CPI da Covid: oposição quer que Teich explique pressão do governo por protocolo para cloroquina

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A CPI da Covid vai ouvir nesta quarta-feira o ex-ministro da Saúde Nelson Teich. A oposição vai questionar Teich para saber se o governo do presidente Jair Bolsonaro o pressionou para que o Ministério da Saúde passasse a recomendar o uso ampliado da cloroquina e hidroxicloroquina, como prevenção para a covid-19. Nesta segunda, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta disse na comissão que viu uma minuta para alterar a bula da cloroquina para incluir a indicação para Covid-19.

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Em entrevista ao GLOBO em dezembro de 2020, o ex-ministro já admitiu que sua saída se deve à pressão pela utilização de medicamentos sem embasamento científico. Teich também reconheceu que faltava ‘planejamento, estratégia, liderança, coordenação e informação’ no Planalto para lidar com a pandemia. Os senadores que se opõem ao Palácio do Planalto pretendem explorar o tema para extrair mais informações e complementar o que já foi dito por Mandetta.

– Foi um gatilho que me fez enxergar que eu não teria autonomia e legitimidade para fazer as mudanças que precisavam ser feitas. Eu poderia ter pegado carona com o Conselho Federal de Medicina (que defendeu à época a possibilidade de prescrição mais ampla, até então restrita aos pacientes graves), mas como vou aprovar um remédio que não funciona? Se meu lado técnico, que era um dos meus pontos fortes, não é respeitado, decidi que não havia como continuar – disse Teich ao GLOBO no fim do ano passado.

CPI da Covid:Randolfe e Renan querem convocar Paulo Guedes

Primeiro ex-ministro da Saúde ouvido pela CPI da Covid, Luiz Henrique Mandetta disse que viu uma minuta de documento da Presidência da República para que a cloroquina tivesse na bula a indicação para Covid-19 e que o presidente Jair Bolsonaro parecia ouvir “outras fontes” que não o Ministério da Saúde.

Segundo Mandetta, o próprio diretor-geral da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) discordou dessa medida, e o ministro “Jorge Ramos” minimizou a questão, dizendo que era apenas uma sugestão. Procurado, Mandetta esclareceu que se referiu a Jorge Oliveira, então ministro da Secretaria-Geral e hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).

– O ministro da Saúde é um ministro que é convocado pelo presidente para conversar, prestar suas explicações. Estive dentro do Palácio do Planalto quando fui informado que era para subir, porque tinha uma reunião de vários ministros e médicos que iam propor esse negócio cloroquina, que eu nunca havia conhecido. Ele [Bolsonaro] tinha uma assessoramento paralelo. Nesse dia, havia na mesa um papel não timbrado de um decreto presidencial para que fosse sugerido daquela reunião que se mudasse a bula da cloroquina na Anvisa, colocando na bula a indicação de cloroquina para coronavírus – disse Mandetta.

Questionado novamente sobre a tentativa de alterar a bula da cloroquina, o ex-ministro afirmou que a reunião em que viu a minuta aconteceu cerca de dez dias antes de ser demitido. Ele também foi questionado pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL) se a ordem para o laboratório do Exército aumentar a produção de cloroquina tinha partido do Ministério da Saúde, e Mandetta disse que não.

Pazuello adia depoimento

Agendado para falar à Comissão Parlamentar de Inquérito a partir da manhã desta quarta-feira, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello comunicou que não vai comparecer presencialmente ao Senado. Em ofício, Pazuello afirmou que teve contato com pessoas infectadas pela Covid-19 e, por isso, não poderia ir presencialmente ao Senado esta semana.

Ele sugeriu como alternativa manter a data da sessão, mas em formato remoto, o que não foi aceito pelos membros do colegiado. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), marcou novo depoimento para daqui a 15 dias. Desta forma, deve ficar para o dia 19 de maio.

Como mostrou O GLOBO nesta terça, o militar participou de um treinamento com assessores do Palácio do Planalto – que avaliaram que Pazuello está “muito nervoso”. O temperamento explosivo do general é uma das principais preocupações de integrantes do governo.

Para evitar um comportamento hostil no Senado, Pazuello assistiu a uma série de vídeos de momentos em que demonstrou irritação em público durante entrevistas coletivas e em audiências no Congresso. A preparação do ex-ministro da Saúde durou cerca de seis horas, das 14h às 20h, e envolveu também uma simulação de confronto com parlamentares, com perguntas espinhosas.

Fonte: Extra online

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‘Faz menos foguete e faz mais vacina’, diz Guedes sobre veto a verba para vacina do governo federal

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Após o governo federal vetar R$ 200 milhões para o desenvolvimento de uma vacina nacional contra a Covid-19, o ministro Paulo Guedes (Economia) disse que a decisão não coube a ele e sugeriu que ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) dê prioridade ao projeto com os recursos disponibilizados à pasta.

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“Eu até falei: ‘faz menos foguete e faz mais vacina’. Está soltando foguete e, ao mesmo tempo, não está dando vacina. Se tem prioridade, a prioridade é vacina, não é o foguete”, afirmou Guedes, relatando uma conversa com Pontes sobre o assunto.

O ministro da Economia argumentou que a pasta de Ciência e Tecnologia teve uma ampliação no orçamento neste ano e, por isso, Pontes poderia encontrar uma solução interna para não interromper a pesquisa de desenvolvimento de uma vacina brasileira.

Em março, logo após o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, anunciar que desenvolve uma vacina nacional contra a Covid-19, Pontes declarou à imprensa que já pedido à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) o aval para o início dos testes clínicos com um imunizante financiado pelo governo federal, que recebeu o nome de Versamune®-CoV-2FC.

