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Clínicas farmacêuticas movimentam varejo de farmácias

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Quase 800 farmácias em todo o Brasil estão disponibilizando serviços de atendimento farmacêutico para clientes e pacientes

Você provavelmente já foi até uma farmácia comprar um remédio prescrito por um médico, e foi orientado por um farmacêutico no ato da compra. Até aí, este pode ser o fim da sua relação com aquele profissional da farmácia. Porém, o que você talvez não saiba, é que o ofício do farmacêutico vai muito além da orientação medicamentosa. O número de clínicas farmacêuticas onde profissionais acompanham o tratamento de pacientes vem aumentando e movimentando o varejo de farmácias em todo o Brasil.

No Brasil, existem aproximadamente 780 farmácias que desenvolvem atendimentos farmacêuticos para a população em clínicas específicas, dentro dos estabelecimentos. Apesar de um grande crescimento nos últimos dois anos, o número ainda é pequeno, se comparado às mais de 80 mil farmácias e drogarias privadas que existem em todo o território brasileiro. Os dados do Conselho Federal de Farmácia (CFF) mostram que o crescimento se deu por uma aprovação do atendimento farmacêutico por parte da população, como explica o diretor tesoureiro do CFF, Samuel Meira. “Existe uma pesquisa que mostra que 68% das pessoas acreditam e procuram um consultório farmacêutico em caso de alguma doença. A procura tem crescido muito, pois vem acabando uma imagem que o farmacêutico era confundido com um balconista. Hoje existem várias leis e legislações reconhecem o farmacêutico como um profissional da saúde”, revela o diretor.

Michaelle Santos, coordenadora farmacêutica da rede Pague Menos, na Paraíba, comemora o sucesso das clínicas e garante que a inovação tem atraído mais clientes. “Desde que começamos com o serviço, o movimento tem crescido em todas as unidades”, revela. Cliente e paciente assíduo da unidade da Pague Menos do bairro do Valentina, em João Pessoa, seu Antônio comenta sobre os novos serviços oferecidos pela rede. “É bom demais. Desde que chegou esse serviço aqui, eu só venho aqui. Porque me consulto e já compro o que preciso”, relata o aposentado de 71 anos.

Profissionais amparados pela Legislação

No ano de 2014, a Lei 13.021 conferiu aos farmacêuticos o reconhecimento como profissional da saúde, ou seja, eles também seriam responsáveis pela promoção e cuidado com a saúde dos indivíduos dentro de suas atribuições. Apesar da profissão ser regulamentada desde a década de 1960, Samuel acredita que o ofício tem evoluído nos últimos anos. “A profissão tem evoluído ultimamente. Existem diversas resoluções que garantem a atenção clínica dos farmacêuticos”, disse.

A mesma lei ainda regulamentou a criação dos consultórios farmacêuticos e a atuação do profissional de farmácia no acompanhamento farmacoterapêutico. O CFF registrou duas resoluções, de números 585 e 586, com base na Legislação Brasileira, que amparam a atenção clínica dos farmacêuticos aos pacientes. Apesar da forte resistência da classe médica, as resoluções foram aprovadas e incorporadas legalmente às regulamentações do conselho.

Entendendo as diferenças

Apesar das diferenças, o atendimento médico e o farmacêutico são complementares e sua união é muito importante para os pacientes. Mas afinal, qual a função de cada um? Quando um paciente apresenta algum sintoma de doença, é natural que recorra a um médico. Essa é a decisão mais acertada, visto que o profissional da medicina vai averiguar o diagnóstico do paciente, ou seja, descobrir o que ele tem através de testes e exames. Descoberto o problema, o médico passa um tratamento para recuperação do paciente. E é aí que entra o farmacêutico. O profissional vai acompanhar e orientar o paciente durante todo seu tratamento para que o mesmo alcance a recuperação seguindo os passos direcionados pelo médico.

