Os brasileiros estão gastando mais para tomar banho quente, para ir trabalhar de automóvel, para comprar alimentos e para cozinhar em casa. Além de apertar o orçamento das famílias, a inflação também impacta o País de forma negativa, pois retira o poder de compra dos consumidores. Com consumo menor, a indústria diminui a produção, o que adia a retomada econômica.
A alta no custo do botijão de gás, do litro do combustível e do preço dos alimentos está ajudando a puxar a inflação para cima. Além disso, as condições do tempo têm contribuído para alimentar a inflação, já que a escassez de chuvas reajustou o preço da energia. Segundo especialistas, quem sofre mais com essas altas são as famílias mais pobres. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), inflação acumulada dos últimos 12 meses ficou em 8,35%.
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Segundo o economista Hipólito Martins Filho, uma das questões que devem ser observadas é que no Brasil existe a inflação oficial mas, dentro dela, subgrupos. Para se ter uma ideia, nos últimos 12 meses a inflação do combustível foi de 43,92%, da energia elétrica nas residências foi 14%, enquanto que a alimentação dentro do domicílio teve alta de 15,30%. Dentro do segmento alimentação, as carnes tiveram crescimento de 38,17% em 12 meses.
“Isso quer dizer que, se você pegar a inflação de alimentos e de preço administráveis, como combustível, energia elétrica, entre outros, ela chegou a subir o triplo da inflação oficial”, diz o economista.
E a lista não termina por aí. A partir de agosto o rio-pretense também terá que arcar com uma conta de água e esgoto mais cara. No início da última semana, a Prefeitura de Rio Preto autorizou o reajuste escalonado na tarifa. Segundo Serviço Municipal Autônomo de Água e Esgoto (Semae), o usuário que consome até 20 m³ por mês de água, terá uma correção de 8,05% (abaixo da inflação) – o que deve afetar 81% dos consumidores. Já o usuário que consumir, por exemplo, na faixa acima de 100 metros cúbicos por mês será atingido pelo maior índice de reajuste, que é de 20%.
As altas nos preços dos bens e serviços provocam impacto, principalmente, nas famílias mais pobres, dizem os especialistas.
“Quanto menor a renda, mais a variação no custo de vida impacta a vida dessas pessoas”, afirma o economista Bruno Sbrogio. Ele explica que esse impacto é ainda maior quando se trata de aumentos em produtos considerados essenciais, aqueles impossíveis de serem cortados ou que se diminuídos com certo esforço pioram as condições de vida e conforto das famílias.
Para lidar com os aumentos, a família da cabeleireira Érica Rosa, 35 anos, precisou fazer algumas adequações na rotina, incluindo uma mudança na dieta alimentícia. Com o aumento no preço da carne vermelha, ela, o marido e os dois filhos pequenos mudaram o cardápio. “Estamos tendo que trocar a carne vermelha por carne branca e opções com ovo, por exemplo. Também estamos comendo mais legumes, já que o preço não está tão alto”, diz.
Sbrogio elaborou um exemplo para ilustrar como as famílias pobres acabam sendo mais impactadas com a inflação. Para isso, basta imaginar uma pessoa com uma renda de R$ 10 mil e outra com uma renda de R$ 1 mil. Agora, suponha que esses aumentos impactaram a conta de ambos em R$ 100.
Para quem ganha R$ 1 mil, o impacto foi de 10% da renda. Mas para quem ganha R$ 10 mil o impacto foi muito menor proporcionalmente à renda, com impacto de 1% com o mesmo aumento de R$ 100.
Segundo o especialista, isso ocorre porque no Brasil tributa-se muito sobre o consumo. Quando a tributação ocorre dessa forma, uma pessoa rica e uma pobre que consomem o mesmo produto, na mesma quantidade, pagam a mesma quantia de imposto. “A diferença é que o que tem mais renda paga proporcionalmente à renda um percentual menor do que quem tem uma renda menor”.
Hipólito defende que uma forma de manter o poder de compra do trabalhador, e um programa de renda, é manter a inflação baixa. “A inflação alta proporciona ao rico ganhar dinheiro no mercado financeiro, enquanto quem tem poder aquisitivo menor perde ainda mais, porque não tem como investir. Ou seja, perde duas vezes”.
Controle da inflação
O controle da inflação não depende apenas do governo federal, pois o preço de bens e serviços também sofre influência das commodities, reguladas pelo mercado internacional, afirma o economista Hipólito Martins. Segundo o especialista, o controle da inflação depende de um conjunto de medidas internas, mas também de fatores externos.
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Entre as ações do governo para barrar a alta nos preços, Hipólito diz que são necessárias ações como melhor controle das contas públicas, aumentar a competitividade do mercado, abrir mais a economia para o comércio exterior e melhorar a produção e aumentar a competitividade, otimizando os recursos. “Em todo sistema econômico que tem uma previsibilidade, que é uma estabilidade econômica e política, os preços tendem a se comportar mais tranquilamente. O que não está ocorrendo no momento”. (FN)
Fonte: Diário da Região