Uma fusão entre EMS e Hypera Pharma já saiu da especulação e começa a se tornar uma possibilidade real. De acordo com o Pipeline do Valor Econômico, a farmacêutica do Grupo NC formalizou uma proposta para unir as operações das duas líderes do setor.
Com assessoria da BTG Pactual, a EMS já observava a atuação da concorrente, que vem convivendo com incertezas na geração de caixa e lucratividade. Agora resolveu fazer esse movimento ao assistir à queda acumulada de 26% nos papéis da Hypera no mercado financeiro.
A proposta que está na mesa envolveria a comprar 20% das ações por meio de uma oferta pública de aquisição (OPA). No negócio, a EMS pagaria R$ 30 por cada ação, o que representa um prêmio de 39% em relação à cotação atual dos papéis. Além disso, 60% a 70% do controle da Hypera ficaria nas mãos da atual concorrente mediante a troca de ações.
Na última sexta-feira, dia 18, a Hypera divulgou um fato relevante informando que suspendeu a divulgação de projeções financeiras para o ano de 2024. Na manhã desta segunda-feira, dia 21, as ações despencaram e o laboratório falou em conferência que recomprará cerca de 7,5% do free float para deter a queda.
Fusão entre EMS e Hypera reuniria faturamento superior a R$ 15 bilhões
Consideradas duas das maiores farmacêuticas do Brasil, EMS e Hypera Pharma somam um faturamento de R$ 15,9 bilhões Apesar de dividirem esse bolo de maneira bem similar, quando o assunto é a saúde de cada uma das companhias, a farmacêutica ligada ao Grupo NC se sobressai.
Enquanto o laboratório tem um caixa de R$ 500 milhões e não convive com o endividamento, a Hypera lida com R$ 8,2 bilhões em dívidas, quando se leva em conta dividendos a pagar. Com uma fusão, a expectativa é de que a alavancagem caia pela metade.
Fusão criaria gigante com quase 20% de share
Ambos os lados veem com bons olhos o negócio, uma vez que deteriam quase um quinto do mercado brasileiro. Somadas, EMS e Hypera Pharma totalizam um market share de 17%. Além de liderar o setor no país, o trabalho conjunto também abriria boa distância para a segunda colocada, a Eurofarma, que detém menos da metade desse montante.
Não é primeira vez que fusão é ventilada
Em julho de 2022, o Panorama Farmacêutico apurou junto a fontes do setor que a EMS e a Eurofarma brigavam nos bastidores para fundir suas operações com a Hypera. Na época, a farmacêutica era avaliada em R$ 23,8 bilhões, valor que caiu para R$ 13,9 bilhões.
Já em setembro, o dono da EMS, Carlos Sanchez, deu início ao movimento que pode levar à fusão de ambas as empresas. Sem alarde, na época, o empresário já teria acumulado pelo menos 3% de participação na Hypera.
De acordo com o jornalista Lauro Jardim, o movimento de compra das ações vem ocorrendo por meio de fundos da família Sanchez. Atualmente, o empresário João Alves de Queiroz Filho, o Júnior, e a holding mexicana Maiorem formam o grupo controlador da farmacêutica e mantêm 36% do controle acionário.