Durante a discussão do Orçamento de 2021, os congressistas destinaram mais cerca de R$ 200 milhões a esse projeto. Mas, ao sancionar a programação de despesas do ano, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetou os gastos, o que derrubou a verba à Versamune.

Nesta segunda-feira (3), o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, declarou que o governo já procurava uma solução para destinar o dinheiro à pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia. Um dia depois, Guedes indicou que Pontes deveria buscar recursos dentro do orçamento da própria pasta.

O ministro da Economia participou de uma audiência pública na Câmara com deputados membros de quatro comissões: trabalho, finanças e tributação, educação e seguridade social.

Ele tentou se defender de frases recentes que causaram repercussão e, após mais um ano, justificou a declaração de que, com R$ 5 bilhões, aniquilaria o novo coronavírus. “Volta e meia eu solto uma expressão infeliz, mas que é tirada de contexto totalmente”, argumentou.

Segundo Guedes, a frase de 2020 foi dita como uma comemoração por um acordo político que destinaria R$ 5 bilhões do Orçamento para ajudar no combate à Covid-19, pois ele já sabia naquela época que mais recursos seriam necessários para enfrentar a pandemia.

O ministro voltou a se defender das críticas em relação a outras declarações, como a de que a China “inventou” o coronavírus. Ele afirmou que se referia à origem do vírus e reforçou que tomou a vacina desenvolvida pelo chineses, a Coronavac.

Fonte: Diário de Cuiabá

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Empregos na área de farmácia devem crescer 15% em Maio

Hoje em dia, as farmácias vão além da venda de medicamentos, mais do que isso, elas estão se tornando pontos de prestação de serviços à sociedade. Alguns exemplos desses serviços são a aplicação de injeções e vacinas – pelo farmacêutico bem capacitado- e a aferição de pressão arterial, serviço à disposição em lojas que não se limitam ao comércio, assim como os testes de Covid-19. Dados recentes divulgados pela Febrafar (Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias) apontaram que o mercado farmacêutico cresceu 11,16% no último ano.

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Esse aumento também refletiu no CEBRAC (Centro Brasileiro de Cursos), que viu no último ano um aumento de 20% na demanda pelo curso de Farmácia e 32% no de Cuidador. A plataforma CEBRAC EMPREGOS, registrou um aumento na procura por profissionais ligados ao atendimento em farmácia de 15%. Foi através desse curso que Lucas Pugliesi, 23 anos, conseguiu um emprego em uma farmácia na cidade de Franca- SP, mesmo em meio ao cenário da pandemia. ‘Eu a minha vida inteira convivi com meu pai enfermo, e precisava auxiliar ele nas medicações. Isso me inspirou a entrar na área da saúde. Porém, com o curso, pude me aprimorar e realmente aprender todo o trabalho que envolve estar em uma farmácia. Não vendemos simplesmente remédios, mas orientamos, ouvimos e buscamos ter empatia com todas as pessoas’, explica o recém formado pelo CEBRAC.

Para Bruno Steffens, professor dos cursos de Farmácia e Cuidador, muitos alunos entram no curso pelo fato de já cuidarem de algum familiar ou pessoa próxima, mas procuram estender seus conhecimentos. ‘Quando meus alunos finalizam os cursos, vejo que esse sentimento se modifica. Eles terminam já projetando entrar no mercado, seja de forma autônoma ou contratados por alguma rede. Aqui na nossa cidade, temos dois hospitais que são referência e ver os horizontes se ampliando é a parte mais satisfatória do meu trabalho’, explica ele.

O professor que atua há mais de 8 anos na área da saúde e tem pós-graduação em Educação ressalta que o perfil dos dois cursos é muito diferente. No Curso de Farmácia é possível notar a incidência de alunos mais jovens, que precisam se desenvolver pessoalmente e profissionalmente. Ao contrário disso, no Curso de Cuidador, os alunos são pessoas mais maduras que buscam qualificação, mas que já trabalham de maneira informal na área. ‘A pandemia trouxe para as pessoas um sentimento de cuidado mais intenso com a saúde e as pessoas viram nisso a oportunidade de conseguirem uma renda, com vagas para suprir o setor. Com a metodologia Pronline, exclusiva do CEBRAC, meus alunos mesmo à distância têm a prática como se estivéssemos em sala de aula; hoje os estabelecimentos buscam essa agilidade nas pessoas. Por isso, a exemplo do Lucas, tenho vários alunos que estão bem empregados’, afirma o professor.

Além disso, o CEBRAC ainda possui o CEBRAC EMPREGOS , o qual encaminha os alunos e familiares para o mercado de trabalho. ‘Nós fazemos contato e parceria com empresas e instituições locais; sempre ofertamos vagas aos nossos alunos. Somos mais que uma rede de cursos, nós queremos proporcionar a melhora na qualidade de vida das pessoas’, assegura Rogério Silva, CEO do CEBRAC.

Fonte: Diário da Cidade

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Mandetta defende treinamento de profissionais

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O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta afirmou nesta terça-feira (4) que não há no Brasil um protocolo uniforme e um treinamento de profissionais de saúde para realizar intubação e outros procedimentos frequentes no tratamento de pacientes com covid-19. As informações são da Agência Brasil.

‘A gente dá um CRM [registro no Conselho Regional de Medicina] e o cara fica com CRM para o resto da vida’, disse Mandetta em depoimento à Comissão Parlamentar (CPI) da Pandemia no Senado.

