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Logística de distribuição de vacinas contra a Covid-19 no Brasil

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Logística de distribuição – A logística, no plano conceitual, é um macroprocesso da gestão da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e gerencia, com a necessária eficiência, o fluxo físico (insumos e produtos) e as informações correspondentes, do ponto inicial de fornecimento de matérias-primas, até o local onde haverá o consumo de itens acabados, pelos clientes finais (Council of Supply Chain Management Professionals – CSCMP). Esta definição provoca algumas reflexões sobre o protagonismo da logística, tanto no cotidiano das empresas e dos consumidores, bem como em eventos de grande impacto para o mercado e para as pessoas que demandam algum tipo de produto específico. Em situações emergenciais, o papel da logística cresce de valor, substancialmente.

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No momento atual da história da humanidade, o mundo mobiliza a comunidade científica, laboratórios, indústria farmacêutica e organizações multilaterais para o enfrentamento articulado à pandemia do novo Coronavírus (Sars-Cov-2 ou Covid-19). Em menos de um ano, houve um volume relevante de investimentos em pesquisas, culminando na produção de diversas vacinas que já estão sendo oferecidas a governos, em nível global. Chegou o momento de os profissionais de logística, a partir do conceito balizador supramencionado, debruçarem-se, detalhadamente, sobre os desafios logísticos a serem vencidos.

Logística, também – de forma consolidada nos ambientes acadêmico e empresarial – significa disponibilizar o produto certo, nos locais determinados, no tempo preciso, nas quantidades e qualidade exigidas. Portanto, logística significa disponibilidade plena e, no nível de serviço adequado, satisfazer a necessidade do cliente. De forma peculiar, a logística de distribuição dedica-se à entrega de produtos acabados, das fábricas até os locais de consumo. Este é foco do tema, ora discutido.

No caso particular do Brasil, o Ministério da Saúde (MS) elaborou um plano nacional de imunização (PNI), no sentido de direcionar as ações para a complexa tarefa de vacinação, no amplo espaço nacional, com diferenças geográficas marcantes. Nesse escopo, o componente logístico desafiador que se apresenta é a distribuição dos imunizantes, para que cheguem à “ponta da linha” (o ponto final da cadeia), em proveito do cliente: as pessoas que comparecerão aos postos (Unidades Básicas de Atendimento – UBS) de saúde ou demais instalações similares. Um facilitador da operação é a existência da rede do Sistema Único de Saúde (SUS), de extensa capilaridade, contando com milhares de UBS, as quais já atendem seus clientes (a população brasileira), regularmente. A seguir, será proposto um modelo baseado nos princípios da eficiência (redução de custos e otimização dos recursos), eficácia (foco no resultado: disponibilidade), simplicidade (viabilidade de execução, com os meios disponíveis) e na intermodalidade (combinação de meios de transporte).

Entende-se, assim, que um sistema de distribuição exequível seria: após a chegada das vacinas prontas – oriundas de outros países, pelo modal aéreo – em bases de pouso principais (Guarulhos, Viracopos ou Galeão, por exemplo) – aeronaves das empresas locais e, até mesmo, da Força Aérea Brasileira devem transportá-las para os aeroportos das capitais dos estados da federação. A partir daí, a intermodalidade deverá ser amplamente utilizada, uma vez que frotas rodoviárias, dotadas de caminhões com contêineres refrigerados (com temperatura compatível para cada tipo de vacina) percorrerão os percursos, previamente roteirizados, até macrorregiões (bolsões concentradores, em regiões metropolitanas ou em cidades-polo), em cada estado. Entende-se que, nesta fase, os governos estaduais deverão coordenar o emprego da frota, tendo em vista que já estarão com os seus planejamentos logísticos consolidados. Em pontos pré-estabelecidos, naqueles bolsões, haverá o transbordo (transit point) para veículos menores (caminhões-baú ou utilitários) e estes, então, mediante novas rotas programadas, deixarão as vacinas nas UBS (ou em outros locais determinados). Uma variação, nesta etapa, é a possibilidade de transporte, do aeroporto até a cidade-destino (sem mudança de veículo), quando as distâncias, a malha rodoviária e o tempo total de operação favorecerem a distribuição direta.

Deve-se atentar para as entregas a locais de difícil acesso. Em rincões da Amazônia, por exemplo, as vias de transporte são os rios e, portanto, o emprego de embarcações regionais será indispensável. O modal hidroviário, contando com meios das organizações civis, da Marinha do Brasil e do Exército Brasileiro precisam ser ativados. Além disso, novamente, o modal aéreo será necessário para a distribuição em comunidades ainda mais afastadas. Então, aviões de pequeno porte, pertencentes aos órgãos públicos presentes na região Norte, bem como helicópteros das três Forças Armadas cumprirão essa tarefa logística, notadamente, mais complexa.

Pela natureza crítica do produto, principalmente, quanto à sua conservação condicionada pelo fator temperatura e, considerando que as entregas, em muitos casos, não será imediata, do tipo “origem – destino” (aeroporto – UBS), bem como o fato de que a logística exige integração entre as suas áreas de trabalho, é preciso prever a ocupação de centros de distribuição (CD’s), para armazenagem dos imunizantes. Assim, é preciso planejar a contratação ou o estabelecimento de parcerias, com instalações logísticas dotadas de ativos de refrigeração e de movimentação de materiais (empilhadeiras, transpaleteiras etc.), em situações que exigirem a guarda temporária das vacinas. A situação ideal é que estes locais sejam os próprios pontos de transbordo, nos estados da federação.

Ainda, é interessante verificar a possibilidade de os operadores logísticos que transportarão, pelo modal aéreo, as vacinas oriundas das fábricas estrangeiras poderem pousar em outros aeroportos mais dispersos, no território nacional, por exemplo: Porto Alegre (RS), Manaus (AM), Brasília (DF) e Recife (PE). Isso reduziria o número de voos, internamente, capilarizando a distribuição. Basta adaptar o modelo inicial, a partir desses grandes hubs aéreos nacionais. Um trade-off, neste caso, é o aumento do custo de transporte (do exterior para o Brasil), o que torna esta alternativa pouco provável.

É fundamental que os agentes responsáveis pela vacinação, no Brasil, entendam, com profundidade, que a logística de distribuição dos imunizantes deve se balizar nos seguintes pilares: máxima integração durante as operações, previsibilidade, lead time curto, nível de serviço elevado, disponibilidade e valor agregado do produto ao cliente.

Enfim, espera-se que as autoridades públicas envolvidas, independentemente da esfera de governo e de variáveis políticas em jogo, priorizem o planejamento com assertividade, tempestividade e compreensão da gestão da cadeia de suprimentos em comento. Somente assim, a sociedade brasileira – cliente principal do caso concreto e urgente – será atendida plenamente, no nível de serviço que deseja e que merece.

Fonte: Administradores

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