se você gosta de ler e jogar palavras cruzadas, faça isso’, disse Cyrus Foroughi, cientista cognitivo do Laboratório de Pesquisa Naval dos EUA.

A professora de psicologia Laura Carstensen avalia que, embora haja muitas mudanças no estilo de vida – de alimentação saudável a exercícios frequentes – que alguém pode fazer para aumentar seu cérebro, não há solução rápida.

‘Há algumas evidências de que o exercício físico melhora o desempenho cognitivo. Como a saúde do coração está relacionada à saúde do cérebro, a dieta também provavelmente está envolvida. E há evidências correlacionais consideráveis ??de que as pessoas que estão social e cognitivamente engajadas em estimular vidas, trabalhando, sendo outras formas de aprendizagem ativa, estão em melhor forma cognitiva do que aqueles que não estão’, disse ela. ‘Mas não há evidências de nenhuma mágica’, concluiu.

Fonte: CNN Brasil

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/como-o-estimulo-de-areas-do-cerebro-pode-silenciar-compulsao-por-comida/

Cannabis no Uruguai: As lições para a América Latina sobre uma lei histórica

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Montevideo – O impulso que a regulamentação da cannabis tomou na região nos últimos meses após a aprovação da exportação de flores secas na Colômbia teve pontos de contato com o que foi gerado no Uruguai no final de 2013, após a promulgação da lei que permitiu a produção para fins de consumo medicinal, industrial e psicoativo, que incluíam a venda de maconha em farmácias.

Quase oito anos e meio após a votação que marcou o governo de José Mujica (2010-2015) no nível internacional, as regulamentações já em funcionamento revelam luzes e sombras de um setor industrial que passou a ser considerado ‘ouro verde’ por sua expectativas, mas não conseguiu decolar.

Por um lado, o Uruguai avançou do ponto de vista da liberdade e regulação individual, por meio de maior oferta e segurança para os consumidores. Por outro lado, as empresas que buscaram explorar o nicho da indústria da cannabis destacaram seu desacordo com o caminho percorrido em matéria regulatória e reivindicaramo desenvolvimento de um mercado interno para uso medicinal.

Embora tanto o Executivo quanto a indústria e os assessores jurídicos prefiram fugir do peso de dar lições a outros países, a verdade é que o avanço no tempo do Uruguai na matéria permite que ele tome as primeiras notas em diferentes áreas.

Como é o regulamento? O que considerar antes de investir? Que variantes influenciam o consumo? O que acontece com os turistas? A Bloomberg Linea consultou autoridades governamentais, advogados especializados no assunto e empresários para dar algumas pistas sobre um assunto no qual a Argentina também está explorando um marco regulatório.

Regulamentos ‘dispersos’

A falta de uma regulamentação única é um dos pontos em que se concentram advogados especializados no assunto e empresários. Em 2013, o Uruguai aprovou uma lei-quadro para a regulamentação da cannabis, mas depois aplicou diferentes decretos e formulou outras leis relacionadas ao mercado e seus derivados.

O advogado Josemaría Motta, do escritório de advocacia Guyer & Regules, disse que a regulamentação uruguaia é ‘muito dispersa’ e se referiu ao que foi feito pelo Canadá, que tem ‘uma lei abrangente que regula claramente todos os aspectos em um nível detalhado muito importante’. Por exemplo, se no Uruguai você tem um medicamento, acaba indo para o regulamento de medicamentos, se tem um cosmético, os cosméticos são aplicados. Por outro lado, há o Ministério da Saúde Pública’, grafou.

O governo uruguaio emitiu um decreto em 2021 que facilitou a exportação de cannabis, depois que um primeiro decreto emitido em 2015 mostrou dificuldades em regular o mercado medicinal. Na visão dos especialistas, isso melhorou o cenário porque acrescentou especificidades e variedades, mas ainda está longe de ser uma regulamentação abrangente.

Um dos porta-vozes da Câmara das Empresas de Cannabis Medicinal (Cecam) e CEO da empresa YVY Life Sciences, Andrea Kruchik Krell, concordou com as dificuldades e disse que as empresas promovem uma revisão regulatória geral. ‘Hoje não há regras claras (na autorização). Você tem que levar muitos golpes, voltas e reviravoltas, porque você não sabe o que tem que fazer. Se você tem regras claras, você faz o que eles pedem e pronto’, sintetizou.

O executivo disse que este governo fez ‘uma manifestação para tirar os entraves em busca do avanço da indústria’, e que nomeou o assessor presidencial Nicolás Martinelli ‘para tentar resolver os entraves’, mas lamentou que no âmbito do Ministério da Saúde Pública os processos são mais lentos. ‘Em tudo é muito importante ter a aprovação da Saúde Pública e é aí que vimos o maior desafio do setor’, disse.