Aos senadores, o ex-ministro da Saúde considerou que até abril de 2020 – à época que respondia pela pasta – as políticas de isolamento social eram “adequadas” para aquele momento da pandemia. “Adequado por causa do índice de transmissão do vírus. O vírus era muito competente. Nós estamos com um sistema que não tinha naquele momento condição de responder”, justificou.

Mandetta acrescentou que escreveu uma carta em defesa do isolamento para o presidente, que foi entregue em uma reunião com outros ministros no Palácio do Alvorada.

O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), questionou Mandetta se o ministério recebeu alguma proposta técnica sobre a ideia de ‘isolamento vertical’ por parte da Presidência da República. Mandetta negou. No isolamento vertical, o objetivo é aumentar a imunidade das pessoas, isolando apenas os grupos de risco da covid-19. Mandetta afirmou que pelo fato de o vírus ser ‘competente em sua transmissão’, o isolamento horizontal que envolve toda a população seria adequado no início da pandemia.

Perguntado sobre o aumento da produção de cloroquina pelo laboratório químico e farmacêutico do Exército, o ex-ministro disse aos senadores que a ordem para o aumento da produção do fármaco não partiu da Saúde. Aos senadores, Mandetta afirmou que a única coisa em relação à cloroquina que a pasta fez, após consulta ao Conselho Federal de Medicina (CFM) foi na direção do chamado uso compassivo da medicação.

Luiz Henrique Mandetta disse a CPI que cobrava da Anvisa uma fiscalização mais rigorosa em portos e aeroportos quanto à entrada de pessoas vindas de países com registros da covid-19, mas reconheceu que o número de fiscais é insuficiente. Apesar da defesa, o ex-ministro acredita que mesmo uma ação mais intensa da agência não seria suficiente para conter a chegada e o espalhamento da doença pelo país. ‘Não havia como fazer proibição de voos’, avaliou.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico


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Em CPI, Mandetta diz que não defendeu kit covid por não ter eficácia

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O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta concedeu, nesta terça-feira (4), o primeiro depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, no Senado, que apura a conduta do governo federal durante a pandemia e o repasse de recursos da União para os estados. As informações são da Agência Brasil.

Mandetta foi ministro da Saúde do começo de 2019 até o dia 16 de abril do ano passado, quando o país registrou 188 novas mortes e alcançou 1924 vítimas da covid-19. A maior parte das perguntas foi no sentido de entender quantas dessas mortes, que hoje passam de 410 mil, poderiam ter sido evitadas.

Os senadores perguntaram por que o ex-ministro não defendeu o uso de remédios do chamado kit Covid, como fizeram outros integrantes do governo. Luiz Henrique Mandetta afirmou que, diante de métodos científicos, esses medicamentos não tiveram eficácia.

Luiz Henrique Mandetta disse que, enquanto esteve no cargo, o Ministério da Saúde não pediu que o laboratório do Exército fabricasse cloroquina. Ele contou que, dias antes de ser demitido, participou de uma reunião no Palácio do Planalto, sem o presidente Jair Bolsonaro, em que foi apresentada uma proposta de decreto presidencial para alterar a bula da cloroquina e incluir a covid-19 entre as doenças para as quais o medicamento seria indicado. O então ministro disse que ele e o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, informaram que bula é alterada pela agência reguladora e não por decreto.

Mandetta também respondeu sobre as orientações para a população. Os senadores perguntaram se o ministério recomendava que as pessoas com covid só procurassem atendimento médico quando a situação se agravasse. O ex-ministro afirmou que as orientações atuais são as mesmas desde a declaração de pandemia, em março do ano passado.

Luiz Henrique Mandetta disse que sempre se baseou em evidências científicas e orientou a população a praticar a etiqueta respiratória, higiene das mãos, uso de máscara e afastamento social. Segundo ele, essas são as únicas formas de prevenir a doença.

Os depoimentos de outros dois ex-ministros da Saúde foram adiados. O de Nelson Teich passou para esta quarta-feira (5), às 10 horas da manhã, e o de Eduardo Pazuello ficou para o dia 19 de maio. Mais cedo, Pazuello informou que, no último domingo, teve contato com dois servidores do Palácio do Planalto que testaram positivo para covid.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico


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Uso de anticorpos monoclonais contra covid-19 anima cientistas nos EUA

Cientistas da Universidade Vanderbilt, em Nashville (EUA), têm se mostrado animados com os resultados dos estudos realizados com os medicamentos que estão desenvolvendo para combate à covid-19 em parceria com a farmacêutica inglesa AztraZeneca. Tratam-se de anticorpos monoclonais, que estão se consolidado como mais uma possibilidade promissora para responder à pandemia. As informações são da Agência Brasil.

“Estamos muito otimistas. Acreditamos que eles poderão se tornar uma ótima solução”, disse o imunologista James Crowe, durante 5º Simpósio Internacional de Imunobiológicos, evento organizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ele participou hoje (4) de um painel que discutiu como a pandemia tem mudado a indústria de biofármacos. “Assim como ocorre com as vacinas, temos experimentado uma velocidade extraordinária nas descobertas sobre anticorpos monoclonais”, disse.

Os anticorpos monoclonais são produzidos em laboratório e são largamente utilizados na terapia de algumas doenças, como alguns tipos de câncer. Há duas semanas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial para o tratamento de covid-19 de um medicamento desenvolvido pela farmacêutica norte-americano Regeneron. Ele combina dois anticorpos monoclonais: o casirivimabe e o imdevimabe. A administração por infusão intravenosa está permitida para pacientes que tenham a doença confirmada por exame laboratorial e alto risco de progredir para quadros graves. O uso do medicamento contava também com o aval da Food and Drug Administration (FDA), agência federal dos EUA.

