Esfriaram as conversas para a venda de ações da Cimed. A farmacêutica brasileira estudava negociar uma participação minoritária e o fundo soberano de Singapura despontava como favorito. Mas conforme antecipou a redação do Panorama Farmacêutico e de acordo com o Valor Econômico e a Veja, o preço seria um dos impasses para o avanço da operação.
Desde o segundo semestre do ano passado, o banco J.P. Morgan está assessorando a Cimed na prospecção de investidores e teria avaliado a empresa em quase 25 vezes o Ebitda. Com base nessa projeção, a farmacêutica teria um valor de mercado em torno de R$ 14 bilhões. Porém, o CEO João Adibe Marques, avalia que essa estimativa está abaixo do esperado.
O GIC Private Limited, fundo soberano de Singapura e com portfólio global estimado em US$ 769 bilhões, era visto como principal candidato à compra das ações. Outros sete investidores institucionais teriam sido consultados e chegaram a estudar a transação. Um deles era o fundo General Atlantic, acionista das Farmácias Pague Menos. Advent, Bain, BW, CPPIB, CVC Capital e Itaúsa também estavam na disputa.
Venda de ações da Cimed não impactaria expansão
A venda de ações da Cimed, embora pudesse acelerar a expansão da farmacêutica brasileira, não mudaria os planos. Inclusive, o caixa da companhia parece estar fortalecido. Em 2024, a companhia captou R$ 1 bilhão após a emissão de duas debêntures. Nos próximos cinco anos, já tem definido um aporte de R$ 3,5 bilhões, que seriam alocados para campanhas de marketing e para o incremento da capacidade produtiva, que chegaria a 100 milhões de unidades por mês.
Nas palavras do próprio empresário, a meta é se tornar a “Procter & Gamble brasileira”, reforçando participação na categoria de bens de consumo. A farmacêutica mira um faturamento de R$ 5 bilhões em 2025 e pretende dobrar esse montante até 2030. Uma das apostas seria a entrada no cobiçado mercado de diabetes e obesidade, com a comercialização de uma versão genérica do Ozempic a partir da expiração da patente, em 2026.
Cimed reorganiza estrutura e aposta em sistema para o varejo
Enquanto deixa de lado as conversas com parceiros, a Cimed iniciou uma reorganização da estrutura societária. Mariana Marques, irmã mais nova da família Adibe, está vendendo sua participação de 6%. Ela não está à frente do negócio, já que reside na Austrália e se dedica à criação de ostras.
Em paralelo, a farmacêutica brasileira lança suas fichas no projeto Foguete Amarelo para estreitar elos com o varejo. Trata-se de um sistema que alia inteligência de mercado e gestão estratégica, que simplifica a transação com as farmácias.
“Com essa estratégia, eliminamos o dinheiro parado na prateleira e o risco de dívidas desnecessárias. O cliente não precisa pagar boletos altos em uma data fixa, o que preserva seu fluxo de caixa. Além disso, oferecemos a vantagem da Prateleira Infinita, garantindo reposições automáticas para evitar perdas de vendas por falta de produtos”, declara Adibe.