Marco Algorta, primeiro presidente do Cecam, também teve uma visão crítica de ‘uma série de obstáculos’ que, em sua opinião, se encontram no MSP. A falta de progresso também impede, apontaram os empresários, o desenvolvimento de um mercado local de cannabis medicinal, que permitiria ao Uruguai testar diferentes produtos e depois importar com maior valor agregado.

Na etapa final do governo anterior, foi aprovada a Lei 19.845, declarando de interesse nacional a pesquisa sobre a cannabis e criando um centro de estudos com estrutura para estimular a inovação. Enquanto isso, também foi promulgada a Lei 19.847, que criou um programa de acesso e promoção da cannabis medicinal. Os empresários destacaram que a regulamentação dessas normas é urgente para desenvolver um mercado local.

‘A lei que foi criada há cerca de sete anos não foi feita para o tipo de coisas que fazemos hoje. Foi feita para autorizar principalmente o uso recreativo e como uma forma de combater o tráfico de drogas. Todo o resto precisou de ajustes e remendos para desenvolver uma indústria medicinal, mas a lei precisa ser mudada’, disse Krell.

As expectativas das empresas são ponderadas pelo governo, que enfatiza seu papel de regulador nas diferentes facetas do negócio. Isto implica a necessidade de ajustar os parâmetros de saúde, bem como as normas legais, de produção e de segurança.

O secretário do Conselho Nacional de Drogas, Daniel Radio, defendeu a atuação do Poder Executivo, embora de qualquer forma tenha marcado a regulamentação atual como ‘um bom passo’, mas ‘passível de aperfeiçoamento’. ‘A legislação não é feita de uma só vez e as políticas de cannabis não são definidas pela comunidade empresarial. Tem que ser definido pela política. Você tem que ter cuidado com essas coisas. Se você não fala inglês, mora longe e tem custos altos, não pode repassar esse ônus para a legislação. Isso não significa que você não precise estar constantemente revisando’, acrescentou.

O modelo de negócio: escala e custos de produção

Além do marco regulatório, os atores também assumem que o Uruguai enfrenta dificuldades do ponto de vista do modelo de negócios, tanto por uma possível falta de previsão em relação às exportações, quanto a sua escala e custos de produção.

‘Os obstáculos são em matéria legislativa ou na conquista de mercados? Eu me pergunto. Porque se na verdade todos queremos vender para a Suíça, é provável que em algum momento consigamos atender à demanda do mercado’, questionou o chefe do escritório de Drogas que depende da Presidência da República.

Federico Piano, também advogado do escritório Guyer & Regules, disse que em termos de exportação houve ‘diferentes tipos de experiência’. Por um lado, salientou, havia negócios que demoravam a concretizar-se, mas, por outro, havia empresas que não conseguiam colocar os seus produtos.

‘A indústria teve problemas diferentes. Alguns deles são de propriedade da indústria e não do governo. A realidade é que muitas vezes eles têm as licenças, talvez as licenças tenham demorado mais do que eles esperavam e desejavam no início, e o produto que eles têm não pode ser comercializado porque o padrão europeu vê a qualidade que sai do Uruguai e não funciona para eles’, Piano acrescentou.

Radío também apontou para os custos de produção no Uruguai como uma das dificuldades, devido à mão de obra e ao combustível mais caro. Enquanto isso, as empresas alertam, por exemplo, desvantagens contra um mercado da região como a Colômbia. O país andino tem cinco ciclos de produção, o que lhe permite ter flores durante todo o ano, e o Uruguai apenas um ou no máximo dois, dependendo das condições climáticas. Por isso, ressaltam os empresários, é importante poder desenvolver um mercado interno.

Licenças e exportações

Segundo dados do Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (Ircca), no Uruguai existem atualmente cinco licenças de cultivo para uso psicoativo adulto, 17 para cultivo para uso medicinal, 18 para industrialização e 27 para pesquisa. Enquanto isso, 48.286 pessoas estão registradas para adquirir maconha em 24 farmácias autorizadas, cerca de 13.738 pessoas para cultivo doméstico e os clubes de cannabis têm 7.185 membros em 229 clubes de associação.

Enquanto isso, com base nos dados da agência estatal para a promoção do comércio exterior, Uruguai XXI, o desenvolvimento da indústria de cannabis alcançou sua primeira exportação em 2019 e no ano seguinte foram registradas vendas que ultrapassaram US $ 7,5 milhões, embora até setembro de 2021 tenham caído para US$ 3,4 milhões. Entre 2019 e 2021, as exportações de flores representaram 97% das colocações do setor, que se concentraram na Suíça, Israel e Portugal, no caso do Uruguai.

