As ações da Cimed podem estar à venda. Segundo fontes consultadas pelo Valor Econômico na condição de anonimato, a farmacêutica brasileira teria iniciado a busca por investidores para comprar uma fatia minoritária do negócio – cerca de 10% a 15%.
A companhia, inclusive, contratou o J.P. Morgan para estruturar a operação. A prioridade seria contar com o aporte de um fundo de private equity, que também ajudaria a dar continuidade ao processo de governança da farmacêutica. Analistas do mercado financeiro estimam que a empresa estaria avaliada em aproximadamente R$ 8 bilhões.
Coincidência ou não, a notícia surge dias após o presidente João Adibe anunciar que os investimentos da Cimed somarão R$ 3,5 bilhões nos próximos cinco anos, sendo R$ 2 bi em aumento da capacidade produtiva e R$ 1,5 bilhão em campanhas de marketing. Nas palavras do próprio empresário, a meta é se tornar a “Procter & Gamble brasileira”, reforçando participação na categoria de bens de consumo.
Venda de ações da Cimed poderia agilizar planos de expansão
A chegada de um fundo poderia acelerar esses planos e contribuir para a expansão da Cimed, seja de maneira orgânica ou por meio de aquisições. Recentemente, a farmacêutica brasileira iniciou negociações com a empresa de cosméticos Jequiti, do grupo Silvio Santos, mas as partes não chegaram a um acordo.
Em cinco anos, a Cimed projeta dobrar a capacidade de produção para 100 milhões de unidades ao mês. Hoje o patamar chega a 50 milhões nas duas plantas baseadas em Pouso Alegre (MG). Desse volume, 60% abrange medicamentos genéricos e os outros 40% correspondem a bens de consumo, incluindo carros-chefes como a linha Lavitan e os hidratantes labiais da Carmed.
A instalação de uma terceira fábrica já está em estudo e a tendência é que o complexo seja erguido nas regiões Norte ou Nordeste. A companhia estipulou a meta ambiciosa de chegar a R$ 5 bilhões de faturamento em 2025 e encerrar 2029 na casa dos R$ 10 bi. Em 2023, a receita líquida totalizou R$ 2,25 bilhões, o que representou um incremento de 15,9% na comparação com o ano anterior.
Farmacêutica brasileira vem aprimorando governança
Presidente do conselho de administração da farmacêutica brasileira, Nicola Calicchio não comenta a informação, mas reiterou que a companhia projeta investimentos pesados. “A Cimed decidiu entrar em uma nova fase e vai se financiar com sua geração de caixa e pelo acionista”, afirmou.
Calicchio ingressou nessa posição há dois anos, como parte do processo de aprimoramento da governança. Nesse período, a empresa recrutou executivos egressos de multinacionais como AB Inbev, Kenvue e McDonald´s.