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Fake news criam diversos fatos mentirosos sobre vacinação

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As notícias falsas não são novidade na sociedade e há anos vem adentrando o universo da saúde pública. Elas corroboram para que as pessoas façam escolhas questionáveis com a certeza de que estão fazendo o certo. Nesse caso, destaque para as notícias falsas recentes relacionadas à vacinação. E a comunidade médica mantém uma postura extremamente contrária a essa decisão.

A história do médico britânico que publicou um estudo criticando vacinas em 1998 é um exemplo de como as campanhas anti-vacinação têm ganhado força baseadas em notícias falsas. Andrew Wakefield alegava em seu trabalho que a vacina da tríplice viral (que protege contra caxumba, sarampo e rubéola) estava relacionada com o desenvolvimento de uma síndrome intestinal e sintomas de autismo em crianças. Mesmo depois de a pesquisa ter sido investigada, comprovada como fraude e Wakefield ter sido penalizado, uma crise na saúde pública foi gerada no Reino Unido e Estados Unidos afetando também outros países – e o Brasil esteve nesse bolo.

Muitas pessoas ficaram confusas com o ocorrido e a eficácia das vacinas foi colocada posição de grande dúvida por boa parte do senso comum em todo o mundo. Se naquela época, ainda nos primeiros passos da internet, informações fraudulentas que foram divulgadas ao público já causaram uma grande instabilidade no âmbito da saúde, as coisas só pioraram com o advento das redes sociais e seus “especialistas”.

Muitos pais que criticam as vacinações têm como principal ponto o “argumento” de que, no primeiro ano de vida, as crianças são bombardeadas por vacinas e isso pode ser prejudicial. O alto número de vacinações no início da vida da criança é real, mas isso não significa necessariamente que o bebê será prejudicado.

“Ao nascer, ainda na maternidade, é administrada a BCG, vacina que protege de infecções graves por tuberculose e hepatite B. No decorrer do primeiro ano de vida, a criança toma várias outras como contra poliomielite, rotavírus, tétano, difteria, coqueluche, meningite por bactérias (Haemophilus influenzae, pneumococo, meningococo), Influenza (chamada popularmente de gripe) e febre amarela, sendo esta última caso a criança resida em áreas com indicação para essa vacina. A partir de 12 meses de idade toma também vacinas contra sarampo, caxumba, rubéola, varicela (conhecida como catapora), hepatite A”, explica Marta Heloisa Lopes, professora associada do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP.

Mas o alto número de vacinas no primeiro ano de vida tem explicação médica: bebês nascem desprotegidos e se pegarem doença grave terão muito mais risco de vida do que um adulto, por exemplo.

“Isso é inquestionável. As crianças antes dos seis meses  tomam muitas vacinas, todas para essas doenças graves. São doenças que se o bebê for contaminado, não vai ser tratado em casa, ele vai ser internado numa UTI”, explica Regina Rodrigues, médica pediatra do Hospital das Clínicas.

Uma das razões que pais costumam se apegar com mais força para justificar a não-vacinação é a famosa frase “Não vou dar vacina para o meu filho porque ele pode vir a desenvolver a doença”. Mas, para médicos, essa frase não passa de um grande absurdo.

“Quem repete isso não se informa há mais de cem anos. Vacina não causa doença. Para ser liberada para uso ela foi testada, testada mais uma vez e testada de novo. Vacina erradica doença. Não é que a criança vai ficar doente com a vacina que ela tomou, ela pode ter um pouco de mal estar e um pouco de febre, mas vai ser protegida daquela doença grave”, diz a pediatra Regina.

Além disso, o Brasil conta com o Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde, sistema gratuito e disponível em todo o país tanto para crianças quanto para adultos.

“Algumas doenças foram eliminadas do Brasil graças à distribuição de vacinas pelo PNI. É o caso da poliomielite, da rubéola, do sarampo. Outras diminuíram expressivamente que quase nem se ouve falar delas, como o caso da difteria”, explica a professora Marta.

O grande perigo da disseminação de fake news e sua influência no crescimento dessa corrente de pais que não vacinam os filhos é o possível retorno de doenças historicamente erradicadas no Brasil podem voltar. “Isso pode ser uma tragédia em termos de saúde pública”, diz a pediatra Ana Paula Marques. Isso porque o vírus pode estar erradicado no Brasil e em boa parte do mundo, mas a simples existência dele em qualquer lugar, em mundo globalizado e com acesso facilitado a viagens, faz com que o perigo de retorno exista. Afinal, as doenças não estão erradicadas, elas estão controladas.  “Quando a gente se vacina, a gente protege os outros”, diz conclui a pediatra Regina Rodrigues.

A única dica da comunidade médica diz é pensar bem nos riscos antes de tomar qualquer decisão, principalmente se ela for baseada em notícias da internet.  Apesar das fakes news sobre as vacinas percorrerem pela sociedade há anos, buscar fontes confiáveis, ler muito e procurar embasamento científico é sempre um bom caminho para tomar uma decisão sábia. Afinal, vacinar ou não os filhos pode ser uma decisão individual, mas ela afeta na vida do outro.

Fonte: Yahoo Brasil

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