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Reforço das vacinas não deve ser prioridade agora, aponta diretor do Butantan

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No combate ao coronavírus SARS-CoV-2, o Brasil imunizou de forma completa 12,92% da população, o que representa 27,3 milhões de pessoas que receberam as duas doses de uma vacina (ou um imunizante de dose única). Neste cenário, já se discute se os primeiros vacinados contra a COVID-19 precisariam de um reforço. De acordo com o Instituto Butantan, uma possível terceira dose da CoronaVac ou de outra fórmula não deve ser aplicada neste ano.

Veja também: Infecção em quem já foi imunizado contra a covid-19 não indica ineficácia da vacina

“Na Inglaterra, já estão prevendo, estão iniciando uma programação para, em outubro, dar dose de reforço. Aqui, o desafio ainda é vacinar a população em geral. Depois disso, sim, vai se poder pensar na dose de reforço e na população infantil e adolescente que, também, necessariamente, terá de ser incluída”, explica o diretor do Butantan, Dimas Covas, em entrevista para o Estadão.

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Um dos fatores de preocupação na campanha de imunização nacional contra o coronavírus é com os idosos, sendo que uma parcela significativa deste grupo foi imunizada com duas doses da CoronaVac, a fórmula desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e pelo Butantan. No entanto, um preprint – artigo científico ainda não revisado por pares -, recentemente divulgado, apontou para a redução do caráter protetor do imunizante em pessoas com mais de 70 anos.

“Todos os dados indicam que essa população [os idosos] está protegida. O fato de ter uma resposta imune menor do que os jovens não indica que estão desprotegidos. O nível de anticorpos, talvez, seja o pior dos indicadores”, defende Covas sobre os parâmetros usados para definir a menor proteção dos imunizantes na população mais idosa.

De acordo com o diretor, este não é um método seguro para avaliar a eficácia dos imunizantes, já que foi desenvolvido para outra finalidade. “Esses testes que estão disponíveis foram licenciados pela própria Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] para testar os indivíduos em relação à infecção não em relação à resposta vacinal. O que vai ser importante são, exatamente, os estudos de eficiência na medida que a vacinação progride. Tudo indica que essa população está adequadamente protegida, tanto é que diminuíram acentuadamente os óbitos e as internações”, explica.

“Não há ainda dados que indiquem que há um grande escape da população idosa da proteção [do imunizante]. Agora, quanto tempo dura? Isso estamos estudando. Tudo indica que a duração é de cerca de oito meses. A partir disso é possível, não quer dizer que vá acontecer, que haja a necessidade de um reforço, de um ‘booster’ vacinal. E há também estudos para saber se o ‘booster’ pode ser com qualquer vacina”, comenta.

Reforços anuais devem acontecer

“Assim como a vacina da gripe precisa ser tomada todo ano, provavelmente, tomaremos a vacina contra a COVID-19 por um tempo”, aposta Covas. No entanto, ainda há inúmeras questões abertas sobre o coronavírus, inclusive sobre a imunidade natural ou desencadeada por vacinas.

“Na minha previsão, [a vacinação contra o coronavírus] será anual. Nos próximos dois ou três anos, certamente, vamos precisar ter um reforço vacinal para a COVID-19, um reforço que inclua as eventuais variantes que podem aparecer durante o ano”, afirma o diretor do Butantan.

Vale lembrar que, no estudo inicial, a proteção contra casos leves da CoronaVac foi de 83% e contra casos graves e moderados, de 100%. Recentemente, o estudo do Butantan em Serrana, cidade do interior de São Paulo, demonstrou a eficiência da vacina, com mais de 95% da população adulta vacinada. Neste cenário, o imunizante teve uma eficácia de 86% contra internações e de 95% contra óbitos.

“Um desempenho excelente. Isso vem corroborando com dados de estudos de eficiência não controlados e a queda dos óbitos na população com mais de 60 anos, majoritariamente vacinada com a CoronaVac”, completa Covas.

Fonte: Canaltech

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