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Ciência e espiritualidade se unem cada vez mais para cuidar da mente

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As angústias da contemporaneidade, época marcada pela competitividade, individualismo, acirramento da intolerância e, por consequência, frustrações com os caminhos da própria vida, têm levado cada vez mais pessoas a buscar por bem-estar e autocompreensão a partir da integração entre ciência e espiritualidade. Tanto é que, a partir de amanhã, a Igreja Católica de Bauru irá promover um mutirão de confissões para atender à alta demanda de fiéis por ocasião da Quaresma (leia mais abaixo).

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São inúmeros os estudos científicos ao redor do mundo que demonstram que a fé – não necessariamente vinculada a uma denominação religiosa – é benéfica para a superação de problemas concretos e tormentos da mente humana. Há levantamentos, inclusive, que apontam para a existência de genes da fé e que até mesmo circuitos neurais são alterados por meio dela.

Embora haja controvérsias sobre o nível de alcance da espiritualidade para solucionar dilemas que demandam uma abordagem médica ou psicológica, fontes ouvidas pela reportagem confirmam que a integração entre estas duas esferas é mais frequente do que se imagina.

Aceituno Jr.Dom Sevilha: religiosos e psicólogos interagem pela vida

Bispo diocesano de Bauru, dom Rubens Sevilha conta que, não raramente, psicólogos e religiosos fazem trocas de recomendações como forma de amenizar as dores de quem se encontra em sofrimento mental. Os profissionais podem, por exemplo, pedir para que pacientes mais religiosos busquem amparo nas confissões como forma de complementar a terapia em consultório. “Então, aquela pessoa que não se perdoava ou não conseguia perdoar alguém faz o mesmo relato que repetiu durante muito tempo na terapia, recebe o perdão e se transforma. É algo complexo, a forma como a força e a graça de Deus atingem a profundidade da alma e da psique de quem acredita. Vai além de somente verbalizar, desabafar”, pondera o bispo.

Por outro lado, quando alguém vai se confessar e relata situações que apontam para um padrão patológico, os religiosos também orientam a procura por ajuda especializada. “Quando a confissão aponta para um comportamento obsessivo, doentio, que foge da esfera espiritual e vai além da fragilidade humana, do erro, recomendamos procurar um psicólogo ou um psiquiatra”, detalha.

REFERÊNCIA

Segundo o psicólogo e terapeuta Arnaldo Vicente, especialista na área cognitiva-comportamental, o encaminhamento para aconselhamento religioso tende a ser mais eficiente para pacientes que, além de terem recebido educação religiosa, tenham autorreferência excessiva, ou seja, que possuem dificuldades para confiar em outras pessoas ou lidar com situações em que precisem contar com elas.

“Muitas vezes, por mais que usemos técnicas científicas, baseadas na lógica, estas pessoas seguem acreditando que a vida só poderá ficar melhor se o alcance dos seus objetivos depender só delas”, comenta. Ele explica que, diante desta situação, indivíduos que tiveram uma educação religiosa no passado, mas que, aos poucos, foram se distanciando da prática, acabam apresentando a necessidade de voltar a alimentar este lado espiritual, em busca de uma referência maior.

“E a gente vê com muitos bons olhos que eles procurem e se aproximem de uma figura que lhes parece mais confiável e que possa trazer um pouco de conforto, de tranquilidade para que a gente possa, de maneira racional, desenvolver um trabalho para que a pessoa transforme estas distorções cognitivas e aprenda a gerenciar os próprios pensamentos”, detalha.

Além da religião

Malavolta Jr. Arnaldo Vicente: espiritualidade mesmo sem fé religiosa

O psicólogo Arnaldo Vicente pondera que nem sempre a espiritualidade precisa ser praticada por meio da fé religiosa. Até mesmo para quem faz uma leitura mais objetiva da vida e não crê na existência de uma entidade superior, é possível buscar bem-estar e autoconhecimento por meio da terapia, aliada ao exercício de cultivar virtudes da essência humana, como a humildade, a empatia, a gentileza e a compaixão, que colaboram para manter o equilíbrio entre corpo e mente.

São práticas que demandam generosidade com as relações interpessoais e que contribuem para evitar que os indivíduos vivenciem suas dificuldades sozinhos. “Por meio do trabalho voluntário, por exemplo, uma pessoa com depressão pode descobrir que não era tão incapaz quanto pensava. Na medida em que consegue desenvolver hábitos ligados a outras pessoas, ela consegue ter um conceito diferente de si mesma. Toda forma de relacionamento, seja com o outro ou com a fé, pode resgatar o potencial, a energia das pessoas e a esperança de que elas serão bem-sucedidas”, pondera.

