
Os níveis de produção de insumos farmacêuticos ativos (IFAs) estão em constante declínio no país. Durante os últimos 30 anos, a taxa de utilização de produtos brasileiros caiu de 50% para 5%. As informações são da revista Exame.
O país, no entanto, está tentando reverter esse quadro, retomando investimentos e estimulando parcerias. Instituições como a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), a Embrappi (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) e o BNDES têm relatado um aumento no número de solicitações e aprovações de recursos para a produção de IFAs.
A Finep, por exemplo, recebeu 113 pedidos de financiamento para projetos de incentivo à produção desses insumos. Desse total, 20 projetos, que somam R$ 218 milhões, já foram aprovados. No BNDES, nos últimos dois anos, os investimentos destinados a projetos na área da saúde saltaram de R$ 1,77 bilhão para R$ 4,23 bilhões.
Pandemia realçou gargalo na produção de insumos farmacêuticos
A carência de insumos farmacêuticos nacionais voltou a pautar discussões no setor durante a pandemia da Covid-19, que destacou a vulnerabilidade do país. Somente cerca de 100 IFAs são fabricados no Brasil de um total de 2 mil medicamentos com registro em território nacional. “É o IFA que vai promover a cura de uma doença. E nós somos dependentes do Exterior, já que 95% desses insumos são importados”, adverte Norberto Honorato Prestes Junior, presidente da Abiquifi.
Demanda por IFAs cresceu em diferentes mercados
O investimento de companhias e instituições na produção cresceu nos últimos anos. Igor Bueno, gerente do departamento de saúde da Finep, revelou que, apenas em 2023, a instituição lançou editais que somaram R$ 700 milhões destinados à pesquisa em saúde, ciência, tecnologia e inovação, com destaque para os IFAs, por meio de chamadas públicas.
Na esfera privada, a demanda por investimentos também foi significativa – R$ 500 milhões em projetos foram apresentados, mas, por causa da limitação orçamentária, apenas R$ 50 milhões foram disponibilizados, resultando na aprovação de cinco projetos que envolvem as farmacêuticas Blanver, Wecare, Aptah e Nintx.
Ainda em fevereiro, a Anvisa autorizou a Bionovis a produzir, no Brasil, 100% do IFA para a fabricação do medicamento Infliximabe. O fármaco é utilizado para tratar pacientes com doença de Crohn e outras enfermidades. A farmacêutica anunciou um investimento de R$ 800 milhões para fornecer, em média, 260 mil frascos por ano do medicamento.