O setor gerou mais de 1.000 empregos diretos com base em dados do ano de 2020, que aumentam durante a safra para transplante e colheita. São mais de 120 empresas ligadas ao setor, das quais mais de 80% são médias e pequenas empresas, segundo o relatório oficial.

Outra questão regulatória sobre a mesa é a falta de aprovação do sistema financeiro, já que os bancos uruguaios não permitem ofercer financiamento a clientes que manipulem cannabis devido às regulamentações dos Estados Unidos. Há uma expectativa no setor de que o governo Joe Biden conceda flexibilização nesse sentido. Os recursos são enviados, então, por meio de empresas no exterior ou contas em nome pessoal, disseram fontes do setor.

A ‘pega’ das variantes

Os uruguaios podem acessar a cannabis para uso não medicinal de três maneiras: farmácias, ingressar em um clube de cannabis ou por meio do autocultivo. No início havia um problema de oferta, em parte porque não havia produto suficiente em relação à demanda, e por outro lado a rede de pontos de venda é escassa. Em 2020 existiam 14 farmácias e hoje são 24, embora ‘ainda seja insuficiente’, disse Radío.

Desde este ano, além disso, o governo busca implementar uma terceira variante com mais THC para atender a demanda nas farmácias de alguns consumidores, que, insatisfeitos com as variedades atuais, se voltaram para os clubes ou para o mercado clandestino. De acordo com o chefe do Conselho de Drogas, os clubes produzem maconha com uma média de 16% de THC.

‘Temos apenas duas variedades nas farmácias, que não variam em seu teor de THC (5%), mas diferem em suas características’, disse Rádio. O secretário de Medicamentos disse que o processo biológico está sendo implementado na busca de ter um produto disponível este ano nas farmácias com cerca de 10% de THC.

O que fazer com o turismo?

A Secretaria de Drogas também propôs no ano passado que os turistas possam ter acesso à maconha estatal, sob o entendimento de que a regulamentação atual gera desigualdade entre visitantes e uruguaios ou moradores. ‘O não residente muitas vezes vem com a expectativa de usar maconha. Seria bom modificar isso para garantir que não residentes possam acessá-lo’, disse o funcionário.

Radío descreveu, em todo caso, dificuldades normativas e práticas para a implementaçõ. A lei exige registro, e isso bloqueia o acesso, por isso propõe um registro alternativo para favorecer a possibilidade de uso por estrangeiros. ‘Se vamos vender para turistas, não pode nos acontecer que não haja ponto de venda em Colônia. E em Maldonado há um. Estamos pensando em alternativas’, destacou sobre os pontos de venda.

A empresa YVY Life Sciences também está promovendo mudanças na regulamentação para atrair o turismo de cannabis. ‘Os turistas vêm ao Uruguai em busca de cannabis e (na situação atual) estamos promovendo o mercado ilícito. Se um turista vem ao Uruguai, ele não tem como acessar este produto devido à legalidade. Devemos construir canais legais onde o turista esteja seguro e não expô-lo ao narcotráfico, ao mercado ilícito, quando se trata de um setor já regularizado’, disse Krell, CEO da empresa.

Em conclusão, o secretário do Conselho de Drogas diz que há ‘dois pacotes’, um relacionado ao desenvolvimento econômico e outro às liberdades individuais. Na segunda, considerou que o Uruguai está ‘no caminho certo para derrotar o paradigma hegemônico da proibição ou pelo menos lutar’. Em relação às possibilidades industriais, ele pediu uma avaliação das diferenças entre ‘expectativas’ e ‘possibilidades reais’. ‘Foram geradas muitas expectativas. Falava-se que esta seria a soja ou a carne do futuro. Respeito quem fez essas avaliações, mas acho que temos que ir mais devagar. Há uma oportunidade e de fato há investimentos estabelecidos, mas é preciso encontrar mercados. Não é só produção. E devemos ter em mente que existem fortes concorrentes na Europa Oriental’, disse Radío.

Fonte: Bloomberg Línea

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Governo federal prevê salário mínimo em R$ 1294 para 2023

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O governo federal prevê um salário mínimo para o próximo ano de R$ 1.294,00, com reajuste de acordo com a inflação, sem aumento real.

O valor é R$ 82,00 maior que o salário atual, o que representa um reajuste de 6,7%. Esse é o percentual previsto pelo governo para o INPC deste ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor. Esse valor ainda pode ser alterado até o final do ano, caso o INPC seja maior que o previsto.

A estimativa consta no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2023, enviado pelo Executivo ao Congresso Nacional. Até 2019, o salário mínimo era reajustado somando a inflação mais o crescimento do Produto Interno Bruto, o PIB de dois anos antes. Desde de 2020, o reajuste passou a seguir apenas a reposição do INPC, uma vez que a Constituição determina a manutenção do poder de compra do salário mínimo.

