O uso da cannabis para dores e enjoos foi tema de uma pesquisa inédita. Relatório do Conselho de Pesquisa em Saúde da Irlanda, publicado em janeiro, encontrou evidências que apoiam a prescrição e dispensação da planta para pacientes que sofrem com essas condições.
O estudo integra um processo de revisão encabeçado pelo Departamento de Saúde do Programa de Acesso à Cannabis Medicinal do país. Atualmente, o acesso ao canabidiol é restrito a pessoas com dores, náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia, epilepsia ou espasticidade associada à esclerose múltipla.
A análise envolveu em torno de 360 pacientes. Abrangendo pesquisas realizadas nos últimos 30 anos sobre o uso de cannabis medicinal em pacientes adultos, avaliou evidências de 47 revisões – em uma série de condições médicas que vão desde câncer, esclerose múltipla e doenças reumáticas, até dor, saúde mental e condições neuropsicológicas.
A expectativa é que mais ensaios como este contribuam para incentivar a ampliação do uso do canabidiol. “Essa revisão ajudará a nortear a tomada de decisões em relação às políticas futuras relativas à cannabis medicinal, a partir de contribuições de grupos de pacientes e profissionais e gestores de saúde”, ressalta Kathryn Lambe, diretora do Conselho de Pesquisa em Saúde e principal autora do relatório.
Cannabis para dores com bons resultados em diabéticos
A pesquisa também indicou evidências promissoras sobre os efeitos da cannabis para dores neuropáticas ou nervosas, que podem ocorrer em pacientes com diabetes. Embora tenha apontado a incidência de efeitos secundários como tonturas, dores de cabeça e boca seca, reações adversas mais graves não foram detectadas.
Estudos precisam ser aprimorados
Apesar dos resultados positivos, os próprios autores preferiram ser cautelosos nas conclusões. Eles ponderaram que o grau de certeza das evidências ainda é baixo e fizeram uma série de recomendações para pesquisas futuras. Isto inclui análises de subgrupos para diferentes tipos de dor, a utilização de tratamentos modernos como comparadores ativos em vez de placebo, e estudos com diferentes braços de tratamento para definir a proporção ideal de THC e CBD.