A multinacional brasileira Blau Farmacêutica conseguiu, nessa semana, uma importante vitória durante o processo de uma licitação de imunoglobulina. A companhia entrou com um pedido de mandado de segurança após o Tribunal de Contas da União (TCU) autorizar que empresas sem registro na Anvisa concorressem à seletiva. As informações são do Valor Econômico
Interrompida pelos trâmites legais, a licitação deve ser retomada imediatamente após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a exclusão das participantes não cadastradas junto à Anvisa. A licitação, iniciada pelo Ministério da Saúde, envolve a compra de 800 mil frascos de imunoglobulina injetável de 5g.
A decisão da suprema corte reforça que a compra de fármacos de empresas não registradas é permitida apenas em situações extremas, como em um momento de desabastecimento. Em setembro de 2023 o Ministério da Saúde questionou a Anvisa quanto à capacidade do mercado nacional de suprir a demanda do país.
Em resposta, a autarquia afirmou, em outubro do ano passado, que não existe previsão para um problema de desabastecimento, tendo em vista que os laboratórios têm potencial para a produção de até 2,4 milhões de unidades em 2024. Essa informação foi base para a decisão do STF de dispensar as empresas não registadas da licitação.
Possibilidade de vitória na licitação de imunoglobulina agita mercado
A retirada dos produtos sem registro da competição fez com que as ações da Blau disparassem na última quinta-feira, dia 27. A cotação registrou uma variação de 11,5%, atingindo a marca de R$ 10,66.
Uma avaliação da equipe de especialistas do Itaú BBA revelou os possíveis impactos da licitação no faturamento da farmacêutica. Caso a empresa consiga 25% dessa demanda, a um valor estipulado de R$ 1.500 por frasco com uma rentabilidade operacional de 30%, seu lucro aumentaria R$ 61 milhões em 2024.
“Acreditamos que esta decisão é uma boa sinalização para produtos registrados no mercado, potencialmente levando a um cenário de preços menos agressivos também no mercado privado”, ressaltam os especialistas.
O laboratório boliviano IFA está muito próximo de estabelecer uma planta em solo brasileiro. Executivos da companhia se reuniram com Luiz Crosara Júnior, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul (Fiems) na última quarta-feira, dia 26. As informações são da A Crítica.
A indústria está em processo de instalação de uma unidade em Terenos (MS). Com expectativa de entrar em funcionamento em 2026, a fábrica irá empregar cerca de 100 pessoas.
Em seu país de origem, a farmacêutica lidera a categoria de ginecologia e é a segunda na linha pediátrica. Seu portfólio é composto por mais de 75 produtos, como antibióticos, analgésicos e antipiréticos, por exemplo.
Uma radiografia da ejaculação precoce no Brasil abre a coleção Saúde da Família do Panorama Farmacêutico. O objetivo é ampliar o acesso a conhecimento entre os profissionais da linha de frente das farmácias, com conteúdos chancelados por especialistas da indústria farmacêutica.
A ejaculação precoce atinge uma a cada três pessoas acima de 18 anos. Esse indicador reforça a importância de debater o cenário atual dessa condição no Brasil, barreiras e oportunidades para aumentar a adesão aos tratamentos.
Desenvolvido em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), a APISVIDA inova no mercado de própolis utilizando a nanotecnologia. A Nanoprópolis® conta com uma eficácia até três vezes superior do que as versões tradicionais.
O lançamento é resultado de 13 anos de pesquisa em nanotecnologia pela USP, que teve o objetivo de aumentar a biodisponibilidade dos compostos ativos na formulação. O processo possibilitou uma ação cicatrizante 2,6 vezes maior, uma redução de até 87% da carga viral de diferentes variantes do Sars-Cov-2, além do aumento em três vezes da ação antioxidante e da citoxicidade em células de câncer.
“A nanotecnologia também assegura uma absorção mais eficiente pelo organismo. Com isso, a eficácia se torna maior, mesmo em doses menores”, completa Luiz Felipe Matiazzi, diretor de operações da APISVIDA.
Fora os benefícios derivados do processo inovador de produção, a Nanoprópolis® tem um maior teor de extrato seco de própolis em sua formulação aquosa e a nanotecnologia foi capaz de encapsular 99% dos ativos.
Sem adição de álcool, o produto conta com duas apresentações: o extrato de própolis verde (APV) e vermelho (APVB). O primeiro é produzido com a própolis verde brasileira, enquanto o segundo é formulado com um blend de própolis vermelho e verde.
