Fique por dentro dos principais FATOS e TENDÊNCIAS que movimentam o setor

Projeto sobre plantas medicinais concorre a prêmio

Acompanhe as principais notícias do dia no nosso canal do Whatsapp

Alexandre Surui concorre a etapa nacional do prêmio ”Respostas para o Amanhã”. Uma das etapas do projeto é a escolha feita pela população pelo voto popular.

O ”Plantas Medicinais do Povo Paiter: Resgatando os Conhecimentos Tradicionais”, desenvolvido pelo professor indígena Alexandre Suruí, está concorrendo a etapa nacional do prêmio ”Respostas para o Amanhã”.

O professor trabalha na Escola Indígena Estadual Sertanista José do Carmo Santana, da aldeia Gapgir, na linha 14, em Cacoal (RO), município a 480 quilômetros de Porto Velho, e desenvolveu o projeto junto aos alunos do 2º ano do ensino médio.

O nome dos vencedores serão anunciados dia 5 de dezembro em uma cerimônia em São Paulo. Para ficar entre os cinco melhores uma das etapas é a escolha da população, por meio de voto popular que pode ser feito aqui.

O professor conta que o interesse pelo tema surgiu durante o Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) de graduação em Biologia, em 2013. Ao fazer a pesquisa, percebeu que muitas plantas medicinais que eram utilizadas pelo povo indígena antes do contato com o branco, estavam sendo trocadas por remédios de farmácia.

“Como leciono, resolvi levar essa ideia de resgate das plantas medicinais indígenas para dentro da aldeia e desenvolver um projeto com a participação dos alunos. Eu percebi que dentro da aldeia quase não era mais utilizado o remédio da floresta, sendo priorizado o uso de remédio da farmácia. Nossos anciões estão morrendo e levando com eles o conhecimento, por isso a preocupação pelo resgate da cultura”, disse o professor.

Para o desenrolar do projeto, primeiro o professor conduziu uma pesquisa com os alunos, onde fizeram entrevistas com os próprios familiares para saberem quais os remédios extraídos de plantas medicinais ainda eram utilizados pelos indígenas. Com esse levantamento, o professor conseguiu comprovar que eram poucas as plantas que ainda eram utilizadas pelos indígenas para a cura das doenças. Em seguida, o professor convidou um ”sabedor” para contribuir com o projeto.

“Esse sabedor acompanhou os alunos até a floresta, onde os ajudou a encontrar plantas medicinais de uso tradicional indígena. Ainda na mata o sabedor explicou para qual doença cada remédio servia. Em seguida, auxiliou no preparo dos chás e banhos, que foram distribuídos a pessoas doentes da aldeia, confirmando a eficacia de cada planta”, contou o professor.

Em sala de aula, os alunos retrataram a experiência vivida, reproduzindo através de desenhos os ensinamentos que mais chamaram a atenção, além de escrever na língua materna o nome da planta ilustrada e para a melhora de qual doença pode ser utilizada.

A aluna Kelly Suruí, de 17 anos, foi uma das participantes do projeto. Ela retratou em seu desenho uma pessoa passando remédio feito com a raspa de uma raiz encontrada na floresta. A garota destaca que o produto deve ser aplicado com cuidado e pode ser utilizado para a cura de feridas e dores.

“Eu me interessei muito nesse projeto, pois só conhecia algumas dessas plantas que aprendi sobre o uso com os meus avós. Na minha família, costumamos utilizar remédios da farmácia, mas agora com esse conhecimento, pretendo começar a usar produtos direto da mata”, disse a garota.

Outra participante foi a aluna Mapynal Jane Surui, de 17 anos, a adolescente desenhou uma pessoa raspando uma raiz para o preparo de um chá, utilizado para a diarreia.

“Aprendi muito com esse projeto, fomos no mato e recebemos conhecimento dos nossos sabedores. Agora vamos voltar a usar”, afirmou a aluna.

O projeto Plantas Medicinais do Povo Paiter: Resgatando os Conhecimentos Tradicionais, começou a ser desenvolvido em 2016. A conclusão será a elaboração de um livro, juntando todos os desenhos feitos pelos alunos.

“Fazer esse livro é meu sonho, pois por meio dele conseguiremos resgatar a cultura medicinal indígena e ainda utilizar como material didático em sala de aula”, destacou o professor.

Para a diretora das 10 escolas indígenas de Cacoal, Márcia Helena Gomes, as premiações são motivos de orgulho e resultado de anos de trabalho.

“A educação indígena em Rondônia tem suas dificuldades de estrutura, ausência de materiais específicos e didáticos. Porém, nossos indígenas estão buscando aperfeiçoamento e aprendendo a se colocar para premiações, além de 23 professores Paiter Surui formados e 18 concursados”, contou a diretora.

O Prêmio Respostas para o Amanhã tem por objetivo apoiar e dar visibilidade a projetos de docentes e estudantes do Ensino Médio da rede pública que criem soluções para problemas reais das comunidades onde suas escolas se encontram, promovido pela Samsung e tem coordenação técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). O projeto de Alexandre foi um dos 25 vencedores regionais.

Agora, o projeto está na etapa de votação de juri popular, onde a população poderá escolher até 3 de dezembro, o vencedor de cada região do país, através do voto.

No dia 5 de dezembro haverá a premiação em São Paulo para os cinco vencedores por júri popular, sendo um por região, além de cinco vencedores nacionais, escolhidos por uma comissão julgadora.

 

Fonte: Portal G1 – SP

Notícias Relacionadas

plugins premium WordPress