O paracetamol é um dos medicamentos mais consumidos do mundo, muito em parte por ser um dos MIPs, mais conhecidos do mercado, e também um dos mais versáteis, por sua ação analgésica e antitérmica.
Segundo estimativas levantadas pela BBC, 49 mil toneladas desse remédio são vendidas anualmente nos Estados Unidos. Isso indicaria uma média de 298 comprimidos para cada habitante do país.
Antigo, famoso, e mesmo assim um mistério. Ainda nos tempos atuais, o mecanismo de ação desse fármaco não foi completamente compreendido pela ciência.
Só que uma certeza já se tem sobre o paracetamol: o medicamento se tornou a principal causa de falência do fígado em locais como Estados Unidos e Reino Unido.
O paracetamol na história
Os primeiros registros da sintetização dessa molécula surgem no século 19. Ainda em 1893, Joseph von Mering, um químico alemão, publicou os primeiros estudos com esse princípio ativo.
Só que demorou mais de meio século para o medicamento chegar às gôndolas. O Tylenol, da Johnson & Johnson, estreou no varejo farmacêutico na década de 1950, incialmente na Austrália e nos Estados Unidos.
Vinte anos depois, o remédio chegou ao Brasil.
Apesar de sabermos que o paracetamol é eficaz para reduzir dores e a febre, não se sabe como isso ocorre. A hipótese mais comum é que o medicamento atue junto as enzimas ciclooxigenase, que tem relação com a dor e a temperatura corporal.
Mesmo com tantas dúvidas, esse é um dos remédios mais famosos do mundo. De acordo com um cálculo do FDA, esse princípio ativo está presente em 600 produtos diferentes.
Seja sozinho, ou combinado com outros fármacos, o princípio ativo costuma liderar a venda de MIPs no Brasil. Segundo levantamento da Anvisa, dentre os 263 medicamentos isentos de prescrição mais vendidos, 23 contam com o paracetamol de alguma maneira em sua composição.
Vilão ou mocinho?
Apesar do sucesso, o medicamento é realmente eficaz? A FDA diz que sim, mas há quem não concorde com as evidências. Isso porque, a depender da dor, e remédio não é tão eficaz assim.
Um exemplo são as dores na lombar, por exemplo. De acordo com revisões do Instituto Cochrane, a eficácia do fármaco nesses casos não é superior à do placebo.
Incômodos relacionados ao tratamento do câncer também não demonstram positividade contra o placebo. Já em casos de artrite no joelho ou quadril, o efeito foi considerado pequeno.
Dores pós-cirúrgicas ou pós-parto e também a enxaqueca aguda podem ser tratadas com o medicamento. Nesses casos, existe benefício, mesmo que mínimo.
Para médicos, o que explica o sucesso do paracetamol é sua abrangência de indicação e a relação de confiança que os consumidores já estabeleceram com esse medicamento.
Risco mora na dose
O remédio em questão, é sim, seguro, o problema diz respeito a dose. A maioria das agências de saúde indicam um máximo de quatro gramas para os adultos. Ou seja, pensando em comprimidos, um adulto não deve tomar mais que quatro (1g) ou oito (500mg) por dia.
Já com as crianças, a situação é um pouco mais complexa. Crianças com menos de dois anos só podem fazer uso do paracetamol com indicação médica. Já entre os dois e os 11 anos, é necessário fazer uma continha: de 55 a 75 mg por quilo de peso corporal por dia.
O problema é que, como muitos medicamentos tem o princípio ativo em sua composição, é fácil superar a dosagem sem saber disso.
Como o fármaco é metabolizado no fígado, ele é o principal afetado pelos exageros. Aproximadamente 5% desse medicamento se torna uma substância tóxica dentro do corpo. E cabe ao órgão resolver essa parada.
Abaixo de quatro gramas, o fígado consegue lidar com essa substância. Mas, se a dose for superior, o órgão começará a sofrer com o excesso e pode chegar a falência hepática.
Ou seja, a conclusão é a seguinte, o segredo de tudo é o equilíbrio. Por isso, sempre consulte um profissional de saúde antes de tomar o paracetamol e nunca exceda as doses indicadas.