Fase 3

Crowe apresentou detalhes da evolução da pesquisa da Universidade Vanderbilt, que está na reta final dos testes clínicos de fase 3. O estudo começou usando amostras do sangue de pessoas que foram contaminadas no final de dezembro de 2019 em Wuhan, cidade chinesa que detectou o primeiro surto de covid-19. As amostras foram coletadas em março de 2020, quando os voluntários já haviam se recuperado da doença. Os anticorpos foram detectados, os genes foram sequenciados e, a partir deles, foi feita a produção de DNA sintético.

Milhares de anticorpos monoclonais recombinantes foram desenvolvidos e submetidos a um estudo para saber quais deles eram capazes de inibir o coronavírus. A partir dessa seleção, iniciou-se o teste com camundongos em abril de 2020.

“Posteriormente passamos para um modelo de primatas. Os animais receberam os anticorpos monoclonais e foram inoculados com o coronvírus. Fizemos o teste para detectar o coronavírus no nariz e nos pulmões e não encontramos nenhuma única molécula de RNA. E o grupo de controle tinha bastante. Foi o sinal o verde”, conta Crowe.

Os testes clínicos estão utilizando um coquetel com dois anticorpos monoclonais. Segundo o imunologista, separados eles já deram bons resultados e juntos parecem atuar em sinergia. Ele afirma que uma vantagem do medicamento em desenvolvimento é a possibilidade de aplicação de uma única injeção intramuscular, não sendo necessária a administração intravenosa. “Parecem também muito bons contra as variantes de preocupação conhecidas até agora”, acrescentou. O sucesso da pesquisa levou o governo dos EUA a reservar US$ 486 milhões para financiar o desenvolvimento dos medicamentos se os estudos forem bem sucedidos.

Vacinas

Mais cedo, em outro painel, a geneticista Ana Tereza Vasconcelos também destacou os bons resultados das vacinas contra as variantes conhecidas. Ela é pesquisadora do Laboratório de Bioinformática do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC). Vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o LNCC tem se dedicado ao sequenciamento de genomas e identificação das mutações do coronavírus.

Vasconcelos explicou que existem as variantes de preocupação, que são as que ampliam a transmissibilidade ou a frequência de formas graves da doença que demandam hospitalizações, e as variantes de interesse, a partir das quais são mapeados marcadores genéticos específicos que podem ser motivo de atenção. Atualmente, há três principais variantes de preocupação, uma delas originada no Brasil, conhecida como p1. “Até esse momento, não parecem prejudicar a ação da vacina”, afirmou a geneticista.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico


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Monitorar reações a remédios contra covid deve entrar na rotina de médicos

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Com o uso indiscriminado das medicações do kit covid, ineficazes contra o vírus, médicos avaliam que questionamentos sobre uso desses remédios devem passar a fazer parte da rotina no atendimento de pacientes. Casos de queixas cardiovasculares e hepáticas estão entre os que exigem mais atenção.

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O aumento dos chamados eventos adversos já é notado por profissionais, mas ainda não é possível estimar danos em longo prazo. Isso porque os medicamentos têm sido usados fora do previsto pela bula e não há estudos mostrando os impactos do “coquetel”, formado por hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina, azitromicina e nitazoxanida – associados ou não. Conforme o Estadão revelou, médicos já relatam pacientes na fila de transplante de fígado após o uso de ivermectina.

No Painel de Notificações de Farmacovigilância, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) registra suspeitas de eventos adversos de medicamentos e vacinas. Embora não seja possível estabelecer que os efeitos adversos realmente foram causados pelas medicações, já que podem estar relacionados com doenças pré-existentes ou com interações medicamentosas, os dados apontam um aumento dos registros tanto nos remédios de um modo geral quanto nas medicações do kit covid.

Em 2019, foram 8.578 notificações de eventos adversos causados por medicamentos e o número saltou para 19.464 em 2020. A cloroquina, amplamente defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, registrou 139 episódios em 2019. No ano seguinte, saltou para 916, alta de 558%.

A hidroxicloroquina e a ivermectina não tiveram registros em 2019, mas apresentaram 150 e 11 notificações, respectivamente, em 2020. Já a azitromicina passou de 25 para 80. Apenas a nitazoxanida apresentou queda, de oito para quatro. A Anvisa destaca que o painel “não apresenta resultados da análise de causalidade, assim, todos os casos são suspeitos” e alerta para riscos do uso indiscriminado e sem orientação médica. Para dificultar o cenário, os pacientes têm usado os produtos em quantidades e intervalos variados.

“Já tem sido observado em todo o País que há casos de alterações hepáticas e cardiológicas. Perguntar sobre medicações em uso já faz parte da nossa rotina e já lidamos com medicações que trazem efeitos colaterais. O que acontece é que ainda não tinha número tão grande de pessoas usando essas medicações do kit covid. Não basta perguntar se a pessoa teve covid e usou, porque tem pessoas que fazem uso de forma preventiva, embora essas medicações não tenham indicação para a doença”, diz Fabiano Gonçalves Guimarães, membro da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC).

Segundo ele, pacientes que fizeram uso da medicação podem manter a rotina de check-ups, mas devem ficar atentos a mudanças. “Alterações das fezes ou urina, sensação de palpitação ou cansaço podem ser sintomas.” Guimarães afirma que, no futuro, médicos podem ter de lidar com efeitos ainda desconhecidos do uso em longo prazo ou em doses altas dessas drogas.

