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Mais de 40% dos casos de síndrome que ocorre na COVID-19 estão em aberto em Minas

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Um dos quadros mais críticos de doenças pulmonares, a síndrome respiratória aguda grave (SRAG) é forte indício de que o paciente pode ter a COVID-19. Mas a pendência no resultado de exames e falta de celeridade para os diagnósticos em Minas Gerais dá ampla margem para a subnotificação de casos da doença e de mortes em decorrência da infecção pelo novo coronavírus, reduzindo e pulverizando sua detecção. Levantamento feito pela reportagem do Estado de Minas compilando dados do Ministério da Saúde e de secretarias de Saúde mostra que o estado é o terceiro pior na conclusão dos diagnósticos para causas de SRAG (veja a tabela), incluindo internados e pacientes que não resistiram aos sintomas e morreram. Mantida a proporção verificada até o momento, se os resultados dos exames de todos os pacientes que tiveram esse quadro grave fossem conhecidos, os casos de COVID-19 computados entre eles poderiam crescer 78%, e o de óbitos, 27%. Até o último boletim sobre casos de SRAG em Minas, de 8 de julho, 43% dos registros não tinham diagnóstico fechado nem para COVID-19 nem para outras doenças. O estado, que está em 13º lugar em número de casos da enfermidade provocada pelo novo coronavírus, tem o terceiro pior índice de explicitação das causas de SRAG no Brasil, atrás apenas do Acre, onde a pendência chega a 53,5%, e de Santa Catarina, com 44,4%. Grandes focos da COVID-19 entregam diagnósticos com muito mais rapidez, como o Ceará, que, com 39,7% dos resultados de SARS pendentes, ocupa a oitava colocação nesse ranqueamento, que tem São Paulo (33,1%) em 15º, Rio de Janeiro (30,5%) em 19º, e Pará (16,3%) em 24º. Essa tendência vinha sendo mostrada pela reportagem do EM desde 10 de maio, quando Minas tinha o 9º pior índice de exames de SRAG pendentes. A condição mineira piorou também nos indicadores referentes a mortos com quadro de SRAG. Em maio, estava na 10ª posição em termos de exames pendentes de definição e agora ocupa também a terceira posição, com 21,3%, atrás apenas do Rio Grande do Sul (24,9%) e de Mato Grosso (22,4%). Estados que enfrentam graves crises estão mais bem posicionados, com o Ceará em quinto lugar, com 18,4% de pendentes, Rio de Janeiro em 16º (10,5%), São Paulo em 19º (8,5%) e Pará em 25º (1,9%). Aplicando-se a razão de prevalência da COVID-19 entre os pacientes com síndrome respiratória aguda grave já com resultado fechado – 56% do total, contra 44% para outras doenças – aos exames pendentes, o número projetado é de 2.937 casos da enfermidade provocada pelo novo coronavírus, contra os 1.653 já confirmados. A alta é de 78%. No caso dos mortos com o quadro de SRAG, o percentual de COVID-19 dos casos examinados com resposta é de 78% e a de outros males, 22%. Seguindo essa proporção sobre óbitos indefinidos, pode-se projetar uma subnotificação de 27%. Em vez das 354 mortes confirmadas seriam 449 no último boletim. A subnotificação mascara a gravidade da doença e atrapalha os planos de enfrentamento da pandemia, avalia o médico Marcio Sommer Bittencourt, do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP), que também é professor da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein. “É um grande problema (…). Calculamos a progressão (da COVID-19) pelos dados e a nossa capacidade de saber se a disseminação da doença está melhorando ou piorando fica comprometida”, disse. Isso ocorre num momento de maior gravidade. “Pelo entendimento que temos, mesmo com esse tipo de dificuldade de informações, acho que o panorama de Minas está mudando junto com outros estados. Há uma clara curva de aceleração em casos e óbitos e me parece que (a enfermidade) está progredindo em quase todo o estado”, afirma. O especialista destaca que a quantidade de testes é inferior ao que seria necessário e essa situação se agrava ainda mais, quando mesmo os quadros graves, internados em hospitais, ou mesmo mortos depois de sofrer SRAG acabam não sendo diagnosticados. “Teríamos de usar os testes da melhor forma possível. Mas só se usa em casos mais graves. O problema é que, com isso, quando é feito, só confirma a COVID-19 dentro dos hospitais. Não serve para o controle da epidemia. É nas comunidades que o surto ocorre. Sem testar na comunidade, ficaremos sempre no escuro”, disse Bittencourt.Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais não havia se posicionado até o fechamento desta edição.

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Seis testes para cada caso positivo

A média de testes para diagnosticar a COVID-19 em Minas Gerais é a terceira maior do país, segundo levantamento da consultoria Bain & Company, o que torna ainda mais grave a grande quantidade de exames sem conclusão apresentados por pacientes e mortos com síndrome respiratória aguda grave (SRAG). De acordo com esse estudo, em Minas Gerais são realizados seis testes para cada resultado positivo. O índice é bom para a realidade brasileira, mas ainda está aquém do mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que seria de 10 para 1, e muito longe de países onde a doença está mais controlada, como a Coreia do Sul (86 para 1), Dinamarca (60 para 1) e até mesmo a Itália (hoje já com 18 para 1). O índice mineiro perde para o Distrito Federal (10 para 1), Piauí (8 para 1) e empata com o Mato Grosso do Sul e o Paraná. Segundo o levantamento, a média brasileira é ainda pior, de dois testes realizados para cada diagnóstico positivo. “Os indicadores do Brasil relacionados à COVID-19 demonstram que o país também não tem testado de forma suficiente a sua população, gerando um atraso crítico nos números e no entendimento da situação para combate à doen- ça. O país tem apresentado um dos piores níveis de testes em todo o mundo”, informa a consultoria. O estudo reforça a subnotificação devido à lentidão nos diagnósticos. “Devido à falta de disponibilidade de testes, o Brasil tem priorizado pessoas com sintomas graves e, assim, o número total de casos confirmados torna-se altamente subestimado, com atraso nas notificações de mortes pela COVID-19”, afirma.

Fonte: MSN

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