Anticoncepcional – A primeira pílula anticoncepcional surgiu em 18 de agosto de 1960, há exatamente 60 anos, nos Estados Unidos. Aquele pequeno comprimido, segundo especialistas, revolucionou, desde então, a sexualidade feminina, do ponto de vista do controle e autonomia da mulher.
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Isso porque a decisão do momento certo para se ter um filho, ou mesmo de manter relações sexuais sem risco de gravidez passou a ser de domínio das mulheres. Atualmente, além de prevenir a gestação indesejada, as pílulas podem contribuir para o tratamento de doenças.
“O efeito mais desejado da pílula é o de prevenção de uma gestação indesejada, devido a sua eficácia. As pílulas anticoncepcionais são muito seguras, tanto que são usadas por mais de 60% das mulheres no mundo. No entanto, a pílula pode ajudar, também, na regulação do ciclo menstrual, na diminuição do sangramento e das cólicas e no controle da TPM”, explica o presidente da Sogimig, Delzio Bicalho.
Bicalho pontua que, além do efeito contraceptivo, as pílulas anticoncepcionais podem ser usadas, com eficácia, para melhorar a pele e ajudar no tratamento de doenças, como ovário policístico e endometriose.
“Algumas trazem grandes vantagens para a pele, enquanto que, outras, podem ser benéficas para o tratamento dos ovários policísticos, que é quando o ovário fica cheio de cistos e a mulher apresenta manifestações androgênicas, ou seja, começa a ter pele oleosa, acne, aumento de peso e infertilidade. Em alguns casos de endometriose, ela pode ajudar suspendendo a menstruação e melhorando a dor.”
Por isso, o presidente da Sogimig destaca que, dependendo do objetivo da mulher, as indicações de uso podem variar, visto que as pílulas anticoncepcionais têm diferentes composições, que podem ser ajustadas em alguns casos e em outros não.
“Cada pílula tem uma função e um valor agregado a mais, que consiste na mudança de concentração de progestágeno presente na fórmula. Normalmente, o estrogênio é o mesmo, e o que varia é o progestágeno, que pode, por exemplo, dependendo da quantidade, melhorar a pele”, explica.
Justamente por isso, Bicalho elucida que o uso das pílulas anticoncepcionais não é ditado pela idade da mulher, ou seja, não existe uma idade padrão para que a administração seja iniciada.
Dessa forma, a mulher precisa delinear seu objetivo junto com seu médico ginecologista para, assim, saber se é o momento certo para fazer uso do medicamento ou não. E, também, se este será o método ideal.
Riscos
Frequentemente, comenta-se a possibilidade de que o uso de pílulas anticoncepcionais cause problemas graves de saúde, como trombose. No entanto, segundo Bicalho, esse risco existe em função da condição da saúde do organismo da mulher e não em razão do medicamento em si.
Por isso, o especialista alerta para que antes que a pílula seja inserida na vida da mulher, todos esses detalhes sejam ajustados com o ginecologista.
“As doenças tromboembólicas, que causam a trombose e a embolia, são as mais temidas pelo público feminino que administra anticoncepcional. Mas tudo isso precisa ser ajustado para cada paciente, após uma verificação da história familiar dessa mulher, porque se ela tem um fato genético e familiar, é obesa, sedentária, tabagista ou tem muitas varizes nas pernas, o risco de desenvolver trombose é maior.”
Então, a abordagem tem que ser feita de acordo com o paciente e, a partir disso, adaptada para outro método. “Pode-se, ainda, trabalhar na diminuição desses problemas na mulher para instituir a pílula”, comenta.
O que corta o efeito?
As pílulas anticoncepcionais podem ser administradas ao longo do mês de três formas: ingestão do medicamento por 21 dias, com pausa de sete; 24 dias ministrando o medicamento e quatro sem; e uso contínuo, sem pausas.
“Tem ainda a pílula do dia seguinte, que é uma dose alta de estrogênio e progesterona, que desprepara o útero para receber o embrião fecundado, altera a motilidade da trompa, ou seja, é outro tipo de pílula, usado somente em momentos de emergência contraceptiva, para quando a mulher tiver uma relação desprotegida e precisar recorrer a essa pílula, que pode ser tomada até 72 horas depois da relação sexual”, explica Bicalho.
COVID-19
A história
Idealizado pela feminista Margaret Sanger e pela milionária Katherine McComick, a origem da pílula anticoncepcional teve início 10 anos antes de seu lançamento, com o cientista norte-americano Gregory Pincus. Lançada nos Estados Unidos em 1960, a pílula chegou ao Brasil dois anos depois de seu surgimento.
A partir disso, houve-se uma revolução sexual, tanto na liberdade feminina, de se planejar o momento certo para engravidar, como, também, nos próprios métodos de prevenção.
“Antes disso, era usado o coito interrompido, por exemplo. Depois, surgiram alguns métodos de barreira, que consistiam em colocar algodão e plantas no fundo da vagina, logo que foi percebido que o sêmen poderia engravidar.
E, aos poucos, foram surgindo outros métodos, como os preservativos, feitos de tripas de animal, que só depois passaram a ser feitos de borracha. “Por isso se comemora o aniversário de 60 anos das pílulas anticoncepcionais, que é muito recente e tem que ser muito comemorado e lembrado, principalmente pela autonomia e proteção da mulher”, diz Bicalho.