“Quando a gente pensa em danos por uso, sabemos que tem (casos) pelo uso habitual, mas desconhecemos que efeitos podem ocorrer por uso prolongado de medicações que não foram testadas para isso. Podemos ser surpreendidos por danos e efeitos colaterais”, alerta ele, que é médico da família. “E não temos dimensão de quantas pessoas fazem uso e teremos dificuldade de avançar nas pesquisas (sobre o tema), porque não temos referências internacionais, já que o kit está sendo usado basicamente no Brasil. Estudos internacionais foram interrompidos quando o dano causado pela medicação foi apresentado”, completa Guimarães

Consultor do Comitê Extraordinário Covid AMB, da Associação Médica Brasileira, o médico infectologista Alexandre Naime Barbosa diz que já há estudos que comprovaram que as drogas não são eficazes contra a covid, mas médicos continuam prescrevendo e pessoas se automedicam, mesmo diante dos riscos.

“Se juntar todos os estudos, já está muito claro que esse tratamento é ineficaz. Outras drogas têm ausência de benefício, como é o caso da ivermectina. O uso diário levou a cinco casos de toxicidade grave. Três evoluíram para óbito e outro saiu do quadro por um transplante hepático. No futuro, teremos de levar isso em consideração no nosso racional clínico, quando fazemos as hipóteses. Teremos de perguntar se o paciente tiver arritmia, exames hepáticos alterados.”

Barbosa, chefe do Departamento de Infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Botucatu, estima que, com o alto consumo dessas medicações, é possível que haja uma população acometida pelos impactos do uso indiscriminado no futuro. “Vamos ter um porcentual da população de arritmia por hidroxicloroquina e com questões hepáticas por ivermectina. É como se as pessoas estivessem tomando veneno. É inacreditável o que está acontecendo.”

Ivermectina registra 769% de aumento nas vendas

Dentre os medicamentos do kit covid, a ivermectina apresentou o maior crescimento de vendas no 1º bimestre de 2021 – 769% ante o mesmo período de 2020, quando o País ainda não era impactado pela doença. Os dados são do Conselho Federal de Farmácia (CFF) com dados da consultoria IQVIA, que analisou ainda a alta nas vendas de hidroxicloroquina (+173%), azitromicina (+123%) e nitazoxanida (+16%). Diarreia, náuseas, dor abdominal, tontura, vômitos e taquicardia estão entre os principais efeitos adversos dessas medicações, segundo as bulas desses medicamentos.

“A identificação de eventos adversos sempre vai exigir a comunicação para a vigilância sanitária, porque a Anvisa ter´q mecanismos para identificar suspeitas de efeitos adversos. Muitas reações são comuns a vários medicamentos, então, tem de investigar. Às vezes, pensa que é reação a um medicamento A e é um B, tem reações relacionadas à dose. Mas, provavelmente, está tendo sinergias de efeitos, reações ao kit como um todo”, sugere Wellington Barros, consultor do CFF.

Segundo ele, os farmacêuticos já recebem a recomendação de orientar pacientes sobre interações medicamentosas e alertar sobre efeitos adversos. Isso foi reforçado na pandemia. “No uso de medicamentos off label para covid, entre abril e maio, o CFF lançou carta aberta e encaminhou a todos os farmacêuticos para controlar e monitorar esses casos. O conselho recomenda ainda que o profissional verifique se foi assinado o termo de ciência e consentimento entre médico e paciente para o uso dessas medicações em casos de infecção pelo vírus.

Fonte: A Crítica de Campo Grande

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Para especialistas, declarações de Mandetta não surpreendem

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Apesar de o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta ter detalhado, na CPI da Covid, questões importantes sobre o enfrentamento da pandemia da covid-19 e compartilhado informações inéditas, especialistas avaliam que, no geral, muito do que foi dito por ele já havia sido observado no país desde o início da crise sanitária.

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O ex-ministro afirmou, por exemplo, que a dubiedade entre as recomendações do Ministério da Saúde e as do presidente Jair Bolsonaro confundiu a população. Isso já vinha sendo destacado por cientistas e  entidades e profissionais da saúde. Eles apontavam que o chefe do Executivo dá mau exemplo ao não usar máscara de proteção e ao promover aglomerações.

Fundador e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gonzalo Vecina Neto disse não ter dúvida de que o Brasil teria menos mortes e mais vacinas se o governo tivesse agido da forma adequada. “Eu não tive nenhuma surpresa com o que ele falou. Já tinha observado tudo isso. Não fui surpreendido por nada, e acho que ninguém vai se surpreender”, afirmou. “As coisas são tão óbvias que não precisa de CPI para saber que o que está acontecendo no Brasil é culpa do presidente da República.”

Vecina Neto avaliou que, apesar dos alertas de Mandetta, o ex-ministro errou em dois momentos ao longo de sua gestão: na reestruturação da atenção primária à saúde, “que foi mais uma resposta ao Ministério da Economia para redução de gastos”, e em relação aos testes de coronavírus. “Não houve insistência grande, e a compra dos testes foi meio atabalhoada. Tanto que parte dos testes ficou estacionada no ministério”, enfatizou.

Comportamento

O diretor científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, José Davi Urbaez, ressaltou que especialistas e autoridades sanitárias “têm apontado esse comportamento ruim do governo federal” há tempos. “É uma série de empecilhos, como tratamento precoce, que não tem evidência científica, e essa questão de negar, de maneira sistemática, todas as normas que a OMS (Organização Mundial da Saúde) indica, como uso de máscara, distanciamento social, restrição de circulação de pessoas”, frisou.