“O lançamento do Nanoprópolis® é um marco para APISVIDA. Com eficácia triplicada graças à nanotecnologia, estamos trabalhando intensamente com prescritores, médicos e nutricionistas para garantir seu reconhecimento e indicação. Além disso, conseguimos aprovação imediata nas maiores redes de farmácias do Brasil, como Drogaria São Paulo, Pacheco, Droga Raia, Drogasil e Nissei, facilitando o acesso para nossos consumidores”, completa Eduardo Augusto dos Santos, diretor comercial.
O preço sugerido varia de R$ 45 a R$ 55 no PDV.
O produto é contraindicado para pessoas alérgicas. Gestantes e menores de dois anos só devem consumir com orientação médica.
Distribuição: Sistema próprio de distribuição, parceria com distribuidoras regionais e online. Diretor comercial: Eduardo Augusto dos Santos – (17) 3344-6444 – comercial@apisvida.com.br
A Trá Lá Lá, marca da Phisalia, incorpora o Creme Dental Uva à sua linha Kids.A fórmula combina aroma natural de uva com cálcio, garantindo proteção eficaz contra cáries.
Vegano e com 1100 PPM de flúor, promove dentes fortes e hálito saudável, atendendo a crianças de três a 11 anos. Além disso, tem pegada sustentável com a adesão da fabricante ao Projeto Lupinha, projeto encabeçado pela Associação Brasileira de Embalagem (Abre) para estimular o descarte correto. Por meio de um QRCode, os usuários podem acessar informações detalhadas sobre o produto de maneira fácil e intuitiva.
O lançamento está disponível em embalagem de 50 g, com valor sugerido de R$ 6,52. “Essa parceria não apenas incentiva a conscientização ambiental, como também fortalece a relação de confiança e fidelidade com os consumidores”, comenta Luciana Amiralian, diretora de P&D e Inovação da Phisalia.
Os medicamentos importados não ficarão sujeitos à cobrança de tributos sobre os produtos vindos do exterior, popularmente conhecida como “taxa das blusinhas”. O texto, que foi inserido como um “jabuti” dentro do Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), foi sancionado na última quinta-feira, dia 27. As informações são do Metrópoles.
A importação de medicamentos por pessoas físicas será resguardada por meio de uma medida provisória (MP) a ser publicada junto à lei. A taxação passará a valer em 1º de agosto. As compras realizadas após essa data contarão com um tributo de 20%.
O projeto prevê a cobrança em aquisições de até US$ 50 (cerca de R$ 277) em plataformas varejistas do exterior, como as chinesas AliExpress, Shein e Shopee.
Setor temia encarecimento de medicamentos importados
A possibilidade de a taxa das blusinhas encarecer os medicamentos foi um temor real do setor. Para advogados e entidades, como a proposta estabelecia um piso mínimo, o Ministério da Fazenda não conseguiria manter esses produtos dispensados de cobrança do tributo. Como o governo se comprometeu a editar uma MP paralela a lei, o risco pode ser descartado.
José Roberto da Costa Pereira (Biolab), Edgar de Brito Policelli (Hypera Pharma), Norberto Prestes (Abiquifi) e Rosana Mastellaro (Sindusfarma) Foto: Panorama Farmacêutico/ Ana Claudia Nagao
A indústria farmacêutica de cannabis quer mais incentivo à inovação para acompanhar a crescente demanda do mercado. E parte desse objetivo passa pela revisão da RDC 327. O tema norteou os debates do We Need to Talk About Cannabis, evento que reuniu cerca de 130 profissionais do segmento no último dia 25, com cobertura do Panorama Farmacêutico.
Um dos painéis reuniu entidades setoriais e grandes farmacêuticas atuantes nesse mercado. Estiveram presentes Norberto Prestes, presidente executivo do Abiquifi; Rosana Mastellaro, diretora técnico-regulatória e de inovação do Sindusfarma; Edgar de Brito Policelli, gerente executivo de marketing e demanda médica da Mantecorp, do grupo Hypera Pharma; e José Roberto da Costa Pereira, diretor de Negócios da Biolab. Confira a seguir os principais insights.
