O papel do canabidiol (CBD) no controle do apetite vem sendo tema de diversas pesquisas ao redor do mundo e pode ser uma indicação terapêutica interessante para farmacêuticos que gerenciam o atendimento em salas de assistência clínica.
De acordo com estudos conduzidos pela Universidade de Helsinque, na Finlândia, o sistema endocanabinoide (SEC) é fundamental na regulação do desejo de comer, influenciando diretamente na compulsão alimentar.
As pesquisas em ratos dentro da universidade revelaram que altos níveis de CBD são encontrados em indivíduos com compulsão alimentar, indicando um possível desequilíbrio do SEC. O tratamento com fitocanabinoides pode ajudar a ajustar essa produção, trazendo equilíbrio e influenciando positivamente o consumo de alimentos.
A mesma instituição observou que o CBD reduziu a ingestão de alimentos ricos em gordura e, inversamente, aumentou a ingestão de uma dieta padrão nos roedores estudados, promovendo um consumo mais equilibrado.
No contexto dos transtornos alimentares, a cannabis medicinal apresenta propriedades que podem aliviar sintomas frequentemente associados a essas condições, como náuseas, dores crônicas e distúrbios gastrointestinais. A planta contém compostos analgésicos, anti-inflamatórios e antieméticos que podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
“Cada vez mais temos a clareza sobre o potencial terapêutico da cannabis. Além de suas aplicações conhecidas, como a redução da ansiedade e a promoção de um apetite saudável, podemos ajustar os tratamentos à individualidade bioquímica de cada paciente”, observa Maria Klien, psicóloga especializada em cannabis medicinal.
Efeito do CBD no controle do apetite
Uma revisão de 2022 de 11 ensaios clínicos randomizados investigou o efeito do CBD sobre os hábitos alimentares. As descobertas sugerem que a maioria dos indivíduos, especialmente aqueles com um índice de massa corporal (IMC) mais elevado, apresentam redução do apetite.
O efeito do CBD no metabolismo ainda é uma área de investigação em curso e os resultados não são totalmente conclusivos. Alguns estudos sugerem que ele pode influenciar o metabolismo de várias maneiras:
Escurecimento da gordura: evidências de 2016 apontam que o CBD pode converter a gordura branca em gordura marrom – esta é considerada metabolicamente mais ativa e contribui potencialmente para o aumento da queima de calorias
Função mitocondrial: o efeito do CBD na função mitocondrial influencia no metabolismo. As mitocôndrias são responsáveis pela produção de energia nas células
Regulação da insulina: algumas pesquisas indicam que o CBD pode desempenhar um papel na regulação da insulina