Urbaez destacou que “se isso tivesse sido colocado em prática, teríamos evitado, com certeza, uma grande quantidade de mortes”. O médico citou que a história seria completamente diferente, até pelo perfil do Brasil, que tem um Sistema Único de Saúde (SUS) “com experiência no manejo de doenças infecciosas”.

Infectologista do hospital Emílio Ribas, em São Paulo, Jamal Suleiman disse não haver dúvida alguma de que o país teria menos mortes se o governo federal tivesse tomado as medidas corretas no momento certo. Ele disse ser fundamental que a autoridade (o presidente) acolha as ideias e indicações dos seus assessores — no caso, o ministro –, o que não foi feito. “Poderia ser diferente, se a pessoa (presidente) fosse diferente”, afirma, pontuando que, como observador do processo e das ações do Executivo, não se surpreendeu com o que foi dito por Mandetta.

Bolsonaro ironiza o ex-ministroNo dia em que o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta fez declarações à CPI da Covid que comprometem o governo federal, o presidente Jair Bolsonaro não dedicou muito tempo ao ex-aliado durante o encontro diário com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada. “Mandetta é aquele do fique em casa e continue sem ar”, afirmou aos simpatizantes. A declaração é uma referência às orientações da pasta sob a gestão Mandetta para que pessoas acometidas pela covid-19 procurassem atendimento médico somente em caso de sintomas graves. À época, a medida foi defendida por especialistas como forma de proteger o sistema público de saúde do colapso.

Fonte: Correio Braziliense

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Ex-ministro denuncia ação paralela no governo

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Em mais de sete horas de depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta detalhou procedimentos que adotou contra a pandemia e acusou o governo de investir em práticas anticientíficas no enfrentamento da crise sanitária. O ex-titular da pasta revelou a existência de uma “assessoria paralela” de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro e disse que o filho 02 do chefe do Planalto, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), costumava participar de reuniões ministeriais no Palácio do Planalto.

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“Testemunhei várias vezes reunião de ministros em que o filho do presidente, que é vereador do Rio de Janeiro, estava sentado atrás dele tomando notas. Eles tinham reuniões dentro da Presidência”, frisou. Num desses encontros, conforme Mandetta, havia um ofício recomendando que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alterasse a bula da cloroquina para especificar que o medicamento tratava a covid-19.

“Ele (Bolsonaro) tinha um assessoramento paralelo. Havia sobre a mesa um papel não timbrado de um decreto presidencial para que fosse sugerido, naquela reunião, mudar a bula da cloroquina na Anvisa, para que na bula tivesse a indicação do medicamento para o coronavírus. O presidente da Anvisa (Antonio Barra Torres) disse que não”, contou. O ex-ministro afirmou, ainda, que o chefe do Planalto se encontrava com pessoas que não integravam o governo, entre eles, médicos que faziam recomendações sobre enfrentamento à doença.

Questionado se Bolsonaro foi alertado, direta e objetivamente, em reuniões presenciais e por meio de documentos por escrito que a conduta adotada pelo mandatário, de minimizar o efeito do vírus, poderia levar o Brasil a uma catástrofe, Mandetta respondeu: “Todos os ministros participavam, às terças-feiras, de reuniões específicas sobre isso. Além de eu ter entregue uma carta em mãos ao presidente”, disse. No documento, que foi levado pelo depoente aos parlamentares, está o pedido expresso para uma mudança de postura por parte de Bolsonaro, que fosse alinhada com as orientações científicas sobre a doença, “uma vez que a adoção de medidas em sentido contrário poderá gerar colapso do sistema de saúde e gravíssimas consequências à saúde da população”.

De acordo com Mandetta, tal dubiedade de recomendações confundiu a população, dificultando a condução da pandemia. Enquanto o Ministério da Saúde queria instituir uma campanha publicitária recomendando o uso de máscaras e o distanciamento social e alertando sobre a gravidade do vírus, Bolsonaro propunha uma propaganda que emitisse a ideia de que o Brasil ia vencer o vírus. “Uma mensagem mais ufanista (…). O que me restava era usar a tradição oral, verbal, para fazer chegar à ponta a mensagem limpa para que (os municípios) pudessem construir a linha de defesa”, completou o ex-ministro.

Economia

Além de críticas a Bolsonaro, Mandetta disparou contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, classificado por ele como “desonesto intelectualmente, uma coisa pequena, um homem pequeno para estar onde está”. Para o ex-titular da Saúde, Guedes e Bolsonaro fizeram escolhas que levaram ao aprofundamento da pandemia. Na avaliação dele, os dois optaram por priorizar a economia no combate à covid-19, mesmo com informações sobre o número provável de mortos e sobre o momento em que ocorreria uma segunda onda. Mandetta disse, ainda, que Guedes pode ter induzido ao erro até mesmo empresários e operadores do mercado.

O ex-ministro disse que Guedes não respondia seus telefonemas nem recados e parecia descolado da realidade no que diz respeito à gravidade do coronavírus. “O distanciamento da equipe econômica era real. Não posso negar. Eu dialogava com o segundo escalão sobre algumas questões, mas, entre ministros, telefonemas, recados para conversar com ministros não eram respondidos”, relatou.