Outra RDC desestimula indústria farmacêutica de cannabis
A indústria farmacêutica de cannabis não poupou críticas à outra resolução atualmente em vigor. “A manutenção da RDC 660 representa um desestímulo à inovação da indústria farmacêutica”, afirmou categoricamente a diretora do Sindusfarma. Para Rosana, a importação de produtos derivados de cannabis por pessoa física teve seu mérito no passado e foi fundamental para garantir o acesso ao tratamento. Mas o atual cenário exige um novo olhar.
“É preciso investir em mais segurança regulatória. A empresa pode ter coragem para apostar no desenvolvimento de um produto, controle de qualidade e excelência na escolha do fornecedor de insumos. Mas isso será insuficiente sem a certeza de que amanhã não surgirá uma versão importada”, argumenta.
Brasil é um exemplo para o mundo
Para o executivo da Biolab, o Brasil é o país que mais subiu o sarrafo em relação à fabricação de cannabis. “Temos o produto de maior qualidade no mundo e precisamos defender o que é nosso, expandindo as formas farmacêuticas e, principalmente, exigindo um ambiente regulatório mais saudável”, defende Pereira. O laboratório brasileiro atua no mercado de cannabis há mais de um ano, em parceria com a companhia suíça Promediol.
Barreiras: cotas de importação e tempo
Segundo Policelli, da Mantecorp, muito mais pacientes poderiam ser beneficiados com o uso de cannabis em diversas patologias. “Vivemos os desafios do preço alto e da capilaridade ainda pequena. E precisamos travar uma discussão regulatória mais contundente junto à Anvisa, por conta das cotas de importação que interferem nesse desenvolvimento”, acredita.
Outra barreira é o tempo necessário do processo de plantio até o envase. “São 20 meses até, de fato, o produto chegar definitivamente na farmácia, o que encarece o processo como um todo e consome boa parte do prazo de validade”, acrescenta.
Menos rigor na propaganda médica
Na opinião de Pereira, com a revisão da RDC 327, o que se espera é uma maior facilidade na divulgação da informação e menos rigor para se conversar com médicos. “O desconhecimento ainda é grande. Hoje temos que ensinar desde a dose terapêutica até como preencher corretamente a prescrição, para assegurar a dispensação adequada na farmácia”, explica.
Novas formas farmacêuticas e mudança de receituário
Trabalhar com novas formas farmacêuticas, com outros canabinoides ou THC isolado, pode colaborar para a ampliação do mercado. Outra sugestão é mudar de azul para branco carbonado o receituário de produtos de cannabis com THC até 0,2%. “Existe um universo gigantesco de prescritores, mas muitos ainda não têm receituário azul ou amarelo”, finaliza Policelli.
Com perseverança e senso empreendedor, Sérgio Maeoka consolidou Nissei no top 7 do varejo farmacêutico Fotos: Leandro Luize
A expansão do modelo de drugstore no Brasil é a mais nova motivação que distancia o fundador da Nissei da aposentadoria. Aos 64 anos e hoje presidente do conselho da rede de farmácias paranaense, Sérgio Maeoka vem encampando esse desafio com a mesma perseverança que mostrou na roça ao lado dos pais, como office-boy e até como dono de pastelaria.
A expansão para o Centro-Oeste, por exemplo, é um dos desafios assumidos pelo empresário. Segundo informações do Pipeline, a Nissei fez uma proposta de R$ 30,1 milhões para adquirir 32 lojas da Drogaria Santa Marta, que está em recuperação judicial. Nesse leilão, a rede tem a prerrogativa de cobrir outra eventual oferta.
Ao receber com exclusividade a redação do Panorama Farmacêutico na sede administrativa da rede em Curitiba (PR), Maeoka logo revelou o apreço pela prática da pesca no seu tempo livre, em localidades como a Amazônia e o Panamá. Mas o que se ouviu a partir daí não foram histórias de pescador, e sim o exemplo de alguém incapaz de desistir e pronto para enxergar oportunidades tanto em águas calmas como turbulentas. Resgatar essa trajetória é fundamental para entender os caminhos que o moveram até hoje.
Após uma manhã inteira de entrevista, é impossível se surpreender com a evolução da sétima maior rede do varejo farmacêutico nacional, segundo a Abrafarma. A farmácia independente aberta em 1986 no bairro das Mercês, na capital paranaense, tornou-se um grupo com 421 lojas em três estados. Bem posicionada no Paraná e em Santa Catarina, a empresa acelera o ritmo de crescimento no maior mercado do país. São Paulo é a bola da vez, onde hoje estão 95 PDVs. Detalhe: eram apenas 22 em 2019.