O trabalho multidisciplinar é fundamental para plena saúde dos indivíduos, visto que o farmacêutico também pode contribuir com o tratamento, como explica a coordenadora farmacêutica de uma franquia de farmácias no estado da Paraíba, Michaelle Santos. “O serviço de atenção farmacêutica faz o acompanhamento farmacoterapêutico do paciente, verificando índices fisiológicos e bioquímicos para avaliar se o mesmo está realizando o tratamento de maneira adequada. Com esse apoio, o farmacêutico pode sugerir uma substituição de medicamento, caso não esteja fazendo efeito; uma mudança na dosagem, tudo isso visando a recuperação”, garante a coordenadora.

O presidente do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), Roberto Magliano, confirma a importância do trabalho conjunto. “Todas as profissões devem ter autonomia para atuar dentro de suas atribuições. A Farmacologia é uma grande e importante aliado para os médicos e não só para os médicos, mas para toda a população. Eles têm fundamental importância na dispensação dos fármacos, no controle de qualidade, na posologia, concentrações. Então o CRM vê com muito bons olhos essa parceria”, destacou o presidente.

Não adianta só o médico dar o diagnóstico e a prescrição se o paciente não tiver uma adesão boa ao medicamento, se não tomar de maneira correta, então o atendimento vai dar essa garantia de que o tratamento vai fazer efeito. São trabalhos complementares. Não trabalham sozinhos.”

Michaelle dos Santos – coordenadora farmacêutica

O que o farmacêutico pode e o que não pode?

O acompanhamento farmacoterapêutico pode ser dividido em diversas funções. A farmacêutica Cristiane Vieira explica algumas das funções que são de responsabilidade do profissional de Farmácia. “Fazemos aferição de pressão arterial, glicemia capilar, perfuração de lóbulo. E também alguns serviços de acompanhamento, para quem está realizando alguma dieta, por exemplo, ou quem está tentando parar de fumar”, elenca Cristiane.

Porém, o farmacêutico não tem a atribuição de diagnosticar pacientes ou prescrever remédios que necessitem de prescrição. Além disso, também foge de suas competências qualquer tipo de procedimento cirúrgico.

Na Paraíba

A coordenadora farmacêutica Michaelle Santos ainda mostra que o serviço de clínicas farmacêuticas vem crescendo no Estado da Paraíba. Os pacientes são atendidos tanto através de demanda espontânea, ou seja, quando chegam à farmácia; ou através de agendamento prévio, quando já há um acompanhamento do paciente, como é o caso do Seu Antônio, que mora no bairro do Valentina, em João Pessoa. “Essas meninas aqui são minha luz. Eu tenho diabetes, e elas me ajudam com os remédios, com os tratamentos. Eu estou aqui desde que a farmácia chegou. Rezo por elas todo dia de noite”, relata emocionado como é a relação com as farmacêuticas.

Segundo a coordenadora, são 780 consultórios espalhados em todo o Brasil, e 28 deles estão no território paraibano. Veja os dados:

Desde a graduação

Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), os alunos do curso de graduação em Farmácia são inseridos desde cedo em projetos que oferecem o exercício dos atendimentos farmacêuticos, como é o caso do projeto Cuidados Farmacêuticos, coordenado pela professora Walleri Reis, e que tem como função levar a atenção de saúde para toda a sociedade.

Melquisedeque Menahem, aluno que participa do projeto, explica como as ações funcionam. “Tivemos várias ações desde a abertura do projeto. Rastreamos pacientes elegíveis pras consultas onde medimos vários parâmetros como glicemia e pressão arterial. Também realizamos educação em saúde, sobre saúde mental e saúde da mulher. Também abrimos o Centro de Informações sobre Medicamentos (CIM), no ambulatório do Campus, para orientar a população sobre a manipulação e utilização de fármacos”, revela o aluno.

Desde os primeiros períodos da graduação, os alunos de Farmácia são introduzidos ao verdadeiro e deontológico ofício do farmacêutico: promover a saúde dos pacientes. Através do contato com pessoas que realmente precisam de auxílio em seu tratamento, os estudantes constroem o caminho para um futuro profissional ético, consciente e acima de tudo, com pensamento coletivo focado na promoção da saúde.

Fonte: Jornal Correio

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