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Cosméticos podem causar problemas à saúde

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Segundo nova pesquisa, produtos de beleza e cuidados pessoais recebem, anualmente, 396 reclamações na FDA.

As reclamações sobre problemas de saúde associados ao uso de cosméticos e produtos de cuidados pessoais, como maquiagens e shampoos, chegaram ao auge este ano, segundo informações da revista americana Time. Desde que a FDA, agência responsável por regulamentar alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, começou a acompanhar esse segmento, foram 5.144 reclamações sobre eventos adversos.

De acordo com a pesquisa realizada por dermatologistas da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, publicada segunda-feira no periódico científico Jama Internal Medicine isso corresponde a, em média, 396 relatos por ano. Mas houve um aumento acentuado no número de reclamações entre os anos de 2015 e 2016, com destaque para produtos para os cabelos, para a pele e tatuagens.

A pesquisa

O levantamento só foi possível porque, em 2016, a FDA disponibilizou para o público geral acesso ao banco de dados do Centro de Segurança Alimentar e Nutrição Aplicada (CFSAN). “Isso [o estudo] não foi desenvolvido para criar pânico. Nós temos essa imensa indústria e existem muitos químicos nesses produtos que frequentemente não estão regulamentados. Como um dermatologista, vivo e respiro cosméticos e produtos de cuidados pessoais. Eu me pergunto todos os dias, ‘o que é seguro usar?””, disse Steve Xu, principal autor do estudo.

Regulamentação de cosméticos

Enquanto no Brasil a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige um processo de aprovação antes de cosméticos serem comercializados, que incluem segurança, efetividade e relato de eventos adversos, além da exibição das datas de fabricação, validade e número do lote no rótulo, nos Estados Unidos, nada disso é exigido.

Atualmente, os fabricantes de cosméticos não são legalmente obrigados a reportar problemas relacionados aos seus produtos para a FDA. Os produtos também não precisam passar por processos de aprovação antes de serem comercializados, nem são testados para certificar a segurança e a efetividade.

Portanto, resta aos próprios consumidores e à comunidade médica denunciar o produto para a agência, caso haja alguma complicação. Somente se as reclamações forem constantes e gerarem preocupação, os agentes irão investigar.

Risco à saúde

Para os pesquisadores, basear-se apenas em casos relatados significa que pode haver uma grande quantidade de casos não-relatados e pode ser difícil de perceber com certeza se o produto representa um risco à saúde ou não, mesmo quando existem muitas queixas.

O mercado

Em um editorial que acompanhou o estudo na publicação, três especialistas, incluindo o ex-integrante da FDA, Robert Califf, disseram que a indústria cosmética representa um desafio para os próprios reguladores. Estima-se que o mercado global de cosméticos atinja 265 bilhões de dólares só em 2017. Enquanto isso, a área da FDA responsável pelo segmento possui um orçamento de 13 milhões.

Em 2014, a FDA começou a investigar a marca de shampoos e condicionadores WEN fabricada pela empresa Chaz Dean Cleansing Conditioners quando o produto recebeu 127 queixas de usuários alegando que os produtos causavam queda de cabelo. Eles descobriram que o próprio fabricante havia recebido cerca de 21.000 reclamações relacionadas à perda dos fios e a danos na pele do couro cabeludo. No entanto, o produto ainda permanece no mercado.

Riscos de outros produtos mais recentes também já foram alertados, como é o caso do protetor labial da marca EOS Lip Balm e marcas de batons contendo chumbo. “Para produtos que são usados rotineiramente, efeitos a longo-prazo dentro de grandes populações podem ser quase impossíveis de detectar sem uma vigilância ativa”, escreveram. “Mesmo quando os riscos para a saúde são substanciais, como acontece com o tabaco, o caminho para identificar e interpretar sinais de alerta com clareza suficiente para justificar a ação reguladora é muitas vezes longo e tortuoso.”

Combate ao problema

Para combater o problema, os pesquisadores argumentaram sobre a necessidade da vigilância, antes e depois da comercialização dos produtos. Steve Xu acredita que tanto a FDA e os fabricantes de cosméticos precisam implementar a fiscalização. No entanto, reformas e outras soluções internas também precisam ser levadas em consideração.
Nos Estados Unidos, cosméticos e produtos de uso pessoal não são submetidos para aprovação da FDA antes de serem comercializados. Os fabricantes também não são obrigados a relatar possíveis efeitos colaterais. (Istock/Getty Images)

Fonte: Veja Online – SP

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