Segundo o Ministério da Economia, cada R$ 1,00 a mais no salário mínimo impacta em quase 390 milhões de reais no orçamento público.

Ainda segundo o projeto da lei orçamentária de 2023, o governo espera que a economia brasileira cresça 2,5% no próximo ano, com uma inflação prevista de 3,3%, segundo o IPCA, e com o dólar a R$ 5,30, em média.

Já as contas públicas devem fechar 2023 com um déficit primário de R$ 65 bilhões, próximo ao valor do déficit previsto para este ano, que está na casa dos R$ 66 bilhões. Se confirmado o resultado negativo de 2023, será o 10º ano seguido em que as contas fecharam no negativo. Lembrando que o déficit primário é o resultado das contas públicas excluindo o pagamento dos juros da dívida federal.

Fonte: Agência Brasil

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/salario-minimo-ideal-deveria-ser-de-r-6-39476-em-marco-calcula-dieese/

Anvisa lança plano para reduzir fila de registro de medicamentos

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registro de medicamentos

A burocracia no registro de medicamentos no Brasil pode estar com os dias contados. A Anvisa apresentou na semana passada um plano para reduzir a fila de espera para avaliar a incorporação de remédios inovadores no país.

A proposta foi apresentada em reunião com entidades representativas da indústria farmacêutica e deve entrar na pauta de reunião da Diretoria Colegiada até o fim do mês de abril. Caso receba aprovação, o projeto pode ajudar a desengavetar os mais de 510 pedidos de registro de medicamentos parados na agência, sendo que 249 esperam por uma resposta há mais de um ano.

“Se não houvesse mais nenhum pedido depositado, demoraríamos em média dois anos para avaliar todas as solicitações apresentadas até o momento”, revelou a diretora da Anvisa, Meiruze Freitas, em entrevista ao portal JOTA.

Estratégias para simplificar o registro de medicamentos

Em março deste ano, o Panorama Farmacêutico repercutiu o plano em uma enquete no portal. Uma das intenções da Anvisa é aproveitar análises de autoridades sanitárias de outros países que tenham padrões de exigência e regulação similares aos adotados em solo brasileiro. Os dados trazidos do Exterior, de órgãos como FDA e a Agência Europeia de Medicamentos, balizariam a aprovação, o que contribuiria para derrubar algumas contradições escancaradas pelos números.

“Vamos usar apenas dados públicos, com o aval dos fabricantes”, ressaltou Meiruze. Essa consulta a agências internacionais complementaria as análises da Anvisa.

Outra regra em avaliação é a fixação de critérios para levar em consideração esses estudos do Exterior. O medicamento precisa apresentar o mesmo público-alvo, a mesma posologia e indicação. Além disso, não pode ter sido recolhido em outro país ou sofrido algum tipo de interdição.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico

Walgreens amplia entrega por drones nos Estados Unidos

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entrega por drones

A entrega por drones avança no varejo farmacêutico dos Estados Unidos. A Walgreens lançou a operação na região de Dallas e Fort Worth, em parceria com a Alphabet, proprietária do Google. As informações são do portal Drug Store News.

A parceria entre as duas empresas para entrega por drones teve início em outubro do ano passado, inicialmente em Frisco e Littel Elm, municípios de médio porte no estado do Texas. Mas agora, é a primeira vez que essa tecnologia se estende a uma grande área metropolitana dos Estados Unidos.

A região de Dallas e Fort Worth é a quarta maior área metropolitana do país, concentrando em torno de 120 bairros suburbanos e de alta densidade populacional. A Walgreens iniciou um piloto com a Alphabet em 2019 para testar entregas de drones em pequena escala na cidade de Christiansburg, na Virgínia.

Como funciona a entrega por drones?

A aeronave pousa em pequenos contêineres que funcionam como minúsculos hangares, permitindo que cada loja implante de forma rápida e fácil uma pequena frota em seu estacionamento, telhado ou pequenos espaços adjacentes ao prédio. Os próprios funcionários da Walgreens são responsáveis pelo processamento e carregamento dos pacotes nos drones.

Tentativas de entrega por drones no Brasil

No Brasil, Avon e Natura vêm experimentando a entrega por drones desde agosto de 2021. Essa estratégia visa a driblar as barreiras que a pandemia impôs ao modelo de entrega porta a porta, por consultoras e representantes. Além disso, a inovação possibilitará que o grupo alcance a meta de atingir zero de emissões de carbono até 2030. No setor de farmácias, Drogaria VenancioFarmácias São João e Raia Drogasil também já efetivaram testes, mas ficaram só nos pilotos até o momento.

 

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico