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Testes genéticos e depressão

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Testes genéticos podem auxiliar no tratamento da depressão. Mas é só um auxílio.

É sempre digno de comemoração quando uma figura pública assume fazer tratamento psiquiátrico, seja por ansiedade, depressão, transtorno alimentar ou o que for. Isso colabora com a redução do estigma que ainda cerca a psiquiatria e os transtornos mentais, ajudando tanto a aliviar o preconceito contra os pacientes como a reduzir as barreiras daqueles que resistem a buscar tratamento. Quando alguém como o repórter Jorge Pontual afirma que sofre de depressão há 40 anos, portanto, só posso agradecer por sua coragem de assumir publicamente esse fato. Para quem não viu, há uma semana ele participou de uma reportagem para o programa Bem Estar, contando um pouco de sua história e apresentando um teste genético pedido por seu médico para ajudar na escolha dos seus remédios.

A promessa da farmacogenética não é nova. Ela remonta aos anos 1990, quando começaram a ganhar notoriedade entre os pesquisadores os estudos mostrando que as variações genéticas entre os pacientes influenciavam na forma como seus organismos lidavam com as medicações. A maioria dos remédios é metabolizada no fígado, em diferentes etapas e com participação de diferentes enzimas. Uma parte dos medicamentos utilizados nos tratamentos psiquiátricos, como os antidepressivos, precisam passar por essa metabolização para se tornar eficazes, mas a velocidade do processo, os estudos mostravam, variava entre as pessoas. Os metabolizadores rápidos, por exemplo, tinham algumas enzimas tão velozes que elas acabavam inativando os medicamentos antes que eles fizessem efeito. Imaginou-se então que logo os médicos poderiam pedir testes para todos os pacientes, prevendo o que funcionaria para quem.

Na prática, contudo, não é apenas a velocidade de metabolização que determina a eficácia de um medicamento. Para ficar em apenas alguns, a utilização de outros remédios ao mesmo tempo, o índice de massa corporal, o gênero, a idade, o tipo de dieta, uso de álcool, tabaco, presença de outras doenças clínicas e até o horário de administração da droga influenciam sua distribuição pelo corpo e consequente eficácia. Por isso os estudos recomendam que, se forem usados testes genéticos, eles sejam interpretados à luz do monitoramento da resposta terapêutica. Ou seja, se o teste diz que um remédio tem um perfil genético adequado para um sujeito mas ele não melhora com aquela droga, obviamente ela tem que ser trocada, não importando o teste. Por outro lado, quando o medicamento funciona sem grandes efeitos colaterais, em princípio não há necessidade de exames.

Finalmente, é fácil imaginar que a melhora de problemas tão complexos como os transtornos mentais não podem s, Shin HR, Bray F, Forman D, Mathers C and Parkin DM. GLOBOCAN 2008 v2.0, Cancer Incidence and Mortality Worldwide: IARC Cancer Base No.10.  Lyon, France: International Agency for Research on Cancer; 2010. [Internet]. [Acesso em 15 Abr 2016]. Disponível em: http://globocan.iarc.fr/Pages/fact_sheets_cancer.aspx

2 Estimativa 2016: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencjetivo do tratamento psiquiátrico é nos fazer sentir melhor. E até hoje não há teste que nos substitua quando a pergunta é como estamos nos sentindo.

Crettol S, de Leon J, Hiemke C, Eap CB. Pharmacogenomics in psychiatry: from therapeutic drug monitoring to genomic medicine. Clin Pharmacol Ther. 2014 Mar;95(3):254-7.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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