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Edema, dor, calor e rigidez da musculatura da perna podem indicar Trombose

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A Trombose Venosa Profunda (TVP) é uma situação grave caracterizada pela formação de coágulos sanguíneos (trombos) nas veias profundas das pernas que podem dificultar ou bloquear a passagem de sangue. O trombo pode ainda fluir pelo sangue e atingir outros órgãos importantes como o pulmão ou o coração causando graves consequências. Ela pode ser causada por vários fatores, sendo mais comum em idosos e em pessoas com problemas de circulação sanguínea. Para que você fique mais informado sobre o assunto, inclusive sobre a relação anticoncepcional e Trombose, fique atento à entrevista a seguir com o renomado angiologista Dr. Ricardo Morales.

REVISTA DA CIDADE – O que é a TVP?

RICARDO MORALES – A TVP é uma doença potencialmente grave, causada pela formação de coágulos ou trombos no interior das veias profundas, sendo mais comum sua formação nas veias dos membros inferiores: panturrilhas e coxas. No entanto, de modo menos comum, podem se formar nos membros superiores.

RC – Quais são as principais causas?

RM – A principal causa da TVP é a imobilidade prolongada. Casos que demandam longo tempo em repouso no leito em detrimento de enfermidades ou mesmo depois de intervenção cirúrgica; assim como, viagens aéreas ou terrestres que implicam na necessidade de se permanecer por horas sentada na mesma posição (por isso a patologia ficou conhecida como Síndrome da Classe Económica).

Lesões nos vasos e desequilíbrio nos fatores de coagulação do sangue também são responsáveis pela formação de trombos. Obesidade, gravidez, pós-parto, câncer, uso de anticoncepcionais, reposição hormonal, traumas, varizes nas pernas e tabagismo são considerados gatilhos influenciadores da doença.

RC – Existe relação entre o uso prolongado de anticoncepcionais e a Trombose?

RM – As pílulas anticoncepcionais são feitas de Progestagênio derivado da progesterona ou de uma combinação de Progestagênio e Estrógeno, que podem provocar um desequilíbrio no sistema de coagulação do organismo, que, em virtude do excesso de proteínas prócoagulantes, (atribuídas principalmente ao hormônio estrogênio), aumentam as chances de trombose.

A trombose ligada ao uso de anticoncepcionais pode variar de mulher para mulher, a depender da predisposição genética e/ou dos seus hábitos. Há de se considerar os possíveis fatores de risco: idade (geralmente após os 40 anos), sedentarismo, tabagismo, assim como outros já citados. Convém salientar que há mulheres que se utilizam desse método de prevenção conceptiva e nunca desenvolvem a patologia.

RC –  Quais os sintomas da Trombose?

RM – Nos membros inferiores são: edema (inchaço), dor, calor, rubor (vermelhidão) e rigidez da musculatura na região em que se formou o trombo, dificuldades de locomoção.

É bom que se diga, que em alguns casos este quadro pode ser assintomático. Para abstenção de qualquer dúvida e uma identificação mais pontual, a fim de que se comprove a trombose nas pernas, temos os exames diagnósticos, que são o Ultrassom (duplex scan); a dosagem do D-dímero e a flebografia (exame com contraste).

De forma menos comum, a trombose também pode ocorrer nos membros superiores, a despeito de traumas, assim como por grande esforço muscular.

Existe também a ocorrência da Trombose Venosa Mesentérica, que ocorre nas veias mesentéricas (abdômen), que é bem mais rara.

RC – Como evitar a doença?

RM – Procurar evitar ficar muito tempo parado em determinada posição. É indicado que a pessoa busque se movimentar, caminhar. Fazer exercícios de flexão e extensão nas pernas e pés; principalmente quando se está em longo período de inércia. Em pacientes que apresentem risco, há indicação do uso de meias elásticas de compressão, como forma de prevenção.

Nos pós-operatórios há de se estimular a deambulação precoce, ou seja, fazer com que o paciente, assim que conveniente, caminhe, tal como, pacientes acamados por longo espaço de tempo.

Lembrar que alguns medicamentos devem ser evitados, em casos de pacientes que apresentem sintomas da doença, tais como os anticoncepcionais, reposição hormonal, bem como o uso de corticosteroides. Se houver necessidade de fazer uso, procurar sempre a orientação e acompanhamento médico.

