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USP de Ribeirão Preto estuda uso do canabidiol contra síndrome de burnout; veja os primeiros resultados

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Um artigo publicado este mês por pesquisadores da USP de Ribeirão Preto (SP) apresenta os primeiros resultados de um estudo sobre os efeitos do canabidiol (CBD) no tratamento da síndrome de burnout, transtorno associado à exaustão emocional causada pelo trabalho em excesso.

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Ao aplicar doses controladas da substância extraída da Cannabis sativa em profissionais de saúde da linha de frente da pandemia, o grupo apontou potencial de reduzir problemas como ansiedade e depressão, embora ainda seja preciso aprimorar as análises quanto a fatores como a quantidade de aplicação.

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A pesquisa foi publicada no Jornal da Associação Média Americana, o Jama, e foi coordenada pelo psiquiatra José Alexandre Crippa, um dos principais pesquisadores do canabidiol do país, chefe de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.

“A terapia com o CBD reduziu os sintomas de burnout e de exaustão emocional entre os profissionais da linha de frente trabalhando durante a pandemia de Covid-19. Entretanto, os efeitos colaterais observados demonstram que o monitoramento clínico e laboratorial tem que ser feito cuidadosamente por médicos”, explica.

“A terapia com o CBD reduziu os sintomas de burnout e de exaustão emocional entre os profissionais da linha de frente trabalhando durante a pandemia de Covid-19. Entretanto, os efeitos colaterais observados demonstram que o monitoramento clínico e laboratorial tem que ser feito cuidadosamente por médicos”, explica.

Um dos 400 compostos existentes na maconha, sem relação com o THC, associado ao efeito psicoativo, o canabidiol hoje só tem uso regulamentado no Brasil para o tratamento de epilepsias refratárias em crianças e adolescentes.

O acesso ao medicamento é obtido nas farmácias ou por importação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mediante prescrição médica. A primeira formulação distribuída no país, em maio do ano passado, foi desenvolvida pela USP de Ribeirão Preto em parceria com uma indústria farmacêutica do Paraná.

A substância também já foi objeto de estudos sobre outros transtornos e doenças como crises epilépticas, estresse pós-traumático e mal de Parkinson.

Canabidiol e síndrome de burnout

Em junho do ano passado, Crippa e outros cientistas começaram a analisar o canabidiol, conhecido por suas propriedades ansiolíticas e antidepressivas, quando aplicado em pessoas que sofrem de síndrome de burnout. No caso em específico, o grupo analisado foi formado por profissionais de saúde, afetados pelo desgaste físico e emocional no combate à pandemia da Covid-19.

Também conhecido como síndrome do esgotamento profissional, o distúrbio hoje não tem uma medicação específica.

“Além disso, outras medicações usadas atualmente podem causar sedação, como no caso de benzodiazepínicos, ou levam muito tempo para induzir uma resposta, como no caso dos antidepressivos”, explica o psiquiatra.

“Além disso, outras medicações usadas atualmente podem causar sedação, como no caso de benzodiazepínicos, ou levam muito tempo para induzir uma resposta, como no caso dos antidepressivos”, explica o psiquiatra.

Testes e resultados

Ao todo, 120 voluntários participaram dos estudos de segurança e eficácia, entre médicos, enfermeiras e fisioterapeutas que atendem pacientes com o novo coronavírus no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

Por 28 dias, a metade deles foi submetida somente a tratamento com orientações, vídeos motivacionais e sugestão de exercícios físicos, enquanto os demais também receberam doses diárias de 300 miligramas de CBD pelo mesmo período.

“É a mesma dosagem usada nos estudos de ansiedade e Doença de Parkinson”, afirma Crippa.

“É a mesma dosagem usada nos estudos de ansiedade e Doença de Parkinson”, afirma Crippa.

Depois da conclusão do tratamento, os participantes responderam perguntas em uma autoavaliação que apontaram menor incidência de ansiedade (60%), depressão (50%), e burnout (25%) em quem foi submetido às doses do canabidiol com relação aos que não receberam a substância.

“Os dados analisados indicam diminuição significativa após 14 e 28 dias de uso do fármaco”, diz o pesquisador.

Em cinco dos 60 voluntários, no entanto, os pesquisadores registraram eventos adversos considerados graves, como elevação de enzimas hepáticas, ou seja, do fígado, mas que se recuperaram. Isso indica, segundo o grupo, que apesar do potencial uso no tratamento da síndrome de burnout e da exaustão emocional, ainda é preciso aprimorar a sua aplicação.

“Os efeitos colaterais que verificamos demonstram que a prescrição em pacientes sempre tem que ser feita por um médico. Igualmente, apenas compostos em grau de pureza farmacológica devem ser usados”, afirma Crippa.

Ensaios clínicos também com a utilização de placebo devem ser realizados no futuro para aprofundar os dados. Além disso, a USP também avalia os efeitos preventivos a longo prazo do fármaco.

“A aqueles 60 participantes que não tomaram o CBD na primeira fase foi oferecido o tratamento com CBD. Agora após um ano de tratamento, estamos avaliando os efeitos a longo prazo da prevenção do estresse e burnout nestes profissionais.”

Fonte: G1.Globo

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