“Em algumas reuniões no ambiente de gabinete de ministros, havia uma visão muito menor da gravidade. Eu dizia que a crise ia longe, e o ministro falava que o Brasil cresceria 2,5%, mas que, com a covid, cairia para 2%. Eu disse que não estavam compreendendo o tamanho da confusão”, recordou.

Para Mandetta, Bolsonaro e Guedes pareciam apostar em um efeito de rebanho que acabaria em setembro ou outubro de 2020, e isso teria induzido o governo a aceitar o auxílio emergencial de R$ 600, acreditando que, em quatro meses, não seria mais necessário um socorro aos vulneráveis. Leia abaixo os principais tópicos abordados na comissão e as respostas do ex-ministro.

“Festival de mentiras”Pelas redes sociais, Carlos Bolsonaro rebateu Mandetta, classificando como inverídicas as declarações do ex-ministro. “Festival de mentiras. Circo boçal de narrativas. Se a lei valesse de verdade, um sujeito que se preza mentir descaradamente onde a lei diz que não deveria, sair preso desse local era o esperado em um país sério. Mas vivemos no Brasil, onde tudo acontece ao contrário”, escreveu.

Ponto a ponto Luiz Henrique Mandetta

Assessoramento paralelo

“Eu estive dentro do Palácio do Planalto quando fui informado, após uma reunião, que era para eu subir para o terceiro andar, porque tinha lá uma reunião com vários ministros e médicos que iam propor esse negócio de cloroquina, que eu nunca tinha conhecido. Quer dizer, ele (Bolsonaro) tinha um assessoramento paralelo. Acredito que o presidente construiu, fora do Ministério da Saúde, alguns aconselhamentos que o levaram para essa tomada de decisões.”

Decreto sobre cloroquina

“Havia sobre a mesa um papel não timbrado de um decreto presidencial para que fosse sugerido daquela reunião que se mudasse a bula da cloroquina na Anvisa, colocando na bula a indicação da cloroquina para coronavírus. Alguém teve essa ideia, eu não saberia dizer quem teve, mas isso aconteceu. O próprio presidente da Anvisa, Barra Torres, disse não.”

Prescrição da cloroquina

“A única orientação sobre cloroquina que partiu do ministério foi sobre o uso compassivo, quando não há outro recurso, para pacientes graves em ambiente hospitalar. A cloroquina tem margem de segurança estreita. Ela tem uma série de reações adversas e cuidados que devem ser feitos.”

Atitudes de Bolsonaro

“Cada vez que se falava com presidente, ele compreendia, ‘não vamos aglomerar’, então eu saía, sim, animado. Ele compreendia e falava que ia ajudar, mas passavam dois, três dias e voltava à situação de aglomerar. Por isso, para ele ficou difícil me manter no cargo, já que deixei claro que não abandonaria o cargo, e ele continuou fazendo a mesma prática.”

Falta de consenso

“O Ministério da Saúde foi publicamente confrontado: dava uma informação, e o presidente dava outra. Em tempos de epidemia, você tem que ter a unidade, uma fala única.”

Foco na ciência

“Todas as nossas orientações foram acertadas, baseadas na ciência, na vida e na proteção, comprovadas ao longo da pandemia. Embora algumas pessoas não tenham compreendido bem.”

Negacionismo

“Ex-secretários de Saúde e parlamentares falavam publicamente que essa doença não ia ter dois mil mortos. Acho que, naquele momento, o presidente entendeu que aquelas outras previsões poderiam ser mais apropriadas.”

Medidas restritivas

“O Brasil não fez nenhum lockdown, sempre estivemos um passo atrás do vírus (…). Uma das coisas que deveria ter sido feita era um inquérito epidemiológico, mas paramos de fazer.”

Guedes

“Esse ministro Guedes, da Economia, é desonesto intelectualmente, uma coisa pequena, um homem pequeno para estar onde está”

Saúde x economia

“O distanciamento da equipe econômica era real. Não posso negar. Eu dialogava com o segundo escalão sobre algumas questões, mas entre ministros, telefonemas e recados para conversar com ministros não eram respondidos.”

Relação com a China

“Eu tinha dificuldade com o ministro das Relações Exteriores (Ernesto Araújo, à época). O filho do presidente que é deputado federal (Eduardo Bolsonaro) tinha rotas de colisão com a China por meio do Twitter. Um mal-estar. Fui um certo dia ao Palácio do Planalto, e os três filhos do presidente (Eduardo Bolsonaro, vereador Carlos Bolsonaro e senador Flávio Bolsonaro) estavam lá. Disse a eles que eu precisava conversar com o embaixador chinês. Pedi uma reunião. ‘Posso trazer aqui?’ ‘Não, aqui não’. Existia uma dificuldade de superar essas questões. Esses conflitos dificultavam muito a boa vontade.”

Orientação em casos graves

“As pessoas procuravam hospitais em busca de fazer testes, mas, em 99,9% dos casos, eram outros vírus. Se houvesse um paciente lá positivo, ele ia contaminar na sala de espera. Tenho visto essa máxima ser repetida e tenho percebido que é mais uma guerra de narrativa.”

Respiradores

“O Brasil foi o país que comprou os respiradores pelo valor mais baixo do mundo e os entregou 100% na ponta. Compramos 15 mil respiradores a um custo unitário de R$ 13 mil. Arbitramos, fizemos a encomenda e conseguimos garantir o abastecimento de toda a rede nacional.”

Testagem

“Em março de 2020, iniciamos o processo de compra de 24 milhões de testes. Posteriormente, vimos pararem muitas coisas e não colocarem nada no lugar. A testagem é uma delas.”

