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Indústria de matérias-primas biológicas quer estar mais próxima do consumidor

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Num momento em que emergem novas lideranças políticas ao redor do mundo que questionam as relações comprovadas entre mudanças climáticas e emissões de gases estufa derivadas de ações humanas, sobretudo a partir do uso de fontes fósseis de energia, a indústria que recorre a matérias-primas biológicas renováveis acredita que é hora de apelar ao público consumidor.

“A população ainda não sabe do que estamos falando”, afirma Maurício Adade, presidente da multinacional holandesa DSM para a América Latina, em entrevista ao Valor. Ele acaba de assumir a presidência do conselho da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), que até dezembro do ano passado era chamada de Associação Brasileira de Biotecnologia Industrial. O principal desafio da entidade, afirma, é coordenar esforços para convencer os consumidores sobre a importância do segmento, que atua com organismos vivos em substituição aos derivados fósseis, o que implica, também, valorizar os “bioprodutos” pelas vantagens ambientais.

“Existiram no passado muitas controvérsias sobre o benefício da biotecnologia, e ainda existe uma pequena conotação negativa”, avalia Adade, que acredita que isso acontece por desinformação. “Temos que traduzir ao público que tudo o que começa com ‘bio’ é o que faz o mundo melhor. Quem tem uma visão mais holística do que vai acontecer com esse planeta está investindo em biotecnologia”, defende.

A eleição do executivo da DSM – companhia que atua em diversos segmentos, desde alimentos humanos e rações, biocombustíveis, embalagens, cosméticos, fragrâncias, até vestimentas – para comandar pelos próximos dois anos a estratégia do segmento também denota a ampliação do escopo da ABBI, que até então estava focada em participar de debates sobre biocombustíveis.

Embora a frente de atuação junto ao público amplo seja considerada a mais desafiadora, não menos importante deve ser a articulação dessa indústria com o governo Bolsonaro. “Temos que demonstrar que o desenvolvimento econômico está intimamente ligado à bioeconomia no Brasil”, indica Adade.

O executivo diz que está com um “otimismo cauteloso” quanto ao futuro do país e se identifica com algumas bandeiras levantadas pelo atual governo, como atração de investimentos estrangeiros e desburocratização. Nesse sentido, ele acredita que poderá haver maior celeridade nos processos envolvendo propriedade intelectual no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

“Isso já avançou com a criação das patentes verdes, mas pode avançar mais”, diz. Criadas em 2012 (no governo Dilma), as patentes verdes garantem que pedidos relacionados a tecnologias renováveis passem na frente na fila de aprovação do INPI. Para ele, é preciso que o órgão crie critérios para a aprovação mais rápida de biotecnologias já admitidas em outros países.

Só isso, porém, não parece suficiente para fomentar mais investimentos na indústria renovável. Adade critica, por exemplo, a falta de isonomia de tratamento do poder público entre a indústria fóssil e a de renováveis. “A indústria do petróleo tem subsídios que nós não temos. Nós não queremos tirar o subsídio de um setor e trazer para outro, mas é preciso ter isonomia”, defende. Essa distorção, avalia, faz parte da ausência ainda hoje existente de uma política de Estado voltada à “bioinovação”.

Enquanto essa agenda não é construída, Adade acredita que o crescimento da indústria de matriz biológica renovável é um caminho sem volta. “Não tendo incentivo, não significa que não se fará nada. Mas quanto mais incentivos, maior o crescimento. Por isso temos que demonstrar os benefícios da biotecnologia”, afirma.

Fonte: Valor Online

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