Farmácias localizadas no Mato Grosso do Sul vêm sofrendo concorrência desleal por conta do contrabando de cannabis proveniente do Paraguai. Segundo reportagem do Campo Grande News, a compra facilitada do outro lado da fronteira faz brasileiros usarem o óleo até em cigarros eletrônicos. Em janeiro, a substância foi apreendida na cidade de Ponta Porã para esse fim.
Um dos riscos do comércio ilegal de produtos à base de cannabis ou com ativos de CBD é que esses produtos não possuem comprovação de qualidade e certificação de origem da matéria-prima.
Mesmo com as regras rígidas não é difícil conseguir acesso fácil ao canabidiol. No Paraguai, 50 ml do óleo de cannabis são comercializados por cerca de R$ 80. Além disso, há relatos de pessoas que atravessam a fronteira para fechar negócio sem receita médica em mãos.
A prática, além de ser ilegal, pode trazer danos à saúde. Segundo a médica Barbara Luíza Rosa, um dos efeitos colaterais do uso indevido do canabidiol é a potencialização do efeito de outro medicamento. “Quando você usa outros medicamentos, o óleo pode aumentar o efeito colateral ou potencializar”, ressalta. Quem usa sem prescrição para tratar ansiedade ou insônia, por exemplo, pode ver os sintomas se agravarem.
Contrabando de cannabis acarreta em fuga de riquezas
Para Bruna Rocha, diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides (BRCann), casos como esse geram fuga de riquezas que retroalimentam um círculo vicioso na saúde e segurança pública no Brasil. Por isso mesmo, ela ressalta a importância da revisão da RDC 327 para a evolução do mercado de cannabis no país.
Bruna cita um estudo conjunto da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), que revelou um prejuízo financeiro de R$ 453 bilhões por conta de contrabando, pirataria, roubo, concorrência desleal por fraude fiscal, sonegação de impostos e furto de serviços públicos. “Grande parte do mercado ilegal provém do mercado não regulado e a indústria farmacêutica é um dos principais setores envolvidos”, ressalta.