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Novos medicamentos antivirais podem mudar o rumo da pandemia

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Alguns anos antes da pandemia da covid-19, virologistas começaram a estudar diferentes medicamentos antivirais que pudessem oferecer proteção contra novos coronavírus potenciais. A produção não é fácil e o custo é alto. Mas com investimentos em P&D (pesquisa e desenvolvimento) de antivirais, os novos medicamentos para combater a covid-19 se revelaram promissores para o controle da doença e para a redução do risco de morte.

Ao contrário das vacinas, que têm a função de prevenir a infecção, os antivirais atuam como uma segunda linha de defesa, desacelerando e eventualmente interrompendo a evolução do quadro de infecção. Os antivirais também são importantes em casos de doenças que ainda não há vacinas eficazes, como HIV, hepatite C e herpes.

Porém, o desenvolvimento de antivirais é um empreendimento caro e complexo, especialmente em casos de doenças respiratórias agudas, que têm prazo curto para iniciar o tratamento. No caso do Sars-CoV-2, o novo coronavírus que desencadeou a pandemia de covid-19, os pesquisadores recorreram ao reaproveitamento de medicamentos ou compostos antigos que estavam sendo testados contra outras doenças.

Como funcionam os antivirais

Os vírus não são capazes de se reproduzir por conta própria. Eles dependem do mecanismo celular para a sua replicação. Isso significa que um vírus deve invadir uma célula viva e se apropriar do mecanismo para fazer milhares de cópias de si mesmo. Em seguida, as cópias escapam e infectam células hospedeiras próximas, espalhando a doença dentro do organismo, e por fim, para novos portadores.

Os medicamentos antivirais utilizam diferentes mecanismos com o objetivo de impedir a ação do vírus, alguns contam com propriedades que atrapalham os microrganismos de invadir as células humanas, parte fundamental do processo de infecção. Outros agem diretamente sobre a genética do vírus, enfraquecendo a replicação do vírus, uma vez que já tenha se inserido na célula.

Molnupiravir é testado no Brasil

Recentemente, foi aprovado no Reino Unido o uso do novo medicamento chamado Molnupiravir de administração por via oral, produzido pela farmacêutica MSD (Merck Sharp & Dohme), e está em avaliação em estudos globais de fase três, com testes em diferentes países, incluindo o Brasil. E estudos preliminares apontam que o medicamento reduziu em aproximadamente 50% o risco de hospitalização ou morte.

No país, os testes foram realizados em sete centros: Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Bento Gonçalves (RS), Curitiba (PR), e três em São Paulo (dois na capital e um em São José do Rio Preto).

O estudo denominado como MOVE-OUT (MK-4482-002) avaliou a utilização do molnupiravir como tratamento nos primeiros cinco dias de sintoma. A análise preliminar aponta que o medicamento diminuiu pela metade o risco de hospitalização ou morte.

O estudo contou com a participação de 762 voluntários que foram divididos em dois grupos: uma parte recebeu o medicamento, a outra recebeu placebo, uma substância sem qualquer efeito para o organismo.

De acordo com a MSD, 7,3% dos pacientes que receberam molnupiravir foram hospitalizados ou morreram (28 pacientes de 385), em comparação com 14,1% dos pacientes tratados com placebo (53 pessoas de 377).

A partir do sequenciamento genômico viral, os pesquisadores verificaram que o medicamento também demonstrou eficácia diante das variantes do novo coronavírus como a Gama, a Delta e a Um.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que, no dia 26 de novembro, recebeu o pedido de uso emergencial do molnupiravir da Merck. Segundo a Anvisa, o prazo de avaliação do medicamento é de até 30 dias.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), informou que o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) está em negociações avançadas com a MSD para definir parcerias para o desenvolvimento de estudos conjuntos.

Medicamento da Pfizer

A farmacêutica Pfizer, que conta com a vacina contra a covid-19, amplamente aplicada no mundo, também atua no desenvolvimento do antiviral Paxlovid.

O medicamento, é chamado tecnicamente de ritonavir, e é utilizado originalmente no tratamento do HIV, e faz parte da classe de inibidores de protease, que são substâncias capazes de inibir a ação de enzimas associadas à replicação viral.

Nos testes clínicos, a Pfizer examinou 1.219 pacientes diagnosticados com a Covid-19, com sintomas brandos a moderados e pelo menos um fator de risco para a forma grave da doença, como obesidade e idade avançada.

Em novembro, a Pfizer informou que o medicamento administrado por via oral reduziu os riscos de hospitalização e de morte em 89% em pacientes de alto risco para a Covid-19. O tratamento experimental utiliza três comprimidos, administrados duas vezes ao dia, por três dias.

De acordo com o comunicado da farmacêutica, nenhum voluntário havia morrido depois de 28 dias de tratamento.

Desenvolvimento complicado de antivirais

Os vírus são estruturas microscópicas com alta capacidade de mutação. As proteínas utilizadas por cada vírus na interação com o organismo humano durante o processo de infecção também são diferentes.

Além do investimento financeiro, um desafio para a criação de novos medicamentos antivirais são as diferentes fases de testes pré-clínicos (em animais) e clínicos (com humanos), que tem a função de analisar a eficácia, segurança e dosagem adequada das substâncias utilizadas – o que demanda tempo.

O perfil único de cada vírus também faz com que um antiviral que seja adequado para a gripe não tenha nenhum efeito positivo para o tratamento de outros vírus, por exemplo.

O SARS-CoV-2, nome técnico para o coronavírus, conta com a proteína Spike como a chave de ligação do vírus para a entrada nas células hospedeiras. Já o vírus influenza, causador da gripe comum, tem como elemento de associação com as células as enzimas neuraminidase.

Fonte: Portal Tagarelas

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/medicamentos-antivirais-surgem-como-esperanca-para-mudar-rumo-da-pandemia/

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