Fonte:

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2021/05/04/lucro-da-pague-menos-salta-380-no-primeiro-trimestre/

Abrafarma lança App para vacinação da Covid-19 em farmácias

Sergio Mena Barreto 3

 Mais uma iniciativa do varejo farmacêutico em defesa da ampliação do acesso à saúde. A Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) desenvolveu um aplicativo para auxiliar a população na campanha nacional de vacinação contra a Covid-19 do governo federal.

O CEO da entidade, Sérgio Mena Barreto, apresentou a novidade durante uma coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (dia 5), sobre as ações em comemoração aos 30 anos da Abrafarma.

Denominado Vacina na Farmácia, o App será disponibilizado tão logo haja oferta dos imunizantes disponíveis e autorização do governo. Com ele, a população poderá agendar uma data para ser vacinada e por meio do CEP o sistema indicará a farmácia mais próxima de sua residência fornecendo um QR code com a data, o endereço da farmácia e as informações exigidas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI). O App também terá um lembrete para a segunda dose e a carteira de vacinação.

Dois milhões de doses por dia

“Estamos mantendo conversas avançadas com Ministério da Saúde para disponibilizar as mais de 5.500 salas de vacinação das 26 redes associadas à Abrafarma. O próprio ministro Marcelo Queiroga já nos chamou para um diálogo e assim que tiver vacinas, acredito que isso ocorrerá em junho ou julho, teremos condições de aplicar cerca de 2 milhões de doses por dia ou 10 milhões por mês auxiliando o SUS”, afirma Barreto. O executivo fez questão de enfatizar que as farmácias não estão pleiteando a compra de vacinas, e sim fazer com que a fila do Ministério da Saúde ande mais rápido.

A Abrafarma também ressaltou que colocou à disposição 40 centros de distribuição para apoiar a logística das vacinas. “Já temos a premissa de transportar com refrigeração grandes quantidades de medicamentos. As redes associadas distribuem todos os dias 10 milhões de itens dos seus CDs às suas farmácias”, explica. No momento algumas redes de Porto Alegre (RS) e do estado de São Paulo estão auxiliando as prefeituras com postos de vacinação auxiliares contra o novo coronavírus.

Seis milhões de testes rápidos

Barreto também apresentou os dados mais recentes em relação aos testes rápidos de detecção da Covid-19 realizados nas farmácias. Até o último domingo, 2 de maio, foram realizados mais de 6 milhões de testes, em 3.760 farmácias, sendo 20,88% positivos e 79,12% dos testes negativos. “Em um país que não está testando, nosso painel tem servido de referência para o acompanhamento do comportamento da pandemia”, ressalta.

Apesar dos testes rápidos representarem aproximadamente 1% do total do faturamento das farmácias, o CEO destaca a importância social do serviço. “Muito mais do que o resultado financeiro é contribuir com as empresas e os trabalhadores para que as cidades possam retomar suas atividades”, explica.

Vacinação dos farmacêuticos

Questionado sobre como está o processo de vacinação contra a Covid-19 entre os farmacêuticos e trabalhadores da farmácia, Barreto informou que desde o início o PNI inseriu a categoria no grupo prioritário que atua na linha de frente no combate à pandemia. “Infelizmente, porém, por falta de vacina esses profissionais acabaram ficando de fora, o que é um absurdo. São trabalhadores que têm contato direto com o público, muitos deles com sintomas da doença e é muito importante que eles sejam imunizados. Esperamos que os municípios possam cumprir a determinação o mais breve possível”, lamenta.

Guerra de supply chain

Em relação ao aumento de preços dos medicamentos em meio a uma pandemia, o CEO da Abrafarma ponderou sobre a enorme pressão de custos que a indústria farmacêutica vem sofrendo. “Estamos em meio a uma guerra de supply chain. A indústria farmacêutica é um setor que depende 90% da importação de princípios ativos para a fabricação de medicamentos. Há escassez de voos, o frete internacional elevado, o dólar a R$ 5,60, sem contar que a disputa mundial pelos insumos farmacêuticos ativos (IFAs) fez os preços se elevarem muito”, explica.

Todos esses fatores contribuíram para a redução da oferta de alguns produtos nas prateleiras das farmácias. “Se antes havia 30 opções, hoje percebemos que alguns deixaram de ser produzidos ou ofertados no mercado em função do problema gravíssimo de aumento de demanda e baixa oferta de insumos”, afirma Barreto.

Movimento Movidos pela Saúde

 Em comemoração aos 30 anos da Abrafarma, a entidade criou o movimento Movidos pela Saúde, que prevê uma série de ações como o desenvolvimento de um novo portal e os lançamentos do programa de entrevistas Abrafarma Talks e das Campanhas de Saúde, divididas em cinco grandes temas: autocuidado, vacinas, adesão ao tratamento, testes rápidos e telessaúde.

“Toda essa proposta converge para um farmacêutico com olhar clínico, que entende de diabetes, de hipertensão, que saiba identificar as necessidades do paciente a fim de ajudá-lo a reduzir seus agravos e aumentar a adesão ao tratamento”, ressalta o CEO.

Em 30 anos de atividades, a Abrafarma desempenhou um papel fundamental na criação e ampliação do acesso aos medicamentos genéricos em 1999; na expansão para a iniciativa privada do Programa Aqui tem Farmácia Popular em 2006; criação do Programa de Assistência Farmacêutica em 2015; na oferta de serviço de vacinação nas farmácias em 2019 e culminando com a realização dos testes rápidos de detecção da Covid-19 nas farmácias em 2020 e na vacinação contra o novo coronavírus em 2021.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico


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