A alta de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros promovida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira (17) surpreendeu os economistas consultados pelo G1. A aposta majoritária do mercado era de que a alta da Selic seria de 0,5 ponto.
Com base no comunicado divulgado depois da reunião, os analistas também afirmaram que o Copom deixou claro que deve promover um novo aumento de 0,75 ponto percentual na próxima reunião, em maio. Os diretores do Banco Central pontuaram que “o Comitê antevê a continuação do processo de normalização parcial do estímulo monetário com outro ajuste da mesma magnitude”.
“O consenso entre os economistas era de uma alta mais fraca (da Selic), ainda que o que estava precificado na curva de juros já era mais perto de 0,75 ponto”, afirma Luciano Sobral, economista-chefe da Neo Investimentos.
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Segundo o Copom, o ritmo de 0,75 ponto para a alta dos juros previsto para a próxima reunião continuará a depender da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, e das projeções e expectativas de inflação.
BC pressionado
Mesmo num cenário de atividade enfraquecida, o BC tem sido pressionado pelo aumento da inflação. No último relatório Focus, os analistas consultados projetaram que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar este ano em 4,6% – há uma semana, a expectativa era de alta de 3,98%.
“A inflação de curto prazo vem surpreendendo sucessivamente para cima. Na semana passada, a gente já tinha revisado o cenário de inflação de 4% para 5% este ano”, afirma Gustavo Arruda, chefe de pesquisa para América Latina do banco BNP Paribas. Em fevereiro, a inflação acumulou alta de 5,2% em 12 meses e ficou próxima do teto da meta do governo, que é de 5,25%.
No comunicado, o BC destacou que esse ajuste mais rápido, com a subida dos juros acima do esperado pelo mercado, “tem como benefício reduzir a probabilidade de não cumprimento da meta para a inflação deste ano, assim como manter a ancoragem das expectativas para horizontes mais longos.”
No cenário básico do Copom, a projeção para a inflação já está em 5%.
Impacto no câmbio
Na leitura dos analistas, essa alta mais forte dos juros e a indicação do próximo passo na política monetária podem trazer um impacto para o câmbio, com uma valorização do real e, consequentemente, um alívio para a inflação.
A moeda brasileira vive um quadro um tanto inédito. Atualmente, os preços de commodities estão em alta. Sempre que esse movimento foi observado, o real se valorizou. Mas esse cenário não tem se concretizado dessa vez. Agora, uma Selic mais alta pode atrair recursos internacionais para o país e contribuir para o fortalecimento da moeda brasileira.
No comunicado, o Copom destacou que “a continuidade da recente elevação no preço de commodities internacionais em moeda local tem afetado a inflação corrente e causou elevação adicional das projeções para os próximos meses, especialmente através de seus efeitos sobre os preços dos combustíveis.”
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“Houve um movimento de aumento de commodities, sem que houvesse uma apreciação da moeda para compensar. E aí bateu em (preços) administrados”, afirmou Guilherme Loureiro, economista-chefe da Trafalgar Investimentos. “Esse ciclo mais carregado no curto prazo provavelmente tem o benefício de gerar uma apreciação adicional do real.”
Neste ano, o dólar já subiu 7,67% em relação ao real. Em 12 meses, a alta é de 7,67%
Fonte: RÁDIO CULTURA FM 101,7