Esse rápido avanço teve como um dos motores a aquisição de 39 lojas da Poupafarma, rede oriunda da Baixada Santista e com unidades também na capital paulista e no Vale do Paraíba. Muito além de negócios, a operação carrega um simbolismo familiar. Foi no Porto de Santos que desembarcou um navio de imigrantes japoneses, no início dos anos 30, marcando a chegada dos avós e pais de Sérgio ao Brasil.
Na dura jornada para encontrar uma terra disponível, os Maeoka fixaram-se em Santa Isabel do Ivaí, distrito na cidade de Paranavaí, no extremo oeste do Paraná. O primeiro terreno sequer tinha adubação, mas a família batalhou para se sustentar na região por meio da agricultura cafeeira. Foi lá que nasceu o fundador da Nissei, o terceiro de quatro filhos, em 1960.
Fundador da Nissei trabalhou na roça a partir dos cinco anos
Três anos depois, a família do fundador da Nissei viabilizou a compra de uma chácara em Jardim Alegre. “Era um terreno mais fértil, onde se podia plantar café, hortaliças, criar vacas leiteiras e até porcos. Com cinco anos de idade, lá estava eu ajudando meus pais e irmãos na lida”, relembra. Com o advento da mecanização agrícola e a urbanização acelerada, trabalhar desde cedo não era uma escolha para o filho de pequenos agricultores.
Aos seis anos começou a estudar, mas conciliando o cotidiano escolar com a capinação e a entrega de galões de leite de 12 litros. Essa era a primeira tarefa do dia e ele não hesitou em cobrar comissão pelas vendas. O espírito vendedor começava a despontar. Até que, em 1971, aconteceu a esperada mudança para a cidade grande e a família mudou-se para Apucarana.
Tudo caminhava bem até o fenômeno da geada negra, que queimou milhões de cafeeiros. O pai teve de vender a chácara e procurou empreender como dono de bar. Não deu certo e gradativamente a família perdeu patrimônio. O adolescente Sérgio Maeoka precisou olhar para outras frentes e conseguiu emprego em uma fábrica de móveis. Desistiu após 30 dias por entender que a carreira não iria prosperar e começou a atuar como entregador na Farmácia Coração de Jesus, hoje Morifarma.
“Fazia delivery, limpeza da farmácia e de frascos de penicilina e ajudava no caixa. Mas meu projeto era ser atendente. Passei a ler uma bula atrás de outra em busca de conhecimento e a promoção veio”, destaca. Aos 16 anos, obteve a independência financeira enquanto o pai se firmava em uma transportadora e a mãe como costureira. Em busca também de novos horizontes pessoais, Maeoka passou a residir em uma república com outros cinco estudantes.
Ao completar 18 anos, foi transferido para Curitiba e ganhou como bônus a participação nos lucros da rede de farmácias. “A loja da Praça Tiradentes representou outra grande escola, onde comecei a ter contato com controle de estoque, inventário e laboratório de manipulação”, conta.
Na vida pessoal, o início dos anos 80 marcou o casamento e o nascimento dos filhos Alexandre, atual CEO da Nissei, e Patrícia – que comanda a rede de pet shops Hiperzoo, controlada pelo grupo. Até que veio o fatídico ano de 1986. Maeoka já havia saído da Farmácia Coração de Jesus e foi convidado por um médico para abrir outra pequena rede de farmácias. Mas a empresa faliu após abrir quatro lojas, sem resistir à hiperinflação e ao fracasso do Plano Cruzado.
Na partilha do patrimônio dessa rede, sobraram os quatro pontos comerciais em regiões populares e de fluxo intenso. Mas como não havia capital para montar um novo negócio no mesmo local, vendeu o ponto morto, juntou economias e comprou sua primeira drogaria de 40 m² pela bagatela de US$ 10 mil.
Uma das primeiras lojas da Nissei, no fim dos anos 1980 Acervo Farmácias Nissei
Entre os pastéis e os medicamentos
Em meio a um difícil cenário econômico e tabelamento de preços, os primeiros anos foram desafiadores e fizeram o novo empreendedor ter uma ideia inusitada – abrir a pastelaria Oishi para ser tocada pelos familiares. A localização no bairro Parolin, caracterizada pela intensa movimentação de pessoas, colaborou para o sucesso do estabelecimento e para a sustentação financeira da farmácia. A dupla rotina de empreendedor durou cinco anos.