‘A fé começa onde a ciência termina’

Samantha CiuffaTatto Savi fala sobre espiritualidade. 29/03/2019

Ao contrário do que muitos possam pensar, fé e razão andam de mãos dadas. É o que afirma o palestrante espírita Tatto Savi, para quem a espiritualidade não disputa com fatos e que a fé cega pode levar a caminhos perigosos, como o fanatismo.

“A fé deve ser raciocinada, sincronizada com a ciência. Já a fé cega aceita o falso como verdadeiro sem verificar e, a cada passo, se choca com a evidência e a razão”, analisa. Ainda de acordo com ele, os fatos mostrados e provados pela ciência devem ser, inclusive, o alicerce para o exercício da fé.

“Quando erramos, nos sentimos culpados e precisamos da fé para continuar persistindo em nossos objetivos. A fé não é um poder que existe para atender nossos desejos, mas sim a força necessária que nos faz acreditar que conseguiremos atingir nossos objetivos, mesmo na incerteza do resultado final”, acrescenta.

Tatto Savi defende, ainda, que quem recorre à espiritualidade não deve esperar uma vida sem dores – algo humanamente inatingível, mas um caminho para conseguir absorver as angústias da vida como lições que levarão a aprendizados e elevação moral. Segundo ele, a fé não existe para livrar os indivíduos de problemas, mas sim para reforçar a coragem e a confiança de que são capazes de superar dissabores, incluindo doenças e até mesmo a morte de um ente querido.

“Mesmo os cientistas e pesquisadores mais materialistas demonstram ter uma fé enorme, ainda que não admitam, pois acreditam ser possível encontrar curas, medicamentos e tecnologias para o bem da humanidade que ainda não foram descobertas. Mas, ainda assim, mesmo depois de várias tentativas frustradas eles seguem confiantes em seu objetivo final. Até onde a ciência puder nos levar, devemos ir com ela. A fé começa onde a ciência termina”, completa.

Padres farão mutirão para confissões

A Diocese de Bauru fará, no mês de abril, um mutirão para que fiéis possam se confessar durante a Quaresma. É neste período que os cristãos se preparam para a Páscoa, ou seja, a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.

Durante estes quarenta dias, que começaram a ser contados na Quarta-feira de Cinzas, os católicos devem fazer os exercícios quaresmais do jejum, da esmola e da oração, pelos quais buscam a conversão e a misericórdia de Deus para crescerem no seguimento de Cristo. Para tanto, neste período, as paróquias se organizam para celebrarem o Sacramento da Reconciliação, popularmente conhecido por confissão, em mutirões que contam com a presença de vários padres da Diocese.

A programação começa no dia 1 de abril, nas paróquias São Cristóvão, em Bauru, e Nossa Senhora Aparecida, em Boraceia, a partir das 19h30. “Os horários são sempre em período noturno para que as pessoas possam se confessar após o trabalho”, aponta o bispo diocesano de Bauru, dom Rubens Sevilha.

Ele explica que cada mutirão deverá contar, em média, com cerca de dez padres, número que pode variar de acordo com o tamanho da igreja e a quantidade de fiéis de cada paróquia. A expectativa é de que muitos católicos se confessem durante os mutirões, já que, pelas regras da Igreja, esta é uma obrigação que eles devem cumprir ao menos uma vez ao ano, por ocasião da Quaresma.

“É um momento de purificação para começar uma vida nova, que é o sentido da Páscoa. A confissão entra neste contexto, em que os fiéis têm a oportunidade de reconhecer os erros, de renunciar a estes erros e se tornarem pessoas melhores”, detalha dom Sevilha

O bispo explica que, assim como ocorre durante o resto do ano, o aconselhamento nos mutirões será realizado individualmente e de modo a garantir a privacidade e intimidade dos fiéis, em salas ou espaços mais isolados dos templos. “Conseguimos fazer esta adaptação e tem funcionado muito bem, sem qualquer transtorno. As filas andam rápido”, frisa.

Segundo dom Sevilha, são os católicos praticantes, frequentadores assíduos da Igreja, os que mais procuram os mutirões para aconselhamento. Porém, em razão da divulgação da iniciativa e do próprio apelo da Quaresma, muitos que não se confessavam há anos também acabam se sentindo motivados a vivenciar esta oportunidade de renovação.

“Há confissões bem extraordinárias, de pessoas que há dez anos não se confessavam. Há relatos muito bonitos, muito profundos e que evidenciam toda a complexidade do ser humano”, cita.

Fonte: JC Net

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2020/03/23/entidades-tranquilizam-populacao-sobre-abastecimento-de-remedios/

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