Caso haja na família pessoas acometidas ou que tenham pré-disposição a doenças vasculares, é indicado que se procure um angiologista e se faça exames específicos com o intuito de investigar o fator genético. Em alguns casos o motivo da TVP é a trombofilia, que é uma condição em que o sangue coagula mais facilmente do que o normal, isso pode levar à formação de coágulos sanguíneos indesejados dentro dos vasos (trombos), as trombofilias podem ser hereditárias ou não, sendo hereditárias podem acometer a várias pessoas de uma mesma família.

Em situações em que sinta dor, vermelhidão, inchaço nas pernas, de início súbito, consultar imediatamente o profissional, a fim de se diagnosticar o quadro, e evitar que o mesmo se agrave. Pode tratar-se de uma trombose.

RC – Existem números sobre a quantidade de pessoas atingidas por TVP no Brasil? Quem sofre mais: homens ou mulheres?

RM – O risco de TVP fica de 3 (três) a 6 (seis) vezes maior ao tomar anticoncepcional. Esse risco aumenta consideravelmente para quem fuma mais de 15 (quinze) cigarros ao dia, passando de 5 (cinco) para 40 (quarenta) casos, a cada 10.000 (dez mil) habitantes.

Em estudo recente publicado na revista Circulation, conclui-se que, quando os fatores de risco reprodutivos femininos (uso de anticoncepcionais, etc.) não são levados em conta, o risco de uma primeira TVP é duas vezes mais elevada nos homens do que nas mulheres.

RC – Em quais situações uma TVP pode evoluir para Embolia Pulmonar (EP)? É possível evitar?

RM – Avalia-se que a mortalidade por tromboembolismo pulmonar seja de 17% (dezessete por cento) ocorrendo em até 3 (três) meses após a TVP. A trombose poder ocorrer de maneira silenciosa, entretanto, a embolia pulmonar pode ser rapidamente fatal. Todo quadro de trombose é passível de embolia, é só o coágulo se desprender e ir parar no pulmão. A fim de se evitar tal evolução, confirmando-se o diagnóstico de TVP, deve-se iniciar de pronto o tratamento para assim evitar complicações.

RC –  Como é feito esse diagnóstico?

RM – O diagnóstico da Embolia Pulmonar é feito pelo quadro clínico e este depende do grau de prejuízo trazido ao funcionamento do organismo. Está intrinsecamente associado com o tamanho do trombo desprendido do local original.

Os sintomas são: falta de ar em geral (súbita), dor e chiado de peito, tosse e cianose, podendo vir acompanhada de taquicardia, dilatação das veias do pescoço, aumento do tamanho do fígado e baço, além de inchaço nas pernas. Aproximadamente 15% (quinze por cento) dos casos de morte súbita são atribuídos à EP.

Os exames para diagnóstico são: Raio x de tórax; Tomografia Computadorizada, que verifica o estado dos vasos pulmonares; Angiografia Pulmonar; Ultrassom, teste não invasivo (produz uma imagem dos vasos e do pulmão); D-Dimero, realizado assim que o atendimento é iniciado; Cintilografia de ventilação pulmonar; Ressonância Magnética (por ser um teste bastante caro, é mais destinado a mulheres grávidas, que não podem usar contrastes radioativos ou serem expostas a radiações).

RC – Como se dá o tratamento após o diagnóstico de Embolia Pulmonar? Doença pode levar à morte?

RM – A embolia tem cura quando o diagnóstico é feito precocemente e o tratamento for seguido à risca pelo paciente. É fundamental para evitar a formação de mais coágulos, assim como para dissolver os que já existem. Tanto pode ser medicamentoso, quanto cirúrgico, a depender do caso.

Exige internamento hospitalar, e a depender da gravidade apresentada pelo paciente, até mesmo tratamento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No tratamento são administrados medicamentos anticoagulantes, os trombolíticos ou fibrinolíticos, que incidirão na dissolução dos trombos.

O tratamento cirúrgico consiste na trombectomia pulmonar, feito para desobstruir os vasos do pulmão, removendo os coágulos através de um cateter. Convém salientar, que 15% (quinze por cento) das mortes súbitas envolvem a Embolia Pulmonar.

Nesta patologia, a circulação pulmonar é abruptamente interrompida em determinado local do pulmão, sobrecarregando desse modo, o coração. A diminuição da área de trocas gasosas implica em menor oxigenação sanguínea.

Fonte: Jornal da Cidade

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