Plano Real e o primeiro grande impulso da Nissei
Sérgio Maeoka chegava a 1994 com três lojas e já mirava a quarta unidade em um dos melhores pontos de Curitiba. O proprietário do imóvel cotou a locação em dólar e o aluguel saiu por US$ 100 mil, parcelado em dez vezes. Três meses depois, o Plano Real entrava em vigor e promovia a paridade de R$ 1 para US$ 1, para sorte do empresário. “Investi em uma farmácia promissora e de quebra teria uma sobra adicional de recursos em Reais”, explica.
Nesse mesmo ano, a convite de um distribuidor, viajou para os Estados Unidos e fez uma imersão no mercado farmacêutico local. Após ter contato com a operação das drugstores, voltou ao Brasil convicto de que deveria replicar essa estratégia, mas antes seria necessário acelerar a expansão orgânica.
A rede totalizava 30 PDVs em 2000, quando uma concorrência estrangeira surgia com força. A rede chilena Farmacias Ahumada estreava no Brasil ao adquirir o controle da Drogamed. Para completar, uma lei estadual abria aos supermercados a possibilidade de ter uma farmácia, bastando que a implementasse em um ambiente segregado e com a presença de um farmacêutico.
Lojas caracterizam-se por metragem elevada e amplos corredores
Quem disse que isso fez Sérgio Maeoka esmorecer? Enquanto a Drogamed decidiu ir à Justiça para derrubar a legislação em vigor, o fundador da Nissei evitou o confronto com o influente setor supermercadista. “Se eles poderiam vender medicamentos, eu poderia comercializar outros produtos. As vigilâncias sanitárias poderiam ser um entrave, mas nenhuma lei proibia isso de fato”, observa.
A drugstore no Brasil começa a ganhar corpo
A partir de 2002, a Nissei passou a inaugurar lojas de 250 m² a 300 m², com fachada similar à de templos japoneses. Hoje, o maior PDV exibe 900 m². Dois anos depois, a rede começou a levar esse modelo para o interior do Paraná, em municípios como Londrina, Maringá e Ponta Grossa.
A diversidade de 18 mil SKUs era outro diferencial. Muito além de artigos de beleza e cuidados pessoais, os PDVs da rede paranaense dispõem de pães, iogurte, palmito e até ventilador. Outra característica é a ilha de chocolates, inspirada em estabelecimentos da Argentina.
Ilha de chocolates surgiu após visita a estabelecimentos da Argentina
Participante ativo de missões técnicas como as da Abrafarma e da Unilever, Maeoka sempre cultivou as tendências do varejo internacional. E a drugstore, em particular, era a saída para as farmácias reduzirem a dependência da categoria de medicamentos.
“Não há como agregar margem na venda de remédios. Por isso acreditamos que esse conceito é decisivo para gerar mais recorrência e receita. Conseguimos ampliar a frequência de visitas e alcançar um público mais abrangente em comparação às farmácias tradicionais”, contextualiza. O argumento faz muito sentido para alguém que assistiu à perda de toda a plantação por conta de uma única geada e à falência da farmácia causada por um plano econômico.
A diversidade deveria dar o tom às suas lojas. “Somos uma one stop shop, que permite ao consumidor resolver praticamente todas as suas necessidades em um só lugar e no momento mais conveniente”, reforça. Os números provam o sucesso. A participação dos não medicamentos no faturamento da Nissei gira em torno de 42%, contra 32% da média geral das grandes redes. As transações via e-commerce aumentaram 94% em 2023.
Café e palmito à venda revelam drugstore em estado puro
As seis marcas próprias da rede são resultados dessa estratégia. O crescimento nessa área foi de 46% no ano passado, graças a um portfólio variado que abrange higiene e beleza, suplementos, produtos nutricionais, primeiros-socorros, sabonetes, escovas de cabelo, salgadinhos, snacks e biscoitos de polvilho.
Vendas da Nissei por categoria (2023)
Fonte: Farmácias Nissei
Vendas das redes associadas à Abrafarma por categoria (2023)
Fonte: Abrafarma
Saída da concorrente e migração para outros estados
No ano passado, a rede promoveu 42 inaugurações. Só neste primeiro semestre foram abertas outras 42, incluindo mais de dez no estado de São Paulo. Na capital paulista já comanda 12 lojas em endereços bem movimentados, entre os quais as avenidas Domingos de Morais, a poucos metros da estação Ana Rosa do Metrô; e dos Jequitibás, ao lado do Terminal Rodoviário do Jabaquara.
