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Estado pagou pela ivermectina 7 vezes mais

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O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) requereu informações à Secretaria de Estado de Saúde (Ses-MT) referentes a compra de 1,4 milhão de comprimidos de ivermectina por R$ 2,8 milhões, a um custo de R$ 2,05 por comprimido. O preço é sete vezes maior que o valor pago por alguns municípios de Mato Grosso. A ivermectina vem sendo utilizada no tratamento contra a Covid-19, mas estudos nacionais e internacionais já demonstraram ser ineficiente na luta contra a doença.

O requerimento para esclarecimentos por parte do órgão estadual foi aprovado pela Assembleia Legislativa na última quarta-feira (18). A Ses-MT informou que o momento é de pandemia e foram realizadas diversas cotações de orçamentos e a optação foi pelo de menor valor.

Segundo Lúdio Cabral, a compra de 350 mil caixas de ivermectina pelo Governo do Estado foi citada durante depoimento do diretor executivo da farmacêutica Vitamedic, Jailton Batista, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia no Senado, na semana passada.

‘Nós pesquisamos os contratos e identificamos que o Estado pagou muito mais caro que os municípios em cada comprimido de ivermectina”, disse por meio da assessoria de imprensa. “Há uma série de lacunas e incongruências no contrato do governo de Mato Grosso com a Vitamedic que precisam ser esclarecidas, como o fato de o contrato primeiro falar em unidade como caixa e depois como comprimido. O fato é que o Estado pagou R$ 2,05 por comprimido de ivermectina’, completou.

No levantamento, Lúdio identificou que a Prefeitura de Cáceres fez a compra mais barata. Segundo ele, foram 500 mil comprimidos por R$ 0,28 cada. O parlamentar cita ainda Juína e Nortelândia que compraram 10,3 mil e 1,5 mil unidades, respectivamente, e pagaram R$ 0,95 por comprimido. Alto Taquari comprou 3 mil comprimidos ao custo de R$ 1 cada, e Alta Floresta comprou 20 mil comprimidos por R$ 1,18 cada.

‘O Estado precisa explicar por que pagou esse valor no mesmo momento que municípios de Mato Grosso pagaram um valor bem menor por quantidades bem menores desse medicamento. O que explica essa diferença? Por que Cáceres adquiriu comprimidos de ivermectina por R$ 0,28 a unidade e o Estado de Mato Grosso pagou R$ 2,05 por comprimido? Por que o Estado pagou tão caro e comprou quatro vezes mais a um preço sete vezes maior por unidade?’, questionou Lúdio.

Médico sanitarista, Lúdio Cabral é autor do requerimento para abrir uma CPI da Pandemia na Assembleia Legislativa. Objetivo é investigar as ações e possíveis omissões do Estado na gestão da pandemia, podem ter levado Mato Grosso a ter a maior mortalidade por Covid-19 do Brasil. Na sua avaliação, a compra da ivermectina por esse valor é mais um fato que reforça a necessidade de abrir a CPI no Estado.

Por meio da Ses-MT, o Governo do Estado esclareceu que a aquisição de comprimidos de ivermectina ocorreu em um momento crítico da pandemia pela Covid-19, em que a procura pelo medicamento era maior do que a oferta. ‘Diante deste contexto e priorizando o atendimento à população, o Estado cotou diversos orçamentos e optou pelo de menor valor. A gestão estadual realizou a aquisição diretamente com o fabricante do componente’, frisou.

Para o governo, não é pertinente a comparação entre o item adquirido pelo município de Cáceres e o produto comprado pelo Estado, tendo em vista que a aquisição feita pelo município trata-se de um medicamento formulado ou manipulado. ‘O Estado não tem legalidade para adquirir produtos que não sejam regulados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)’, argumentou.

Vale reforçar que a ivermectina vem sendo utilizada no tratamento contra a Covid-19, mas estudos nacionais e internacionais já demonstraram ser ineficiente na luta contra a doença. Em julho passado, em documento enviado à CPI da Covid, no Senado, o Ministério da Saúde (MS) admitiu que ‘alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. A ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimabe não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população”.

Fonte: Diário de Cuiabá

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/cpi-da-covid-19-vai-pedir-bloqueio-de-recursos-de-empresa-que-lucrou-com-ivermectina/

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