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Busca de proteção no dólar por investidores pressiona inflação e ameaça empresas

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A disparada do dólar e dos preços de commodities minerais e agrícolas, com impacto na inflação dos produtores no Brasil, está comprimindo a margem de lucro das empresas e pode comprometer a recuperação em curso.

O risco é de redução do emprego e da atividade empresarial, sobretudo na indústria.

Se esse cenário se prolongar, a alta da moeda norte-americana poderá contaminar também a inflação aos consumidores, como ocorreu em 2015, quando a alta dos preços chegou a dois dígitos.

Em 12 meses, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) sobe 25,3%, com matérias primas aumentando 54% e produtos agrícolas, 42,5%, entre outros.

Em condições normais, a exportação desses produtos traria mais dólares ao país, contendo a valorização.

Neste momento de incerteza por causa da dívida pública em alta, porém, o dólar sobe com a desconfiança de investidores, que se protegem na moeda norte-americana.

Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o principal problema da alta do dólar não é, por enquanto, o que ela pode causar à inflação geral ao consumidor.

Com a economia ainda muito deprimida, as famílias poderão não ter renda suficiente para chancelar repasses maiores do setor produtivo, dado o elevado desemprego.

“O problema é que, para continuar vendendo, as empresas estão comprimindo muito as margens de lucro. E podem chegar a um ponto em que não compensa produzir, o que levaria ao encerramento de atividades e a mais desemprego”, diz Vale.

Para José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator, choque de custos para empresas sem demanda não vira inflação. “Isso se torna perda de atividade e quebra. As empresas perdem margens ao mesmo tempo em que as famílias compram menos.”

Combinado ao aumento dos juros por conta da dívida pública maior, financiamentos a empresas e consumidores também podem ser afetados, deprimindo a atividade.

Grande parte da inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, segue o comportamento do setor de serviços, que vive um momento de baixa atividade e preços.

Daí a expectativa de inflação geral dentro da meta neste ano e no próximo –embora tenha havido piora recente nas previsões para 2021.

Vale afirma que mesmo que a alta do dólar comece a pressionar os preços aos consumidores, a atual equipe no Banco Central teria mais credibilidade do que a do governo Dilma Rousseff para ancorar as expectativas do mercado, o que seria uma vantagem.

Em 2015, no primeiro ano do segundo mandato da ex-presidente, o dólar acumulou valorização de 48,5%.

Assim como ocorre agora, muitos investidores se refugiaram à época na moeda norte-americana temendo a explosão (e um eventual calote) na dívida pública. Em 2015, a inflação geral medida pelo IPCA acabou disparando, encerrando aquele ano em 10,6%.

Isso ocorreu mesmo com o país em recessão, num fenômeno chamado estagflação (inflação com recessão).

Na época, a dívida pública saiu do controle, saltando de 56,3% como proporção do PIB, em 2014, para 70%, em 2016.

Em um ciclo vicioso naquele momento, muitas empresas, com medo do futuro, também optaram por reajustar preventivamente seus preços e cortar a produção, mesmo correndo o risco de perder participação em seus mercados.

A dívida pública e a inflação só se estabilizariam a partir de 2016, já no governo Michel Temer, com a instituição do teto de gastos, que limita a evolução da despesa pública à inflação.

Segundo Tony Volpon, economista-chefe do UBS BB, embora ainda exista a expectativa de a inflação geral medida pelo IPCA ser mantida sob controle, a alta do dólar acende uma “luz amarela”.

Por causa do volume recorde de dinheiro injetado na economia pelo auxílio emergencial, muitas consultorias acreditam que a recuperação da atividade no Brasil vem se dando em forma de “V” (queda seguida de rápida recuperação) -o que pode levar os consumidores a chancelarem à frente, via inflação, parte do aumento de preços sentido pelos produtores.

Para Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, a busca do governo Bolsonaro por fontes de dinheiro para um novo programa social -causa do estresse atual no mercado e no refinanciamento da dívida pública- pode estar sendo precipitada.

“Há o diagnóstico de que, com o fim do auxílio emergencial, 20 milhões de pessoas ficarão sem renda. Tenho dúvidas, pois fala-se muito pouco do que acontecerá de positivo quando a economia finalmente reabrir.”

Nesse sentido, as próximas semanas e a evolução das mortes decorrentes da Covid-19 no Brasil serão decisivos.

Fonte: Folha de Londrina

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