A venda de MIPs em farmácias, aliada aos produtos OTC, alcançou pela primeira vez cifras acima de R$ 40 bilhões e registra alta acumulada de 53% em cinco anos. Mas a exemplo do setor farmacêutico em geral, a concentração de mercado desperta um sinal de alerta. As oito fabricantes com faturamento bilionário na categoria respondem por 54% da receita.
De acordo com dados da IQVIA obtidos pela redação do Panorama Farmacêutico, o segmento de MIP/OTC movimentou R$ 42,1 bilhões no varejo nos últimos 12 meses até junho deste ano. “O avanço em relação ao mesmo período anterior foi de 5,9%. Mas o crescimento da cesta está majoritariamente pautado no fator preço/mix”, salienta Jonatas Vieira, gerente de marketing da BU de Consumer Health da consultoria.
A precificação agregou R$ 1,9 bilhão ao faturamento do varejo farmacêutico no intervalo de julho de 2023 a junho de 2024. Novos produtos geraram somente R$ 800 milhões de venda incremental, o que sugere escassez de lançamentos. Quando avaliadas as subcategorias, vitaminas & suplementos e produtos gastrointestinais puxaram essa evolução, com aumento de 12,4% e 12,1%, respectivamente.
Venda de MIPs em farmácias + venda de produtos OTC
(movimentação em bilhões de R$ – MAT Jun 2020 a MAT Jun 2024)
Venda de MIPs em farmácias tem líder com sinal amarelo
As indústrias que ocupam o top 8 na venda de MIPs em farmácias totalizaram R$ 22,8 bi de faturamento. A Hypera Pharma segue soberana na primeira posição. O montante de R$ 6,5 bilhões representa 15% do mercado de MIPs/OTC, mas a líder praticamente estagnou em relação aos 12 meses anteriores. O aumento percentual não passou de 1,9%, enquanto o Grupo NC, controlador da EMS, cresceu 9,7%.
Essa redução na distância teve como principal motor os medicamentos para dor e febre. Enquanto esse portfólio levou a Hypera a um recuo de 1,2%, a categoria registrou salto de 14,9% na EMS. O resultado respalda os planos de expansão da segunda colocada, que obteve financiamento de R$ 500 milhões do BNDES com foco em genéricos, antialérgicos e analgésicos.
Além disso, a EMS aposta no varejo associativista e independente para acelerar esse crescimento, por meio de uma nova plataforma de vendas. A previsão inicial é que esse projeto alcance o primeiro bilhão ainda em 2024. Desse total, aproximadamente R$ 100 mil viriam de compras que não aconteceriam sem a adoção do sistema.
“Esse produto vai ser a automação de nossa força de vendas. Todos os pedidos transacionados no grupo vão passar por ele, ao mesmo tempo em que passamos a dar mais autonomia às farmácias”, comenta o vice-presidente Marcus Sanchez.
Entre as cinco primeiras, também chamam a atenção o avanço da Cimed, que teve alta de 6,1%. Mas quem encabeçou o aumento percentual foi a União Química, que ultrapassou o Aché graças a um incremento de 13,5%.