A Hypera Pharma acaba de rejeitar a proposta de fusão com a EMS. A decisão foi tomada pelo Conselho de Administração da farmacêutica e anunciada por meio de fato relevante e de um comunicado contundente com a assinatura do fundador João Alves de Queiroz Filho, o Júnior.
A proposta envolvia a compra de 20% das ações por meio de uma oferta pública de aquisição (OPA). No negócio, a EMS pagaria R$ 30 por cada ação, o que representa um prêmio de 39% em relação à cotação atual dos papéis. Além disso, 60% a 70% do controle da Hypera ficaria nas mãos da atual concorrente.
O veto à proposta teve unanimidade no conselho da farmacêutica, após avaliação em conjunto com assessorias externas. Segundo a empresa, a decisão considerou os seguintes aspectos:
(a) o portfólio de produtos da EMS, substancialmente focado em medicamentos genéricos, não está alinhado com os segmentos que a Companhia avalia como estratégicos;
(b) a Companhia e a EMS têm cultura organizacional e práticas de governança corporativa absolutamente distintas, sendo a Hypera uma companhia aberta desde 2008, com substancial dispersão acionária, e a EMS uma empresa familiar de capital fechado; e
(c) a avaliação atribuída à Companhia na Proposta subestima significativamente o valor da Hypera.
Proposta de fusão com a EMS ganhou severas críticas públicas e nos bastidores
No comunicado, inclusive, a proposta de fusão com a EMS mereceu uma crítica contumaz. A Hypera lamentou que ela tenha sido enviada ao mesmo tempo em que divulgada pela imprensa e ainda com o pregão em curso.
“Por fim, a Companhia reforça que a administração segue focada na execução da estratégia de otimização de capital de giro divulgada ao mercado em 18 de outubro de 2024, com enorme potencial de geração de valor para seus acionistas de longo prazo”.
Nos bastidores, a indignação teria sido ainda maior. Segundo apuração do Brazil Journal, Júnior considerou a oferta “absolutamente hostil”. Fontes do setor afirmam que o empresário e o presidente da EMS, Carlos Sanchez, teriam mantido conversas superficiais sobre uma possível fusão há cerca de dois anos. Nesse mesmo período, a Hypera também conversava a respeito do tema com Aché e Eurofarma. “O Sanchez e o BTG estão sendo super agressivos”, disse uma das fontes.
Embora a fusão criasse uma gigante da indústria farmacêutica, com market share de 17%, executivos ligados ao setor entendem que faria mais sentido uma transação com Aché ou Eurofarma. Isso porque esses dois laboratórios dispõem de um portfólio mais completo de medicamentos de prescrição, com maior valor agregado e mais sinergias. No caso da EMS, pesaria contra o fato de ela ter uma operação fundamentada em genéricos – de menor valor da cadeia.
Nova proposta pode surgir?
Uma nova proposta pode surgir? De acordo com o Brazil Journal, existe um sinal de que a EMS poderia tentar submeter a proposta diretamente à assembleia de acionistas. Há dois dias, a Hypera iniciou um roadshow com acionistas para apresentar mais detalhes sobre a proposta. Os próximos capítulos prometem.