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Testes de covid-19 em crianças crescem até 40% em laboratórios de Salvador

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testeDepois que uma professora e um coleguinha da estudante Sofia Rios, 7 anos, foram diagnosticados com a covid-19, a mãe da garota deixou ‘na mão dela’ a escolha: ou cumpria o isolamento em casa ou, para voltar à escola, tinha que fazer um teste RT-PCR, aquele em que um cotonete é enfiado no nariz. ‘Como estava na semana do Dia das Crianças, ela preferiu encarar o exame, que deu negativo’, lembra a mãe, Vanusa Cedraz. O exemplo de Sofia é apontado como um dos motivos para laboratórios terem salto de até 40% na realização de testes de covid nas crianças.

‘Além dessa questão das escolas, estamos tendo a prevalência de outras viroses no público infantil e os pais, com receio de ser covid, fazem o exame. Como os sintomas às vezes são parecidos, o teste é importante para dar uma segurança’, explica Marla Cruz, diretora médica do laboratório Leme que, junto com o Image, faz parte do Grupo Dasa. É nessa rede que, em toda a Bahia, foi registrado aumento de 40% na procura por testes de covid-19 entre julho e setembro de 2021.

Carlos* escolheu o Leme para fazer o exame na sua filha de 11 anos. ‘Ela teve febre, dor de cabeça e tontura. Como ainda não foi vacinada, mesmo sem ter tido contato com alguém contaminado, decidimos fazer o teste’, explica. O resultado foi negativo.

‘Fizemos o pedido para coleta em casa para evitar maior exposição. Ao chegar, por volta das 9h, a enfermeira avisou que ela era a segunda criança do dia a fazer exame e que estava vindo da casa de um menino de idade parecida. Eu até perguntei se era normal e ela comentou que, nas últimas semanas, havia feito mais testes em crianças se comparado com outros períodos’, recorda.

Vanusa também escolheu o Leme para realizar o teste da filha. ‘A turma dela tem 22 alunos, mas alguns ainda estão no online e nem todos fizeram, pois houve quem optasse por cumprir o isolamento. Mas a grande maioria escolheu o teste para poder retornar ao presencial’, afirma.

Para a pediatra Daniela Lima, diretora médica do laboratório LPC, os protocolos das escolas estão motivando essa busca maior pela testagem do público infantil. ‘Está havendo esse aumento de testagem por um cuidado maior das escolas e implantação dos protocolos. Só que isso não é convertido em aumento da positividade. O retorno as aulas não é um risco, portanto’, explica a especialista.

No seu laboratório, por exemplo, a busca por teste de covid entre o público pediátrico – de zero a 19 anos – teve um crescimento de 5% entre maio e setembro de 2021. ‘Isso coincide com a implantação do RT-PCR por coleta de saliva, que é menos invasivo. Ele facilita a testagem em criança, pois o cotonete é desconfortável, e tem uma boa comparabilidade com o nasal. Esse tipo de exame tem sido procurado por crianças, idosos e pessoas com algum problema nasal’, diz.

Dor e incômodo

Os laboratórios do grupo Dasa também realizam esse tipo de teste, mas a médica Marla Cruz explica que os pais têm preferido o nasal por causa do prazo de recebimento do resultado. ‘Este a gente entrega o resultado em 24 horas. Já o outro demora três dias’, explica. No entanto, um dos fatores que costumam afastar os pequenos do exame regular, segundo os especialistas, é a dor e o incômodo do RT-PCR nasal.

A filha de Vanusa, Sofia Rios, ainda não se acostumou com a dor. ‘Ela reclama. Primeiro faz mil perguntas, pede para não machucar e depois faz’, diz a mãe. Já Heitor Carneiro Oliveira, 3 anos, filho da fisioterapeuta Cintia Carneiro Nunes, 34 anos, ficou assustado com o exame. ‘Tivemos que falar que era rapidinho. No final, ele não relatou dor’, diz a mãe.

Para a infectopediatra Anne Galastri, da Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape), mesmo com a situação adversa, é preciso encarar o exame. ‘Infelizmente, o que traz dor nem sempre é o que a gente quer, mas é necessário. Assim como precisa coletar exames de sangue às vezes, é preciso ser testado”, diz. O teste de Heitor foi em junho de 2021 e foi realizado por o garoto ter entrado em contato com uma pessoa que foi contaminada pela covid-19.

“Nós passamos na casa de familiares e um deles tinham testado positivo. Nós fizemos e deu negativo. Ele chegou a fazer duas vezes para ter certeza do resultado. Só que, como nós somos da área de saúde, nós acabamos fazendo primeiro para só depois fazer nele, por ser invasivo e doer’, explica a mãe.

A família vive em Mairi, no centro-norte baiano. Mesmo podendo fazer no sistema público, pela prefeitura, ela escolheu um laboratório privado. ‘O resultado sai mais rápido. Pagamos e nem pedimos o reembolso ao plano de saúde’, lembra.

Percentual de casos positivos não teve aumento

Mesmo com o crescimento na procura por testes de covid-19, o percentual de casos positivos não tem aumentado, segundo informa os laboratórios. Esse é o caso do grupo Dasa, onde a taxa de positividade se manteve em 6%. Nos laboratórios Fleury, entre julho e agosto, a quantidade de testes feitos nos pequenos de zero a nove anos, saltou de 18 para 35 e, em setembro, teve uma leve queda: 27 exames realizados. Em ambos os meses, a taxa de positividade foi baixa.

