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Alemã Bayer busca avançar no setor de sementes no país

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Clima é um dos desafios para avançar em sementes no país, diz Merege, da Bayer Se os negócios de agroquímicos geraram perdas para a Bayer CropScience – área agrícola da múlti alemã – na primeira metade do ano, o segmento de sementes foi motivo de comemoração.

De janeiro a junho, a área de defensivos da companhia teve uma receita 4,6% menor que no mesmo período de 2016, enquanto a de sementes teve faturamento global 24,6% maior. Embora ainda pouco representativa no Brasil para a Bayer, a área de sementes tem merecido atenção especial da alemã. Só neste ano a empresa inaugurou quatro centros novos de pesquisa em sementes em polos produtores: Sinop (MT), Porto Nacional (TO), Ibiporã (PR) e Trindade (GO).

Com eles, já são oito centros no país. Em entrevista ao Valor, Alex Merege, diretor de sementes da companhia no Brasil, disse que o insumo “é uma porta de entrada” de uma relação com o agricultor. Essa porta de entrada tem sido cada vez mais valorizada, especialmente após a queda de vendas, que atingiu € 428 milhões no Brasil no segundo trimestre do ano.

A retração foi resultado dos estoques altos nas distribuidoras. Além disso, a Bayer teve de fazer provisões elevadas devido à expectativa de devolução de produtos parados ou com validade eventualmente vencida. Com as provisões, as vendas reportadas pela Bayer na América Latina ficaram negativas em € 69 milhões no segundo trimestre. Merege explica que a dinâmica do mercado de sementes é bem diferente da dos agrotóxicos.

Pelo fato de a semente ser um ser “vivo”, portanto, perecível, não existe estoque desse insumo. Assim, uma “surpresa” no balanço com estoques elevados é um cenário impossível. Outra vantagem é que a semente é o insumo essencial para o cultivo. Sem semente, não adianta comprar fertilizantes ou agrotóxicos. Diante disso, o poder de barganha do produtor é menor. “Quando o agricultor compra uma semente, você passa a fazer parte do plantio até a colheita”, afirma Merege.

Segundo o executivo, esse contato com o agricultor também dá a oportunidade de mostrar o que está sendo desenvolvido em sementes. Nessa categoria, diz, não existem variedades ou híbridos que tenham mais de dez anos, o que torna esse mercado mais dinâmico que o de químicos. O interesse da Bayer de crescer em sementes no Brasil nunca foi segredo e ficou ainda mais evidente após as negociações para a compra por US$ 66 bilhões da americana Monsanto, em setembro de 2016.

Depois das aprovações dos órgãos antitrustes, previstas para ocorrer até o fim do ano, a Bayer vai se tornar líder no mercado mundial de sementes – liderado pela Monsanto – e no mercado de defensivos, desbancando a Syngenta. O Brasil é o terceiro maior mercado em vendas de sementes e tem o maior potencial de crescimento, o que deixa a Bayer em posição bastante confortável tendo nas mãos o portfólio de variedades transgênicas da Monsanto.

A perspectiva é que, com a Monsanto, a Bayer tenha mais bala na agulha para investir em pesquisa e desenvolvimento. Para desenvolver um novo híbrido, o investimento pode ultrapassar até mesmo o gasto para desenvolver uma nova molécula de agrotóxico, o que, em alguns casos chega a US$ 500 milhões. “É difícil colocar um valor porque você não tem tanta previsibilidade quanto se tem no químico”, diz. A Bayer investe entre 10% e 15% da receita em pesquisa e desenvolvimento a cada ano. Merege reconhece que há desafios para avançar em sementes no Brasil.

Além de questões burocráticas para registro de produtos, o clima é a principal preocupação. Segundo ele, na agricultura tropical surgem doenças sem padrões pré-definidos muito rapidamente. “Você precisa ter um banco de germoplasma muito conhecido para que consiga fazer os cruzamentos”, diz. Com a compra da Monsanto, o banco de germoplasma da empresa será grande o suficiente para o desenvolvimento mais ágil de novas variedades ou híbridos.

Fonte: Valor Online

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