Médicos de MG contradizem entidade nacional que pede banimento do ‘Kit Covid’

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A Associação Médica de Minas Gerais (AMMG) emitiu um comunicado nesta quarta-feira (24) que vai contra a orientação da Associação Médica Brasileira (AMB) de banir o uso de remédios como hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina, azitromicina – que não possuem eficácia científica comprovada – na prevenção ou tratamento de qualquer fase da Covid-19. A recomendação da AMB foi divulgada na terça-feira (23) por meio do boletim do Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid-19 (CEM COVID AMB).

Em nota, a AMMG afirma que segue as orientações do Conselho Federal de Medicina (CFM) e acredita que o princípio que deve, obrigatoriamente, nortear o tratamento de pacientes com diagnóstico de Covid-19 é ‘a autonomia do médico, sendo necessário que todas as orientações sobre o tratamento escolhido sejam esclarecidas ao paciente’.

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O diretor científico da AMMG, Agnaldo Soares Lima, justifica que o posicionamento da associação é uma carta-resposta à AMB que incluiu o nome da entidade médica mineira no documento sem consultá-la. ‘Essa nota foi para deixar claro aos nossos associados que não somos signatários de uma recomendação na qual não fomos consultados. Se a associação tivesse sido consultada nos manifestaríamos por uma melhor adequação do texto’, diz.

Ele ainda afirma que não se trata da associação médica mineira dizer que é a favor desses medicamentos no tratamento da Covid. ‘Discordamos de que os medicamentos deveriam ser banidos da prescrição médica. A nossa convicção é a mesma do CFM, de que médico tem autonomia para decidir sobre a prescrição de medicamentos que não estejam consagrados para uso de determinada doença, desde que ele explique ao paciente e este esteja de acordo’.

A infectologista Raquel Stucchi, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professora da Unicamp, diz que o documento da AMB não proíbe ninguém de prescrever nenhum medicamento, somente reafirma que não existe comprovação científica para o uso dessas drogas. ‘Não vejo muito sentido nesse comunicado da associação médica de Minas. A AMB não proíbe nenhum médico de prescrever nada. O documento vem em consonância com especialistas tanto nacionais como de comunidades internacionais, na área de infectologia e pneumologia, que são as que mais lidam e tem experiência com esses pacientes no dia-a-dia, e são contra o uso desses remédios que não tem eficácia cientificamente comprovada’, afirma.

Entenda

No boletim da Associação Médica Brasileira, a entidade faz diversos alertas, separados em 13 tópicos, sobre falta de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para internação, escassez de remédios para intubação de pacientes com Covid e o número de mortes no Brasil, que entre os dias 15 a 21 de março representaram 25% das mortes mundiais e nesta quarta-feira ultrapassou a marca de 300 mil óbitos. Em um dos tópicos, a AMB é enfática ao reafirmar que ‘infelizmente, medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da COVID-19, quer seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida’.

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), em um comunicado assinado em conjunto com a AMB, sobre a vacinação e tratamento farmacológico preventivo contra o coronavírus afirma que as melhores evidências científicas demonstram que nenhuma medicação tem eficácia na prevenção ou no ‘tratamento precoce’ para a COVID-19 até o presente momento. ‘Pesquisas clínicas com medicações antigas indicadas para outras doenças e novos medicamentos estão em pesquisa. Atualmente, as principais sociedades médicas e organismos internacionais de saúde pública não recomendam o tratamento preventivo ou precoce com medicamentos, incluindo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), entidade reguladora vinculada ao Ministério da Saúde do Brasil’, esclarece.

Fonte: O Tempo online

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