“No Brasil como um todo, a positividade está diminuindo em todas as faixas etárias. A que diminui menos é a infantil e a adolescente. A positividade para crianças de até 12 anos, por exemplo, era de 30% a 40% em maio. A partir de julho, fomos para uma média de 15%. No público adolescente, já parcialmente vacinado, a positividade é de 8%. Eu imagino que seja a vacinação a causa disso. Ela contribui para uma diminuição na circulação do vírus e, mesmo com as crianças ainda sem estar vacinadas, elas se contaminam menos’, explica Celso Granato, infectologista e diretor Clínico do Grupo Fleury.

‘Por isso a defesa da imunização. O intuito é vacinar todos que podem, pois isso protege até quem não pode ser vacinado ainda, como as crianças”, completa.

Até o momento, o Brasil só vacina pessoas acima de 12 anos. Na última quarta-feira (27), a Pfizer confirmou que solicitará uma autorização para a aplicação do seu imunizante em crianças de cinco a 11 anos. O pedido será enviado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em novembro, de acordo com a fabricante, que obteve parecer favorável do conselho externo da agência reguladora nos Estados Unidos para a vacinação desta faixa etária.

Por enquanto, o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) também registrou queda no percentual de resultados positivos do público de até 12 anos. Em julho, 23% dos testes realizados foram positivados, o que caiu para 11% em agosto, 10% em setembro e, até o dia 26 de outubro, 8%. Somando os meses de setembro e outubro, foram realizados, até o dia 26, 7.268 exames RT-PCR em pessoas com até 12 anos. Desses, em 636 casos a covid foi detectada. Em toda pandemia, mais de 147 mil crianças e adolescentes baianos já foram infectados pela covid-19. Desses, 174 morreram, de acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab)

No público geral, no laboratório LPC, também está acontecendo redução da positividade. Em maio de 2021, 30% dos testes realizados eram positivos. Hoje são apenas 5%. ‘Há uma queda nos casos de covid e isso faz com que as pessoas busquem com menos frequência serem testadas’, explica Daniela. Ela considera também que o fato das pessoas de até 12 anos ainda não terem sido vacinadas é algo que contribui na busca pela testagem deste público.

‘Os adolescentes de mais de 12 anos já são contemplados pela vacinação e as crianças ainda não. Isso faz com que haja mais testagem em crianças devido à preocupação dos pais e os protocolos sanitários em certos lugares. E mesmo assim não há aumento no número de casos. É um sinal de que a vacinação traz resultados”, defende.

De acordo com Anne Galastri, o aumento na testagem de crianças é um sinal de que elas estão sendo mais inseridas na vida social, inclusive com o retorno das atividades escolares. ‘Em todos os pacientes com quadro sugestivo de covid-19 é preciso fazer o teste para se excluir a possibilidade da doença. Isso visa uma segurança maior no ambiente escolar’, explica. Ela defende que os pequenos não passem apenas pela testagem, mas sejam avaliados por médicos especialistas.

‘É necessário fazer o teste e ser avaliado pelo pediatra da criança, pois às vezes pode ser necessário repetir o exame ou permanecer no isolamento, mesmo com um resultado negativo. Tudo tem que ser avaliado caso a caso. Se for pensar algo de bom que a pandemia trouxe é a necessidade de nos afastarmos do convívio de outras pessoas quando temos algum sintoma sugestivo, independente de ser covid. Um resfriado comum tem alta taxa de transmissibilidade também”, argumenta.

O laboratório Sabin foi procurado, mas não respondeu até o fechamento do texto. Já o Apae e o Testes Moleculares disseram que não registraram aumento dos testes em crianças.

Laboratórios de Salvador oferecem exame capaz de detectar variantes da covid-19

Não é só o RT-PCR. Quem está contaminado com a covid-19 pode fazer um tipo de exame que realiza o sequenciamento de variantes da doença e dá o resultado em até 96 horas. Esse tipo de procedimento é importante para identificar os casos de reinfecção e está disponível nos laboratórios Leme e Imagem, que fazem parte do Grupo Dasa.

‘O exame identifica por qual variante o paciente está infectado, além de ser capaz de identificar alguma variante ainda não mapeada, se for o caso. Ele é recomendado para indivíduos com diagnóstico positivo da covid-19 há menos de 10 dias’, explica o diretor médico da Dasa, Gustavo Campana.

O surgimento de variantes ocorre naturalmente na replicação dos vírus. Algumas modificações não conferem vantagens biológicas e desaparecem. Contudo, outras mutações trazem benefícios biológicos para os vírus e tendem a se manter em circulação. ‘Essas vantagens se traduzem em preocupação para nós, já que conferem maior transmissibilidade, maior patogenicidade ou escape da resposta imune’, comenta Campana.

Uma das variantes mais conhecidas e que está circulando na Bahia é a Delta. Até o último boletim do Lacen, o estado tinha 190 casos e três mortes. Essa variante é uma das identificadas no laboratório da Dasa. Para solicitar o exame, é preciso ter um pedido médico, entrar em contato por telefone pela internet com o laboratório e agendar a realização. Quem já realizou algum exame de diagnóstico anteriormente, pode solicitar o uso da amostra para o sequenciamento. Já para quem realizou o teste de diagnóstico em outro local, será necessária uma nova coleta de saliva ou por meio de swab de nasofaringe (‘exame do cotonete’).

Fonte: Correio 24 Horas

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/farma-ventures-lanca-revista-sobre-inovacao-no-varejo-farmaceutico/

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