O risco de câncer em talco fez com que a OMS inserisse a substância em sua lista daquelas que podem causar a doença. A inclusão foi motivada por um recente estudo realizado por pesquisadores franceses e publicado na The Lancet Oncology. As informações são do Correio Braziliense.
Os detalhes da investigação serão divulgados na íntegra apenas em 2025, como parte das Monografias da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc).
O produto foi classificado no Grupo 2A, destinado às substâncias provavelmente carcinogênicas para humanos. Segundo a Iarc “vários estudos mostraram consistentemente um aumento na incidência de câncer de ovário em mulheres que relataram o uso de talco na região perineal”.
Na mesma atualização, a acrilonitrila, muito utilizada na fabricação de polímeros para roupas e plásticos, também foi inserida na relação.
Risco de câncer em talco ainda gera debate
Apesar da decisão da OMS, os especialistas ainda não chegaram a um consenso se o talco é ou não o vilão da história. Um estudo de 2020 analisou dados de 250 mil mulheres e não encontrou ligação estatística robusta. Por outro lado, uma pesquisa mais recente, de 2022, averiguou 50 mil pacientes e encontrou relação entre o uso do produto na área genital e a incidência de câncer de ovário.
Na época, os autores dessa pesquisa afirmaram não ter identificado a causa ou mecanismo para contaminação. O mesmo estudo apontou que, em ratos, houve uma maior incidência de neoplasias malignas nas fêmeas e benignas e malignas nos machos.
Na opinião da Iarc, são necessárias mais pesquisas para se entender os riscos, mas a cautela no uso da substância é necessária. A entidade também apontou que os fabricantes devem se atentar as novas diretrizes. Em paralelo, players da indústria já tem optado por adotar versões a base de amido de milho que, segundo a Sociedade Americana de Câncer, não possuem evidência de potencial cancerígeno.
J&J foi um dos primeiros players a sofrer com o produto
A Johnson & Johnson foi uma das primeiras fabricantes a ir parar na justiça por causa do potencial cancerígeno do talco. A companhia pagou US$ 700 milhões (cerca de R$ 3,4 bilhões na cotação da época) em janeiro para encerrar as investigações sobre os casos.
As investigações, que tiveram início em outubro de 2023, envolveram 42 estados norte-americanos e o Distrito de Columbia.
“Consistente com o plano que delineamos no ano passado, a empresa continua a seguir vários caminhos para alcançar uma resolução abrangente e final do litígio sobre talco”, disse o chefe de litígio da J&J, Erik Haas, em um comunicado.