Mais de 100 substâncias em medicamentos que têm interação com a cannabis foram identificadas em recente estudo de pesquisadores da faculdade de Medicina Penn State, no estado da Pensilvânia (EUA).
A relação abarca drogas variadas, de remédios para o coração, passando por anticonvulsivos e antidepressivos, antibióticos e antifúngicos até anticoagulantes.
As interações mais significativas envolvendo a cannabis estão relacionadas à família de enzimas P450 (CYP), responsável pelo metabolismo da maioria dos medicamentos. “Por isso a importância em regular as doses dos outros remédios ao prescrever cannabis medicinal”, relata o farmacologista Francisco Silveira Guimarães, do campus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).
A seguir, alguns exemplos de categorias de medicamentos e os efeitos da interação com a cannabis
Varfarina – o anticoagulante é um dos principais que podem ter o efeito prejudicado pelo uso concomitante com o CBD. Esse composto da cannabis medicinal inibe a ação da CYP450, também responsável por metabolizar a varfarina. O medicamento pode permanecer por mais tempo no corpo, levando a hematomas ou sangramentos
Clozaban – usado para tratar convulsões associadas à síndrome de Lennox Gastaut em adultos e crianças. O CBD aumenta a ação e também os efeitos colaterais (sedativo) desse benzodiazepínico. Mesmo assim, o CBD é aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) para tratar ataques epilépticos
Valproato – também é um anticonvulsivante para tratamento de epilepsia, transtorno bipolar e dor de cabeça. O CBD com o valproato aumenta os níveis enzimáticos no fígado, causando disfunção hepática. O principal efeito pode ser a alta transaminase, enzimas intracelulares em quantidades elevadas que indicam destruição celular
Fluoxetina (Prozac), sertralina, paroxetina, citalopram – os inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS) são uma classe de medicamentos usados como antidepressivos. A interação com a cannabis pode causar irritação, agitação e nervosismo, segundo o Departamento de Saúde dos EUA. Como atualmente não há muita informação disponível, os pacientes devem consultar o médico antes de fazer uso conjunto
Antidepressivos tricíclicos (ATCs) – amitriptilina, imipramina, dothiepin – a combinação da cannabis medicinal com esses medicamentos pode resultar em hipertensão, taquicardia e ainda alterações de humor, inquietação, confusão e alucinações
Clonazepam, lorazepam, zolpidem – chamados de depressores do SNC, essas drogas reduzem a estimulação ao diminuir os níveis de neurotransmissão no Sistema Nervoso Central. O resultado é uma redução da atividade cerebral que promove o relaxamento muscular e uma sensação de calma. A cannabis pode amplificar o efeito sonolento
Medicamentos contra câncer – é sabido que o CDB pode mediar a resistência a múltiplas drogas (MDR) no câncer. Mas a extensão total das interações do canabidiol ainda não é conhecida. Por isso, algumas formas de CBD podem interagir com enzimas responsáveis pelo transporte do medicamento. Assim, a coadministração do CBD não é recomendada nessas situações
Diltiazem – indicado para o tratamento de pressão alta, angina e coronariopatias, pode ser afetado pelo uso do THC, outro composto da cannabis medicinal com efeitos psicoativos
Teofilina – é um broncodilatador que ajuda a aumentar o fluxo de ar para os pulmões. A cannabis pode reduzir os níveis de teofilina