Enquanto seguia em frente, Maeoka vislumbra o futuro. Os planos de IPO estão em suspenso por ora, mas a Nissei é registrada na CVM como classe A e vem recorrendo a expedientes do mercado financeiro e a aportes. As mais recentes movimentações foram uma captação de R$ 250 milhões, por meio de uma operação de CRI; e R$ 360 milhões que foram aportados na companhia. Um centro de distribuição na Região Metropolitana de Campinas (SP) deve ser erguido até o fim do ano.
Em função de normas legais, os planos de crescimento da companhia não podem ser divulgados. Mas o histórico indica que não devem ser modestos. Lembrando dos ensinamentos da família, ele não se cansa de prospectar terra boa e plantar para garantir a melhor colheita.
FARMÁCIAS NISSEI
Fundação: 1986
Faturamento: R$ 2,71 bilhões (balanço de 2023)
Número de lojas: 421, sendo 307 no Paraná, 96 em São Paulo e 19 em Santa Catarina
Market share: 17,51% no Paraná, 5,54%* em São Paulo e 4,24%* em Santa Catarina
(* participação considerando as cidades onde atua)
Estrutura: um CD de 17 mil m² em Colombo, com capacidade para armazenar 18 mil SKUs; e um laboratório de manipulação em Curitiba.
O projeto de expansão da FarMelhor, rede de farmácias mineira, aposta no sistema de franquias para aumentar seu número de lojas. Natural de Piumhi, a companhia já conta com mais de 460 unidades em funcionamento ou em construção. As informações são do portal O Tempo.
Representando seu Estado na 31° edição da ABF Franchising Expo, feira realizada entre os dias 26 e 29 de junho, a FarMelhor aproveitou a ocasião para divulgar seus planos e previsões.
“Na feira realizamos a captação de novos negócios e investimentos. Ali, apresentamos, de forma rápida, um pouco da marca, payback, faturamentos e detalhes básicos para o candidato. Depois da apresentação rápida, no pós-evento, fazemos um novo contato com o interessado para agendar a reunião e, ali, entender a sua expectativa, aproximar mais e escutar sobre o projeto”, explica Renan Reis, CEO da rede.
Expansão da FarMelhor deve acelerar crescimento
Com um faturamento de quase R$ 600 milhões no ano passado, as expectativas estão altas para 2024. Projeções da empresa estimam um faturamento recorde de R$ 720 milhões.
“Estamos crescendo mais que o dobro do mercado em faturamento. O setor é uma força vital para a geração de emprego, renda e riquezas para o Brasil, sempre com muita criatividade e inovação. Para os próximos anos, acredito que o segmento de franquias terá relevância igual ou maior, pois a ABF dissemina e apoia a cultura do franchising íntegro, levando ética, gestão, ordem, profissionalismo e responsabilidade. Isso gera muita força, união e parceria”, completa o executivo.
O novo CD do Grupo Boticário, inaugurado em Cajamar (SP), promete reduzir o prazo de entrega da companhia em até três dias. O centro de distribuição custou aproximadamente R$ 150 milhões e tem como foco o atendimento do marketplace e de seus parceiros B2B, como supermercados e farmácias.
A planta inaugurada conta com uma área de 30 mil m² e se une aos CDs da empresa em Registro e São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Essa concentração de CDs faz parte do projeto de criação de um novo “Polo da Beleza”, similar aos existentes nas cidades de São José dos Pinhais (PR) e Camaçari (BA).
“Em Registro, que fica em uma das regiões menos desenvolvidas economicamente do Estado, o Grupo Boticário funciona como um centro gravitacional para essas indústrias e colaboradores”, explica Sérgio Sampaio, vice-presidente de operações. Um estudo da companhia estima que o polo conta com mais de cinco mil funcionários e 2,4 mil fornecedores.
Novo CD do Grupo Boticário confirma investimento no estado
A escolha da localização para a nova planta reforça as intenções do Grupo Boticário de investimento no estado de São Paulo. Ao explicar a decisão, Sampaio destacou a importância da região para o mercado. Segundo ele, São Paulo concentra entre 30% e 35% do consumo nacional de produtos de beleza.
O executivo ainda reforçou que embora a atenção primária do centro seja a região Sudeste, a instalação deve acomodar pedidos de todo o país.